16. pensamentos agitados como nuvens em um dia chuvoso.
Lutar com um amor verdadeiro é como lutar boxe sem luvas
Química até explodir, até que não haja mais nós
Por que eu tive que quebrar o que eu tanto amo?
Está na sua cara
E eu sou o culpado, eu preciso dizer
(Afterglow - Taylor Swift)
♡
A primeira coisa que Yoongi pensou assim que abriu os olhos era que não queria sair da cama. Seu corpo doía, sua cabeça pesava uma tonelada e sua garganta ardia como se um trem tivesse passado por ela. O rapaz se encolheu embaixo dos cobertores, tremendo, ao mesmo tempo que sentia o suor lhe escorrendo na testa. Algo não estava certo, mal conseguia abrir os olhos sem sentir uma vontade insana de vomitar.
A noite passada havia sido como um vulto, uma memoria distante que Yoongi gostaria de apagar. Não se orgulhava de ter chorado ainda mais no banco do carro de Jin, pois isso significava o peso que o nome Taehyung Kim ainda tinha em seu peito. Não apreciava aquele sentimento ilusorio de falso amor, o sabor agridoce e mortal que cada letra carregava. Por isso queria apagar aquela noite tempestuosa da sua mente, desejava que a agua da chuva tivesse levado o fantasma que atormentava seus pensamentos.
Se nada era real, se Taehyung sempre mentiu, por que ainda sentia tudo aquilo com toda aquela força? Por que era tão dificil apagar aquele homem da mente? Ele havia se paixonado por um personagem, uma pessoa feita de papel, então... não deveria ser mais facil superá-lo tendo isso em mente? Mas não. Era ainda mais dificil, ainda mais dolorido.
Yoongi tateou a mesinha ao lado da cama até encontrar seu telefone e discou o numero de Elijah, resmungando baixinho ao notar que o volume da chamada estava extremamente alto. Seu acessor atendeu no terceiro toque, estranhamente educado.
— Eu não tô legal. — Yoongi disse, sem rodeios. — Se tiver alguma coisa pra hoje, marque pra outra hora.
— O que houve? — Elijah parecia genuinamente preocupado, e isso quase comoveu o musico. Era raro ver qualquer tipo de demonstração de afeto por parte dele. — Está se sentindo mal? Quer ir a um hospital?
— Não é pra tanto, Eli. — Yoongi abriu os olhos, e encarou o nada a sua frente sentindo cada vez mais dificuldade em não vomitar. — É só um resfriado, vou tomar um analgésico e logo passa.
— Tem certeza? Quer que eu vá aí? Posso preparar algo quente...
— Tá tudo bem, Eli. Obrigada, mas pode ir trabalhar.
— E você vai ficar sozinho?
Yoongi abriu a boca para responder que não se importava com a solitude, mas o bipe vindo do ceu celular, denunciando uma segunda chamada, lhe cortou. Ele sorriu fraco olhando o numero de Jin Reed na tela e voltou a colocar o aparelho no ouvido.
— Não se preocupe, não estou mais sozinho.
[...]
Taehyung ainda não tinha acordado completamente quando entrou na cozinha do apartamento que dividia com Namjoon, talvez fosse efeito do calmante que tomou na noite anterior, mas se sentia meio grogue ainda. O rapaz franziu o cenho ao dar de cara com Jimin e Jungkook ali, focados em preparar algo no balcão. O estudante de moda se aproximou da cafeteira a passos lentos, ainda encarando os amigos de modo confuso. Jimin organizava alguns ingredientes dentro de uma sacola ecológica, como frutas e folhas especiais para fazer chás. Enquanto Jungkook estava focado em depositar um líquido escuro em uma garrafa térmica com o auxílio de um funil.
Taehyung buscou uma xicara no escorredor de pratos e serviu-se de café, ainda analisando as ações dos amigos. Sabia o que aquele liquido que Jungkook manuesava era o famoso chá-cura-tudo de Namjoon, pois ele sempre fazia os amigos engolir aquela coisa quando algum deles se sentia mal. Ninguém sabia quais eram os igredientes secretos usados naquela receita esquisita, mas todos concordavam com duas coisas: tinha um gosto horrivel, e era eficiente.
— Quem está doente? — Taehyung inquiriu, com a voz rouca matinal, antes de bebiricar o liquido quente da sua xicara. Fez uma careta desgostosa assim que sentiu o gosto amargo da cafeina, não sabia como as pessoas gostavam daquilo.
— Yoongi. — Jungkook respondeu no mesmo instante, com os olhos negros focados em não derramar o chá estranho no balcão. Entretanto, acabou falhando em sua missão e se virou enraivecido para Jimin: — Mas que porra! Por que pisou no meu pé, idiota?
