Mal-estar

[...]

Aproximava-se o dia do baile, e a chegada dos convidados de outros planetas agitava o ambiente. Todos queriam conhecer o planeta mais famoso do universo. Ou como chamam – o lar de She-ra.

Enquanto Catra ajudava Scorpia na decoração, Adora e Cintilante estavam guiando os representantes pelo reino e os hospedaram no castelo, o que causou certa inquietação e ansiedade na felina. Estava acostumada com as princesas, mas ter outros líderes debaixo do mesmo teto estava, pela primeira vez, deixando a gata intimidada.

Catra procurou por Adora por quase duas horas após ajudar Scorpia, mas não conseguiu encontrá-la, buscando ajuda de Ventania, que informou que ela estava fora com Cintilante. Ele ofereceu levar a gata até ela, mas só de imaginar como se sentiria mal, recusou rapidamente. Retornou ao quarto e aguardou pela loira durante o restante da tarde, porém não resistiu e deu uma escapadinha com Melog até a cozinha, onde pegou alguns doces antes de voltar para o aposento.

— Sabe, você também mora aqui. Não precisa usar o Melog para entrar na cozinha escondida. — surpreendeu-se com a voz da loira, quase deixando cair os doces que carregava. Melog miou para Catra e ela fez um bico, apreciava ver a interação entre eles. Além dela, o felino era o único com quem Catra era tão afetuosa.

— Eu só não queria ouvir os cozinheiros contando piadas ruins. — explicou dando de ombros, enquanto Adora sorria. Ajudou a gata a se acomodar na cama e pegou um doce para si também. A loira compartilhou como havia sido a tarde e como os visitantes estavam se divertindo em Etheria.

Catra relatou os preparativos para o baile, incluindo a travessura que pregou em Arqueiro. Mesmo que Adora não concordasse totalmente, sempre achava engraçado como o moreno sempre caia nas brincadeiras da gata.

— Como foi o ensaio? Não vai mesmo me dizer qual a música que vai cantar? — A loira perguntou.

— Foi bom. E não posso contar, é surpresa. E vocês... — Apertou as bochechas da loira. — São terríveis em guardar segredos! — Brincou, e a loira concordou, embora se sentisse um pouco ofendida. Lembrou-se da vez em que estavam planejando uma festa surpresa para Frosta e acabaram falando demais, e ela descobriu tudo. Cintilante ficou furiosa, mas no final, deu tudo certo.

...

Adora despertou com um ruído estranho, virou-se na cama e não viu a gata. Sentou-se, encarando o espaço vazio ao seu lado, e percebeu novamente o som esquisito vindo do banheiro. Levantou-se rapidamente e caminhou até a porta, pronta para descobrir a fonte do barulho, quando a felina abriu a porta antes dela.

— Por que está acordada? — Questionou, fechando a porta.

— O que está acontecendo? Você está bem? — indagou preocupada.

— Sim, estou bem. Apenas comi doces demais. Vem, vamos voltar a dormir. — disse, dirigindo-se até a cama e se deitando. A loira também se deitou, observando-a. — O que foi, Adora? Por que está me olhando assim?

— Sabe que pode contar comigo, né? — ela disse e Catra arqueou as sobrancelhas, soltando uma risadinha.

— Claro que eu sei, sua boba! Você é minha namorada, afinal. — Adora sentiu-se mais calma e aconchegou-se na cama, enquanto Catra a puxava para mais perto. Minutos se passaram, mas Catra percebia que a loira ainda estava acordada. Bufou e, com os olhos fechados, disse: — Adora, tô sentindo que você ainda tá bem acordada. Vai dormir. Agora! — ordenou, e a loira soltou uma risadinha perto do seu ouvido, fazendo-a corar ao sentir seu calor. Catra só adormeceu ao ouvir o baixo ronco de Adora.

[...]

Na floresta, perto do castelo, Catra estava deitada em cima de uma árvore com um violão nas mãos. Adora e Melog observavam a felina no alto da árvore; a loira sorria de orelha a orelha, sempre a flagrava tocando escondida, o que enchia seu coração de felicidade.

