Pense Menos
A semana toda eu passei organizando e arrumando meu apartamento, descartei coisa que não havia necessidade de manter e coisas que eu nem sabia mais o significado de ter, fiz também caixas para separar roupas e livros que estavam em ótima qualidade, porém eu já havia acumulado tantos que decidi que deveria doar algumas coisas. Eu passei praticamente o dia todo fazendo isso, me distrai bastante quando coloquei uma boa lista de musicas e cantei pela casa enquanto arrumava as bagunças espalhadas.
Como eu havia tanta coisa e nunca me liguei nisso?
Às vezes dizemos: vou comprar por que eu preciso. Mas eu realmente preciso? Quer dizer eu tinha tantas roupas que achava 'necessária', mas não havia nem tirado a etiqueta de algumas delas, algumas vezes eu me deixava levar pelas propagandas, em outras eu ouvia minhas amigas, e ainda em outras eu dava meu dinheiro naquilo porque achava realmente necessário, no entanto não era, somente acumulava e acabava com o espaço – que já era pouco – em meu guarda roupa.
Parando para analisar, as coisas ultimamente estavam tão corridas que eu nem tinha tempo para aproveitar o que eu tinha, eu não saia mais com amigos porque estava focada demais em terminar projetos, eu não assistia séries, dramas ou filmes por conta de estar estudando o que os jovens da atualidade gostavam e colocar em um jogo que os atraia, eu não estava lendo com tanta frequência por conta de estar cansada demais de meus pensamentos e minhas ações no dia.
Eu não estava vivendo!
Meu trabalho estava tomando praticamente todo o meu tempo e para ser sincera eu achava que aquilo que me fazia feliz, mas no primeiro dia que me vi sem atividades, de férias, descobri que não havia nada para fazer por minha vida ser o trabalho. Talvez por isso me tornei ranzinza e resmungona, que me vi sem felicidade e chateada. Eu não estava vivendo como uma jovem da minha idade e no final teria o maior arrependimento possível.
Quando tudo isso caiu sobre meu corpo e minha mente eu me joguei no sofá dando um forte suspiro, eu era chata demais, empacada demais, como poderia mudar isso? Quando dei por mim estava pesquisando dicas na internet para ser mais feliz e acabei rindo do meu desespero, porém não parei, cada site dizia sua própria opinião do assunto, anotei alguns pontos que achava interessante e discordei de outros que achava bobos demais.
A tela de meu celular brilhou com um numero estranho durante meu processo de anotações e estranhei já que os desenvolvedores juraram que me deixariam em paz:
- Alo? – atendi estranhando
- Olá Sorah, sou eu Hoseok!
- Ah Hoseok aconteceu alguma coisa?
- Bem na verdade não, eu costumo ligar para saber como as pessoas que se consultam comigo estão. Como você está senhorita Min?
- Bem eu acho, estava arrumando algumas coisas em meu apartamento e pesquisando algumas coisas.
- Que coisas? Se não for inconveniente posso saber? – sorri na linha
- Estou pesquisando dicas para ser uma pessoa mais feliz, menos chata e como aproveitar mais a vida, já que eu perdi muito tempo me dedicando somente ao trabalho.
- Me senti traído agora, pensei que eu estivesse ajudando com isso...
- Você está – sorri novamente mesmo ele não podendo ver – mas não quero te sobrecarregar com o trabalho quero também fazer minha parte.
- Bem posso te dar uma dica por agora...
- Qual seria? – me ajeitei no sofá
- Pensei menos nesse assunto – ele disse calmamente e pude ouvir o som de um sorriso soprado – você tem se importado demais com isso, o importante é você não pensar... Fazer o que está fazendo ajuda faxinar, desapegar, mudar. Mas ficar remoendo coisas que talvez nem sejam verdade, não fará bem Sorah, então uma dica para você é pensar menos.
- E se esses pensamentos vierem?
- Se ocupe com algo, ligue para amigas, saia por ai. Ocupe sua mente para isso não acontecer;
- Entendi. – concordei refletindo sobre o que ele falou – você está certo, eu tenho que fazer por onde.
- Espero que tenha gostado e possa ter ajudado.
- O que? Sua ajuda veio em ótima hora.
Conversamos mais um pouco, na verdade quem puxou assunto foi ele e eu me senti bem em falar sobre coisas banais, mesmo sabendo que ele era meu terapeuta. Mas o engraçado é que eu não o via dessa forma, ele era uma pessoa tão confortável e aberta que isso deixava qualquer um a vontade para manter uma boa conversa com ele. Talvez, somente talvez eu estivesse gostando da companhia dele, e quando as consultas acabassem eu sentisse falta.
Mas no momento eu não pensaria nisso.
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