10. a cura para sua doença incurável do coração.

Mas não, não vá agora, quero honras e promessas
Lembranças e histórias
Somos pássaro novo longe do ninho

(Eu sei - Legião Urbana)


Para quem havia dito que deveria ir embora, Taehyung demonstrou com muita ênfase que queria ficar assim que passaram pela porta do quarto de Yoongi. As roupas foram removidas com facilidade, os dedos longínquos do rapaz se infiltraram no cabelo longo do músico e as línguas iniciaram uma batalha intensa sobre quem dominaria um território invisível. Taehyung tocava cada parte do corpo de Yoongi com delicadeza, e ternura. O músico tentava ao máximo não se abalar por isso, mas já havia se transformando em geleia nos braços daquele homem. O universitário tinha um brilho diferente nos olhos enquanto caminhavam na direção da cama, algo que Yoongi não gostou de ver. Era um sentimento de culpa, um olhar quase penoso.

Aquilo não era nem um pouco excitante.

Mas Taehyung continuou o beijando como se o mundo fosse acabar, dedilhando cada traço de Yoongi com a maestria de um pianista profissional, e ele resolveu ignorar mais um dos sinais de perigo que aquele homem emanava. E ninguém poderia culpá-lo, pois como pensar qualquer coisa enquanto Taehyung passeava os lábios pelo seu pescoço? Como ser racional ao sentir aquela língua quente, macia, os dentes mordiscando áreas sensíveis? Yoongi estava esquecendo até seu nome, já nem lembrava mais onde estava.

E quando Taehyung envolveu todo seu desejo com os lábios, explorando toda a extensão com luxúria, com fome; Yoongi passou a enxergar o quarto em um filtro vermelho. A temperatura subiu, os corpos estavam suados, as respirações desreguladas, e corações acelerados. O músico se sentiu o maior dos pecadores, mas sorriu deleitoso. As mãos, os dedos, a língua de Taehyung fazia o pecado valer a pena, fazia Yoongi pedir por mais entre gemidos manhosos que pareciam deixar o sádico sob si ainda mais satisfeito.

No entanto, havia algo de diferente ali, Yoongi conseguia sentir isso com cada fibra do seu corpo. Taehyung parecia querer dizer algo com aqueles olhos brilhantes, parecia querer gritar todas as verdades não ditas, mas não o fez. Apenas beijou Yoongi como se isso fosse a resposta para todas as suas perguntas, como se isso fosse a solução para todos os problemas. O músico até quis contestar, mas os dedos de Taehyung em seu corpo lhe impediram de pensar corretamente.

Yoongi estava uma bagunça, ofegante e suado sob o colchão. A boca corada entreaberta, o cabelo espalhado pelo travesseiro, os olhos inebriados. Taehyung o observava como se ele fosse uma das obras de arte do Louvre, com fascinação e admiração. O músico sentia seu coração bater de modo desenfreado, e sabia que não era apenas pelo contexto a qual estava inserido. Sabia que a pressão que sentiu no peito ao ter o corpo unido ao de Taehyung só poderia significar uma coisa, e não era boa.

Yoongi tinha lágrimas nos olhos ao se dar conta de que a semana estava chegando ao fim e ele ignorou completamente os avisos de Elijah, assim como as condições de Taehyung. Eles não precisavam fazer juras de amor e promessas estúpidas, mas mantinham os dedos entrelaçados e olhos emotivos em um ato que era para ser casual, sem compromisso. O que eram, afinal? O que seriam depois do fim? O plano era apenas aproveitar o momento, mas eles estavam aproveitando demais. Ao ponto de sentir cada dia com cada átomo de seus corpos, ao ponto de Taehyung querer ir embora e Yoongi transbordar os olhos ao pensar nessa possibilidade.

Yoongi se sentiu em queda novamente, mas não de um precipício, e sim de uma montanha russa de emoções. Seu coração ficava no topo, brilhando como se tivesse sido banhado em ouro em aluvião, movimentando-se como se quisesse gritar, o olhando como se quisesse se jogar junto. Mas não o fazia, continuava o encarando cair com um olhar de culpa, fazendo-se o vilão da história que Yoongi não conhecia. Seus olhos, tão afiados quanto uma faca, brilharam em uma constelação de estrelas e ele segurou o rosto do músico com delicadeza enquanto ainda mantinha viva aquela chama em uma dança mortal. Alguém iria sair ferido dali, se não os dois.

