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Capítulo 5 – Amigos também tem medo
Eu havia terminado de sair da oficina depois de um longo dia ouvindo Hoseok me encher o saco sobre como Yoongi estava estressado desde o domingo passado por conta de uma maldita panela que ele havia queimado tentando fazer um jantar romântico e eu ri, porque os dois eram levemente ridículos e porque eu não poderia dizer o que eu fiz no meu domingo.
Eu desconversei sobre como havia sido o almoço com Jimin e com Taehyung e apenas disse que o cara era legal e que Jimin não estava totalmente na dele e que isso era tudo. Não tinham com o que se preocupar. No final daquilo, ele não acabaria chorando ou mergulhado em um pote de sorvete enquanto escutava alguma música triste repetidamente, porque ele não estava transando com alguém que realmente nutria sentimentos.
Mas agora era segunda e quando acabasse meu expediente na oficina, eu poderia ir pra casa, pedir uma pizza e quem sabe me jogar no meu sofá e dormir por lá mesmo, tentando não pensar muito no que tudo isso significava, porque seria complicado demais pensar e eu não era do tipo que pensava, porque isso sempre acabava de uma forma ruim e dolorosa.
E eu não tava a fim de criar paranoias, ou segundas opiniões, sobre um futuro onde Jimin e Taehyung realmente pudessem perceber algo ali.
Eu estava terminando de concertar o carburador de uma moto e conseguia ouvir Hoseok xingar que uma cliente era burra por conseguir quebrar o carro pela quarta vez no mesmo mês, mas eu suspeitava que ela estava fazendo isso apenas para ver ele, mas eu não contaria pra ele, deixaria que ele descobrisse sozinho, mesmo porque, aquilo estava rendendo muita grana para a oficina.
Então quando o relógio bateu seis da tarde, eu juntei minhas coisas, me despedi do Hoseok, após dar a brilhante dica de que ele ficasse longe da cozinha e apenas pedisse comida para o Yoongi, como uma pessoa decente que não sabe cozinhar faria e fui pra casa. Meu apartamento não era longe dali, era a umas seis quadras no máximo. Também não ficava longe de quase nada do que eu precisava, mas a minha maior surpresa foi encontrar Jimin cozinhando lamen na minha cozinha.
Ele tinha a chave e morava ali perto, a escola em que ele trabalhava também era por ali, mas ele não costumava invadir de dia de semana, não sem motivos.
– Ãh... Boa noite? – Eu disse bem-humorado, enquanto via ele de costas, fervendo água. Ele tinha um pouco de guache azul no cotovelo, o que me dava a leve desconfiança que talvez ele tivesse ensinado alguma criança a pintar com os dedos e sua bermuda marrom claro, era bonita e combinava com sua camisa listrada, o dando um ar descontraído e animado que eu tinha certeza de que as crianças haviam gostado.
– Ah, você chegou. – Ele disse piscando, parecendo tímido. – Eu cozinhei. – Ele disse e eu sorri, porque Jimin não sabia cozinhar. Eu cozinhava pra ele.
– Ferver água não é cozinhar, Jimin. – Eu ri me aproximando e ele riu baixinho comigo.
– É. Eu sei, mas você sempre disse que eu faço a melhor água fervida de Busan. – Contestou rindo e eu concordei.
– Você faz. – Afirmei rindo enquanto o encarava. – O que veio fazer aqui? – Questionei confuso, ainda sorrindo e ele novamente ficou tímido, abaixando os ombros e parando de sorrir.
– Eu não sei. Acho que... vim ter certeza de que tava tudo bem. – Ele disse baixo e olhou para a panela. – Passei o dia pensando se você tinha surtado ou repensado tudo e... vim aqui. – Eu o encarava, ainda de perto e ele suspirou ao ver que eu não falaria nada. – Taehyung disse que eu deveria vir se eu tinha dúvidas. Que eu deveria conversar com você. Ele é o senhor diálogo a maior parte do tempo. – Murmurou irritado. – O que é ridículo, certo? Nosso diálogo é ótimo. Nós falamos sobre tudo o tempo todo.
– Falamos? Ontem eu descobri um monte de coisas que nós nunca havíamos tocado. – Eu murmurei e ele bufou me dando um tapa.
– Aquilo... Aquilo realmente não era importante. Nada era. Nossa relação é maior do que aquilo. Certo? Somos Jimin e Jungkook.
– Jungkook e Jimin. – Eu corrigi. – Eu sou dez meses mais velho. O meu nome sempre veio na frente. – Eu o provoquei e ele revirou os olhos e terminou de chegar o caminho para me abraçar, deslizando seus braços por baixo dos meus e enfiando sua cabeça no meu peito, da forma que sempre me amolecia.
