Não é um adeus
Acabamos por precisar de mais alguns dias além do previsto, isso para garantir que Shanks não tivesse uma infecção durante a viagem ou coisa pior.
Mas o dia de partir chegou, então como um sinal de despedida resolvi levar Luffy para dar uma última volta no céu.
— Luffy! Para de pular! — falei enquanto Gallie subia ainda mais alto.
— Oh, incrível — ele falou com brilho nos olhos, queria mostrar ao garoto algo que ele nunca ia esquecer. Atravessamos as nuvens e a visão do mar era muito mais do que incrível, um azul puro que se estendia eternamente.
— Olhe bem Luffy, o mar é gigantesco e se estende muito além do que conseguimos enxergar — falei. — Você precisa ficar forte pra conseguir passar por todas as barreiras que ele vai colocar na sua frente.
— Sim! Vou atravessar todas elas com meu soco de pistola — ele fechou a mão em punho.
Dei risada — Esse é o espírito. Pronto para descer?
— Yosh! — ele jogou as mãos para cima — Vamos lá [Nome]!
— Gallie vamos descer com emoção — falei e na exata hora se deixou cair em queda livre, Luffy estava gritando atrás de mim, mas segurava firme nos meus ombros, a harpia não perdeu a chance de se exibir, deu algumas piruetas e fez manobras. Só voltou a planar quando estávamos perto do mar — Abra seus braços Luffy!
— Isso é incrível — ele riu, Gallie chegou mais perto do mar a ponto que as asas dela tocavam de leve a água, contornamos o Red Force e voltamos para ilha.
— Parece que vocês se divertiram — Shanks comentou, enquanto descíamos da ave.
— Vocês vão embora pra sempre dessa vez?
— Sim — Shanks respondeu Luffy, vendo os tripulantes carregarem as últimas caixas de mantimentos — Ficamos aqui por tempo demais. Já é hora de partir, está triste?
— Sim, mas... — ele se virou para olhar na minha direção. Eu ergui uma sobrancelha vendo que ele pareceu pensar no que falar antes de voltar para falar com meu capitão — Não vou mais pedir para me levar com você, vou me tornar um pirata sozinho.
— Hah! Não levaria nem que me implorasse — e sendo o panaca que eu conheço, o ruivo não podia deixar de tirar uma com a cara do garoto — Entenda você não tem o necessário para se tornar um pirata!
— Tenho sim! — ele gritou — Um dia, vou ter um bando mais forte que o seu. E aí vou encontrar o maior tesouro do mundo! E vou me tornar o rei dos piratas!
Coloquei a mão na minha testa, sei que disse pra ele pensar alto, mas não achei que seria algo desse tipo.
— Então vai ficar mais famoso que nós, não é? — Shanks se abaixou — Bem, então...
O ruivo tirou o chapéu que era a marca registrada dele e colocou na cabeça do Luffy, nesse momento uma brisa suave dançou à nossa volta. A capa que o meu capitão levava nos ombros balançou, girei a cabeça colocando o braço na frente dos olhos enquanto na minha frente o momento se desenrolava.
— Esse chapéu, é o meu presente pra você. É o meu favorito, quando se tornar um pirata famoso no futuro... — Shanks continuou com um sorriso, mas as lágrimas de Luffy escorriam por seu rosto até cair no chão — Venha devolvê-lo.
— [Nome] está na hora de ir — ele me chamou e virou.
Passei pelo garoto que estava com a cabeça baixa e tinha o chapéu cobrindo os olhos — Ei, Luffy, use esse chapéu com orgulho.
Ajeitei o chapéu na cabeça dele, vendo seu rosto agora livre das sombras pela última vez antes de descer os degraus do porto.
— Esse garoto...
— Eu sei. Ele me lembra como eu era nessa idade. — o capitão respondeu.
— Oh, deve fazer bastante tempo então — passei correndo por eles.
Benn gargalhou e Shanks gritou comigo — Já disse que não sou tão velho assim!
Subi no navio, o deixando para trás e ouvindo seus comandos gritados. — Levantar âncora, içar velas!
Me apoiei na lateral e acenei para aqueles que estavam nos vendo partir — Vou sentir falta deles. — comentei.
— Sim, eram boas pessoas — Yasopp concordou — Mas já está na hora de voltarmos, não queremos ninguém pegando nossas posições, não é? Ainda mais agora que temos mais uma recompensa no bando.
Sorri.
— Pessoal! Vamos voltar para casa! — Lucky gritou.
Olhei para o céu que estava azul e quase sem nuvens, era belo dia para despedidas.
