Confissões

[...]

O grupo finalmente chegou ao local onde encontraram a espada. — Uau... Que nostálgico! — Exclamou Cintilante, observando ao redor. Arqueiro sorriu ao colocar as mãos na cintura, concordando com ela.

Adora também se sentia da mesma forma, mas sua atenção estava voltada para encontrar a instalação desconhecida. Conforme o tempo passava, sua ansiedade aumentava. Ela olhava ao redor, em busca de pistas.

— Pessoal! Encontrei uma grande concentração de energia bem... — Entrapta andou em círculos carregando uma antena quando seu tablet começou a apitar. — Aqui! — afirmou.

— Foi aqui que encontrei a espada... — disse Adora, tocando a ponta seca do arbusto. Entrapta saltou à frente deles e cercou o arbusto seco com vários cabos, posicionando o computador ao lado.

— Segundo meus dados, se a She-ra pode abrir as portas, poderemos entrar se Adora colocar a espada no arbusto de novo.

Adora foi fitada por olhares atentos, soltou um suspiro e se transformou em She-ra. Com a espada apontada para baixo, ela se aproximou do arbusto com hesitação, mas ao sentir a presença reconfortante de Cintilante e Arqueiro ao seu lado, a guerreira soltou outro suspiro e fincou a espada no arbusto.

O silêncio pairava ao redor, olharam em volta e nada aconteceu. De repente, a parede de pedras atrás deles se abriu, fazendo a terra tremer. Após o momento de agitação, Entrapta informou a loira de que poderia retirar a espada, pois ela controlava a porta, garantindo que não se fecharia até She-ra colocá-la de volta.

— Entrapta, avise aos demais. Não sabemos o que nos aguarda lá dentro e talvez precisemos de reforços. — ordenou Cintilante, enquanto a garota assentia.

— Per e eu vamos procurar por outra entrada. Se eles entraram, nós também podemos! — propôs Scorpia, recebendo a aprovação da rainha, que as viu se afastarem. Então, voltou-se para Arqueiro e Adora.

— Vamos lá. — Comandou, liderando o caminho com eles seguindo atrás. Adora permanecia transformada em She-ra quando entrou na sala; imediatamente, as luzes se acenderam e um trajeto se revelou diante deles.

— Já sabemos o caminho a seguir. — declarou Arqueiro. Enquanto avançavam, notaram as inscrições nas paredes.

— Esta instalação parece ser das mais antigas, mas está tão bem conservada. — Adora comentou ao tocar a parede.

— Ei, venham ver isso aqui! — Arqueiro chamou-os adiante. Elas aceleram o passo e encontraram o moreno diante de uma pintura. — Essa é...

— Mara...? — Adora sussurrou, franzindo o cenho. Arqueiro se aproximou mais da parede para analisar a pintura.

— Quem são essas pessoas ao lado dela? — o moreno perguntou, pegando sua lupa para enxergar melhor.

— Os primeiros? — Cintilante deu de ombros, e o moreno suspirou, cheio de perguntas sem resposta.

— Não... — murmurou Adora. — Este não é um dos locais dos primeiros. Era o grupo da Mara. Esta foi uma de suas bases. Ela esteve aqui! — disse, exibindo um sorriso largo.

— Hum, por isso é tão diferente das outras. — Comentou o Arqueiro ao guardar sua lupa. Sons estranhos foram ouvidos e eles se prepararam novamente.

Seguiram na direção do barulho e encontraram-se diante de um labirinto. Para piorar, os seguidores do Mestre os encontraram e começaram a atirar, obrigando-os a recuar.

— E agora? — Exclamou o Arqueiro.

[...]

Do outro lado, em uma sala secreta, Catra estava presa. Ela tentou arrombar a porta, porém sem sucesso. Mesmo sem janelas visíveis, percebia uma corrente de ar entrando de algum lugar. Ao procurar, descobriu uma tubulação, removeu a grade e respirou profundamente.

— É, acho que vou ter que dar uma de Entrapta... — observou, enquanto se arrastava pela tubulação. Orientada pelo som, encontrou uma sala distinta da anterior, com alguns homens e uma porta aberta. Decidiu arriscar, esperou o momento oportuno e emergiu da tubulação, surpreendendo um dos homens e atacando o outro rapidamente.

