Estava deitada no deck do navio buscando por ar, meu pulmão queimava tamanho o esforço que estava fazendo, já faziam cerca de 3 semanas que estava treinando com a tripulação e apesar de estar progredindo muito mais rápido do que o comum, ainda era difícil durar algum tempo contra a elite do navio.

O resgatado foi deixado numa ilha qualquer dois dias depois que ele foi resgatado pelos piratas do ruivo, o que foi realmente um alívio e me permitiu treinar livremente com os rapazes logo nos dias seguintes.

Limpei o sangue da minha boca e sentei respirando fundo, Bonk Punch ainda estava imponente na minha frente com as duas mãos apoiadas na cintura.

Até Monster parecia estar dando risada enquanto estava empoleirado no ombro de Limejuice. Cerrei os olhos para o macaco antes de limpar o sangue da boca.

Me coloquei de pé e levantei os punhos, não ia desistir. A tripulação gritou encorajamentos enquanto Punch me provocava — Você é durona [Nome]. Mas ainda não é o suficiente, não consegue derrubar uma vaca desse jeito.

Apertei meu punho a ponto de sentir as unhas cravando na palma da mão, numa súbita onda de calor meu corpo começou a formigar, o sol estava a pino e madeira embaixo do meu pé começou a ranger. Apoiei na perna de trás me lançando para frente numa investida, mas Punch desviou deixando uma abertura, rapidamente girei a minha outra perna e o acertei na altura da costela.

Bonk Punch tossiu sangue pela boca ao mesmo tempo que voava e batia de costas no lado contrário do navio.

Ouvi Shanks soltando uma exclamação de surpresa.

O homem passou a mão no queixo tirando o sangue e sorriu — Isso sim é um golpe [Nome].

Ainda estava com os punhos na frente do meu rosto, não ia abaixar a guarda. Foi quando reparei na minha pele, parecia cintilar. Pequenos pontos luminosos dançavam percorrendo o caminho das minhas veias.

Por mais que estivesse surpresa, não tive tempo para dar voz ao meu questionamento. Shanks deu um sinal com a cabeça para que os outros tripulantes me atacassem.

— Ei, você está tentando me matar? — gritei enquanto acertava alguém no rosto.

— Acha que seus inimigos vão esperar para te atacar um de cada vez? — respondeu bebendo um pouco de saquê.

Desviei de uma espada e deferi um chute no meu "agressor", estava cansada, suada e com sangue seco na maior parte da minha roupa. Estava na hora de acabar com aquilo, o mesmo calor de antes subiu pela minha espinha percorrendo minha espinha como brasa.

— Chega! — o grito rasgou pela minha garganta antes que pudesse perceber. O chão do convés ficou com rachaduras e aqueles que estavam mais perto de mim foram lançados para trás enquanto alguns outros ficaram paralisados e caíram no chão.

Dei um passo para trás tentando recuperar o equilíbrio, mas não adiantou as minhas pernas cederam fazendo com que caísse sentada no chão. Ofegante e sentindo a minha pele queimar.

— Ei, isso foi...?

— Com certeza.

— [Nome] também tem...?

— Como esperado da [Nome].

Gallie pousou no meu ombro e empurrou a cabeça contra minha bochecha.

— Está tudo bem. Não se preocupe — falei.

— Certo — Shanks anunciou. — Chega de treino por hoje, os que estão acordados alinhem os desmaiados. Não tem o que fazer, temos que esperar eles acordarem, [Nome] descanse um pouco, conversamos mais tarde.

Precisei de alguns minutos para conseguir me levantar e quando o fiz caminhei devagar para cabine, como era a única garota do bando tinha algo parecido com um banheiro separado que ficava bem seguro dentro dos meus aposentos. Lavei todo o sangue seco e suor, felizmente não tinha muitos machucados novos e os antigos dos primeiros dias de treino já estavam quase cicatrizados por completo.

Deitei na cama completamente exausta, e olhei para o mesmo braço que parecia reluzir quando senti aquela onda de calar me tomar o corpo. O que era aquilo?

Batidas soaram e depois que respondi à porta se abriu revelando o próprio capitão.

— Está tudo bem? — perguntou entrando em seguida, me sentei na cama cruzando as pernas dizendo que sim. O ruivo se sentou do meu lado para logo deitar e cruzar os braços atrás da cabeça.

— Você tem alguma ideia do que aconteceu lá em cima? — me perguntou e olhou para o teto, fiquei em silêncio e apenas balancei com a cabeça negativamente.

— Você é idiota ou o quê? Para que faço você estudar? — ele reclamou.

— Eu estudo as coisas que Benn manda!

— Fala sério — um sorriso puxou os cantos da sua boca. — O que fez os soldados desmaiarem foi o seu haki.

— Haki? — tombei a minha cabeça para o lado, Gallie entrou pela janela e pousou ao lado da cama, passei o dedo pela cabeça dela num carinho e ela bicou de leve em resposta.

