Violão

[...]

Catra foi a primeira a levantar, esfregou os olhos e encarou a loira que ainda ressonava baixinho. Uma careta surgiu em seu rosto quando a cauda de Melog brincou em seu nariz, provocando risos internos na gata. Lentamente, ela se levantou, dirigindo-se ao banheiro. Antes de entrar, observou algo ausente no quarto. Seu violão não estava lá, o que a deixou intrigada, porém ela simplesmente deu de ombros.

Todos se encontravam do lado de fora do castelo, entretidos em uma partida de gelo-bol. Os times eram compostos por Frosta, Spinnerella, Netossa e Cintilante de um lado, e Ventania, Arqueiro, Scorpia e Perfuma do outro.

O clima do jogo era empolgante, com visitantes e alguns funcionários assistindo animadamente. Adora estava ao lado da rainha mágica e do rei quando avistou Catra. Sem hesitar, ela pediu licença e aproximou-se da gata.

— Ei! Mudou de ideia? — perguntou a loira, abraçando Catra. Ao afastar-se, percebeu a expressão preocupada estampada no rosto da gata. — Qual o problema...? — Indagou enquanto a gata observava tensamente ao redor.

— Não encontro meu violão... — respondeu, afastando-se da loira que a seguia.

— O quê? Onde você perdeu? — ela perguntou de longe, e Catra bufou.

— Não sei, Adora! Por isso estou procurando! — gritou aborrecida, deixando a loira para trás. Adora franziu o cenho e suspirou.

— Adora, tudo bem, querida? — indagou a rainha mágica ao se aproximar.

— Catra perdeu o violão. — respondeu, surpreendendo-a. Ofereceu ajuda, e a loira agradeceu, retornando ao jogo. Reuniram-se com os demais quando o jogo terminou, e ela avisou que o vilão da gata havia desaparecido.

Todos ajudaram Catra a procurar o violão, porém sem sucesso. A gata estava frustrada, culpando-se por perder o presente de Adora, e mesmo a loira afirmando estar tudo bem, ela não queria ouvir. Ficou trancada o resto da tarde e não saiu para o jantar.

— Catra? — a loira entrou no quarto escuro e acendeu a luz. Catra descansava na cama, coberta pelos lençóis com apenas a ponta de seu rabo à mostra, que recolheu ao ouvir a voz da loira.

Adora se aproximou suspirando, sentando na beirada da cama. Catra estendeu a mão para encontrar a da loira, que ri e a coloca sobre o colchão para que ela a encontre.

— Ainda não encontramos seu violão. — disse, e finalmente Catra saiu de debaixo dos lençóis.

— Droga, Adora... Eu não entendo! Sempre o trago de volta para o quarto. — ela se levantou da cama e caminhou até a sacada, seguida pela loira. Adora a abraçou por trás e beijou seu ombro.

— Relaxe um pouco. Continuaremos procurando amanhã. — disse, enquanto Catra concordava. Voltaram para dentro, e ao fechar a porta da sacada, Catra teve a sensação de estar sendo observada, fazendo um arrepio percorrer sua espinha.

Ouviu Adora chamando-a da cama e resolveu ignorar, deitando-se ao lado da loira e encarando o vazio onde seu violão costumava ficar.

~No dia seguinte~

Adora e os outros continuaram ajudando Catra a encontrar seu violão. Adora sabia que a gata ficaria ainda mais chateada do que já estava se não encontrasse logo.

"Cadê a Catra?", questionou-se ao perceber que a gata não estava presente. De repente, ouviram gritos.

— Levaram ela! — ele gritava enquanto corria na direção do grupo.

— Ei, ei! — Adora o agarrou para fazê-lo parar.

— O que está acontecendo? Quem levaram? — Cintilante perguntou, o guarda limpou o sangue do nariz e ergueu a cabeça.

— Senhorita Catra! Um grupo de homens armados apareceu no jardim. Ouvimos ela gritar e quando a encontramos ela estava lutando contra eles, mas a acertaram na cabeça... — revelou. — Tentamos ajudá-la, mas começaram a atirar, tivemos que recuar.

