21. um cãozinho desesperado por atenção.
E não é sua culpa eu estragar tudo
Não é sua culpa que eu não sou o que você precisa
Amor, anjos como você não podem voar para o inferno comigo
(Angels like you - Miley Cyrus)
♡
"para Taehyung, o melhor violinista de N.Y.
Agustd"
Era apenas pelo Tony. Yoongi estava ali pelas crianças. Ele não se importava, ele não se importava.
Taehyung repetia aquelas frases com força pela sua mente, tentando se convencer de que não havia significado nenhum por trás daquele autógrafo. No entanto, seu peito comprimiu-se ao analisar a caligrafia perfeita de Yoongi, escrita por um lápis de cor vermelho. Aquilo não era nada grandioso, era apenas para satisfazer os desejos de uma criança internada. Mas mesmo assim, Yoongi fez tudo com delicadeza, até mesmo deixou uma dedicatória.
O coração de Taehyung batia de modo estranho, ele sentia que iria morrer. Comentou isso com doutor Jung em sua última sessão, sobre seu coração andar sem freio ultimamente e perguntou se deveria ir ver um cardiologista. Contudo, seu terapeuta apenas soltou um risinho divertido ao negar e disse que isso era sinal de algo bom.
Aquele homem era maluco, não deveria ter seguido o conselho de Namjoon.
Taehyung suspirou frustrado ao guardar o papel no bolso da calça. Estava plantado na saída do Queens, inalando uma dose de coragem junto com o oxigênio que sugava pelo nariz. O horário de visitas havia terminado, ele estava quase indo para casa, mas se lembrou de algo que precisava fazer. Algo que sentiu necessidade em fazer desde que viu Yoongi passar pela porta da ala pediátrica e abraçar todas aquelas crianças. Ele iria falar com ele, mas não como da última vez.
Mesmo que houvesse a possibilidade de Yoongi simplesmente ignorá-lo e dizer que não queria saber de nada, que não se importava. Taehyung acreditava fielmente nessa possibilidade, na verdade, isso era o mais justo levando em consideração a forma com que ele se portou com o músico, as coisas que disse, que não disse... E era por isso que Taehyung estava tão agitado em frente ao hospital, se sentia nervoso, ansioso.
Yoongi ainda estava lá dentro, soube pela recepcionista que não parava de sorrir sugestivamente na sua direção desde que entrou. Ele estava na sala do diretor, tratando assuntos importantes. Fazia meia hora. Taehyung contou cada segundo e estava prestes a escalar as paredes do Queens usando suas unhas, mas toda e qualquer tempestade do seu interior se acalmou no momento que avistou Yoongi passando pelas portas largas do hospital.
Ele brilhava mais que o sol, em uma luz transcendental. Observá-lo andar era uma dádiva, Yoongi parecia um anjo caminhando sobre nuvens. Os fios longos dançavam com a brisa, indomáveis. Ele sempre usava cores escuras nas roupas, mas naquele dia resolveu ser mais sereno. Vestia uma camisa de manga longa azul-bebe, e Taehyung concluiu o quanto aquela cor combinava com ele. Como se refletisse todo o sentimento de calmaria que sua alma passava. E quando o olhar felino se encontrou com o seu, Taehyung lembrou-se de uma palavra que o descreveria naquele dia.
Nepente.
Yoongi Min estava sendo sua cura ao caminhar tão graciosamente na sua direção, estava instigando-o a ser um homem melhor ao encará-lo daquela maneira fria. Por mais contraditório que parecesse, Taehyung sentia-se tentado a evoluir apenas para que Yoongi o olhasse novamente com aquele mesmo olhar doce e intenso que lhe dava em Paris. Quando encarava o músico, não existia Cassandra, seu pai, ou toda a sua ambição em querer um amor e atenção paterna. Por alguns segundos, tudo o que importava eram os olhos doces de Yoongi, seu cabelo voando com o vento, suas mãos com veias saltadas, sua boca rosada, sua pele pálida.
Yoongi, Yoongi, Yoongi.
