Cinco

Era segunda-feira, o que significava que era dia de mudança para San e Jongho.

No fim de semana eles levaram todas as suas malas da casa de Yeri para a casa de Yeosang e as deixaram no quarto dele. Então as coisas estavam lá. San tinha mais algumas coisas que comprou para a casa dele e teria que levá-las também, mas o problema era que havia muitas coisas e elas estavam na loja.

Wooyoung pensou em uma solução para isso e fez algo que não sabia se o garoto mais velho iria gostar ou não. Como seus amigos tinham ido para a escola, eles não podiam ajudar a mover as coisas. Eles precisariam de alguém com um carro para pegar todas as coisas e levá-las para a casa deles.

Eram quatro da manhã e Wooyoung foi para a casa de Yeosang enquanto San e Jongho estavam lá. Ele prometeu ao mais velho que encontraria alguém com carro e assim o fez. Ele estava parado ao lado da entrada e tentou ligar para San, pois não queria acordar mais ninguém. Antes que o telefone tocasse, a porta se abriu revelando um Yeosang com algumas sacolas.

— Jongho acordou e eu disse a San para cuidar dele. Vou trazer todas as coisas.

— Ahh, ok. Deixe-me pegar alguma coisa também. — Wooyoung entrou e pegou algumas caixas que estavam no corredor. Yeosang esperou por ele e eles caminharam juntos até o carro.

— A propósito Woo, San me disse que você conseguiu alguém com um carro, quem é o... Olá Sr. Jung. — Os olhos de Yeosang se arregalaram, mas ele ainda cumprimentou o homem mais velho. Ele olhou para seu amigo e murmurou para ele perguntando se ele estava louco. O Sr. Jung pegou sacolas e caixas deles e começou a embalá-los no porta-malas. Yeosang puxou Wooyoung rapidamente na direção de sua casa. — Você está louco? Você realmente pediu ajuda ao seu pai?

— Eu não tive escolha. Não há mais ninguém que tenha licença e carro. Não se preocupe, eu não contei a verdade aos meus pais, preciso da permissão de San para isso. Eu apenas disse a eles que meu amigo e seu irmão estavam se mudando, que eles não têm pais e precisamos de alguém para ajudar com as coisas. Meu pai ofereceu imediatamente.

Yeosang ainda parecia cético, mas deixou para lá. San seria o único a entrar em pânico, porque ele e Wooyoung não eram apenas amigos e todos os seus amigos sabiam disso, mesmo que eles tentassem não deixar transparecer.

Eles terminaram com todas as malas e Yeosang se despediu enquanto voltava a dormir. Ele passou por San e Jongho quando estava subindo as escadas. Parecia que eles já tinham se despedido.

O garotinho correu para o abraço de Wooyoung e eles se abraçaram por muito mais tempo do que deveriam, já que se viram ontem. San olhou para eles com um sorriso carinhoso e mochila nas mãos.

— Hyung você veio com o carro para nós? — Jongho perguntou olhando para o veículo atrás deles. San também se virou para dar uma olhada, mas congelou quando viu o homem parado na frente com um grande sorriso, sorriso que era o mesmo de Wooyoung.

— Sim, na verdade... meu pai me ajudou e ele vai nos levar.

Jongho exalou excitado e arrastou San até o dito homem. San olhou em pânico para Wooyoung pedindo ajuda. Não era como se eles estivessem namorando, mas eles estavam a caminho disso e conhecer os pais era um grande passo.

— Bom dia Sr. Jung, meu nome é Choi Jongho e este é meu irmão mais velho Choi San. — Ambos os meninos se curvaram educadamente e o o Sr. Jung sorriu para eles.

— Olá, prazer em conhecê-lo. Eu sou o pai de Wooyoung, mas você provavelmente sabe disso. Vamos indo, certo? — Ele gesticulou para Jongho entrar e se certificou de tê-lo sentado com segurança na parte de trás. San estava prestes a entrar, mas o Sr. Jung o impediu. — Você pode sentar na frente e me dizer para onde ir? Eu não consegui verificar a localização da sua nova casa e não tenho ideia de como chegar lá.