Adora observou com surpresa nos olhos. Todos estavam preocupados. Arqueiro disse algo, mas suas palavras não chegaram aos ouvidos dela. Viu-o saindo com Scorpia, Netossa e Spinnerella. Cintilante deu uma ordem ao guarda, que partia com pressa.

— Por que a levaram? — questionou Perfuma, visivelmente aflita, e Frosta segurou sua mão, tentando acalmá-la.

Adora olhou ao redor, ouvindo apenas o som da própria respiração pesada. Colocou a mão no peito, sentindo como se seu coração tivesse sido arrancado brutalmente. Caiu de joelhos no chão, encarando as mãos na terra, os olhos perdendo visão, ouvindo vozes ao fundo. Fechou os olhos e uma lágrima escorreu.

[...]

Adora abriu os olhos, piscando algumas vezes, até sua visão se acostumar com a claridade. Ergueu a cabeça e estava deitada no sofá da sala de reuniões. Levantou-se rapidamente e saiu correndo para fora.

— Adora! — Cintilante gritou ao avistar a loira correndo pelo corredor em direção à saída. Num piscar de olhos, teleportou-se e a impediu de sair. — Ei, ei, calma! — Disse enquanto afastava a loira da saída, mas ela era mais forte.

Percebendo que a loira não a escutava, Cintilante as teletransportou de volta para a sala de reuniões. Apareceram na sala e todos já estavam lá, ajudando a rainha a manter a loira sob controle.

— Eu preciso encontrá-la! — Gritou, tentando escapar daquele cerco. Netossa a capturou com uma rede, segurou seus punhos e a aproximou.

— Adora, para! — falou, mas a loira continuava a lutar. — Adora, você estava ao meu lado quando pegaram a Spinnerella... Eu sei o que está passando! Eu também estou preocupada, mas precisamos de um plano! — a loira parou de resistir, ofegante. — Vamos achá-la, eu prometo! — garantiu e liberou a loira da rede, ajudando-a a ficar de pé. Adora se desculpou pelo comportamento, e Cintilante a abraçou antes de continuar.

— Vamos dividir-nos, cada grupo deve procurar uma área. — A rainha falou. — Catra foi levada à tarde e nenhuma nave deixou Etheria. Não podemos negligenciar nenhum lugar. Vasculhem cavernas, mar, montanhas, florestas, tudo! — Ela ordenou e todos saíram da sala.

Scorpia chamou a atenção da loira durante a reunião. Ela e Perfuma cochichavam, seus olhares demonstravam aflição, havia algo mais as perturbando.

— Scorpia! — Ela correu para alcançar a mulher, pedindo um momento para conversar. Scorpia seguiu Adora até um corredor vazio, sendo pressionada contra a parede e detida. — Você sabe de alguma coisa, não sabe? — Ela questionou impacientemente.

— O quê? Do que está falando? — Scorpia perguntou tentando se esquivar da loira, mas ela não permitiu, segurando-a pelo braço.

— Se estiver me escondendo algo, juro por tudo que é mais sagrado que vou perder a cabeça! — Ela exclamou e Scorpia franziu a testa.

— Espera, está insinuado que tenho algo haver com o sequestro de Catra? — disse incrédula, enquanto a loira balançava a cabeça.

— Não é sobre isso! É sobre você e Perfuma guardando segredos com Catra durante meses! — segurou Scorpia com mais firmeza, pressionando-a contra a parede.

— Adora! — gritou Perfuma, afastando Adora de cima de Scorpia, virando-se para ela com um pouco de irritação.

— Vocês estão me escondendo algo e se for relacionado a segurança da Catra, precisam me dizer! — Exclamou, aborrecida. Encarou as duas com seriedade, não as deixaria em paz sem respostas. Elas trocaram olhares e Scorpia suspirou.

— Não é tão simples...

— E se fosse a Perfuma? — avançou nela novamente. — E se fosse ela e eu estivesse te escondendo algo? Não ficaria louca? — perguntou, fazendo com que Scorpia olhasse para Perfuma, soltando um suspiro pesado.

— Certo, vamos contar tudo...

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