decline • 26
[de•clí•nio
substantivo masculino
1.
inclinação para plano inferior; declivamento.
"d. da rua"
2.
POR METÁFORA
estado de deperecimento; decadência, ruína.
"d. da fortuna"]
zayn malik point of view
segunda-feira, 21 de setembro
Numa manhã normal de segunda-feira, o verão terminava em Londres. Eu dirigia um carro que não era meu, indo para uma cidade que não era minha para buscar algo que deveria ser meu por direito. A verdade nunca esteve tão perto de mim antes, eu nunca tive tanto dinheiro em um carro que fosse de fato meu. Ele não me acompanharia na viagem de volta, mas no seu lugar teria algo muito mais valioso.
- Pare de mexer ai Liam, você realmente acha que ela não vai perceber que você mudou todos os cds do carro de lugar. Você parece mais ansioso do que eu. - Já era o terceiro cd que ele 'testava', mas ele ficava pulando todas as músicas sem deixar que nenhuma chegasse ao final.
- Ela não vai perceber se disser, talvez pense que foi você - Revirei meus olhos, era uma luta perdida de qualquer jeito. - É óbvio que eu estou ansioso, Lauren foi ao Inferno ontem para encontrar com uma namorada, algo assim, e ela simplesmente não mostrou sinal de vida desde então. - Sua voz era controlada, se não fosse pelas suas mãos inquietas eu não teria percebido sua ansiedade.
- Liam escute as coisas que diz, se foi ver uma namorada, obviamente passou a noite com ela e deve estar dormindo até agora. Ainda é cedo, então relaxa e deixa alguma música tocar até o fim, isso está me deixando nervoso. - Liam desistiu dos cds e deixou que a música continuasse, não fazia ideia do que era, porém era melhor do que sua indecisão constante. - Obrigado.
- Lauren não costuma sumir assim, se fosse você eu não me surpreenderia. Mas ela sempre avisa onde está e o que está fazendo. - Isso era estranho, de fato.
- Dê um dia de folga para ela, vocês trabalharam praticamente o mês todo sem parar para juntar essa grana. - Tentei aliviar a tensão mas ele ainda estava ansioso, Liam nunca ficava ansioso sem um bom motivo. - Tem algo que queira me contar Liam? - Ele não disse nada, fez uma careta e respirou fundo.
- Não importa, estamos prestes a resolver tudo mesmo. Você está certo, pode não ser nada. - Ele mexeu no cabelo numa tentativa de esconder sua expressão de desconforto. De fato havia algo que ele não queria me contar.
- Liam existe zero necessidade para mistério, fale logo, somos parceiros, lembra? - Eu não tinha mais paciência para segredos e verdades não ditas há muito tempo. Ele respirou fundo novamente e eu esperei pacientemente que ele me dissesse o que tinha para dizer.
- Se lembra quando Lauren disse que seguiria alguém que estava falando com os policiais? - Me lembrei de alguns dias atrás, no meio da adrenalina ela havia dito algo sobre.
- Sim, você disse para ela tomar cuidado e depois fomos queimar o meu carro. - Eu não superaria a perda daquele carro tão rápido, era a única coisa que eu tinha levado comigo quando fui expulso de Londres.
- Enfim, ela seguiu o cara e foi parar no cartel do Louis. Foi ele quem armou para gente. - Eu queria me dar o luxo de estar surpreso, talvez ele não tenha ignorado nossa volta, talvez só esperava que estivéssemos confiantes para poder puxar nosso tapete e nos ver cair de um lugar maior do que estávamos.
- Uau, eu estou tão surpreso... - A ironia em minha voz era nítida, isso o irritou de uma forma que eu não esperava, mas eu não tinha só isso para dizer. - Não acredito que não me disse isso antes, quer dizer, se ele tem nos observado sabe onde vamos e quando vamos. Isso coloca Gigi no radar dele assim como onde moramos, ele só está esperando o momento certo para nos atacar. - Agora eu pude entender sua ansiedade, ele poderia estar nos seguindo agora mesmo.