San disse sim imediatamente e foi para o banco da frente.

Wooyoung parecia um pouco preocupado, pois não esperava que seu pai e seu futuro namorado se sentassem um ao lado do outro em seu primeiro encontro, mas ele não podia fazer nada sobre isso. Ele apenas deu um sorriso tranquilizador para San e sentou-se ao lado de Jongho.

Acontece que Wooyoung era um merdinha.

Primeiro ele te dá um sorriso tranquilizador e diz que não vai te deixar em sozinho, e depois adormece. Então o pai de Wooyoung era o único acordado enquanto Jongho adormecia ao lado de Wooyoung. Foi estranho, pois San apenas deu instruções e o homem seguiu sem dizer nada.

Eles já chegaram na ultima loja para pegar as coisas antes de irem para sua nova casa. San saiu sozinho em todas as anteriores para pegar as coisas que comprou, mas desta vez era muito pesado para uma pessoa só carregar. 

— Sr. Jung? Desculpe incomodá-lo, mas você poderia me ajudar a pegar uma coisa?

— Sim, claro San-ah. Vamos.

Eles entraram na loja e San apontou para a caixa que eles tinham que carregar. Havia uma mulher parada ao lado do balcão que sorriu assim que os viu.

— Sannie, você veio buscar suas coisas? Você finalmente está se mudando? — O menino assentiu timidamente e ela se aproximou para acariciá-lo na cabeça. — Finalmente, aquela desgraça de humano não merece se chamar de pai. Como alguém pode agredir seu próprio filho e...

— Não, pare com isso, está tudo bem. Obrigado por guardar minhas coisas.

San não conseguia olhar o pai de Wooyoung nos olhos enquanto gesticulava para a caixa. Ambos os homens a pegaram e se moveram para colocá-lo no banco de trás, pois não havia mais espaço no caminhão. Mesmo depois de terminar, eles não se moveram e ficaram ao lado do carro. San tentou ir, mas o pai de Wooyoung estava com a mão no pulso dele.

— Woo não nos disse a verdadeira razão pela qual você está se mudando, nem o que está acontecendo, mas eu confio nele como meu filho e sei que ele confia em você, então você não deve ser uma má pessoa. Quando quiser conversar, não se preocupe, venha até mim ou minha esposa. Eu prometo a você que não faremos nada que você se sinta desconfortável. — Com isso ele caminhou para sentar no carro deixando um San de olhos marejados para trás.

Eles chegaram à sua nova casa e o pai de Wooyoung disse a San para acordar seu filho enquanto ele levava Jongho pelas escadas. O mais velho caminhou até o banco de trás e abriu a porta, o outro nem se mexeu. San o chamou, mas o mais novo não reagiu. Ele colocou a mão na bochecha do garoto e beliscou levemente, isso fez Woo acordar.

— Vamos, precisamos mover todas as coisas. — San pegou sua mão e o levantou para que pudessem começar a levar as coisas escada acima.

Quando terminaram, o pai de Wooyoung teve que ir trabalhar, mas antes ele deu permissão a Wooyoung para ficar e ajudar San e Jongho. Graças a isso, Wooyoung conseguiu explorar todo o espaço.

Havia dois quartos, um banheiro e um espaço aberto que deveria funcionar como cozinha e sala. No geral, não havia muito espaço, mas era suficiente para ambos. San cuidava de seu próprio quarto e banheiro, Jongho começou a decorar seu pequeno quarto com a ajuda de seu irmão e Wooyoung arrumava todas as coisas na sala e cozinha.

À tarde, os outros meninos, Yeri e Ryujin foram a casa de San e levaram pequenos presentes. Eles passaram algumas horas conversando e assistindo filmes.

Depois que todos sairam, Wooyoung ficou e ajudou San a limpar a bagunça. Ele ajudou Jongho a vestir o pijama e o colocou em sua cama. Ele saiu do quarto do garotinho e viu San sentado no chão encostado no sofá.

