Dois.

No dia seguinte, na escola, San agiu como se não o conhecesse. Ele se sentou na parte de trás, como de costume, todo de preto e sem fazer contato visual com ninguém.

Wooyoung estava prestes a se levantar e ir até ele quando Yeri apareceu na aula deles. Ela parecia perturbada e foi direto para San. Todos os olhos estavam sobre eles, pois ninguém esperava que esses dois falassem. Até Yunho parou de mandar mensagens para Mingi e se virou. Yeri sussurrou algo para San ao qual ele se levantou e fugiu da aula. Yeri saiu atrás dele sorrindo para todos como se quisesse fazer a turma inteira esquecer o que aconteceu.

— O que foi isso? Eu não tinha ideia de que Yeri e o pária eram amigos.

Wooyoung virou-se para seus amigos e assentiu, mas também sentiu algo estranho. A palavra 'pária' parecia realmente ofensiva para ele e ele a usou ontem para falar sobre San. Claro que ele não disse nada ou então ele seria provocado por isso.

— Sim, eu também não tinha ideia.

Yunho cantarolou para si mesmo e voltou a enviar mensagens de texto para Mingi. O resto do dia passou pacificamente, mas San não voltou para nenhuma das aulas.

Uma semana inteira se passou com Wooyoung pensando no esconde-esconde com Jongho e San saindo da aula. Era quarta-feira, o que significava dia de educação física. As classes B e C se juntaram às aulas desta vez, o que significava que Yeosang e Yeri se juntariam a Wooyoung, Yunho e San.

Meninas e meninos faziam seus alongamentos separados e a maioria das pessoas estava cansada só do alongamento. Todos que usavam moletons os tiraram, exceto um, Choi San. Ele sempre usava mangas compridas, então não era surpresa para ninguém da classe B, mas a C via isso pela primeira vez.

Eles foram colocados em duas equipes para meninas e meninos e jogaram vôlei. Foram longos 40 minutos e Wooyoung só queria se trocar e ir para casa. Infelizmente para ele, o professor substituto tinha planos diferentes.

Ele chamou todo mundo para ficar na linha reta e começou a apontar o que ele não gostava e se eles não mudassem, eles não iriam para casa.

Ele começou a chamar as pessoas que jogavam mal e disse-lhes para fazê-lo novamente até que jogassem direito. Era compreensível até certo ponto. Ele poderia ser menos mesquinho, mas mesmo assim tinha razão. A coisa mudou quando ele começou a falar sobre as roupas que ele não aceitava e seu código de vestimenta. O cabelo tinha que ser puxado para cima, sem acessórios, apenas sapatos esportivos e camisas de manga curta.

— As pessoas que não seguirem o código de vestimenta hoje precisam mudá-lo na próxima semana. Alguma dúvida?

Yeri puxou a mão para cima. O professor acenou para ela continuar.

— Estou bem com tudo, mas não entendo qual é o problema com as camisas de manga comprida. Algumas pessoas ficam com frio e outras não se sentem à vontade usando mangas curtas. Não acho que seja compreensível fazer todo mundo usar camisas com mangas curtas.

A maioria dos alunos pensava da mesma forma que Yeri, mas parecia que o professor tinha uma opinião diferente.

— Não preciso explicar o código de vestimenta com o qual trabalhei por mais de 20 anos. Ou você aceita ou não poderá participar das aulas. — Com isso, o professor saiu.

Todos começaram a sussurrar quando foram se trocar. Wooyoung decidiu que realmente não gostava desse professor. Ele viu Yeri indo para San e dizendo algo para ele. Ela parecia se desculpar, mas o garoto sorriu e deu um tapinha no ombro dela.

E uau, o sorriso de Choi San era ofuscante. Ele parecia tão sexy e fofo ao mesmo tempo. Wooyoung se livrou disso e seguiu Yunho até os vestiários. Mais uma vez San não veio se trocar com os outros.

[...]

