Piratas Spade
— Quem é você?
Fazia algum tempo que não tinha tantas armas e espadas apontadas em minha direção. Ainda que tenha educadamente caído no convés com um sorvete em cada mão e não apresentava qualquer perigo, minha recepção foi hostil.
— Alguém que recebeu uma benfeitoria, vim apenas retribuir, e entregar uma promessa.
— Mask, pessoal, podem abaixar as armas — ele andou na minha direção colocando a mão no chapéu e abrindo um sorriso. — Eu a conheço. Oh, isso é para mim?
Ace empurrou os ombros dos tripulantes encontrando um caminho e apontou para o sorvete extra que estava em minha mão — Disse que ia te pagar um, veja como um agradecimento por mais cedo. Derrete rápido, cuidado.
Meu aviso não pareceu fazer diferença porque ele comeu a sobremesa de uma vez, e em seguida colocou a mão na cabeça. — É gelado! Minha cabeça.
Olhei para ele um pouco surpresa, e coloquei minha própria delícia gelada na boca, deixando o açúcar envolver minha língua fazendo uma festa de sabores. Me escorei na lateral do navio dele, Gallie também pousou na lateral esfregando a cabeça em minha capa. O navio deles não estava ancorado no porto e sim começava a se afastar de Loguetown.
— Dói porque você não deve comer tudo de uma vez.
— Você disse que derretia rápido — reclamou ainda dando algumas batidinhas na lateral de sua cabeça, como se fosse fazer ela voltar a funcionar.
— Realmente — não neguei —, mas quem em sã consciência come algo que um desconhecido dá sem nem pensar duas vezes?
Essa fala parece ter despertado algo nos tripulantes, pois eles concordaram.
— Capitão, você não pode ficar aceitando coisas de qualquer um! E se tivesse envenenado? — reclamaram.
— Não é o mesmo que a comida da tripulação? Praticamente é veneno — ele respondeu rindo aparentemente recuperado. — De qualquer forma, obrigado, nunca comi um desse antes.
Levantei o sorvete para a boca mais uma vez levantando os olhos para o mastro, uma das velas era preta com o desenho da jolly roger da tripulação. Uma das velas era uma caveira sob o símbolo da espada, em jogo de cartas, e o mesmo chapéu do capitão do navio, e a outra era branca com um grande 'spade' escrito. Parecia ser um bom navio, e apesar da tripulação não ser tão numerosa, parecia adequada para o tamanho dele.
— A marinha esta zarpando atrás de vocês sabia? — avisei dando uma última mordida crocante na casca açucarada.
A maioria deles correram para a lateral oposta a que eu estava para ver, e realmente as velas dos navios estavam sendo soltas e começavam a se mover.
— Eu sabia que eles não iam nos deixar em paz! — o homem mascarado, o primeiro que levantou a arma para mim, levou as mãos para a cabeça. — Ace o que vamos fazer?
— Continuar em direção à Grand Line, não era esse o plano?
— Em relação à marinha! — a tripulação gritou de volta completamente indignada pela resposta de seu capitão. Essa ação me fez sorrir, uma vez que a tripulação de Shanks também tem o problema de manter o capitão na linha. Bati a mão na capa a limpando os dedos depois de finalizar o meu momento de felicidade gelada.
— Gostaria de conversar um pouco com você — falei—, então me permita provar a minha boa intenção livrando vocês da marinha dessa vez. Quem sabe assim os tripulantes parem de querer lançar adagas em mim.
Ace cruzou os braços — Gostaria de ver do que você é capaz.
Me curvei para a frente sorrindo — Já que é um desejo do capitão, não posso ignorar.
E também quando voltasse seria o suficiente para que as armas que antes estavam apontadas para mim se abaixassem.
Dei um impulso para trás me jogando para fora do navio, caindo em Gallie que estava em seu tamanho de carga logo em seguida. Com suas asas fortes, a ave se lançou para a frente. Dois navios pareciam estar prontos para zarpar, mas eles perderam algum tempo reunindo marinheiros o suficiente para isso.