Ouvindo tiros e com a luz começando a oscilar, saiu da sala em direção aos disparos com cuidado. Os ruídos e vozes confundiam seu senso de direção. Um homem gritou e passos se aproximaram dela; então, escondeu-se atrás de uma grande cortina. As luzes continuavam a oscilar, os passos se aproximando cada vez mais.

Aguardou até estar mais próxima, e então uma sombra surgiu de trás da cortina, lançando um chute no rosto do homem, arremessando-o contra a parede. Ao ouvir mais passos, virou-se.

— AH! — Gritaram, e Catra acertou Adora com um chute no estômago.

— Ugh! Merda! — a loira resmungou, tocando na barriga. — Catra! — ignorou a dor e segurou a gata nos braços. — Por Etheria, estava tão preocupada! — afastou-se para examiná-la. Catra tocou os lábios da loira, acalmando-a. Após se separarem, Catra acariciou o rosto da loira, soltando um suspiro aliviado. Olhando para o lado, viu Cintilante ajudando Arqueiro a se levantar, enquanto o moreno massageava o local do chute.

— Foi mal, cara. — desculpou-se, e o moreno riu com dificuldade.

— Tá tranquilo. Foi um bom chute! — elogiou.

— Como me acharam? — ela perguntou, olhando para a loira.

— Longa história! E você, como conseguiu fugir? — questionou, e voltaram de onde vieram antes.

— Eu estava presa em uma sala, tentei arrombar, mas não consegui. Então achei outro jeito de sair e foi quando ouvi os barulhos de tiro... — alcançaram o local onde estavam anteriormente, deparando-se com diversos homens presos e desacordados no chão. — Eita, parece que perdi a festa. — comentou, dando um leve toque com o pé na mão de um cara.

— Pois é, colocamos eles para dormir. Mas relaxa, você ainda vai poder se divertir no julgamento! — Cintilante respondeu, conduzindo-os para fora. Catra franziu o cenho, demonstrando confusão.

"Julgamento?" pensou, virando-se para Adora que vinha logo atrás, levantou uma sobrancelha ao perceber o silêncio da loira. Ao deixarem o local, depararam-se com seus amigos e alguns guardas, que entraram para deter os homens.

— Catra! — gritaram em uníssono, avançando para abraçar a felina em grupo.

— Te machucaram? — Scorpia questionou ao se separarem.

— Estou bem. Eles me jogaram em uma sala achando que isso seria tortura. A verdadeira tortura foi não conseguir dar uma lição neles. Só consegui acertar um no saco. — Riram juntos.

— Como te pegaram? — Perguntou Serena.

— Os idiotas roubaram meu violão! — disse, olhando feio para os homens sendo levados pelos guardas.

— Isso explica porque estava tão difícil de achar. — Perfuma comentou.

Assim que os homens foram presos, outra nave chegou para levá-los a Lua Clara. Adora usou a espada para fechar a passagem, mas eles voltariam para explorar e aprender mais sobre essa descoberta.

[...]

Estavam na cozinha da nave, agora ampliada devido às mudanças feitas por Entrapta com a ajuda de Arqueiro e Hordak. Catra não saiu dos braços da loira, agradecendo a todos por resgatá-la.

Quando os outros saíram da cozinha, deixando-as sozinhas, Catra terminou de comer, levantou-se, limpou os lábios e pegou a louça para lavar. Adora estava em silêncio, pensativa e aliviada por ter Catra de volta. No entanto, havia algo que ela precisava esclarecer.

— Catra...

— Hum? — Respondeu enquanto lavava o prato.

— Você estava grávida? — Catra derrubou o prato na pia, fazendo um barulho alto. O silêncio então se fez presente. Catra soltou uma risadinha.

— De onde surgiu isso? — indagou, voltando a limpar o prato. Adora respirou fundo e revelou.

— Perfuma e Scorpia contaram tudo. — Ela se levantou, apoiando-se na mesa, os braços cruzados, encarando as costas de Catra, e acrescentou. — Mas eu quero ouvir de você...