Wooyoung estava deitado em sua cama ouvindo música quando seu telefone tocou. Era sexta-feira à tarde, então ele pensou que era Yunho ou Mingi ou os dois o chamando para sair e comer alguma coisa. Ele não esperava o nome de Yeri na tela.

— Oi, tudo bem, por que...

— Wooyoung, eu não tenho tempo agora. Lembra do lugar que você se escondeu com Jongho antes? — A voz de Yeri estava realmente em pânico, o que fez Wooyoung se sentar em sua cama.

— Sim, eu me lembro. Mas como você...

— Ouça, eu não tenho tempo para te explicar nada. Você pode ir lá agora, pegar Jongho e levar para sua casa? Diga a ele que é uma festa do pijama ou algo assim.

Wooyoung ficou ainda mais confuso.

— Por que? O que aconteceu?

Yeri suspirou e ouviu gritos ao fundo.

— Eu deveria trazê-lo para minha casa, mas não é mais possível. Você pode, por favor, Young-ah. Eu não tenho mais ninguém para ligar. É realmente uma emergência.

— Ok, eu vou buscá-lo.

Yeri soltou um grande suspiro.

— Graças a Deus. Irei pegá-lo amanhã de manhã, apenas certifique-se de que ele fique seguro. — Houve um som de algo quebrando e um grito alto. — Eu realmente preciso ir Wooyoung. Obrigado.

Neste ponto, Wooyoung estava realmente confuso. Em primeiro lugar, como Yeri sabia que ele e Jongho se conheceram e que gritos foram aqueles no lugar em que ela estava? Ele não tinha tempo para isso agora, então correu para o lugar que Jongho e ele se esconderam antes. Ele encontrou o menino lá e explicou-lhe a mudança de planos. Ele não parecis se importar e até ficou feliz com o resultado.

Wooyoung de alguma forma conseguiu levá-lo para casa sem que seus pais percebessem. O menino de seis anos devia estar muito cansado, pois adormeceu quase imediatamente. Wooyoung o deixou dormir em sua cama então ele pegou alguns cobertores e dormiu no chão.

Ele recebeu um telefonema de Yeri às 6 da manhã, ela disse para ele acordar Jongho e encontrá-la no parque. Wooyoung fez o que lhe foi dito e apenas meia hora depois eles viram a garota sentada em um banco. O menino de seis anos correu até ela e ela o abraçou com força. Yeri o mandou se divertir no parquinho enquanto conversa com Wooyoung.

— Então, suponho que você queira saber o que aconteceu, certo?

Os olhos de Wooyoung se arregalaram.

— Quero dizer, é claro! Não é todo dia que você leva o irmão mais novo de seu colega de classe para sua própria casa.

— Ok, ok. Acalme-se. Eu vou te contar tudo, eu tenho a permissão de San. — Yeri respirou fundo, Wooyoung não se atreveu a dizer nada. Ele esperou silenciosamente que ela continuasse. — Primeiro de tudo, San está muito agradecido. Ele não sabe o que aconteceria se não fosse por você também...

— Espere, não era você quem deveria cuidar de Jongho? Por que San está dizendo isso. E onde ele está? Ele não deveria ser o único a levar seu irmão de volta?

Wooyoung parou de falar quando Yeri se virou para ele com uma expressão que poderia matar.

— Ouça aqui, você não tem ideia do que San está passando, então nem tente dizer algo ruim sobre ele. Foi ideia dele ligar para você e contar tudo. Eu me opus, mas é uma decisão dele, não minha e eu respeito isso. Então pare de falar e ouça. — Yeri parou novamente e olhou para Jongho para ter certeza de que ele não ouviria nada.

— O pai deles é um alcoólatra. Ele não tem nenhum emprego, em vez disso, ele bebe o dia inteiro e volta para casa à tarde bêbado. Ele fica agressivo às vezes, então San nunca deixa Jongho sozinho em casa. Eu fiquei sabendo disso e desde então estou ajudando ele cuidando de seu irmão. Sempre que San tem trabalho noturno, Jongho vem para minha casa para que o pai deles não o encontre. Infelizmente ontem ele nos encontrou.