Nas semanas seguintes não tivemos grandes acontecimentos, ou paradas, então chegamos rápido ao nosso destino.
— Certo, vamos fazer a nossa última parada em Loguetown para reabastecer antes de seguir no caminho para Grand Line — Shanks falou alto pra toda tripulação — Mas não vamos ficar muito tempo.
Todos concordamos e ele indicou para atracarem no porto.
— Shanks posso ir para cidade também? — perguntei.
Ele olhou pra mim e colocou a mão no queixo — Não deveria, mas vou ser benevolente com você, por não ter dado problemas nesses últimos meses. Não se esqueça da capa e nem voe com Gallie por aí.
— Entendido! — Concordei, corri para pegar a capa e um pouco de dinheiro, já que tinha trocado todo meu tesouro algumas ilhas atrás. Não demorou muito para já estar andando nas ruas da cidade.
Loguetown era famosa por ter sido o palco da execução do grande rei pirata Gol D. Roger e por ser considerada a última parada dos piratas antes de ir pra Grand Line. Tinha até a própria base da marinha, então sabia que devia ter um pouco de cuidado.
Embora dessa vez não estivesse atrás de problemas, já que tinha algo que eu queria comprar já há algum tempo.
Me lembrava da loja e alguma outra vez que passamos pela cidade, paredes com um tom de azul-claro com bolinhas amarelas, portas e janelas brancas. Um cheiro doce tomava o quarteirão e era ainda mais intenso do lado de dentro, minhas mãos estavam espalmadas no vidro vendo os variados retângulos coloridos. Eram tantos e de várias texturas que achei que estava num sonho.
— Oh, mocinha está interessada em algum? — a senhora que estava atrás do balcão perguntou.
— São tantos sabores! — eu falei — Não sei nem qual escolher.
— Você pode misturar dois se quiser — me informou, sabia que meus olhos deviam estar brilhando.
— Verdade?! — perguntei e ela concordou, escolhi dois sabores ali no meio e paguei, deixando logo em seguida a sorveteria — Que delícia!
Gallie estava pousada na minha cabeça e piava quando via alguma coisa diferente ou suspeita. Quebrei um pedaço da casquinha doce e levantei para a ave. — Só um pedacinho, se não você passa mal.
— Ei você — alguém chamou. — Menina da ave.
Certamente estava sendo direcionado para mim, parei de andar para olhar uma rua lateral. E das sombras saía um homem, vestes escuras e sujas, claramente não era de Loguetown, devia ser um pirata de algum outro bando de passagem por ali.
— É uma bela ave que você tem, que tal vender pra mim? Posso te pagar o suficiente para comprar um montão de sorvetes.
— Não está à venda — respondi sem dar bola e continuei o meu caminho.
— Vamos lá, você não prefere um monte de doce ao invés de uma ave suja?
Claro que Gallie não gostou da fala — Já falei que não está à venda.
— Bom nesse caso, vou ter que pegar de você — ele avançou na minha direção, me forçando a desviar. Mantendo o sorvete na minha mão em equilíbrio, dei alguns passos pra longe. O homem sacou uma adaga e começou a investir na minha direção.
— Ei! Você vai fazer eu derrubar o meu sorvete — reclamei me desviando com sucesso dos ataques.
— Pirralha! — ele ralhou já ofegante — Você vai ver só, ninguém tira uma com a minha cara.
As pessoas estavam começando a se aglomerar, e isso não era bom, então corri para algum lugar que estava menos movimentado. Pelo menos foi a minha ideia, mas acabei dando de cara com um marinheiro que parecia estar tendo um pouco de problema com a própria luta.
— Ora, ora, parece que alguém chegou pra nossa festa. — ele encarava o marinheiro, esse tinha os cabelos curtos de cor clara e tinha uma rede e uma adaga o prendendo.
— Capitão! — o que estava me perseguindo falou — Esse maldito. Está com uma harpia do deserto.
— Oh, parece que demos sorte — comentou —, vamos lá!
Os dois avançaram ao mesmo tempo, desviei usando um caixote que tinha ali de plataforma enquanto o outro pirata usou as próprias paredes para pular na minha direção. O que não percebi durante a movimentação foi que em minha mão estava somente uma casca vazia.
— Ah! Meu sorvete caiu no chão — bradei vendo a delícia gelada agora suja e triste derretendo no chão. Minha mão se fechou em punho quebrando a casca em migalhas — Gallie, alto. Agora.
