18: quatro ou cinco rosas brancas
Gente, pelo amoooor de Deus, 700 votos e 3k de leituras!? Muito obrigada!
O maior passatempo de Gabrielle Vincent era contar.
Ela contava de tudo. Principalmente quando estava entediada. A quantidade de vasos em cima de uma mesa, a quantidade de flores dentro dos vasos, a quantidade de pétalas em cada flor e assim prosseguia. Até o momento em que alguém passasse entre ela e aquele pequeno amontoado de quatro ou cinco rosas brancas e parasse para olhá-las.
Aí, Gaby teria que adicionar à conta, também, a quantidade de pessoas que passaram por ali e quantos elogios as mesmas fariam aos vasos de flores e quantas vezes um vestido de seda nova aparecia por ali. Tudo isso, até perder-se em tantas contas e ter de recomeçar tudo de novo, apenas para repetir o mesmo ciclo, depois.
Ela apenas fazia isso quando estava entediada. Ou quando buscava uma distração para a tristeza. Ou – o que vinha a acontecer com muito mais frequência – quando esperava, no salão das mulheres, por uma correspondência de extrema importância, enquanto fingia que prestava atenção nas conversas intermináveis de...
— Senhorita Bolgart não poderia ter escolhido melhor! — cintilou Anastácia, admirada.
A alguns centímetros do corpo sentado de Gabrielle, jogada sobre os tecidos suaves de um sofá fofo, a jovem Sinclair elogiava fervorosamente a presença de Margareth Allboire em seu jantar, na noite passada.
Senhorita Vincent estava em sua própria órbita. Apenas revirava os olhos pela quinta vez naquele diálogo, enquanto parava de contar as flores e começava a imaginar o que, de tão importante, poderia existir na aura da dama nova para que a mesma houvesse capturado as atenção de não só uma, como duas de suas amigas mais próximas naquele castelo. De repente, achou que estivesse ficando velha demais para entender.
— Margareth é tão encantadora — exclamou a menina. — É tão gentil e adorável. E tão atenciosa! Ah, fico imaginando o quão agradável deve ser, ter uma companhia como ela. Mas tenho certeza de que você já sabe disso. Passa tanto tempo com Marga... Deve ser impossível sentir-se só, não é, Gaby?
Gabrielle forçou um sorriso, tomou mais um gole de sua água e pontuou:
— Margareth é um doce.
Mesmo que mal houvesse prestado atenção às palavras de Ana, ela não mentiu em sua resposta. Ela, de fato, havia notado uma diferença consumidora no castelo desde que Allboire apareceu. Até mesmo Sienna parecia mais interessada em sair de seus aposentos. E isso parecia ser algo impossível, pois, antes de tudo, a princesa apenas saía de seu quarto para jogar xadrez e para cumprir com suas obrigações.
O que quer que fosse, Margareth possuía uma magia irrefutável.
Além disso, Vincent possuía outras ambições naquele momento e não podia mais doar tanto de sua atenção à princesa.
— O mais doce dos doces — concordou Anastácia, com a voz distante.
De repente, como na tempestade do dia anterior, seu rosto tornou-se desanimado em questão de segundos.
— Que estranho — ela murmurou, entristecida.
Gabrielle respirou fundo mais uma vez. Dessa vez, havia desistido de prestar atenção nas flores e apenas voltou sua visão completa para a amiga. Sabia que não teria como concentrar-se em qualquer outra coisa naquele momento.
— O que é estranho? — perguntou, forçando um tom interessado.
— Tenho a sensação de que Margareth deseja ir embora.
— Ir embora? — repetiu ela. — Como assim?
— Quando lhe contei sobre a mudança no humor da princesa, ela pareceu tão distante... — Sinclair suspirou. — Quase como se não gostasse de ser o motivo para isso. Mas ela é, não é? A princesa está diferente. Ainda assim... Margareth não parece ter desejos de ficar por muito tempo.
Senhorita Vincent franziu o cenho. Fitava o rosto da amiga, à procura de algum indício de que estivesse triste por Sienna, e não por ela mesma.
— Olhe, não se preocupe tanto com isso — disse, gentilmente. — Sei que está pensando em como ficará triste, caso ela decida ir embora. Mas a verdade é que... Bem, o que quer que senhorita Allboire decida fazer com seu futuro, não nos cabe a decisão. Tenho certeza de que ela escolherá o que melhor lhe satisfaz, não acha?