Catra afastou o prato, balançou a cabeça com os olhos marejados, secou as mãos e se virou para a loira. Apoiou-se na pia, sem coragem de encará-la nos olhos.

— ... Quando você saiu naquela missão e eu fiquei com a Scorpia e a Perfuma, me sentir mal. Perfuma me levou a uma curandeira, que confirmou: eu estava grávida. — Ela balbuciou a revelação, enquanto enxugava as lágrimas que escorriam por seu rosto. — Quando descobri... fiquei confusa. E uma raiva tomou conta de mim. — Com passos hesitantes, dirigiu-se à cadeira, a cabeça baixa, e se assentou, sendo seguida o tempo todo pelos olhos azuis de Adora. — Eu não queria o bebê... — admitiu e Adora apertou o braço. — Eu não queria... — Curvou-se, abraçando o corpo numa tentativa de conter as lágrimas, que teimavam em brotar. — Mas aí, quando voltaram trazendo todas aquelas crianças... quando te vi cercada por aquelas crianças e a pequena no seu colo, tudo mudou. A raiva, a confusão, o medo, tudo passou. Eu só conseguia pensar em como seria maravilhoso se você estivesse segurando o nosso bebê. Fiquei feliz! — Um sorriso escapou, mesmo com as lágrimas persistentes. Adora respirou fundo e se aproximou, tomando lugar ao seu lado. — Eu ia te contar. Eu juro! Mas duas semanas depois... naquele dia que você e os outros foram atrás de mim depois que a Scorpia avisou que eu havia passado mal... naquele dia eu estava planejando em como te contar, eu queria fazer surpresa. — Disse finalmente olhando nos olhos da loira. As lágrimas começaram a rolar novamente, o enjoou retornando. — Eu perdi o bebê. Não sei como, mas perdi.

— Por que não me contou? — perguntou, sentindo os olhos marejarem também.

— Quando a médica disse que eu perdi, o tempo simplesmente parou. Tudo parecia distorcido. Eu nem chorei na hora, não fiquei desesperada, eu só... não conseguia acreditar. — Ela colocou a mão sobre a barriga e a acariciou. — Então... a ficha caiu. Foi minha culpa.

— Não diz isso... — Adora falou, e Catra se levantou abruptamente.

— Foi minha culpa, Adora! Eu não queria o bebê! Eu fiquei com raiva por estar grávida! — vociferou alto. — Então, o universo decidiu me punir porque eu não sou digna de perdão!

— Isso não é verdade! — a loira exclamou, levantando-se. — Eu te perdoei! Todos te perdoaram! Catra, olha para mim...! — Ela segurou a felina pelo braço, aproximando-a. — Ei, olha para mim! — pediu novamente, e Catra levantou a cabeça para encontrar os olhos úmidos da loira. — A culpa não é sua. — segurou o rosto da gata, enxugando uma lágrima com gentileza. — É compreensível que você tenha ficado confusa, até porque o único exemplo de maternidade que tivemos foi péssimo! — disse e soltou uma risadinha. — Mas a culpa não é sua! — repetiu com firmeza, abraçando a gata com força.

— Eu queria te contar...! — sussurrou, apertando a camisa da loira e a perfurando devido às garras. — Mas toda vez que eu tentava um enjoo subia pela minha garganta e eu perdia a coragem. Achei... que fosse ficar com raiva, e que não ia mais ficar comigo. — Afastou a gata, se encararam por um instante e suspirou profundamente.

— Você me pediu para ficar, e eu não vou te deixar. Nunca mais! — Catra sorriu com lágrimas nos olhos, colocando sua mão sobre a dela e roçando seus narizes. Adora a abraçou mais uma vez, beijando seu cabelo e fazendo um carinho. — Que tal irmos dormir? — a loira perguntou, e ela concordou, seguindo em direção ao quarto. No caminho, encontraram Arqueiro e Cintilante, que perguntaram se estava tudo bem. Adora disse que explicaria tudo em outro momento, pedindo para que descansassem. A gata não trocou palavras com eles, apenas seguiu em silêncio para o quarto ao lado da loira.

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