Dei o comando e a ave subiu para o prédio mais alto que tinha ali. Em seguida, voltei meu olhar para o pirata. — Você é muito desagradável.
Deixei que meu poder se concentrasse na minha mão, e num segundo já tinha avançado contra o homem o prensando entre a parede e meu soco, a pedra atrás dele trincou devido à pressão repentina. Girei o pulso me preparando para mais um ataque.
— A culpa é sua.
Como ele estava meio caído por conta do primeiro golpe consegui alcançar seu rosto e desferir um soco bem no queixo, o que foi suficiente para que o homem agora estivesse desmaiado no chão, então me virei para outro, que se intitulava capitão.
— Como vocês conseguem se chamar de piratas sendo fracos desse jeito?
— Pirralha, então você é uma usuária de akuma no mi? — ele deu um sorriso largo e imundo — Nunca foi tão conveniente ter pedra do mar nas mãos.
Então era isso que impedia o marinheiro de se mexer, meu poder vinha do meu sangue, não de uma fruta. Logo não faria diferença nenhuma ele ter oceanite nas mãos ou não. Porém, não falei, usei a vantagem a meu favor.
— Nunca julgue seu oponente pela aparência — num piscar de olhos, saquei a minha arma e disparei, não acertei pra matar, afinal não era o que eu queria, andei até ele e chutei as armas para longe, em seguida o nocauteando com um chute.
Tirei a adaga de oceanite das costas do marinheiro e a rede em seguida.
— Tsc, sendo salvo por uma criança. Que grande oficial sou — o homem se sentou com as costas apoiada na parede. Grunhindo em seguida.
Provavelmente estava falando mais para ele do que para mim.
— Quem é você? — perguntou o homem antes de pegar um charuto da jaqueta e colocar na boca.
Fiquei em silêncio e assoviei dando sinal para Gallie descer.
Ele grunhiu e se levantou ainda um pouco cambaleante, e vendo minha sobremesa no chão, disse — Vou pagar outro sorvete para você.
— Mas você está ferido, não devia ver isso primeiro?
— Não gosto de ficar com dívidas com ninguém — ele olhou por cima do ombro onde as vestes de marinheiro estavam manchadas de vermelho. — Isso não é nada.
Bem, contra essa oferta não tinha argumento.
Não demorou para que logo estivesse sentada numa mesa com o marinheiro marrento na minha frente. Ele era jovem, afinal não tinha nenhuma patente em suas vestes. Ele tinha a mão apoiada na bochecha e olhava envolta de forma entediada enquanto eu, que estava sentada em sua frente, balançava as pernas enquanto desfrutava de um novo sorvete.
— Então você é uma pirata — ele falou.
— Hum? — levantei os olhos para poder encarar o mais velho — Por que diz isso?
— Crianças comuns não derrotam bandidos.
Fiquei em silêncio.
— Vai me prender por isso?
— Ainda não decidi — respondeu e deu uma longa tragada antes de soltar a fumaça na minha direção — Por que não matou aquele outro pirata?
— Não tinha necessidade, você os prenderia de qualquer jeito. Nem todos somos cruéis. Embora algumas situações sejam inevitáveis.
— Então você já matou alguém antes? — por um momento o jovem marinheiro pareceu interessado na minha história.
— Era isso ou ir pra Sabaody ser vendida como escrava — respondi e terminei o meu sorvete. — Não era como se eu tivesse alguma outra escolha. Já nasci nessa vida, então tudo que faço é tentar sobreviver para ver o próximo nascer do sol.
Ele ficou em silêncio, mas logo encostou com as costas na cadeira e cruzou os braços — Já pensou em entrar pra marinha?
Franzi o cenho — Por mais que vocês preguem a justiça absoluta, não conseguiria confiar em alguém que faria de tudo pra chegar nas patentes mais altas, existem aqueles que são nobres, mas a maioria só está interessada em si — continuei. — Ninguém sabe realmente o que está escondido debaixo das diversas camadas do governo mundial Smoker.
Olhei pro céu, já estava na hora de ir — Obrigada pelo sorvete — agradeci e me levantei.
— Estamos quites, criança. Na próxima vez não deixarei você escapar e não tome a sorte como aliada, se não sair da ilha em pouco tempo vou te prender.
Acenei com a mão e sai andando na direção do porto, com certeza o Red Force já estava pronto para partir e nos levar para uma nova aventura.
N/A: Grandão ein!
Calculo que o Smoker deve ter algo em torno de 25 anos nesse momento.
Obrigada por ler até aqui! Me deixe saber seus pensamentos.
Até a próxima! Xx
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