32 ♻ do something ♻

"Jimin."

A mão no meu ombro chamou a minha atenção mais cedo do que a voz saindo da sua boca.

Eu esfreguei as mãos nos joelhos, nervoso, o olhando e suspirando logo depois.

"Não foi nada, pois não?" Perguntei eu, com medo de ser.

"A enfermeira disse que ele... Não tinha energia naquele momento." E engoliu em seco, provavelmente tão preocupado quanto eu.

Eu não disse nada por alguns segundos, sabendo que ele estava ali, que ele ficaria ali.

"Yug..." Chamei eu, olhando-o de uma vez. "Tem algo de grave?"

O olhar dele alargou-se, mas nada disse, negando uma vez.

O silêncio ficou. Ficou por algum tempo.

Ele sentou-se, ali, do meu lado, o ar escapando pela boca, parecia cansado, encostou-se para trás. As pernas estavam esticadas, separadas, e ele estava entregue a um tipo de nada que eu não conhecia.

"Você sabe porque ele fez isso?" Perguntou-me ele, sem se mexer mais, sem me olhar, mesmo que eu estivesse sentado ali do lado, vendo o seu corpo grande recostado pela cadeira. "Correr para você?"

"Não." Respondi, sem entender o ponto.

"Ele nem viu que estava todo magoado, ele só... Jimin. Ele precisava te ver."

"Porque... Porque nós estavamos nisso juntos."

"Sim." Concordou, por pouco tempo embora. "E porque quando ele acordou em um lugar desconhecido e arrancou algo da pele dele, sem notar os arranhões, os cortes, ele só pensou em você. Isso é normal, não é?"

"O que você quer dizer?" Eu estreitei o olhar, sem entender Yugyeom daquela forma. "Ele ia conduzindo. Ele queria saber se eu estava bem."

"E você está."

"Você está me culpando?"

Não era isso. Kim Yugyeom não era assim, mesmo quando tão preocupado com o melhor amigo.

"Ele te ama." Atirou ele, uma faca bem afiada, e ficou de pé, querendo parar ali. "Ele te ama tanto que não sentiu dor, não quando dobrou uma costela partida, mexeu um lábio cortado ou caiu sem energia."

Eu pisquei uma vez, sem saber o porquê, o porquê de aquilo agora, e Yugyeom queria ir, ir e deixar as coisas assim. Chegou a virar costas, mas não dava para mim.

"O que você quer ouvir? Eu o amo também, porra." Disse eu, em pé, uma lágrima no canto do olho, e Yugyeom espreitou por cima do ombro, sorridente.

"E isso não é completamente fodido?"

Eu prendia o lábio entre os dentes, já ouvindo os passos de Kim Taehyung deixando o quarto, quando Yugyeom se virou de uma vez, despindo o seu casaco e estendendo-me.

"Voce precisa se cuidar também." Disse ele, aquilo entre nós e eu acenei, aceitando o casaco mais acolhedor do que o meu e sorrindo de lado.

Nós podíamos ser amigos. Talvez fossemos há algum tempo já.

Quando Taehyung chegou, Yugyeom estava voltando para o quarto de Jungkook, onde a sua mãe ainda estava.

"Como você está?"

Era a terceira vez que ele perguntava. A primeira quando me vira na enfermaria, bem e de boa saúde, zonzo a início, amedrontado depois de saber e triste quando me dissera que era melhor não estar no quarto de Jungkook quando ele acordasse para não agitar as coisas.

A segunda, quando percebeu que cometera um erro e eu devia ter estado lá. Veio até mim e perguntou.

A terceira, agora.

"Jungkook está acordando, se você quiser vir."

Eu acenei, definitivamente querendo ir, apressando-me quando ele me segurou por um segundo, do seu lado.

"Yug te disse algo?"

Eu revirei o olhar, sabendo que não era altura para nada daquilo, seguindo em frente, entrando no quarto em silêncio.

"Jimin... Ele está bem?"

A voz rouca do meu bebê arranhava o lugar, a mãe do seu lado, a mão na testa e Yugyeom sorria, subindo o olhar para mim.

"Estou aqui." Eu dei um passo em frente, ficando junto da cama e segurando a sua mão. "Eu te disse que estou bem."

Ele parecia confuso, ainda mais quando eu o disse, divindindo o olhar entre nós.

"Quando?"

Eu olhei Yugyeom, preocupado com aquela questão.