– Eu só não te falei aquilo que era vergonhoso ou que você não precisava saber.
– Eu precisava saber que tava te chateando. – Protestei.
– Parou de me chatear depois de um tempo.
– Não parecia isso ontem. – Rebati e ele suspirou, se afastando sem me soltar do abraço, apenas o suficiente para ver os meus olhos.
– O que quer que eu diga? Deve ter algo que eu te disse que em algum momento também te chateou. Estamos juntos a muito tempo, Jun. Isso é normal, mas eu te amo e nada vai mudar isso, você sabe, não sabe? – Eu suspirei, concordando. Porque era aquilo que sempre apertava meu peito, a facilidade com que ele falava que me amava e como nunca seria por completo. – Vem, vou terminar de ferver a nossa água e então vamos jogar vídeo game. Eu tive um longo dia com o Yoongi reclamando sobre a maldita panela que o Hoseok queimou. Sabia disso? Ele é um idiota. Quem queima uma panela?
– Você queimaria, provavelmente. – Eu rebati. Rindo, porque aparentemente, o dia dele havia sido parecido com o meu e assisti ele terminar de ferver o macarrão instantâneo e misturar o tempero, como se aquilo fosse cozinhar e depois de comer e conversar sobre o motor que eu estava concertando e Kevin Finn, a criança que parecia ser filha do próprio demônio, nos sentamos na sala e começamos a jogar como de costume.
Ele ria e tentava trapacear, porque era assim que Jimin jogava. Ele sempre apelava e tentava roubar, as vezes tentando me atrasar, outras tentando me fazer jogar por ele, alegando que o controle tava com defeito ou que tinha alguma coisa de errado, até mesmo pedia por itens especiais e então me fazia dar algum bônus pra ele. Era sempre assim.
E eu já estava esperando por isso, já estava esperando pelos esbarroes, empurrões, por todo aquele contato exacerbado, por toda aquela distração que ele costumava fazer pra me atrasar e o dar vantagem. E talvez até ali, nos dois tivéssemos nos esquecido do dia anterior e de todas as linhas tênues e complicadas que estávamos passando, porque havíamos voltado a ser quem éramos e foi por isso que quando Jimin entrou na minha frente tentando tampar minha visão da tv, eu o puxei sem me preocupar com o que aconteceria, porque éramos apenas nós mesmos.
E foi como se o mundo parasse e tudo de repente voltasse. Ele caiu sentado no meu colo e tão rápido quanto caiu, ele se levantou. Eu me levantei também, rindo de nervoso e pausando o jogo, limpando a garganta e o suor na minha calça.
– Eu acho que... ouvi meu celular tocar. – Ele mentiu, indo pra cozinha, mesmo que o celular estivesse em cima da mesinha da sala e eu apenas concordei.
– Eu vou tomar uma água. – Eu disse meio em pânico, indo para o meu quarto, porque mesmo que eu tivesse dito água, eu achava que precisamos colocar um espaço entre nós. Então fui até o quarto e entrei no meu banheiro, joguei água no rosto e tentei respirar fundo. Não pensar que minha mão havia tocado o corpo dele e que eu havia... droga, Jimin.
Sai do banheiro e encontrei ele na sala, sentado, quieto com um olhar pensativo e me sentei ao seu lado, sem saber o que fazer. Ficamos em silêncio por um tempo e ele parecia estar prestes a entrar em parafuso.
– Era isso que eu não queria. – Ele murmurou. – Isso foi um surto, não foi? Nos surtamos?
– Eu acho que sim. – Fui sincero.
– Eu não quero que a gente surte sempre que se encoste. – Ele disse triste enquanto me olhava. – Eu gosto de encostar em você, Jun. Não pode surtar sempre que acontecer.
– Eu não sei como impedir de acontecer, Ji. – Eu resmunguei. – Eu não fui o único aqui. Você também surtou. Você pulou longe. – Eu falei rindo, tentando achar graça, mesmo que preocupado e ele se levantou.
– Okay. Eu fiz. Eu realmente fiz. – Ele fechou as mãos em punho, me olhando de cima e sua perna convulsionou sozinha, nervosa. – Me dá espaço. – Pediu e eu o encarei nervoso.
– Pra que? – Questionei confuso e rezando pra não ser o que eu tava pensando, porque Ji só poderia estar a cada segundo mais louco.
– Vamos, Jun. Quando mais cedo acabarmos com essas pequenas coisas, mais cedo podemos voltar a ser nos mesmos. – Eu suspirei, jogando meu corpo para trás no estofado e deixando meu colo livre pra ele, que encarou aquilo como um desafio e parecendo completamente ultrajado, apenas se sentou nos meus joelhos, em uma zona segura. – Okay, não é tão difícil. Viu? Estou aqui e não surtei. Não estamos surtando e não é um problema. – Eu o encarei. Ele estava travado e completamente a contragosto ali e eu ri, porque ele não parecia estar de verdade ali. – O que?