— Você é extraordinário, Yoongi. — exclamou, com a voz grave e rouca.

As lágrimas escorreram pelo rosto do músico e ele odiou Taehyung naquele momento. Por ser tão perfeito, por fazer seu coração bater no ritmo da sonoridade das letras do seu nome, por lhe tocar como homem nenhum jamais tocou; com tanta ternura, tanto zelo. Yoongi quis levantar e socar aquele rosto bonito, quis gritar, quis beijá-lo, e queria pedir que ele não fosse embora. Mas ele não fez nada, ficou estático, encarando aqueles olhos como se ali pudesse encontrar a cura para sua doença incurável do coração.

Taehyung colheu suas lágrimas com carinho e beijou-lhe a testa depois. Yoongi fechou os olhos com força, ele não podia lhe tocar daquela forma se sua intenção era partir sem remorso. Não deveria ser tão delicado se tudo o que importava era o sexo. O músico abriu os olhos, se deparando com o rapaz se esticando para pegar os lenços umedecidos na mesinha ao lado da cama. Ele suspirou quando Taehyung começou a limpá-lo com suavidade e dedicação.

As pessoas que queriam apenas sexo casual faziam isso?

— Você é cruel, Taehyung.

[...]

Na manhã seguinte, Yoongi acordou sozinho. Era a primeira vez naquela semana que não sentia Taehyung agarrado em si de manhã, seu lado da cama estava frio, denunciando que ele levantara há um tempo. O primeiro pensamento do músico, atrelado a frase de Taehyung enquanto voltavam ao Regina, era que ele havia de fato partido. A hipótese deixou Yoongi apavorado, e ele se sentou na cama rapidamente. No entanto, o case do violino perto da porta o acalmou.

Ele não iria embora sem aquilo.

Yoongi suspirou, chutou o edredom e caminhou até o banheiro a passos preguiçosos. O perfume de Taehyung ainda estava por toda parte, com notas fortes de flor de laranjeira e jasmim, fazendo o músico suspirar enquanto fazia suas higienes daquela forma que apenas tolos apaixonados fazem. O rapaz se encarou no espelho, observando as marcas arroxeadas no pescoço, os fios desgrenhados e foi inundado por lembranças da noite anterior. Da boca que sugava sua pele, dos dedos que se enrolavam no seu cabelo.

O músico precisava de um banho. Gelado.

Enquanto saboreava um delicioso baguel na varanda do seu quarto, Yoongi recebeu uma ligação de Elijah, que foi responsável por fazê-lo perder o apetite. Era sábado, seu voo de volta para Nova York estava marcado para a tarde de domingo. Suas férias chegaram ao fim, sua pequena aventura casual também. Ele teria que se despedir de Taehyung, tocá-lo uma última vez, e partir sem olhar para trás. Ou ele poderia confessar que sentia algo, pedir seu número de celular e torcer para esbarrar com ele novamente na cidade que nunca dorme. Mas... Taehyung havia sido claro em seus objetivos ali naquela semana, havia sido óbvio ao dizer com todas as letras que não passavam daquilo que eram na cama. O rapaz não sentia nada além de tesão, então Yoongi não queria fazer papel de bobo emocionado.

Garoto — Elijah chamou, com uma suavidade fraternal que não combinava muito com ele. Yoongi limpou a garganta, emitindo algum som que nem ele soube o que significava. Quanto tempo ficou em silêncio? — Você... está bem?

Elijah ditou aquelas três palavras com tanta cautela, que em outro momento Yoongi teria rido da cara dele. No entanto, ele apenas suspirou ao observar o suco de laranja na mesa; o sabor favorito de Taehyung.

— Estou sim. — o músico respondeu simplista. — Estou cansado, dormi mal essa noite.