Ace e sua tripulação ganhou alguma vantagem, mas se aqueles navios fossem para o alto mar, essa vantagem seria perdida.
— Vamos manter as coisas simples — disse para minha ave, em seguida senti o poder se acumular na minha mão, a chama correndo pelas veias fazendo as pontas dos dedos ficarem mais claras. A harpia se ergueu em direção do céu ganhando altura, assim que tive uma boa visão do meu alvo me lancei sobre o primeiro navio com velocidade causando certo dano em seu convés e comprometendo o mastro principal.
O balançar da madeira fez com que os marinheiros demorassem a reagir, me dando tempo de escapar antes que pudessem atacar ou atirar. Pisei na lateral do navio pegando outra carona na harpia para cuidar do segundo perseguidor. Era um navio menor, se eu conseguisse me posicionar lateralmente conseguiria fazer um ataque que o destruiria por completo.
Dei dois toques nas costas do animal e então o sentido de vôo se alterou. Usando a força desenvolvida nos dois anos de treinamento foi fácil atravessar o meio dele, deixando apenas destroços chamuscados para trás. O que eu não esperava, era receber um ataque feito de fumaça.
Gallie agilmente desviou fazendo com que eu quase caísse de suas costas, mas rapidamente seu corpo virou numa espiral me mantendo presa no lugar.
— Essa foi por pouco — virei a cabeça segurando o capuz na cabeça —, então aquele cara continua aqui? Traz lembranças.
O marinheiro de anos atrás me disse que iria me prender da próxima vez que me visse, e parece que ele estava bem empenhado em cumprir essa promessa.
— Voe próximo à água, é um usuário de akuma no mi, podemos virar isso ao nosso favor — disse e olhei para o horizonte onde cada vez mais o navio de Ace de afastava. Aqueles pertencentes a frota da marinha não iam sair dali tão cedo. Indiquei a harpia a direção que devia seguir, neutralizar o marinheiro da fumaça é uma necessidade.
Me usei de isca tentando atrair seu corpo para perto, quando tivesse a chance, jogá-lo na água do mar já seria o suficiente.
— Nunca achei que ia voltar aqui pirralha — sua voz era como eu me lembrava e assim como naqueles dias também tinha um charuto na boca.
— Digo o mesmo — virei os olhos em sua direção —, parece que já não é um simples marinheiro...
Voamos um pouco mais próximos do mar, na distância ouvi seus subordinados gritarem por um nome específico.
— Smoker — completei minha frase.
O marinheiro tentou investir, mas Gallie desviou
— Disse que não ia te deixar partir uma segunda vez. — gritou empenhado em não me deixar sair dali.
— Então vou precisar fugir mesmo — dei o sinal e a harpia ganhou um pouco de distância se mantendo o mais rente do mar possível. No momento certo ela bateu o corpo na água levantando uma boa quantidade dela, o suficiente para tirar o oficial do meu pé e o fazer cair no mar.
Com o meu poder inato, vindo do sangue e não de uma fruta, acredito que ele não tenha considerado o mar como um perigo.
Gallie seguiu o caminho de volta para o navio de Ace, e dessa vez o que me encontrou foram algumas bocas abertas e surpresa.
— Eh, você realmente cuidou deles. Mas estamos tão longe que eu não consegui ver como — Ace se apoiou para olhar melhor para a ilha, onde a fumaça dos navios destruídos subia, apenas para em seguida se voltar em minha direção e perguntar — Quer entrar no meu bando?
Um dos companheiros conseguiu bater em sua cabeça e ele se agachou por conta da dor. Falar que eu já tinha um bando estava fora de questão, mas eu também precisava de um navio para chegar ao Novo Mundo. Ao menos até encontrar um dos associados dos Piratas do Ruivo, ou o próprio Shanks.
— Depende, o que você pretende fazer?