Wooyoung caminhou até ele e sentou-se entre suas pernas apoiando-se nele. O mais velho ficou surpreso no início, mas logo abraçou o garoto colocando as mãos em volta dele. Wooyoung se deitou confortavelmente sobre ele e fechou os olhos sorrindo. 

— Eu preciso voltar para casa, mas primeiro vamos ficar assim um pouco.

San não disse uma palavra sobre isso, apenas olhou para o garoto mais novo. Ele sentia tanta felicidade agora. Ele estava livre de seu pai, Jongho estava seguro e Wooyoung... Wooyoung estava ali, junto com ele. Nesse momento ele sabia que queria mais do que o que eles tinham. Não o entenda mal, era legal ficar assim, mas seria melhor fazer isso com seu namorado, então ele fez algo realmente corajoso.

— Woo, você quer namorar comigo? — San perguntou isso tão casualmente que Wooyoung pensou que ele tinha imaginado. Ele arregalou os olhos e se virou nos braços de San. Isso os fez encarar um ao outro, seus rostos a apenas centímetros de distância.

— Você está falando sério?

San olhou para ele e assentiu sorrindo carinhosamente. Wooyoung olhou para ver qualquer incerteza, mas não conseguiu encontrar nenhuma, então ele fez a única coisa que conseguiu pensar, ele beijou San. Mas este beijo era diferente dos anteriores. Eles despejaram todas as suas emoções nele. O beijo não foi perfeito, pois ambos estavam sorrindo o tempo todo, mas nenhum deles se importava.

[...]
 

Três meses passaram muito rápido e já era dia de formatura.

Todos eles estavam se formando com honras enquanto Yeri recebia um prêmio especial por seu trabalho como presidente do conselho estudantil, o que ela merecia totalmente. E isso tudo era bom o suficiente.

Durante esses três meses, Wooyoung passou a maior parte do tempo na casa de San. Ele contou para os pais que estava namorando e o pai dele ficou super feliz, o homem nem perguntou quem era esse tal namorado, porque ele disse que já sabia. Sua mãe queria conhecer San e de alguma forma o encontro aconteceu.

Naquela época, não apenas seu namorado veio, mas também Jongho e os pais de Wooyoung se apaixonaram pelo garotinho. Claro que eles gostaram de San e aceitaram totalmente, mas Jongho era uma história diferente. Na opinião de Wooyoung, a criança de seis anos era como o filho favorito de seus pais, ate mais do que ele. Eles saíram juntos em passeios, apenas seus pais e Jongho. Até mesmo San ligou para ele algumas vezes perguntando se seu irmão estava na casa dele.

A cerimônia oficial já havia terminado e todos eles esperavam em suas respectivas salas para se despedir de seus professores e da classe.

— Por favor, chega desse PDA. Estamos em aula. — Yunho gemeu olhando para seus dois colegas.

— Vamos Yunho, é o último dia.

— Não significa que você precisa sentar no colo de alguém Jung Wooyoung.

— Não é de alguém, é o colo do meu namorado. Você só está com ciúmes. — Wooyoung mostrou a língua e riu virando-se para o namorado. San apenas sorriu para Yunho que fingiu bater em Wooyoung. O professor chegou e Wooyoung se separou de San.

Quando terminaram as despedidas finais, o grupo decidiu ir comer pizza. A aula de Ryujin e Yeosang terminou mais cedo, então eles foram reservar uma mesa.

— Vamos brindar por nos formarmos! — Mingi fez um brinde e todos o seguiram.

Todo o grupo se divertia muito enquanto falava sobre seus planos futuros.

Yeosang entraria no SNU para estudar direito e até disse 'vou pegar todos esses filhos da puta'. 

Yunho e Mingi entraram na mesma universidade a uma hora de distância de sua cidade e já alugaram um apartamento juntos.