— Então espere... aqueles barulhos que eu ouvi pelo telefone eram do pai deles? — Wooyoung não conseguia entender a situação. Ele apenas ouvia e com cada palavra era mais difícil esconder suas emoções.

— Sim, era ele. Ele seguiu San e Jongho quando eles estavam indo para a minha casa. Ele estava totalmente bêbado. Eu saí para cumprimentá-los quando ele começou a gritar. San levou Jongho para o parque e me disse para ligar para você e trancar a porta. Ele conseguiu tirar o pai dele da minha casa e felizmente meus pais não estavam em casa.

Wooyoung ficou sentado lá em choque sem saber o que dizer. Então esse jogo de esconde esconde era para proteger o Jongho e não para brincar de verdade. E sobre San, como ele conseguiu viver assim? Sua linha de pensamentos foi interrompida quando Yeri anunciou que precisava levar Jongho de volta para sua casa.

— Mas e San? O que aconteceu com ele ontem?

Yeri virou-se para ele e deu-lhe um pequeno sorriso, mas não era um sorriso alegre.

— Ele me mandou uma mensagem para encontrá-lo às 7 da manhã, então acho que ele está bem. Ele nunca me disse se estava bem ou não antes e não vai me dizer agora. Eu entendo, ele tenta proteger os dois. O fato de que ele vai levar Jongho de volta significa que ele não foi gravemente ferido... Eu preciso ir, tchau Wooyoung-ah.

Ela acenou para ele e chamou Jongho para ir embora. O garotinho sorriu e se despediu de Wooyoung enquanto pulava animadamente atrás de Yeri. Ele realmente não deve saber o que está acontecendo com seu pai. Isso significava que San estava fazendo um bom trabalho protegendo seu irmãozinho, mas quem o estava protegendo?

[...]

Era domingo de manhã e Wooyoung saiu para comprar mantimentos para o jantar. Sua mãe fez uma lista inteira porque ela não teve tempo de ir às compras ontem. Ele foi até a loja e pegou a maioria das coisas que deveria comprar quando viu San e Jongho entrando na loja.

Wooyoung rapidamente pagou tudo e esperou que os dois irmãos saíssem. Depois de apenas 10 minutos, eles sairam. Wooyoung caminhou até eles para dizer oi. Ele chamou seus nomes e os dois garotos se viraram para encará-lo.

— Wooyoung hyung! — Jongho correu para encontrar Wooyoung e o abraçou com força. San não se moveu, ele apenas ficou lá com uma expressão ilegível.

— Oi garoto, o que você está fazendo aqui?

— Sannie hyung me disse que precisamos ficar quietos porque papai está cansado, então saímos. Agora vamos brincar no parque, você quer ir com a gente? — Jongho olhou para ele esperançoso.

Wooyoung olhou para San para ver se ele estava desconfortável com isso ou não, mas o mais velho não disse uma palavra, então ele presumiu que estava tudo bem.

— Claro, eu vou.

Jongho sorriu e o soltou, ele correu para San e segurou sua mão. Ninguém, exceto a criança de seis anos, disse uma palavra.

Wooyoung olhou para seu colega de classe com mais atenção e então viu o que nunca notou. A maquiagem no rosto de San, as roupas que mostravam o mínimo do corpo possível e sua mão direita que quase não estava se movendo.

Quando eles chegaram no local, Jongho correu para o parquinho e San sentou no banco. Ele olhou para Wooyoung pela primeira vez naquele dia e fez um gesto para ele se sentar. O mais novo fez o que lhe foi dito e um silêncio tomou conta deles.

De repente, San se virou para ele e quebrou o silêncio.

— Eu sei que você conversou com Yeri ontem, mas vou agradecer novamente, desta vez pessoalmente. Você realmente me ajudou muito.