— Haki é um tipo de poder que todos os seres possuem, mas são poucos que conseguem despertá-lo, na maioria passam a vida sem mesmo perceber. Existem 2 tipos mais conhecidos: o da energia espiritual e o da força vital. Porém, algumas pessoas têm um terceiro haki que permite dominar a vontade dos outros. — ele me explicou. — O seu haki que fez os tripulantes recuarem ou serem lançados para trás e também foi o responsável por fazer você conseguir acertar Lucky.

— Mas para controlar isso é preciso de muito treino — ele sentou.

O ruivo colocou a mão na minha cabeça e usou de apoio para poder levantar — Lógico, ainda mais sendo fracote que nem você é. Terá que treinar em dobro.

Mostrei a língua para ele. Shanks não parecia ter reparado na pele cintilante, então não seria eu que puxaria esse assunto.

— Por hora só descanse [Nome], Benn vem te chamar depois. — dizendo isso ele se retirou fechando a porta.

— Gallie — a harpia olhou para mim — será que esse poder vem da parte do meu pai?

Não estava esperando uma resposta ativa da ave, então sendo embalada pelo som do Red Force navegando adormeci.

Quando acordei, parecia que o navio já tinha atracado no porto da próxima ilha. Esfreguei meus olhos, pois ainda estava ensolarado. Olhei para o meu lado e tinha uma bandeja com algumas frutas e um bilhete.

— Você dormiu a tarde e a noite inteira, quando acordar coma alguma coisa. Estaremos na cidade pegando mais mantimentos e informações. — li em voz alta. Suspirei, sozinha de novo.

Peguei uma fruta e subi pro convés, tinha um ou outro marinheiro sentado de vigia e outros jogando cartas.

— [Nome], boa tarde — eles acenaram para mim.

— Tarde? — respondi. Olhei para o céu e vi que o sol estava no meio do céu a caminho de se pôr — A quanto tempo estamos atracados?

— Hum... — um deles colocou a mão no queixo — Quando chegamos, estava próximo do meio-dia, porque [Nome]-chan?

— Nada — dei de ombros. — E o nosso alvo?

Eles ficaram mais sérios, podia ser a criança do navio, mas sabia de todos os planos e todos os marinheiros me respeitavam da mesma maneira que respeitavam mutualmente.

Os rapazes cruzaram os braços e ficaram mais sérios — Os perdemos de vista, desde a tempestade semanas atrás não tivemos mais nenhum visual.

— Estávamos tão perto — o outro disse acendendo um cigarro para fumar.

Mordi a fruta na minha mão e subi na lateral do navio usando uma corda de apoio, a ilha parecia ser bem grande e no porto não tinha outros navios piratas ou de qualquer outro tipo.

— Ei vou dar uma volta — anunciei e esperei Gallie passar perto de mim para pular da lateral de madeira.

— [Nome]! O capitão Shanks vai nos matar! — os marinheiros gritavam.

— Volte por favor!

Ignorei o chamado deles, sabia que se Shanks fosse punir alguém seria eu — Gallie voe alto não podemos ser descobertas

A ave subiu se colocando além das nuvens, voando rápido e fazendo com que meus cabelos balançassem em frenesi.

Num certo ponto as nuvens se dissiparam tirando a nossa camuflagem, mas estavam tão distante no céu que para qualquer outro não passávamos de pássaros distantes. O que também não era mentira.

Não tinha nada além da imensidão do mar por quilômetros, mas há certa hora vi uma frota seguindo na direção da ilha. Aquela formação e a bandeira. — Gallie precisamos descer e confirmar. Não muito, apenas o suficiente.

Shanks e a tripulação estavam rastreando um navio há meses. Uma esquadra especial da marinha que guardava um tesouro nacional ou algo do tipo.

— Eles devem ter perdido a rota na tempestade e por isso acabaram ficando atrás de nós. — Gallie piou em concordância. — Precisamos avisar o Shanks.

A harpia voltou para a ilha e nós sobrevoamos a cidade buscando saber onde o ruivo estava, como de costume não me surpreendi em saber que o homem estava perto de um bar. Voltamos pro navio fazendo os vigias suspirarem em alívio.

— Tem três navios da marinha se aproximando — disse para o que era o responsável do turno — Não vão levar mais do que alguns minutos para chegarem aqui.

— Precisamos avisar o capitão. Ei vocês dois vão para a cidade, falem que vimos pelo telescópio navios da marinha.

Dois se afastaram correndo seguindo as ordens, queria ter feito alguma coisa a mais, entretanto assim que eles de foram ouvimos tiros vindo da proa. Um dos tripulantes se jogou na minha direção me forçando a abaixar e me protegendo com o próprio corpo.

— [Nome] volte para a cabine.

Concordei e me arrastei pela proa até que encontrasse a porta que dava para a parte interna do navio. Mas das sombras uma figura que eu não esperava ver tão cedo apresentou.

— Te achei pirralha.

N/A: Aproveitando o dia de folga para atualizar.

Obrigada por ler até aqui!

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