— Ela melhorou bastante, não é garoto? — sussurrou suavemente para o felino, que concordou com um miado baixo para não serem ouvidos. Mal sabiam eles que já haviam sido descobertos, no entanto, a gata gostava de ser observada pela loira.

— Oi, gente! — Ventania exclamou atrás deles, surpreendendo-os, assim como Catra. — Ué, por que estão escondidos?

— Nada! Só estávamos procurando a Catra... — Respondeu enquanto o felino espirrava e lambia o pelo. Catra se aproximou deles com uma expressão emburrada.

— Você gosta de chamar atenção, não é? — Disse ela, olhando diariamente para Ventania. O cavalo mágico riu, se gabando, e informou que sairiam mais tarde para visitar o castelo de Frosta. Adora agradeceu pelo aviso e ele saiu com Melog. Catra bufou e sentou-se em um tronco caído, deixando o violão de lado. Adora se sentou ao seu lado, entrelaçou seus dedos e beijou a parte de trás de sua mão.

— Tem ensaio hoje? — perguntou, afagando a gata atrás da orelha. Catra soltou uma risadinha e sacudiu a cabeça, deitando-se ao lado da loira e ronronando suavemente.

Esse é um dos momentos preferidos da loira. Passar tempo ao ar livre com a gata, em uma divertida exploração de novos lugares. Mesmo com suas responsabilidades como She-ra e "rainha", apesar de não gostar quando Cintilante a inclui nesse papel, ela ainda consegue desfrutar de momentos agradáveis com a gata.

— E então, não vai me contar qual a música que vai cantar? Por acaso é uma daquelas músicas chiques e dão sono? — brincou, recebendo uma leve cotovelada.

— Claro que não. Na verdade, a brilhante me pediu para compor uma música. — revelou e a loira abriu a boca surpresa.

— Tá me zoando? — perguntou incrédula, e a gata confirmou. — Caramba! Isso é incrível, Catra! E você já escreveu?

Catra suspirou e balançou a cabeça. — Só algumas frases, mas não sei se está bom o suficiente para os cidadães de Etheria e de outros planetas ouvirem... E se for uma merda, Adora? — Ela questionou, visivelmente preocupada.

Adora segurou as mãos da gata e as acariciou. — Não será! Mas mesmo se for, estarei aplaudindo e torcendo por você. — Ela riu, enquanto Catra revirava os olhos.

— Será mais ridículo se fizer isso, mas obrigada. — as duas riram e permaneceram uns instantes em silêncio.

— Canta uma parte para mim? Por favor! — implorou com os olhos pidões. A gata deu outra revirada de olhos e pegou o violão.

We're warriors

Unstoppable

Ooh

We feel the evil coming

And shadows all around

Danger surrounds us but won't bring us down

We're on the edge of greatness

Turning darkness to light

We're right beside you ready to fight

Parou de cantar e soltou um suspiro. — Bom, é só o que tenho por enquanto. — falou, recolocando o violão no lugar. Adora a olhava atentamente, o que deixou Catra confusa. — Que foi? Está tão ruim assim? — indagou com preocupação, havia passado quase toda a madrugada acordada pensando na letra.

Adora se aproximou franzindo a testa, mas logo abriu um sorriso amplo, levantou-se e pegou a gata no colo.

— Eu amei! — exclamou, girando com a gata enquanto esta segurava o pescoço da loira com força, temendo cair. Até que ela sentiu um calor subir pela garganta.

— Adora, para! — gritou, descendo dos braços da loira e correndo para um canto para jogar todo seu café da manhã fora. Adora aproximou-se preocupada, achou estranho, sempre carregava a gata.

— Catra...? — tocou as costas dela fazendo movimentos para cima e para baixo. — Desculpe... não percebi que estava se sentindo mal. — pediu, com o olhar entristecido.

— Não... Não se desculpe. Estou bem, foi só um mal-estar. Eu juro! — limpou o rosto e abraçou a loira. Adora não estava convencida, mas resolveu deixar o assunto de lado.

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