Wooyoung se virou para ele e não viu nada além de sinceridade em seus olhos.

— Sem problemas. Você pode contar comigo agora.

San assentiu e voltou sua atenção para Jongho.

— Tem mais uma coisa. Não conte a ninguém o que aconteceu durante o fim de semana.

Wooyoung entendia e esperava ouvir isso de San, mas uma coisa não fazia sentido para ele. Por que ele não vai à polícia e conta o que está acontecendo? Dessa forma ele não precisaria mais ver seu pai e tanto ele quanto Jongho estariam seguros. Wooyoung culpou sua curiosidade por perguntar sobre isso e ele não estava preparado para ouvir qualquer resposta, especialmente a que recebeu.

— Eu não sei o quanto Yeri te disse, mas julgando pela sua pergunta ela não te disse muito. Já aluguei um lugar e tenho dinheiro guardado. Já vivi assim por mais de 3 anos, então 2 meses a mais não são nada. Se eu for na polícia eles levarão o Jongho e talvez eu não o veja mais. — San riu no final. Foi a risada mais lamentável que Wooyoung já ouviu. Eles olharam um para o outro, nenhum deles se atreveu a se mover.

— Mas seu pai não vai procurar por você?

— Ele não se importa e eu sou realmente grato por isso.

Wooyoung olhou para Jongho e pensou em tudo que ouviu hoje. Seu telefone tocou, era sua mãe perguntando onde ele estava. Ele tinha que voltar para casa, mas também não queria deixar San. Ele pegou seu telefone e o empurrou na mão do mais velho. San olhou para ele questionando suas ações.

— Dê-me o seu número e sempre que acontecer alguma coisa me ligue, não importa o quê.

San cuidadosamente pegou o telefone e anotou seu número, Wooyoung ligou para ele imediatamente para que eles tivessem os números um do outro.

— Eu preciso ir agora porque minha mãe precisa de mantimentos para o jantar. Obrigado por confiar em mim. Vejo você na escola. — Wooyoung se despediu de Jongho e foi embora. Ele não percebeu San olhando para ele até que ele estivesse fora de vista.

[...]

Era segunda-feira de manhã e Wooyoung já estava na escola. Ele estava sentado na sala de aula, mas San não estava lá. Normalmente eles eram os dois primeiros da classe, mas já era tarde e quase todos os seus colegas estavam lá. Wooyoung ficou preocupado que algo tivesse acontecido e que San não apareceria hoje, mas ele estava errado.

O mais velho chegou 5 minutos antes do início da aula. Wooyoung sorriu quando o viu entrar. Ninguém prestava atenção neles. San caminhou até o lado da mesa de Wooyoung e diminuiu a velocidade para dizer algo que ele não esperava.

— Oi, Wooyoung.

O mais novo ficou surpreso, mas se recompôs antes que San pudesse sair.

— Oi... San.

San foi para o seu lugar e Wooyoung o encarou o tempo todo.

— Yah, Young-ah você está corando? — Yunho disse de repente o que fez Wooyoung esconder o rosto entre as mãos.

— Não? — Yunho riu e olhou para ele com cautela.

— Sim, claro. Então você e o Sr. pária são amigos agora?

— Ele não é um pária. Seu nome é San e sim, somos amigos.

Era a primeira vez que Wooyoung levantava a voz para Yunho. Ele não era uma pessoa que se irritava facilmente, mas essa palavra 'pária' parecia muito errada para ele. Seu amigo ficou surpreso com suas ações, mas não disse nada sobre isso.

— Ok, ok, desculpe. — O assunto morreu quando o professor chegou e a aula começou.

  
 
CONTINUA ☾ ◌ ○ °•
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Bem, san conversou com woo e falou o que estava acontecendo e o woo resolveu ser amigo do San. Vamos ver até onde essa amizade vai dar.

Obrigada a todos que estão lendo e comentando. ❤️♥️

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