"Quando?" Eu repeti, coçando os cabelos. "Há umas horas, na enfermaria."

Ele uniu as sobrancelhas, os dedos mexendo-se para coçar a mão que eu segurava, um curativo ali, por antes.

"Enfermaria?" Ele acabou arranhando a garganta, coçando a bochecha pálida e batendo os dedos nos lábios sem se aperceber, gemendo em dor.

"Jungkook... Melhor você descansar, bem." Declarou a mãe dele, afastando-lhe os cabelos, e eu sorri de canto.

Ele tinha se arrastado dali até o quarto do lado, tão perdido e fraco que mal se lembrava. Era de doidos, mas era dele.

"Sim, eu posso ficar sozinho..." Balbuciou ele, deitando-se na cama com o topo erguido, ainda segurando a ponta dos meus dedos. "Com Jimin?"

Ele estava pedindo?

Não era minha posição para dizer nada, e por isso não disse. A sua mãe questionava-me, querendo saber se eu trataria dele, se eu o faria descansar, e Yugyeom e Taehyung já estavam quase de saída.

"Nos vemos amanhã, JK." Disse Taehyung antes de acenar e levar o outro Kim consigo.

Eu acenei para ela, uma resposta silenciosa de que eu podia fazer aquilo, e ela sorriu, abraçando-me castamente e depois acarinhando a bochecha do filho, sorrindo e materna, antes de sair, fechando a porta atrás de si.

Eu sorri a Jungkook, pegando a cadeira de madeira e deixando-a do lado da cama, perto dele.

"Precisa de alguma coisa?"

Ele negou levemente, virando o corpo para o meu lado, fazendo caretas de dor até ficar confortável.

"Me desculpe." Ele pediu, novamente, eu enruguei o nariz, aproximando-me dele, os braços pousados no colchão, juntos, e o queixo logo acima deles.

"Foi culpa de nós dois, huh? Esqueça isso..." Eu pedi, porque realmente era assim.

Se eu tivesse usado outra palavra, ainda estaríamos ali? Se Jungkook não estivesse no celular... Ainda estaríamos ali?

Jungkook puxou os lençóis até o ombro, com frio, e eu sorri de canto, sem poder fazer nada sobre o assunto.

"Yug... Yugyeom?" Questionou então, o olhar colado no casaco vermelho do amigo.

Eu fechei os olhos por um segundo, um desperdício de tempo. Estar com Jeon Jungkook e fechar os olhos é um erro de principiante.

"Acho que ele pode ser simpático, às vezes."

Já não havia nenhum tipo de rixa entre mim e o Kim, mas ainda era engraçado brincar sobre aquilo ou de como outrora fora.

"Você está mesmo... bem?"

Eu acabei acenando levemente, ajeitando o queixo sobre o apoio dos meus braços e sorrindo.

"E você?"

Porque era aquilo. Era sobre ele, não sobre mim. Nunca poderia ser sobre mim quando em uma sala estamos eu e ele. Nunca poderia ser sobre mim quando, numa sala, estamos eu, ele, e o resto do mundo. Sempre seria sobre ele. Sempre.

"Para a próxima não seja um pirralho e não mexa no celular enquanto conduz." Acrescentei então, uma das minhas mãos deixando o colchão para afastar os cabelos caídos no rosto dele. "Aliás, da próxima nem conduz. Eu sempre te falei o quão ruim você era."

Aquilo o fez rir de verdade, fechando os olhos e baixando o rosto, manhoso contra o travesseiro.

"Está preocupado comigo ou assim?" Ele retrucou, convencido, e com a resposta tão obvia querendo escapar eu disfarcei com um sorriso e neguei.

"Você queria."

Ele sorriu meigo, o lábio puxado o incomodando notavelmente e as palavras de Yugyeom sem deixar a minha cabeça.

"Ei, Jun..." Eu acabei chamando, percebendo como ele começava a ficar sonolento. "Você vai adormecer em breve, então, antes..."

"O quê?" Resmungou ele, um murmúrio mal percebido e os olhos fechados.

"Porquê eu? Dos seus amigos." Quis eu perguntar, sem saber ser a altura, curioso e ansioso pela resposta.

"Chega perto." Mandou ele, o queixo escapando do lençol lentamente.

Eu estava em frente a ele, mas mesmo assim eu me cheguei mais perto, ficando em frente do seu rosto e contendo a respiração para que não notasse a proximidade.