Sei — Elijah exclamou com descrença. — Só... tenta não aparecer na mídia.

— Obrigada pela sincera preocupação, Eli. — Yoongi bufou, ao beliscar o pão. — Agora me deixa em paz, até amanhã.

Tome cuidado, Yoongi. — foi a última coisa que o músico ouviu antes de desligar o celular.

Tarde demais, Elijah. O rapaz pensou ao praticamente jogar o celular na mesa. Ele já estava fodido, em todos os sentidos que essa palavra poderia ter. Yoongi tinha se apegado a Taehyung, como jurou que não faria. Caiu em sua armadilha, despejou seu coração na mão de um estranho, enquanto ele proferia meias verdades com sabor de vinho e sorria maliciosamente. Yoongi o veria partir sem proferir seus sentimentos em palavras, iria conviver com a saudade em seu peito e ver traços de Taehyung em todos os lugares. Como no suco de laranja, nos pássaros das árvores do Central Park, em vinhos caros e até na sua própria música.

E o principal: Yoongi nunca mais voltaria a Paris novamente.

O rapaz encarou a Torre Eiffel ao longe e suspirou. Seria impossível voltar a essa cidade depois de ter conhecido os lugares que Taehyung lhe mostrou, seria impossível não lembrar do seu sorriso para as flores e suas roupas coloridas entre o marrom e laranja da cidade. Yoongi sentiu que talvez fosse preciso uma vida para conseguir superá-lo. Uma brisa soprou suavemente os fios parcialmente secos do rapaz e ele se sentiu em um filme melodramático assim como na sua primeira noite em Paris. No entanto, agora havia um motivo para sua melancolia, e ele tinha olhos profundos e um sorriso retangular.

E um cheiro de primavera...

Um click suave arrancou Yoongi de seus devaneios e ele desviou os olhos da torre para encarar o rapaz escorado no batente da porta de vidro com um sorriso doce nos lábios. O músico quis pular da sacada. Taehyung estava tão bonito dentro de uma camisa de seda com uma estampa indiana, calça social e o cabelo enrolado caindo na testa em uma bagunça bonita. O rapaz tinha um olhar malandro e uma câmera nas mãos, Yoongi quis perguntar o que ele sentiria ao olhar todas as fotos que tirou dele na segunda. E não eram poucas. No entanto, ao invés disso, ele apenas forçou um sorriso como era acostumado a fazer.

— Bom dia, bela adormecida. — Taehyung exclamou em uma estranha animação ao caminhar suavemente até a cadeira na frente de Yoongi.

— Bom dia. — o rapaz respondeu, mas soou mais como uma pergunta. Taehyung soltou um risinho divertido ao servir um pouco de suco para si. — Tae, eu tenho que-

— Que tal a gente almoçar em um lugar legal hoje? — ele o cortou, com aquela animação exagerada que estava começando a incomodar Yoongi. — Eu vi o perfil de um restaurante no instagram e parece ser muito bom.

Taehyung tomou um longo gole do suco amarelado e o músico o encarou sem saber se gritava ou chorava. Qualquer uma das opções provava o quão patético ele estava sendo, mas observar aquele homem tão de bom humor enquanto ele definhava por dentro o fez ficar ainda pior.

— Pode ser...

N/A: olá! primeiramente, feliz mês do orgulho a todos que também fazem parte do vale do arco-iris. desejo que todos possam se orgulhar de suas cores (não apenas esse mês, viu!), e que não se sinta menos que qualquer ser humano na terra por causa de pessoas mal intencionadas. para não apenas esse mês, mas os outros onze: desejo o amor a todos que me acompanham. não importa se você for hétero, bi, trans, lésbica, urso, ou uma fada; saiba que você mora no meu coração. cada olhinho que surge é o motivo dos meus sorrisos mais bobos, sério.

agora, deixando de lado a gayzice, o que acharam desse capitulo, hein? fortes emoções e isso é só o começo...

não esquece do votinho e nem tenha vergonha de deixar seu comentário. mesmo que seja só um emojizinho, eu vejo tudinho!

beijinhos de morango e até semana que vem!

~ vick

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