- Pense melhor Zayn, desde quando ele manda a policia fazer o trabalho dele? Não faz sentido ser ele. - Agora ele não conseguia mais conter seu tom neutro, sua voz era ansiosa e alarmante - Se fosse ele, ele não teria cometido o erro de querer pegar nós dois juntos. Obviamente a pessoa não sabia de Lauren, acho que a única coisa que sabia é da nossa venda eventual.
- Aonde você quer chegar com isso? - Ao mesmo tempo que tudo que ele dizia fazia sentido me deixava extremamente confuso, como não é Louis se ao seguir o cara Lauren chegou até lá?
- Não é como Louis age, nós já vimos ele ir atrás de muitas pessoas, isso me pareceu um pouco desesperado e amador. Eu acho que Louis esperaria estarmos separados, ele levaria a gente para uma daquelas salas bizarras de tortura para matar a gente depois de algum show de ego dele e não mandaria alguém nos prender, ele odeia a policia. - As palavras dele ainda eram subjetivas, ele queria que eu chegasse à mesma conclusão que ele mas eu só conseguia me arrepender de ter ido para a casa da Gigi e ter colocado ela em perigo.
- Concordo plenamente, ele só agiria quando soubesse exatamente onde estamos e o que estamos fazendo, e isso inclui saber qual o nosso ciclo social, o que nos leva de novo a Gigi. - Liam bufou, tenho certeza que ele queria gritar comigo, ele desligou o rádio e disse cada palavra quase que pausadamente para que eu entendesse.
- Gigi não tem nada a ver com isso, Zayn, concentre-se. Quem poderia ganhar alguma coisa com a nossa prisão? - Tentei montar uma lista mental, mas nenhum nome me veio à cabeça, foi quando eu finalmente entendi.
- Você acha que é o traidor? - Por mais louca que fosse a ideia, não poderia assumi-la sem uma boa prova, Liam achava que tinha evidências suficientes para propor isso.
- Sim, qual a outra opção? É óbvio que Louis não sabe sobre isso, talvez essa seja a razão pela qual ele não veio até nós. Acho que nossa presença pode ter deixado ele intimidado, é uma teoria Zayn. Mas é a única coisa que faz sentido para mim. - Bufei de frustração, todo esse tempo me preocupando com Louis quando ele talvez nem saiba que eu estou de volta.
- Em menos de meia hora, vou ter o nome desse imbecil na minha mão, é o que importa.
Atravessamos o limite para Greenwich em menos de dez minutos, o trânsito estava tranquilo mas o tempo já estava mudando, trazendo uma chuva que deixaria Londres mais fria em poucas horas. Fiz o caminho até a livraria em cinco minutos, para uma manhã de segunda-feira tudo parecia bem tranquilo. Mas assim que passamos de frente da livraria algo me chamou atenção, o prédio estava vazio e com uma placa grande de "ALUGA-SE", meu corpo todo começou a tremer.
Nem ao menos estacionei o carro de uma maneira certa e pulei dele em direção ao prédio agora abandonado. Graças às paredes de vidro pude ver tudo completamente vazio, o lugar estava irreconhecível, parecia nunca ter sido ocupado antes. O desespero e a raiva tomaram conta de mim. Bati na grande porta desesperadamente, gritei por Edward e não obtive nenhuma resposta. Eu já estava prestes a quebrar a porta quando Liam entrou na minha frente.
- As pessoas estão olhando, tente ligar para ele antes de sair quebrando a porta de um prédio aparentemente vazio. - Ele estava calmo e contido, totalmente diferente do meu estado. Um grande contraste.
Procurei o número de Edward pela lista de contatos, meus dedos estavam até brancos devido a força que usava para segurar o celular. Um pressentimento ruim tomava conta de mim. O bip tocou três vezes e então eu finalmente fui atendido.
- Malik, estava esperando sua ligação. - A voz de Edward parecia tranquila, isso me deixou mais calmo, talvez nem tudo estivesse perdido.