Yeri iria para o exterior para estudar idiomas, ela planejava voltar para a Coréia depois de terminar seus estudos e abrir um centro de idiomas. Ryujin iria trabalhar em um centro de dança e estudar nos fins de semana. Ela queria se tornar uma dançarina profissional e suas habilidades eram definitivamente boas o suficiente para isso. As meninas decidiram tentar um relacionamento a distância, pois não queriam se separar. Vai ser definitivamente difícil, mas todos irão torcer por elas.

San conseguiu um emprego em tempo integral em uma sapataria e também decidiu ser um tutor para alunos do ensino médio para ajudá-los com os exames. No caso de Wooyoung ele não sabia o que fazer. Ele conversou com seus pais e eles lhe disseram para não se forçar a fazer algo que ele não queria. Ele pesquisou algumas coisas para ver se achava algo interessantes e chegou a uma que parecia divertida para ele, um florista.

Ele procurou universidades para isso e encontrou uma não muito longe. Era perfeito, ele não precisava viajar e poderia passar mais tempo com San. Havia mais uma coisa que seus pais propuseram, mas ele ainda tinha que perguntar ao namorado sobre isso.

Falando sobre relacionamentos, o tema principal era Yeosang. Ele foi a um encontro recentemente e já estava apaixonado. Ninguém sabia quem era, menina ou menino, da escola ou não, mais velho ou mais novo, mas todos estavam interessados. Infelizmente, Yeosang não quis dizer nada a eles. Mingi iniciou um chat secreto e uma investigação sobre isso.

Era tarde da noite e Wooyoung estava na casa de San. Jongho estava dormindo profundamente e eles assistia ao programa de variedades que passava na TV. 

— Sannie... eu tenho uma pergunta para você. — O mais velho assentiu e esperou que Wooyoung continuasse. — Eu pensei em algo... minha universidade é do outro lado da cidade, certo? Além disso, seu trabalho é perto de lá também. E meus pais me perguntaram se eu gostaria de ter minha própria casa. — Com isso San virou-se para ele escutando com atenção. — Ok, eu só vou dizer... Vocês querem morar comigo? — Wooyoung gaguejou pois estava claramente nervoso. — Eu sei que é meio rápido e você não precisa dizer sim, mas achei que seria legal. Encontrei alguns lugares legais naquela área e poderíamos dividir o dinheiro do aluguel. Também fica perto do seu trabalho e da minha universidade, então seria conveniente. Uh... eu já disse isso... Eu realmente amo você e Jongho e eu adoraria morar com vocês, mas você não precisa....

San o interrompeu com um beijo e Wooyoung relaxou um pouco. O mais velho se afastou e Wooyoung olhou para ele com preocupação. 

— Relaxe Woo. — San riu levemente e segurou o rosto do mais novo. — Eu adoraria morar com você também, baby.

San sorriu e olhou diretamente para os olhos de Wooyoung, que não conseguiu esconder a felicidade e atirou-se sobre o namorado dando o máximo de beijos que conseguia no rosto dele.

San sabia que esta vida era algo que ele sempre precisou e quis. Ele encontrou alguém que amava e tinha certeza de que o garoto também o amava. Os pais de Wooyoung trataram ele e Jongho como seu próprio filho e até permitiram chamá-los de mãe e pai. San não estava pronto para isso ainda, mas seu irmão ficou muito feliz em fazê-lo. E San sabia que com o tempo ele também começaria a chamá-los assim. Além de ter uma nova família, ele também conseguiu um grupo de amigos que realmente gostavam dele e o ajudavam a qualquer momento.

Ele estava muito feliz, como nunca esteve antes e seu pai nem sequer vinha à sua mente. Não havia mais necessidade de brincar de esconde-esconde.
    
  

FIM ☾ ◌ ○ °•
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Uau, foi uma viagem. Obrigado por ler e por deixar comentários e elogios. Espero que tenham gostado da história e dos personagens.

E se você conhece alguma criança que sofre violência dos pais tente ajudar. Não feche os olhos para isso. E caso você sofra, procure ajuda de um adulto.

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