— Mas é claro que sim — concordou Anastácia, séria. — É por isso mesmo que preparei aquele jantar com tanto cuidado. Ela precisa gostar de estar aqui. Não pode ser apenas uma memória curta entre nós. Eu não gostaria que fosse.
Gabrielle abriu um sorriso para a mais nova.
— Espero que não seja, mesmo.
Quando Ana calou-se e a dama estava pronta para voltar às suas contagens, as portas do salão das mulheres foram abertas em meio à bagunça de donzelas. Tratava-se de Lucy, uma das criadas do salão. Ela pisava o chão com fervor, mas nenhuma mulher além de Gaby prestava atenção em sua figura.
— Senhorita Vincent! — ela gritava, conforme tentava andar pelo bosque de nobres à sua volta. — Senhorita Vincent? Onde está senhorita Vincent?
Gabrielle levantou-se do sofá e estendeu mão para cima. Anastácia levantou-se junto e enlaçou-se no braço da amiga, cheia de curiosidade.
— Ah, senhorita Vincent! — a criada comemorou, vindo em sua direção. — Finalmente a achei. A princesa contou-me que estaria no salão das mulheres.
— Lucy, que surpresa agradável — a dama exprimiu. Não era surpresa alguma. — O que faz aqui? — Ela sabia o que estava fazendo ali.
Era como um teatro para fingir que não se importava com o que ali ocorria. Gaby foi descendo o olhar lentamente até as mãos da mulher. Ah, ali estava.
— Esta carta — Ela apontou para as mãos. — é para mim?
— Sim, senhorita — afirmou a criada. — É para a senhorita, sim. Chegou nesta mesma manhã.
— Oh! — exclamou. — Muito obrigada por trazê-la.
Lucy entregou o papel para Gabrielle. A dama arregalou os olhos para o objeto como se fosse comê-lo ali mesmo.
A criada ficou ali por mais alguns segundos. Olhava para ela com um sorriso curioso no rosto. Como se esperasse que a mesma abrisse o bilhete em sua presença. De repente, notou que Anastácia a encarava com as sobrancelhas erguidas e retirou-se dali, envergonhada.
— Está vendo isso? — comentou Sinclair, assim que ambas voltaram a ficar sozinhas. — Até os criados estão sedentos por uma notícia sobre você e Conde Gustavh. Admiro que não tenham aberto a carta antes de chegar em suas mãos. Principalmente Lucy. Ela é a maior das fofoqueiras!
Vincent riu para a amiga e logo prontificou-se:
— Bom, eles terão de esperar um pouco mais — afirmou, alegre e ansiosa. — Está carta não é de Conde Gustavh.
— Não? — Anastácia repetiu, surpresa. — Oh, céus. Agora eu estou curiosa. Se não é de Conde Gustavh... então, de quem é?
— De ninguém — respondeu a dama. — Ninguém com quem precise se preocupar.
— Oh, não — gemeu a menor. — Vai esconder de mim, não vai? Deixará sua pobre amiga preocupada, não deixará? Adora fazer isso.
Gabrielle revirou os olhos para a amiga. Mas carregava um sorriso no rosto. Era incapaz de ficar irritada com ela.
— Não se preocupe, Sinclair. — Ela arqueou uma de suas grossas sobrancelhas. — São apenas assuntos pessoais. Nada que vá lhe interessar. Ao menos... não por agora.
Dali, Vincent despediu-se e saiu do salão das mulheres flutuando, como quem havia acabado de receber um belíssimo buquê de rosas de seu amado.
Mas, na verdade, não havia buquê algum. Muito pelo contrário.
Infelizmente, Gabrielle não havia feito as contas a tempo.
Se está ansiose para o próximo capítulo, peço para que deixe seu voto! ^u^
Bom, pessoinhas! Resolvi postar esse capítulozinho nesse dia de frio para lembrá-las de que ainda estou viva e escrevendo, e para prepará-las para o próximo capítulo, que será um grande passo para o andar dessa história.
PERGUNTINHA DA VEZ: Qual personagem te deixa com aquela desconfiança de que ainda vai fazer MUITA besteira? Responda nos comentários!
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top