- Eu esperava te achar na livraria. - Disse com a melhor voz que pude fazer, mas ainda estava carregada de raiva.
- Descobri que as pessoas não gostam mais de ler como antes, fechei antes de falir.
- Eu não me importo com a sua loja de livros, estou com o dinheiro do acordo, onde está você? - Parecia uma pergunta simples de se responder.
- Sobre isso... Escute com atenção, algumas pessoas me procuraram e me fizeram ofertas. Eu recusei, mas quando ela foi sendo duplicada toda vez que eu dizia não, cheguei a conclusão de que minha honra não era a coisa mais importante. A mesma pessoa com quem fechei o negócio antes comprou seu pacote, ontem mesmo. Eu sinto muito Zayn, você está 12 horas atrasado e eu estou em outro continente. Te desej- Desliguei o telefone e o joguei no chão, não queria ouvir suas desculpas, elas não me valiam de nada.
- Zayn? - Liam me olhou preocupado, e eu estava paralisado. O que eu faria agora? - Zayn o que ele disse? - ele se aproximou e deu um passo para trás.
- Acabou Liam, ele não vai me vender nada. O traidor estava um passo à nossa frente, ele comprou o silêncio do Edward mais uma vez. - Chutei o celular, Liam o pegou. Totalmente irritado pela minha infantilidade, minha vontade era de quebrar cada pedaço dessa livraria.
- Entre no carro, vamos sair daqui. - Ele me empurrou, mas eu não queria sair do lugar, não havia mais nada a ser feito.
- Não tem mais nada a ser feito Liam, acabou. - Ele abriu a porta do passageiro e me empurrou novamente.
- Vamos sair daqui, você já chamou atenção de mais. - Não queria discutir com ele então fiz o que foi pedido. Não fazia sentido fugir, ou tentar mais alguma coisa. - Vamos achar Lauren e pensar em alguma coisa.
- Não acho que ela possa resolver esse problema, acho que já ficou bem claro que o cara tem nos observado, o que faz o apartamento um lugar não seguro. Ele pode estar nos seguindo agora mesmo. - Liam dirigia o mais rápido que podia sem chamar a atenção de outras pessoas, mas o caminho de volta para Londres era evidente.
- Ele pode até ter nos seguido, mas ele não é onipresente, o que Edward disse? - Foi quando eu percebi que Liam tinha razão, ele não sabe de tudo.
- Ele disse ter fechado o negócio ontem a noite.
- O que quer dizer que ele não pode vigiar a gente o tempo todo, e talvez nem faça isso. Ele levou Lauren até o cartel porque ele ainda tem que trabalhar para Louis, e ele deve trabalhar sozinho ou com poucas pessoas, por isso precisasse que a polícia nos pegasse. - As suposições começavam a fazer sentido, ele ainda trabalhava diretamente com Louis.
- Ele não trabalha a noite, como fecharia o negócio com Edward e iria até o local onde a polícia estava para ajudá-los naquele dia? - Liam sorriu e nós relaxamos. - Ele não está nos seguindo agora, pelo menos.
- Ainda assim, o apartamento parece perigoso, precisamos achar Lauren primeiro. - Ele insistia nisso, mas eu ainda não via saída.
- Mesmo que ela veja fotos de todas as pessoas que trabalham para Louis e identifique essa pessoa qual a prova que teremos contra ela? Ainda não há nada que podemos fazer.
- E o que você sugere? - Eu respirei fundo, só conseguia pensar em uma coisa e ela era bem covarde e egoísta.
- Acho que devíamos avisar as pessoas que podem estar em perigo por nossa causa, e então dar a elas a opção de fugir conosco antes que a noite chegue. - Liam revirou os olhos, continuou dirigindo com os olhos na estrada e respirou fundo.
- Isso inclui Lauren e Gigi, certo? - Meu coração palpitou, eu jamais fugiria sem ela ou sem lhe oferecer essa opção pelo menos.
- É o que me parece mais justo, e então, qual será o plano?
