22. apenas fragmentos de uma versão sua
Se eu acordasse com você de manhã
Eu esqueceria todas as maneiras que estamos quebrados
Eu não ligo se você mudou
Eu nem tenho que ficar
(Stay - Gracie Abrams)
♡
Jin ♥️
Um passarinho verde me contou que você esbarrou com o Hyunie... | 18:00
como vc tá? | 18:01
Você:
esse passarinho é um fofoqueiro | 18:05
e eu tô legal | 18:05
Jin ♥️
nunca conte algo ao jun se não quer que ninguém saiba kkkk | 18:06
tem certeza? ele não foi um idiota né? | 18:07
Você:
não, ele foi bem... gentil | 18:07
pediu desculpas por ter falado aquelas merdas no bar, mas não parecia arrependido de ter traído a namorada | 18:08
eu deveria ficar aliviado? | 18:08
Jin :
eu ficaria | 18:10
Yoongi franziu o cenho, encarando a última mensagem de Jin Reed na tela do seu celular e ponderou se talvez seu amigo tenha enlouquecido. Deveria ter ficado aliviado por Taehyung ainda demonstrar um certo desvio de caráter?
— Garoto, chegamos. — a voz autoritária de Elijah lhe tirou de seus devaneios. Ele apagou a tela do aparelho, e o guardou no bolso. Encarou o homem descendo do carro e fez o mesmo sem hesitar.
O Queens havia organizado um evento beneficente, apenas para reunir todos os patrocinadores e tirar mais dinheiro deles. Se fosse por qualquer outra causa, Yoongi teria se negado a ir com palavras amargas, mas pelas crianças daquele hospital fazia qualquer coisa. Portanto, caminhava pelo mar de gente esnobe com calma, apreciando cada pequeno detalhe da decoração do salão. Ao contrário das outras festas que era obrigado a ir, Yoongi não fez questão de chegar mais cedo. Por isso, já havia uma quantidade significativa de pessoas ali.
O músico seguiu Elijah até a mesa que tinha uma placa com seu nome, escolhida pelo próprio Yoongi em um lugar afastado do púlpito, das câmeras. Estava naquela festa pela iniciativa, não desejava chamar atenção. Uma música suave ecoava pelo salão, mesclando-se com as conversas altas e risos escandalosos de um político que estava sentado na primeira mesa próximo aos repórteres. Yoongi suspirou ao ocupar uma cadeira ao lado de Elijah, evitando encarar muito as pessoas ao seu redor.
Eram hipócritas, falsos.
Por isso, desviou os olhos para o arranjo de flores no centro da mesa. Haviam três espécies diferentes, enroladas entre si e dando um toque harmônico ao todo. No entanto, Yoongi só conhecia uma: os girassóis. Logo, sua mente foi transportada para um dia ensolarado em Paris, com dedos longos entrelaçados aos seus, um olhar doce e sorriso retangular. Quase podia sentir o cheiro floral como se ele estivesse de fato na sua frente, o doce beijo com sabor de chocolate, o riso alto, um sobretudo amarelo.
E o maldito girassol, que foi o responsável por deixá-lo tão feliz.
— Não é possível que esse cara vai estar em todo lugar agora. — disse Elijah amargurado, trazendo Yoongi de volta a Nova York, para aquela noite. E no presente, Taehyung estava sentado em uma mesa próximo a entrada, com os olhos perdidos nas mesmas flores que Yoongi encarava outrora.
— Ele provavelmente também ajuda o hospital. — Yoongi suspirou, colocando uma mecha que insistia em cair na frente do seu rosto atrás da orelha. Talvez devesse cortar o cabelo. — Não seja implicante, eu estou bem, Eli.
Elijah soltou um riso frouxo, demonstrando que não acreditava naquilo, porém nada comentou. Yoongi permitiu-se analisar Taehyung, aproveitando que os olhos agudos ainda estavam presos no arranjo da sua mesa. Ele tinha uma mão apoiando o queixo, a franja castanha escorrendo pela testa como uma cascata fina e delicada. Vestia um conjunto de terno rosa choque que fazia-o ser notado de longe. O músico não sabia como não havia visto-o assim que entrou no salão, o que levava a outro questionamento: Taehyung havia visto ele?
Um homem se aproximou de Taehyung, segurando duas taças de champanhe e Yoongi tentou desviar o olhar, pois aquilo não era da sua conta, mas não conseguiu. Havia algo na postura daquele homem que não lhe agradava, ele tinha um olhar malicioso e sorriso sugestivo demais. E Taehyung não parecia conhecê-lo, pois sua expressão corporal denunciava certa cautela. Ele parecia retraído, quase desconfortável.
— Quer uma bebida? — Elijah questionou, atraindo as orbes de Yoongi para si. Seu assessor estava de pé, esperava uma resposta e o músico apenas assentiu. Ao vê-lo se afastar, tornou a encarar os homens, sentindo seu interior borbulhar como a bebida da taça de Taehyung.
O homem estranho havia ocupado um lugar na mesa dele, conversava animadamente e estava relativamente perto demais de Taehyung. Yoongi desviou os olhos para as flores da sua mesa, aquilo não era da sua conta, ele não tinha o direito de se incomodar ao assisti-lo com outra pessoa. Suspirou, Yoongi Min era patético, e exatamente por isso, voltou a encarar a mesa vizinha novamente. Se Elijah o visse agora, com certeza falaria algum palavrão.