– Taehyung iria rir da gente. – Eu disse revirando os olhos, consciente daquilo e ele se autoanalisou e murchou.
– Ele nos chamaria de patético. – Decretou e me puxou pela camiseta. – Vem pra frente. – Pediu e eu me sentei, ficando com o tronco reto. Ele olhou para o teto, como se estivesse pedindo forças e, segurando no meu ombro, se impulsionou pra frente, colando seu peito no meu e ficando com seu quadril em cima do meu. – Deus... – Murmurou ao ver que seu nariz estava se esfregando no meu e que aquilo era tão próximo que não tinha como nos mexermos sem tocarmos um ao outro. Ele ia se afastar, mas minha mão se prendeu em seu quadril, apenas porque eu havia gostado daquilo, seu olhar estava preso nos meus olhos e parecia certo, eu queria aquilo por mais um segundo, queria aproveitar aquela pequena brecha, aquele pequeno lapso de loucura que ele estava tendo, aquele momento em que ele parecia se esquecer que eu era eu, queria ficar ali por mais um tempo. – Jun...
– Ji. Eu sempre quis ver você de pertinho. – Eu murmurei, como se fosse uma piada, como se nossas respirações não estivessem se misturando, mas ele sabia que estavam. – Sempre quis ver como você ficava desse ângulo. – Resmunguei levando minha mão para o seu maxilar, o trazendo pra mim, pra perto da minha boca e seu olhar também dividia entre minha boca e meus olhos e eu queria aquilo mais do que tudo e senti quando uma das mãos dele se prenderam nos cabelos da minha nuca.
– É só pra gente tirar a dúvida. – Ele murmurou acariciando meu cabelo e o puxando em sua direção, como se me dissesse que tudo bem continuar. – Eu também queria saber se você ficava bem assim, de olhos fechados. – Ele se aproximou mais, terminando de falar em um sussurro e eu apenas concordei ansioso, antes de chocar nossas bocas em um beijo bruto, porque eu sabia, agora, que era disso que ele gostava.
Minha mão subiu do seu quadril pela sua coluna, o trazendo mais para o meu corpo e senti uma de suas mãos apertando meu ombro para tentar descontar a carga elétrica que eu sabia que ele também estava sentindo. Porque aquele tipo de beijo, era impossível se sentir sozinho.
Sua boca se encaixava com a minha, como se tivesse sido feita para aquilo e eu só conseguia pensar que ali era o nosso lugar e não sabia dizer se eu queria que ele me amasse mais ou menos, mas queria que ele me amasse o suficiente para que pudéssemos viver ali, em um beijo como aquele. Queria ser o suficiente pra ele, queria que tudo aquilo que estava vivendo, que aqueles momentos, não fossem tão frágeis e não estivessem condenados. Eu queria que fosse concreto e real.
Sua respiração era instável e ofegante e seu peito batia no meu, eu sentia seu corpo tremendo sob minhas pernas e não era difícil de se ver que ele estava tão envolvido quanto eu. Sua língua chupava a minha com devoção e ele quase choramingava enquanto jogava o quadril pra frente procurando por mais de mim e se ele havia beijado assim a vida inteira, eu não entendia por que todos haviam ido.
Quando nos afastamos, completamente bambos e perdidos, desnorteados e sem saber ao certo se iriamos conversar sobre isso ou apenas continuar agindo como se tivesse sido uma curiosidade momentânea, o que pra mim, pelo menos, não era. Ele me olhou nos olhos, os dele um pouco molhados, porque, por algum motivo, tudo aquilo parecia muito difícil e intenso para Jimin, sua mão que estava no meu cabelo me fez um carinho e a que estava no meu ombro deslizou para as minhas costas e ele me abraçou.
Eu não sabia o que estava passando na mente dele e acho que essa era a parte mais difícil pra mim e a que mais me assustava. Porque em todos os momentos da minha vida, eu sempre soube, ou pelo menos, achei que soubesse, o que estava passando na mente dele, aquela era a primeira vez em que eu me pegava em situações em que Jimin era algo novo e desconhecido.
Em que eu tinha medo de dar o próximo passo, em falar algo errado e principalmente, de o perder. Porque sempre que eu o via assim, com os olhinhos molhados, me abraçando de forma tão desesperada e com o corpo tão fragilizado e mole sobre o meu, quase como um pedido de socorro. Eu sentia que iria o perder.
E Deus, eu poderia ser a sua exceção, mas ele era a minha alma gêmea e eu morreria se o perdesse.