--
Sentado em um bar, eu me amaldiçoava por ter jogado meu celular com tanta força no chão mais cedo. Metade da tela estava preta, mas ele ainda funcionava, eu sei porquê testei tentando ligar para Liam e deu certo. Mas aparentemente era só isso, porque mais ninguém atendia minhas ligações. Liguei para Gigi diversas vezes, as minhas mensagens a ela nem sequer são entregues, nosso último contato foi uma ligação ontem a noite.
Ela já havia sumido antes, não por tanto tempo. Sua casa estava vazia e eu não tinha ideia de onde ela trabalhava, Camila deveria estar com ela mas eu não tinha como ligar para ela. Mais uma vez, estava dando tudo errado. Não tinha muito tempo para conseguir falar com ela, em menos de meia hora Liam voltaria sem ou com Lauren e então deixaríamos o país por um tempo indeterminado, e eu nem ao menos poderia me despedir dela.
Senti vontade de mergulhar o celular no meu copo de cerveja, ele parecia inútil de qualquer forma. Tentei mais uma vez e fui mandado direto para a caixa de voz, sem ao menos um bip. Me perguntei se ela estaria na minha casa, mas isso não fazia sentido já que ela não atendia o celular.
- Zayn? - A voz conhecida quase me fez cair da cadeira, meu coração quase sair pulando pela boca, não era possível. Me virei na direção da voz apenas para ter certeza de que não era uma ilusão, e realmente não era.
- Não achei que ainda vinha aqui. - Confessei num lugar de 'oi', não será um encontro nada agradável de qualquer forma, isso era a única coisa que eu não precisava agora.
- Acho que um oi seria o bastante, posso me sentar? - Sem nem mesmo esperar minha resposta já foi sentando-se, é incrível o poder de inconveniência de algumas pessoas.
- Não acho que um 'não' te impediria. - Cuspi as palavras, eu não queria ser grosso, mas algo me diz que nenhuma palavra que saísse de sua boca seria gentil.
- Fiquei me perguntando diversas vezes como seria esse reencontro, e bem aqui, foi o único cenário que não imaginei. Você sempre surpreende Zayn Malik. - Sua voz nunca soou tão maldosa como agora, eu sentia vontade de vomitar. - Pretende ficar muito tempo na cidade?
- Na verdade não, vou embora hoje.
- Receio que dessa vez eu não vou receber nenhuma mensagem, estou correta?
- Eu não tive muita escolha Perrie, Louis me deu menos de meia hora para sair da cidade, não pude levar nenhuma roupa. - Ao contrário dela, eu nunca tinha imaginado esse reencontro.
- Eu falei com ele, no começo eu não pude acreditar, achei que voltaria para me ver. E então o tempo foi passando e eu só pude dar mais razão ao Louis, você nunca amou ninguém além de você mesmo. - Eu queria tanto levantar e sair andando, mas eu meio que merecia ouvir isso.
- Eu sempre tive um grande carinho por você, acredite ou não. Hoje eu sei que não era na mesma intensidade que você tinha por mim, nós não tínhamos futuro de qualquer jeito. - Assim que eu terminei Perrie começou a rir, como se eu tivesse lhe contado uma piada das boas. - O que é tão engraçado.
- Louis disse que você diria algo parecido, sempre me peguei pensando nas palavras que diria quando te visse de novo, já pensei em te bater, fazer um escândalo, dizer todas as coisas que eu odeio em você, dizer como cada minuto ao seu lado foi uma mentira e até mesmo pensei em te matar. Mas quando eu te vi aqui, tão indefeso, eu percebi que nenhuma dessas coisas seriam uma boa coisa a ser feita.
Algo não me parecia nada bom, todo esse discurso e eu estava começando a me sentir tonto. A imagem dela já era embaçada e suas palavras distantes, tive que me concentrar muito para entender.
- Percebi que só havia um jeito de eu me vingar da sua mensagem de texto medíocre, com uma ligação...
Publicado em: 07/10/2020
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