Taehyung apenas escutava, sorria e assentia para tudo que o homem ao seu lado falava. Não parecia estar aproveitando aquela companhia, somente a bebida, que não abandonava seus lábios. Yoongi suspirou novamente. Não tinha o direito de analisá-lo daquela forma, com propriedade de quem o conhecia. Ele era um desconhecido, o que teve dele em Paris foram apenas fragmentos de uma versão sua que ele permitiu mostrar. No entanto, quem era aquele homem na sua frente, que forçava sorrisos e tinha um olhar de quem estava prestes a desmaiar.
Desmaiar?
Yoongi franziu o cenho, e pousou a mão na mesa, esforçando-se para não sair correndo na direção de Taehyung quando o viu soltar a taça com dificuldade, quase derrubando-a. O homem continuava falando e sorrindo, mesmo com Taehyung demonstrando total desconforto. Ele tinha os olhos fechados, mãos na cabeça e franzia o cenho como se sentisse dor. O homem começou a tocá-lo, ainda sorrindo e Taehyung permanecia com aquela mesma cara de quem estava tendo um mal estar. Yoongi viu o homem lançar um olhar em volta de maneira astuta antes de passar o braço o rapaz em volta do pescoço e arrastá-lo para fora do salão.
Mas que porra...
Yoongi olhou em volta, ninguém havia visto aquilo? Procurou Elijah na multidão, mas não o encontrou. Contou até três mentalmente, bateu o pé no chão impaciente, e por fim, decidiu seguir o homem. Havia algo de errado naquilo, seu sexto sentido nunca falhava. Taehyung parecia bem antes de beber aquele champanhe. E também, o modo como aquele homem olhou em volta antes de tirar Taehyung dali foi extremamente estranho e suspeito.
Era um olhar de quem teme algo.
Encontrou os homens a caminho do estacionamento, Taehyung tinha dificuldade em caminhar e era praticamente arrastado pelo outro cara. Yoongi franziu o cenho e apertou o passo. Ele parecia bêbado, murmurava coisas sem sentido e o maldito homem continuava rindo como se tudo fosse muito divertido.
— Hey, cara — o músico chamou, fazendo-o cessar os passos trôpegos e se virar na sua direção. Conseguiu finalmente encarar o rosto de Taehyung e isso o fez franzir ainda mais o cenho. Ele tinha os olhos fechados, havia desmaiado? — Ele não parece bem.
Constatou o óbvio, apenas para analisar as intenções do homem. Seu sangue ferveu quando ouviu-o soltar outro risinho, no entanto, agora parecia mais nervoso.
— Ah, isso? Meu amigo aqui bebeu um pouco demais, vou levá-lo para casa.
Definitivamente tinha algo muito errado ali.
— Tem certeza? A festa começou há pouco tempo...
— É que o Thomas não é muito tolerante a álcool, sabe? — o homem forçou um riso que saiu quase que desesperado. Yoongi cutucou o interior da bochecha com a ponta da língua, enquanto ponderava se chutava-o ou apenas tirava Taehyung dali. — Agora se me der licença, eu irei-
— Ah, não vai não. — Yoongi se aproximou mais um passo, fazendo o homem dar outro para trás. Taehyung resmungou manhoso, Yoongi sentiu seu peito se comprimir.
— Cara, a gente só vai se divertir, relaxa.
Divertir? Do que aquele maluco estava falando?
Taehyung ergueu a cabeça, esforçando-se para abrir os olhos e sorriu grogue ao ver Yoongi.
— Guinho! Você também vai se divertir com a gente?
Em uma epifania, o músico percebeu o que estava acontecendo e sentiu seu interior ferver.
— Se não soltá-lo agora eu vou chamar a polícia. — Yoongi aproximou mais um passo, e o homem logicamente, deu outro para trás assim como antes. — Eu sei o que fez, então acho melhor-
O músico teve sua fala interrompida ao assistir o homem empurrar Taehyung sobre ele e sair correndo. Pensou em perseguir o infeliz, mas proteger Kim era mais importante. Taehyung mal conseguia ficar em pé, falava sobre fadas e chamava pela mãe em lamento. O perfume adocicado lhe abraçou assim que seus braços o rodearam, o coração de Yoongi batia tão rápido dentro no peito que ele temeu que seu órgão escapasse dali a qualquer momento. Tentou chamar por Taehyung, mas recebeu apenas resmungos de palavras emboladas e frases sem sentido.
— Que porra é essa? — Elijah exclamou estupendo, surgindo de lugar nenhum. Yoongi nunca ficou tão feliz em vê-lo.
— Chame o motorista, Eli. — o músico forçou-se a ficar de pé, enquanto sustentava o corpo pesado de Taehyung, seu assessor continuava olhando-o como se ele fosse louco.
— Que? Yoongi, por que você tá segurando esse cara? E por que ele parece tão... mal?
Yoongi bufou impaciente.
— Só faz o que eu mandei e rápido! — não queria soar grosso ou autoritário, não gostava de usar esse tom com Elijah. Devia muito a ele. Mas havia um homem em seus braços resmungando feito um garotinho que sentia dor, e ele não conseguia ser muito paciente. Mesmo assim, Yoongi abaixou o tom de voz ao continuar: — Precisamos ir a um hospital. Acho que ele foi drogado, Eli.
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