I just wanna jump in you

A jaqueta preta de couro estava ao redor dos meus ombros novamente. O vento ricocheteava em meu rosto e eu mantinha meus olhos atentos à ela.

ㅡ Pare de me olhar assim, já disse que não estou com frio ㅡ sua voz soou gentil, porém firme, sendo seguida pelo som do isqueiro que acendeu seu cigarro caro. Ela tragou lentamente, os olhos descansando na estrada à nossa frente.

O grupo com quem estávamos montava uma fogueira a poucos metros de distância, o som de rock clássico e risadas preenchia o local. Ainda mantinha meus olhos sobre ela, tentando captar sempre sua essência para mantê-la comigo.

Sempre senti que o dia de nos afastarmos chegaria. Hyejin sempre foi muito descolada para estar comigo ㅡ e eu sempre fui boba demais por ela. Mesmo muito antes de qualquer contato, ela era o modelo que eu tinha de uma pessoa forte e não foi surpresa nenhuma descobrir alguns anos depois que eu estava perdidamente apaixonada por ela.

O cigarro pendeu entre os lábios desenhados enquanto ela arrumava o cabelo negro e longo caindo em uma espessa cascata pelas costas nuas. A blusa frente única que se perdia dentro do jeans escuro estava me deixando inquieta. Eu sempre queria tocar sua pele e sabia que não poderia, e exatamente por isso queria tanto que ela vestisse a jaqueta.

ㅡ Está melhor agora? Seu nariz ainda está vermelho ㅡ ela disse suavemente e passou o indicador na ponta do meu nariz, mantendo seu olhar perfurador nos meus. Assenti levemente, com medo de que a minha voz saísse entrecortada. Eu a quero tanto!

Porém ao contrário do que pensei, ela não se afastou. O cigarro abandonou seus lábios, a mão continuou pendendo a poucos centímetros do meu rosto, o olhar agora querendo dizer algo que eu não conseguia ler. Minha respiração pairou no ar gelado, a fumaça sendo a única coisa que nos separava. Senti meus batimentos aumentando a medida que ela se aproximava e migrava seus olhos para diversos pontos de meu rosto, inclusive minha boca.

ㅡ O que está pensando? ㅡ sussurrei. Tinha medo de que mais do que aquilo pudesse quebrar o momento.

Mas ela não me respondeu. Seus olhos continuaram em mim, sua mão antes distante agora pousava em minha bochecha e a acariciava suavamente. Contive com todas as minhas forças o desejo de fechar os olhos e simplesmente aproveitar seu toque. Isso estava muito além do que eu pensei que pudesse ter com ela.

E o beijo que veio em seguida estava à quilometros além do que eu sequer pensei que chegaríamos. Seus lábios levemente ressecados e banhados de tabaco moviam-se nos meus com habilidade e calma. O momento parecia frágil demais e qualqier movimento brusco o dissiparia. Por isso, e por medo de que ela sumisse como fumaça, procurei pela mão esquerda que pendia ao lado de seu corpo e entrelacei nossos dedos. Ela aceitou com carinho.

Eu nunca soube como era beijar uma mulher. As poucas, quase nulas, experiências que tive foram como homens que tiveram como única contribuição me fazer perceber que apesar de bons, não eram aqueles beijos ou aqueles corpos ou aqueles seres que me atraiam. Mas o que acontecia ali excedia minhas expectativas. Não era necessário muito para que nossos movimentos se alinhassem, e menos ainda para o desejo aflorar em meu peito.

Grudei nossos corpos um pouco mais e fui aceita com um gemido baixo de satisfação. Deixei com que a minha mão livre encontrasse seu espaço na cintura de Hyejin e a apertei com delicadeza. Queria que ela soubesse de alguma forma o quão bom estava sendo para mim. Como resposta tive um sorriso seu sobre meus lábios e mesmo com os olhos fechados sei que aquele era o sorriso mais lindo que ela já me deu.

Então por falta de ar em nossos pulmões, precisamos noa afastar, mas ela me manteve extremamente perto ao alcance de sua boca. E eu só queria ficar assim até o fim dos dias.

ㅡ Wheein, não se afaste, por favor ㅡ ela sussurrou ainda de olhos fechados.

A encarei com o semblante franzido, mas respondi:

ㅡ Eu nunca conseguiria.

Seus olhos em fendas me encararam. Senti-me despida.

ㅡ Nunca, mesmo com todas as minhas forças, eu conseguiria me manter longe. Você não entende como mexe comigo, Hye.

A coragem havia subido à minha cabeça.

ㅡ Mesmo com todos os problemas? ㅡ e ela desviou o olhar como se quisesse mostrar onde estávamos.

Eu tinha total ciência de que era quase uma da manhã de uma quinta-feira, estávamos num campo adjacente à estrada mais afastada da cidade montando uma fogueira com um grupo de bêbados. Sem rumo, indo contra às regras, com o gosto do tabaco que eu tanto desprezava ainda minha boca. Eu sabia que nossas loucuras de adolescente eram uma dor de cabeça sempre que chegávamos em casa e que ter Hyejin como companhia nunca agradou meu círculo de pessoas fechadas e padronizadas. Mas ela era exatamente o que me salvava.

ㅡ Não são problemas se me fazem sentir viva ㅡ respondi ao encostar nossos lábioa novamente. ㅡ Você me faz sentir viva. Eu estou na beira do penhasco sempre que estamos juntas e é o melhor sentimento que eu já tive.

ㅡ Penhasco? ㅡ ela perguntou com uma risada baixa.

ㅡ Nem todos os penhascos são ruins. A adrenalina da queda e a água que nos espera lá embaixo faz qualquer medo bobo valer à pena.

E não precisei dizer mais nada para que ela entendesse.

Mesmo com os contras e mesmo com o medo, eu não podia impedir com que o meu coração não acelerasse de modo ridiculo quando estávamos juntas.

Ela me beijou novamente e nos perdemos naquele instante. Sendo passageiro ou não, real ou não, minha ou não, eu estava feliz por viver aquele momento com ela.

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