Cápitulo 1. 🌳


-Londres, Inglaterra. 2005

"Aron, espere aqui fora, vou pegar uma coisa no quarto e volto logo." -Me pronuncio e o loiro concorda com a cabeça, mesmo estando visivelmente incomodado com tudo isso.

Entro pela janela enquanto Aron permanece parado no jardim, pego uma carta envolvida em um envelope vermelho, assino embaixo e volto para aonde meu possível namorado está. "Bom, isso aqui é para você."

Entrego o envelope para ele que me lança um sorriso assim que o abre, naquela simples folha de papel está escrito cada sentimento que eu vinha sentindo conforme fui o conhecendo e me apaixonando por cada um de seus detalhes. "Louis e..eu, sinto o mesmo, estou apaixonado por você." -Responde fazendo o meu corpo estremecer, as borboletas na minha barriga se intensificarem e meu coração se tornar uma máquina poderosa, meu primeiro amor era recíproco.

Aron se aproxima lentamente de meu rosto e sela nossos lábios, devagar e com o toque suave, deposita as mãos em minha cintura e eu abraço sua nuca, trazendo-o para mais perto de mim. Ele sorri durante o beijo, estava tudo perfeito. "

"Hum, sinto muito mas prometi estar em casa antes de anoitecer, até amanhã." -Ele se despede e me dá um último selinho antes de sair andando.

Sorrio para mim mesmo durante bons minutos, então decido entrar em casa. Lottie e Fizzy não estavam, mamãe tinha ído para o supermercado e o papai cuidava das gêmeas no carrinho de bebê, sentado no sofá.

Me aproximo e sento na poltrona, sorrindo para as bebês, admiro a expressão calma de meu pai e volto o olhar para a televisão que exibia um programa de receitas, da maneira que todos da família gostavam. Relaxo e apoio a cabeça no braço do móvel.

"Pobre Louis, descerá direto para o inferno." -Papai começa a falar com a mesma expressão serena. Sem ao menos tornear o rosto em minha direção.

"O que?" -Pergunto endireitando a postura, o observando com o semblante espantado. Oh não, ele havia descoberto.

"Eu não sou burro Louis, sei sobre Aron e da viadagem dos dois."

"Pa..pai e..eu posso explicar, é..." -Minha respiração se torna ofegante e as palavras se tornam embaralhadas. Meu pai, homofóbico, conservador e acima de tudo violento, havia descoberto sobre seu único filho homem ser "diferente".

"Cale a boca, não me deve explicações você não é mais nada meu. Tente explicar para Deus sua atração pelo mesmo por garotos como VOCÊ." -Ele fala sem olhar diretamente em meus olhos, mantém-se fixado na merda da televisão.

"Pai, eu sou seu filho, por favor não fique bravo comigo!" -Digo sem saber o que estava acontecendo, aos meus quatorze anos não sabia ao certo sobre a maldade que havia nas pessoas.

"Não sinto nada por você Louis, não é meu filho é apenas um sujeito repugnante, por isso consegui que apenas nós quatro ficassemos sozinhos por um tempo." -Responde e da um sorrisinho de lado, mantendo o olhar baixo e fixado. Assustador era pouco para descreve-lo.

"Papai..." -Tento dizer com olhos transbordando sem parar, me ajoelho no chão em sua frente e peço-lhe perdão, eu o amava e eu tinha o decepcionado.

Ele finalmente me encara pela primeira vez, me levanta do chão pela gola da blusa e me joga no sofá. "VOCÊ É UM INÚTIL, COM CORPO FEMININO E SEM NENHUM TRAÇO DE MASCULINIDADE." -Grita me levantando de novo, tirando todo o fôlego restante em meus pulmões.

"COMO QUER ENTRAR PARA O TIME DESSE JEITO? VOCÊ É UMA VERGONHA PARA TODOS! Como pode, o único que iria representar a nossa família ser uma aberração!" -Especula a última frase, encarando o fundo dos meus olhos com desdém e me solta por um último momento, caio no chão já desacordado e com sérios ferimentos na cabeça.

-•-

Eu acordo no hospital alguns dias depois, com a luz clara quase me cegando por completo. Assim que consigo focar, vejo minhas irmãs em um dos sofás perto da porta e minha mãe esparramada pelo poltrona do lado da minha cama, com o rosto vermelho e inchado, parecia ter chorado por horas constantes. "Mamãe, o que aconteceu?" -Pergunto com a voz falhada, há muito não a usava.

Jay se levanta tão rápido quanto um espasmo e seus olhos se enchem ao me ver, ela se curva sobre o lado da minha cama e junta as mãos em agradecimento. "Oh Deus, obrigada, obrigada por não tê-lo levado de mim também!"

"Como assim "também"-Pergunto assustado, meus batimentos cardíacos no visor se aceleram em uma rapidez exorbitante.

"O ser diabólico chamado Troy Austin, foi embora e...e levou suas irmãzinhas" -Jay responde com dificuldade e chora como se sua vida estivesse acabada.

Talvez estivesse.

Mas eu garanto, que não mais do que a minha.

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