Antes dele responder, aquele chamado Mask interrompeu — Por que devíamos falar para você? No mínimo a sua atitude é bem estranha. Sequer mostrou seu rosto.
— Você é desconfiado demais — reclamei —, se eu quisesse ter feito algo com vocês já teria feito.
— Parece que você quer algo de nós, por isso não confio no que diz.
— Pelo menos isso não é uma mentira — retruquei com sarcasmo —, vocês estão indo para a Grand Line, e eu preciso de uma carona até encontrar meu destino. Isso é que preciso de vocês.
— A resposta é n-
— Você sabe cozinhar? — Ace interrompeu.
Ele não podia ver meu rosto, pois parte dele estava escondido embaixo do capuz, logo também não viu a careta que fiz. Não tinha exímia habilidade na cozinha, mas tanto tempo com Lucky que é alguém que aprecia uma boa comida me ensinou algumas coisas.
— O suficiente.
— Então está resolvido, pode viajar conosco até quando precisar. Em troca cozinha para a tripulação.
Passou longe do que eu pensei em propor para o grupo, mas suponho que manter minhas habilidades escondidas por enquanto. Ainda não sei o que ele almeja na Grand Line, manter o mínimo de interação parece ser a rota mais segura.
— Pessoal, o que acham?
— Qualquer coisa é melhor que a comida da Banshee — um deles que tinha a frente de um crânio no rosto comentou. Uma mulher saiu detrás dele apontando uma arma.
— Diga isso novamente Skull, então seu crânio vai ser o próximo a ser usado — ela colocou as mãos na cintura —, sei que não sou uma boa cozinheira. Mas o que espera de uma sereia? Sou boa em outras coisas, inclusive puxar o gatilho.
— Desculpe — imediatamente disse.
— Está resolvido — Ace disse — qual seu nome? Nos falamos até agora, mas não sei quem é.
— [Nome] — respondi e fiz um carrinho na minha companhia alada — a ave se chama Gallie. É uma harpia do deserto.
— Sou o capitão, Mask-san é o imediato. Masked Deuce. — Ace apontou, explicando o porquê do mascarado implicar tanto com a segurança. Ele também apresentou os outros integrantes do bando que consistia num total de 20 pessoas, sendo a única fêmea, a sereia Banshee.
— Agradeço a recepção — encarei Masked —, pelo menos da maioria.
Ele soltou um resmungo e então começou a gritar ordens para o restante em relação ao navio.
— Não ligue para ele — Ace disse colocando as mãos na cintura —, então, onde estão suas coisas?
— Tenho poucos pertences — coloquei a mão nas costas e tirei do ombro algo parecido com uma bolsa que estava preso ali. — Fora isso, apenas uma lâmina.
Tirei a Benihime da cintura, e mostrei, foi então que aquele chamado Skull se aproximou.
— Oh, é uma wakizashi lendária. Benihime Notan, foi usada por um grande pirata do passado. A Princesa Carmesim da luz e trevas, guardada como um tesouro até que o navio naufragasse no caminho para a ilha dos tritões. Onde a conseguiu?
— Na ilha dos tritões — respondi — foi um presente.
— Então quer dizer que já esteve na Grand Line? — Ace disse animado — E no Novo Mundo?
— Algo como isso — voltei a guardar a arma na cintura.
— O que alguém como você que conseguiu sair da Grand Line com vida quer fazer lá?
Olhei para o mar no horizonte, sentindo a brisa soprar. Se eu fechasse os olhos podia imaginar a atmosfera do Red Force me rondando, sorri e me virei para olhar o capitão.
— Voltar para casa.
N/A: Quem é vivo sempre parece! Juro que eu vou tentar passar mais vezes por aqui.
Obrigada por ler até aqui! Mesmo tendo tanto tempo entre as atualizações, eu amo ela mas o tempo por agora realmente não me permite dar mais atenção.
Mas vai dar certo!
Até mais, Xx!
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