– Eu acho que já vou. – Ele murmurou ainda me abraçando. – Não estamos surtando, certo? – Questionou baixinho, inseguro.
– Ji. Você está com medo de alguma coisa. Por que não me fala o que é? – Eu tentei. Porque se ele me falasse, independente do que fosse, eu faria. Mesmo que fosse um "Vamos parar com tudo isso. E isso é uma grande amora, Jun" Eu entenderia.
– Eu to com medo... – Ele murmurou incerto, virando a cabeça e a escondendo no meu pescoço. – Porque passei a vida inteira me escondendo de você, em você e agora é como se você tivesse achado meu esconderijo e eu não sei pra onde ir. – Eu tentava entender, mas Ji era o inteligente, sempre foi e eu não era bom com as charadas dele. – E se você me encontrar... vai ser o fim de tudo, não vai?
– Por que seria tão ruim? – Questionei. – Eu quero encontrar você, Ji. Quero ter você por completo. Não gosto da ideia de você se esconder de mim. – Eu não queria soar tão emburrado, mas eu estava, porque eu me sentia burro e magoado, porque a ideia de Jimin estar se escondendo ou se segurando ao meu redor sem eu perceber, me parecia algo ridículo e um absurdo sem fim. Ele se afastou, para enfim voltar a olhar nos meus olhos e agora era mais nítido do que nunca que ele estava chorando.
– Jun, se você me encontrar, vai perceber que... tudo isso, tudo o que aconteceu até agora, não deveria ter sido assim, sendo sincero, acho que talvez você até me odeie. – Ele engoliu o choro e segurou o meu rosto e eu já estava quase chorando, porque ele parecia quebrado e eu não conseguia imaginar uma realidade em que eu o odiaria. Aquele garoto poderia facilmente me chamar para esconder um corpo e eu ainda não o odiaria.
– Eu nunca te odiaria, Ji.
– Vamos esquecer isso. – Ele insistiu e se aproximou, beijando minha bochecha de forma lenta. – Eu vou pra casa. A gente se vê na quarta, na casa do Jin. – Ele se levantou, se esquivando das minhas mãos, que tentavam o segurar. – Não falte e nem se atrase. Eu e o Taehyung vamos chegar mais cedo, porque ele concordou em ajudar o Jin a fazer a Guacamole.
– Okay. Vou chegar na hora. – Disse em desistência, respirando fundo e me levantei ao ver que ele realmente iria embora. – Você falou com seus pais recentemente? – Questionei enquanto via ele pegando suas coisas.
– Minha mãe me ligou ontem de manhã, por quê?
– Só pra saber. Faz tempo que eu não ligo. Eu tava pensando em ligar hoje, mas se você falou com eles...
– Hyung. Eu ter falado com os meus, não é a mesma coisa que você falar com os seus. – Ele me repreendeu com ternura, se aproximando enquanto carregava um sorriso de lado.
– É quase a mesma coisa. A sua mãe sempre fala com a minha e elas sempre acabam sabendo de tudo da mesma forma. – Eu me justifiquei e ele me encarou rindo.
– Vamos lá, Jun, a tia Sun sente sua falta, você sabe.
– Eu sei. Eu também sinto. Por isso eu não ligo. Eu sempre choro.
– É tão fofo. – Ele disse segurando a risada e eu queria socar ele, mas não tinha coragem. – Olha, nós poderíamos ir pra lá em algum fim de semana. Eu já tinha comentado com o Taehy e ele queria conhecer a praia de Busan.
– Vai apresentar o Taehyung pros seus pais? – Questionei surpreso, porque, bom, Taehyung não era o namorado de verdade e... eu não sei, me soava estranho, mesmo que eu gostasse dele.
– Bom, sim. O Taehy é um bom amigo e minha mãe iria gostar dele. – Jimin riu sonhador. – Mas por agora, pare de fugir e ligue pra tia.
– Vou ligar, mas saiba que se a gente for pra Busan, seu Taehy estará proibido de entrar na nossa casa da árvore. – Eu decretei e ele riu.
– A gente decide isso quando chegar lá.
– Isso já tá decidido, Ji. – Eu fui firme. – Aquele lugar é dos Busan Boys e de mais ninguém.
– Eu pensei que você gostasse dele. – Ele disse rindo de lado, voltando a andar.
– Eu gosto. O cara é legal. – Eu disse, vendo ele ir até a porta e comecei a segui-lo. – Mas tem que ter certos limites. Tem coisas que são só nossas e eu não abro mão delas. – Jimin, parou na entrada e me encarou.
– É. Eu acho que existem coisas, que eu gosto que sejam só nossas também.
Essa história é meu novo tudo. O que vocês estão achando?
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MUITO OBRIGADO. BEIJINHOS COLORIDOS.
TIA_MANU
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