"Você não é um amigo qualquer." Sussurrou ele, sorrindo de lado, sem sequer abrir os olhos e eu deixei escapar uma risada baixa.

"Essa é sua maneira de dizer que sou seu melhor amigo?"

"Não." Balbuciou então, a certeza de que cederia ao sono em breve. "Eu tenho um melhor amigo. Você é meu... namorigo."

"Sou?" Eu questionei por fim, sem precisar de mais nada, mas ele não me respondeu. "Jun?"

Eu sorri para mim mesmo, conformado com aquilo, de que podíamos ser aquilo, significasse o que significasse.

Em suma, era exatamente aquilo. O que quer que fosse que Jungkook dissesse, quisesse e fizesse seria, de qualquer uma das maneiras, o que eu teria de aceitar.

Descobrir amar Jungkook não fora uma caminho fácil e muito menos recente, e depois de tudo o que eu queria era que ele fosse realmente feliz e isso levava uma parte de mim junto com ele, fosse a sua decisão de sermos unicamente amigos ou a possível decisão de um dia ter de me afastar dele por sua vontade.

Era complicado no fim, como tudo o que já tínhamos feito um pelo outro e especialmente um ao outro. Estivemos lado a lado por tanto tempo, às vezes estávamos lá nos momentos mais difíceis e às vezes não. Mas éramos nós, seríamos nós até o fim.

O que é melhor do que amar alguém com o qual podemos ser nós, afinal?

Eram sete da tarde quando Jungkook adormeceu, os últimos raios de sol entravam  pelo quarto através da janela, e agora já não havia nenhum. Era de noite, o horário de visitas já tinha acabado, a enfermeira já tinha deixado o jantar de Jungkook ali, caso ele acordasse, mas já tinham passado duas horas desde então. Eram nove e meia quando a mãe dele ligou e eu atendi, dizendo-lhe que nada tinha mudado desde então e garantindo que eu ficaria ali pela noite e ela devia descansar.

No entanto, depois de tudo quem não conseguia pregar olho era eu.

Não era nenhuma dor física para além do desconforto no ombro, devido à força com a qual embatera no carro, e também não era nenhuma dor interior.

A coisa era que, preocupação com Jungkook, mesmo o tendo ali tão perto, não faltava. Mas era isso que não me deixava dormir?

Eu tive que deixar o quarto por uns minutos, caminhando pelos corredores escuros, as luzes apagadas pela noite, até um pequeno hall no meio do corredor, com mesas e cadeiras em frente de um pequeno bar de snacks que por aquela hora estava fechado e vazio.

Eu me sentei numa das cadeiras, suspirando antes de puxar o celular do bolso e discar o número de alguém pelo qual estava arrependido.

"Me desculpe se eu fui egoísta hoje." Eu declarei assim que o meu celular vibrou na minha mão, mostrando que a ligação estava ativa entre nós.

"Você me ligou para isso? Essa hora?" Taehyung chegou a rir daquilo, e eu sorri, entendendo que estava tudo bem. "Eu quem não devia ter te perguntado sobre no meio de uma situação como aquela." Esclareceu ele, e honestamente era um pouco do que eu pensava, mas eu podia ser o único não vendo que estava tão preocupado com Jungkook que nem quisera conversar com o meu amigo sobre os seus problemas. "Como está Jungkook?"

"Ele está dormindo agora." Em alívio, eu suspirei, deixando as costas caírem contra a cadeira e escorregando nela até encostar a nuca nas costas dela. "Aquela teoria sua de eu estar me matando?"

"Sim."

"Eu estou." Confirmei de uma vez, cedendo a vitória. "Eu totalmente estou, Taehyung."

"Amigo, e eu não sei?" Ele voltou a rir, falando baixo o suficiente para que eu soubesse que algures perto dele estava Yugyeom, dormindo. "Você só tem um problema."

"Qual é?" Perguntei eu, interessado sobre qual seria apontado daquela vez.

"Você está nas mãos de alguém que está nas suas."

"O quê?"

"É isso mesmo." Convicto, agarrou-se àquela ideia. "Você não fará nada porque quer ele perto, então você simplesmente vai e vai e deixa ele te dizer que vocês não devem se beijar, tocar, transar. Mas vocês não são de ninguém, nenhum de vocês está disposto a encontrar outra pessoa."