Seu coração gritava aquele nome, já não batia normalmente mais. Com certeza havia algo de errado com aquele órgão em específico, mesmo que o doutor Jung insistisse que não, ele sabia que algo havia mudado. Algo não estava normal, aqueles batimentos desenfreados, aquela ânsia em correr atrás de um homem como se fosse um cãozinho desesperado por atenção. Algo não estava certo.
— Podemos conversar? — ele questionou cauteloso, assim que Yoogi lhe alcançou. O músico mediu-o com os olhos de gato astutos, Taehyung temeu sua resposta. Ignorou o olhar mortal do homem que seguia o músico como uma sombra, e esperou pacientemente uma resposta.
— Sobre?
Taehyung desviou os olhos, desconcertado.
— Coisas. — lançou um rápido olhar incomodado a Elijah. — Prometo que serei breve e... — fincou os olhos em Yoongi novamente, não conseguindo decifrar a expressão dele. — não serei babaca como da última vez, Yoongi.
O músico suspirou pesadamente, com uma expressão de quem estava prestes a dizer um não gigantesco e, talvez, mandá-lo ir para o inferno. Taehyung engoliu em seco, talvez ele realmente fosse mandá-lo para o inferno. Contudo, Yoongi assentiu e lançou um olhar significativo ao seu assessor, que se afastou a contra gosto dos rapazes.
— Que coisas você quer me falar? — Yoongi foi duro e direto, quase ríspido, mas seu tom de voz era tão suave quanto a brisa que agitava seus fios. Parecia mais impaciente e desconfortável, mas não soava grosso.
Taehyung suspirou, encarou seus próprios pés e sentiu-se como uma criança novamente.
— Me desculpe. — sussurrou tão baixinho, que concluiu que o músico não ouviu. Fechou os olhos com força, torcendo para a sua franja estar escondendo-os dos olhos curiosos de Yoongi.
Namjoon havia lhe dito para parar de pedir desculpas em vão e fazer algo. E ele fez, seu primeiro passo foi se encontrar com Hoseok Jung durante aquelas duas semanas, mas agora sentia que o próximo era se desculpar com Yoongi. Se aquela realmente fosse a última vez que se encontrariam, Taehyung seria sincero com ele. Yoongi merecia sua sinceridade.
— O que disse? — o tom de Yoongi era genuíno, ele realmente não havia escutado o murmúrio de Taehyung. Por isso o rapaz suspirou e ergueu a cabeça, ostentando uma expressão mais confiante que antes.
— Me desculpe, Yoongi. — soltou, como um desabafo. — Me desculpe por todas as coisas horríveis que disse da última vez, por te machucar, por... não contar a verdade. Sei que essas palavras não anulam nada do que eu disse, mas eu só queria que soubesse que realmente sinto muito. Eu... — senti medo, quis te afastar porque não entendi, e ainda não entendo o que sinto por você. Quis completar, mas não o fez. Não era tão corajoso assim.
Suspirou, analisando a expressão indecifrável de Yoongi e desejou ter o poder de ler mentes. Quem sabe poderia entender o que aquele olhar intenso estava dizendo, quem sabe pudesse escutar cada palavra não dita por aqueles lábios tão doces.
— Fico contente que tenha reconhecido ao menos um erro seu. — o músico suspirou, parecia aliviado. Taehyung franziu o cenho, não entendendo de imediato aquela fala. Até que a compreensão lhe bater. Cassandra. Ele ainda achava que a princesa era tudo o que demonstrava nos tabloides, ele achava que... — Fique bem, Taehyung.
Antes que pudesse se explicar, confessar que seu relacionamento com a princesa nunca sequer existiu, Yoongi afastou-se de si, caminhando na direção do carro preto que lhe esperava do outro lado da rua. Taehyung observou-o se afastar, assim como entrar no veículo sem olhar para trás nenhuma vez. Assistiu o automóvel sumir pela avenida, sentindo uma pequena parte de si ir junto. Suspirou.
— Você também, Yoongi. — sussurrou para o nada.
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