Três anos...

[...]

Tudo já estava devidamente arranjado, porém Cintilante desejava algo além, algo capaz de chamar a atenção não apenas dos habitantes de Etheria, mas também dos visitantes de outros planetas. Com a mente em branco, ela ouviu Catra cantarolando na cozinha e foi então que uma ideia caiu em sua cabeça como um raio.

— Já disse que não vou fazer isso! — Catra exclamou, escapando da rainha com passadas rápidas em direção à sala de reuniões.

— Por favor, Catra~! — Cintilante tentou outra vez, porém a felina se virou para ela ferozmente, obrigando-a a recuar e erguer as mãos. — Ok! Não vou falar mais nisso. — Disse, embora Catra soubesse que era mentira.

Ao se aproximarem da sala, os guardas abriram a porta para elas, saudando ambas. Mesmo após três anos vivendo no castelo, Catra não conseguia se acostumar com tal protocolo. Adora lhe garantia que era normal, mas ela própria ainda não se conformava com o título de suposta "rainha" de Etheria. Contudo, a loira parecia lidar com a situação com destreza, mas quando a felina foi chamada de rainha, quase engasgou com o ar.

— Ah, finalmente~! Estávamos prestes a começar sem vocês. — disse Serena, relaxando na cadeira com os pés sobre a mesa, retirando-os quando as duas se sentaram.

— Muito bem, vamos a primeira pauta do dia. — começou Arqueiro, dando início ao que seria uma longa tarde.

Após cinco horas de reunião, a felina foi a primeira a sair ao perceber que Cintilante iria tentar convencê-la novamente. Adora segurou a rainha, pedindo um tempo, Cintilante concordou, mas não mudaria de opinião. Estava convicta de que a felina era a pessoa certa para o trabalho. Adora concordava, mas sabia que convencer a namorada não seria fácil.

— Ei, Catra! — cumprimentou a mulher, terminando de subir com cuidado no telhado do castelo.

— Pelo visto terei que encontrar outro lugar... — disse ela, bufando.

Adora sorriu. — Não importa onde se esconda, eu sempre irei te encontrar! — Sentando ao lado da felina, ficaram contemplando o pôr do sol.

— Veio me convencer a cantar nesse baile bobo? — Ela indagou e Adora arqueou uma sobrancelha.

— Não é bobo! — Ela corrigiu, fazendo a felina revirar os olhos. — Muitos representantes de outros planetas estarão presentes. Eles precisam ver como as coisas estão bem...

— Faz três anos, Adora... As coisas estão bem! — a felina falou.

— Mas ainda há perigos pelo universo. O baile não é só para celebrar a paz, mas também para formarmos alianças com os planetas mais hostis e ganhar a confiança deles. Defender a mensagem de resiliência e coragem!

— Você não precisa discursar para mim... — disse afastando-se da loira e descendo do telhado antes que pudesse dizer mais alguma coisa.

...

Adora retornou ao quarto após conversar com a irmã. Cintilante compreendia que era difícil para Catra, mas mantinha a esperança de sua aceitação. Ao entrar no quarto, avistou Melog, cumprimentou Adora e pediu um carinho antes de sair. A loira prontamente atendeu ao pedido e, com um sorriso, fechou a porta após ver o felino sair de vista. Trancou a porta, pois da última vez foram flagradas pelos dois amigos e a felina ficou um mês inteiro sem falar com ela.

Ao procurar pela gata no quarto e não a encontrar, ficou intrigada. Ao chamar por ela sem obter respostas, notou as luzes acessas do banheiro. Aproximou-se da porta, mas antes que pudesse abrir, Catra saiu.

— Oh! Você me assustou...! — A loira disse com a mão sobre o peito, soltando um suspiro aliviado. — Eu te chamei e você não respondeu... fiquei preocupada. — Ela disse ao se aproximar e envolvê-la em um abraço.

Catra sempre fica impressionada como alguém pode mudar tanto em apenas três anos. Adora já não era mais a mesma garota de antes. Estava mais alta e musculosa. Até mesmo seu topete havia mudado. Agora a loira estava com o cabelo mais curto e preso para trás, com alguns fios soltos na frente.

— Falei com Cintilante, ela vai largar do seu pé. — Ela se afastou acariciando a bochecha da felina e deu-lhe um rápido beijo. — Mas ainda não entendo. Por que não quer se apresentar? Tem medo de palco? — Preguntou enquanto entrava no banheiro. Catra permaneceu na porta, observando a loira despir-se.

— ... Esse não é o problema. — respondeu com os olhos baixos.

— Então qual é? — indagou seriamente, mas Catra não respondeu. — Por acaso é sobre aquilo? — 'Aquilo'. Aquele dia. O dia em que foi ameaçada diante de todos durante uma festa em Pluméria. Sendo alvo de acusações por seus erros do passado, jurada de morte por seus pecados e que a queda do Mestre não seria o fim.