Taehyung os observou em silencio, sentindo o coração pesar dentro do peito.
— Yoongi... — ele exclamou com cautela, tomando cuidado com cada silaba que aquele nome tinha. Temia machucá-lo ainda mais. — ...está doente? O que ele tem?
Não era da sua conta, ele sabia disso. E não queria soar tão desesperado, mas foi impossível. A possibilidade de Yoongi — aquele homem tão doce, que lhe ofereceu um ombro para chorar em uma noite tempestuosa — estar doente, era demais para ele. Mesmo que tentasse não se importar com o musico, mesmo que mentisse todos os dias sobre seus reais sentimentos, não podia negar o fato de que Yoongi era uma alma boa demais para merecer ficar mal.
O que era controverso, visto que Taehyung o deixou mal.
Jimin bufou, lançando um olhar incrédulo para Jungkook, antes de ir em busca de um pano para limpar a bagunça no balcão. O garoto de fios negros encarou Taehyung com os olhos arregalados, como se só então tivesse se dado conta do que fizera. Ele coçou a nuca e desviou o olhar para um canto qualquer. No entanto, antes que ele respondesse alguma coisa, Namjoon sugiu na cozinha, com o celular na mão e perfumando o ar com cheiro de sabonete.
— Parece que é só um resfriado, Hyunie. — ele respondeu, focado na tela do aparelho em sua mão. — Jinie está nos esperando lá em baixo, vamos vê-lo.
Taehyung observou os amigos juntarem todas as coisas espalhadas no balcão, e sairem as pressas do apartamento. Ele depositou a xícara com o café frio na pia, desistindo da ideia absurda de beber aquilo. O plano era acordar mais depressa, mas torturar seu paladar com aquele gosto horrível era demais para si. O rapaz caminhou até a sala, sentindo seus pensamentos agitados como nuvens em um dia chuvoso. Talvez ele transbordaria a qualquer momento. Buscou o controle da televisão, mas antes que conseguisse se sentar, notou a porta do apartamento entreaberta e bufou.
Namjoon ainda faria eles serem assaltados com aquela mania de nunca conferir se realmente havia fechado a maldita porta.
Taehyung foi até lá, mas travou com os dedos na maçaneta ao ouvir, sem querer, um diálogo dos amigos no corredor, provavelmente a espera do elevador.
— Ele estava tão bem ontem. — ouviu Junkook exclamar pensativo. Estavam falando de Yoongi? A possibilidade disso fez a boca de Taehyung secar em expectativa. Não deveria se interessar tanto em saber sobre o bem-estar do músico, não queria ficar ali e escutar uma conversa que sem dúvidas não era para ele ouvir, mas... era tão difícil.
— Jin disse que o encontrou ontem enquanto estava voltando para casa. — a voz de Namjoon interroumpeu os devaneios de Taehyung, ele parecia... triste? — Na chuva. Ele estava parado no meio daquela chuva.
Taehyung apertou a maçaneta com força e arregalou os olhos. Yoongi havia saido correndo, fugido de si como o diabo foge da cruz. Então, isso só poderia significar...
— Naquele frio? — o comentário descrente veio de Jimin, que subiu um tom de voz. — Ele é doido? Vocês sabem quantos graus fazia ontem na hora daquela chuva?
— Eu sei, Ji... — Namjoon exclamou, claramente cansado e Taehyung sentiu algo morrer dentro de si. — Mas... agora vocês sabem o que aconteceu e como ele deve ter se sentido...
— Perdido. — Jungkook exclamou subtamente. — Ele deve ter se sentido perdido quando saiu daqui.
Taehyung fechou a porta e se afastou dela como se ela estivesse em chamas. Seus olhos estavam arregaldos, inundados, chocados. Como se uma faca tivesse sido cravada em seu peito, e um peso insuportável nas costas, o rapaz se jogou de joelhos no assoalho frio. Yoongi estava sofrendo por sua causa, havia até mesmo pegado um resfriado por sua culpa. Logo ele, uma das almas mais bondosas que Taehyung já teve o prazer de conhecer. Ele não merecia nada daquilo, tampouco que alguém tão sujo quanto Taehyung Kim lhe beijasse. Um grito ficou preso em sua garganta, e ele quis arrancar do peito aquele orgão que batia de modo tão descontrolado por aquele homem de cabelo longo. As lágrimas caíram sob o chão, e Taehyung sentiu que poderia inundar a casa e morrer afogado com elas.
Por que ele tinha que destruir tudo que tocava? Até quando iria continuar assim?
Taehyung se sentia cansado.
N/A: não esquece de deixar sua estrelinha, caro astronautinha! nos vemos no próximo sábado!
beijinhos de morango da vick <3
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top