Desde aquele dia, as forças de Etheria se fortaleceram consideravelmente. O homem que a ameaçou foi preso por tentar agredi-la, e a percepção das pessoas em relação a Catra mudou novamente. Muito ainda desconfiam dela, acreditando ser apenas um ardis do mal, mesmo após o discurso da rainha e seu pedido de perdão. Catra sabe que apenas pedir desculpas não conserta seus erros, por isso, tenta demonstrar continuamente sua mudança.

— Não é nada disso, sua boba! — apagou a luz do banheiro e saiu.

— Ei! — protestou, mas a felina não se importou. — Tudo bem, vou tomar banho no escuro mesmo.

Quando saiu do banheiro, já vestida com seu pijama, encontrou Catra sentada na cama imersa em pensamentos. Sentou-se em frente a ela e estalou os dedos, trazendo-a de volta a realidade.

— ... Se está preocupada em ficar vulnerável, posso ficar com você. — sugeriu, aproximando-se e depositando um beijo em sua bochecha. Catra segurou o rosto da loira e uniu seus lábios.

— Não estou preocupada. — afirmou, fazendo Adora franzir o cenho.

— Então por que sempre que tocamos nesse assunto você fica incomodada? — encurralou a gata com a pergunta. Adora bufou, afastando-se um pouco. — Catra, aquilo tudo é passado. Não pode deixar essas coisas te abaterem. Estamos bem! — disse, tentando beijá-la novamente, porém a gata desviou.

— Você mesma disse, Adora. Ainda a perigos pelo universo. Espera que eu acredite que você também não se preocupa? — agora era Adora quem estava sem saída. Catra encostou suas testas e suspiraram.

— Certo... vamos esquecer isso e dormir. — propôs, e Catra sorriu maliciosamente, deslizando a mão sob a blusa da loira.

— Podemos dormir, ou... — seu tom sedutor fez Adora arrepiar, segurando o rosto da felina e selando seus lábios. Empurrou o corpo dela até suas costas encontrarem o colchão, e se posicionou entre as pernas dela. O beijo tornou-se mais intenso e Adora desceu pelo seu pescoço, traçando um caminho até a região dos seios e a barriga. Catra segurou a cabeça da loira, fechando os olhos e gemendo baixinho.

— Você ganhou peso...? — questionou, fazendo-a abrir os olhos e franzir o cenho.

— Claro que não! Me exercito diariamente. — ela respondeu ofendida. — Está dizendo que estou gorda? — perguntou levemente com raiva.

— Não sou idiota de arriscar minha vida... — a loira riu. Catra ergueu uma sobrancelha e empurrou a loira na cama, ficando por cima.

— Ainda bem que sabe que sou perigosa! — ela disse com um sorriso malicioso.

— Perigosamente linda...! — A loira se ergueu, segurou a cintura da gata e a ajudou a tirar a roupa.

[...]

Os melhores amigos estavam na cozinha, desfrutando do café da manhã. Arqueiro estava brincando com Adora de acertar o alvo, jogando bolinhas de pão doce na boca da loira. Catra entrou na cozinha esfregando os olhos e soltando um bocejo.

— Bom dia, Catra! — Arqueiro saudou alegremente.

— Bom dia... — respondeu, sentando ao lado de Adora, olhando feio para Cintilante.

— Relaxa, gata! Já resolvi as coisas com tua mulher. — explicou rapidamente antes que a gata a fulminasse com o olhar. Catra suavizou sua expressão, suspirou profundamente e serviu-se.

— Na verdade... pensei melhor. Eu topo! — anunciou, atraindo a atenção deles. Adora a observava confusa e surpresa, enquanto Cintilante demonstrava um largo sorriso. — Só uma música! — afirmou com seriedade, o que fez Cintilante pular da cadeira. Ela se aproximou de Catra, abraçou-a e depositou um beijo em sua bochecha antes de sair da cozinha animada.

Virou-se para Adora, limpando o batom da outra. — Quando mudou de ideia? — perguntou, um pouco desconfiada.

— Ela não ia parar. Só queria acabar com isso logo. — afirmou, pegando um pedaço de torta.

— É só isso...? — a loira questionou, deixando a gata levemente irritada.

— O que foi? A semana toda me incomodando e agora quer da para atrás? — as duas se encararam seriamente, ignorando a presença do moreno que saiu silenciosamente da cozinha. Adora suspirou, desviou o olhar e balançou a cabeça. Catra também permaneceu em silêncio, apenas se servindo do terceiro pedaço de torta, despertando a curiosidade da loira.

— Pensei que estivesse de dieta. — ela comentou e Catra bufou.

— Nunca disse que estava de dieta, Adora. — respondeu.

— Desse jeito vai explodir! — riu fugindo da gata antes que pudesse retrucar.

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