"Porque não vivemos a nossa vida em busca de um amor."

"Pois não, de que vale procurar algo que já tem?"

Eu fechei os olhos, todo o ar em mim escapando pela boa e narinas, a outra mão esfregando os olhos entre o polegar e o indicador.

"Se você for a ver, vocês dois estão fazendo o mesmo, sem se querer perder, mal sabendo que já esta-"

"Perdidos um no outro." Eu completei, porque não era a primeira vez que ouvia aquilo. "Isso faz algum sentido." Admiti por fim.

"Se eu fosse a você, eu fazia algo."

"Você é eu e não está fazendo nada."

"É diferente, ok?"

E não era sempre?

"Yug é apaixonado por você e isso o deixa triste." Eu comentei, sabendo sobre fazia algum tempo. "Sabe do que isso me lembra? Pois é, Tae, nós dois somos uns fodidos de merda nessa coisa."

"Talvez eles devessem nos largar e ficar juntos."

"Cala a boca, cara." Mandei, repudiado com a ideia. "Não precisa tocar na ferida."

Ele voltou a rir, tão ciente quanto eu de como agora tudo parecia uma ideia tão ridícula, mesmo que no início quase fosse um pesadelo que parecia tão real.

"Esse é o ponto, Ji." Retomou ele, parecendo encontrar um novo ponto naquela sua demanda. "Você jura a pés juntos que você e Jungkook eram um nada, mas aqui está você, desde o início preocupado que Yugyeom e Jungkook realmente pudessem estar apaixonados um pelo outro. Isso é tão interessante."

Eu acabei engolindo em seco, apanhado naquela armadilha, sem saber como responder ou absorver.

"É que..." Eu cheguei a tentar, desesperado que algo bom saísse.

"Só faça algo."

"Não posso fazer nada."

"Beija ele! Eu sei lá. Chega lá e BAM! Fala que não dá mais... Fala que está na hora de vocês dois pararem de ser uns bebês chorões e ficarem juntos."

"E se ele não quiser? Cara, ele pode me agredir. Eu ia merecer, você sabe."

"Você não tem realmente medo que ele te dê um tapa." Apontou ele, certeiro. "Ou um soco."

"Se ele me dá um soco eu morro, você já pensou? Onde que ele pega a força dele?"

A tentativa era fraca, embora Taehyug quade caísse nela. Quase.

"Ya, você já viu quando ele- Não tente mudar de assunto, cacete!"

Eu acabei rindo alto, arrependido pelo ato quando a minha risada ecoou pelo lugar e me fez aperceber de onde eu realmente estava.

"Tae, foi bom conversar, mas eu... É melhor eu ir, agora." Avisei, ficando de pé devagar e em passos lentos retomando o caminho para o quarto.

"Vai mesmo ficar aí a noite toda? Sem conseguir dormir?"

"Eu não te disse que não conseguia dormir." Especulei eu, relembrando todas as minhas palavras até ali trocadas com ele.

"Até amanhã, Jimin."

Eu parei em frente do quarto, no meio da escuridão, a ligação terminada e um sorriso no rosto.

Se não fosse por Jungkook, Taehyung e eu não seríamos próximos, provavelmente. Porque, inevitavelmente, tudo começou entre nós quando Jungkook surgiu e ambos tínhamos carinho por ele. Querendo ou não, mesmo nos conhecendo ja há algum tempo, foi aquilo que acabou por nos unir, apenas mais uma das coisas boas que Jungkook trouxe consigo.

Ele ainda dormia, e pelo resto da noite seria mais daquilo. Eu e ele, ali, os dois, juntos em um momento difícil e assustador.

Embora Jungkook estivesse com o rosto magoado, ele ainda dormia como um anjinho, como todas as vezes dormia. E embora, por vezes, tivéssemos dormido juntos em situações estranhas, ou mesmo que ele fizesse caretas de vez em quando, resmungasse e se babasse, ele ainda continuava lindo.

A manhã seguinte, no entanto, foi uma surpresa para mim, porque quando eu ergui o rosto amassado de dormir contra o colchão, o quarto estava em silêncio, embora estivesse tudo menos vazio.

O único som era do cereal na boca de Jeon Jungkook sendo mastigado, de forma quase furiosa, e quando eu esfreguei os olhos e ergui o rosto, eu os vi a todos.

"Ei..." Eu resmunguei, ali perto de Jungkook, mostrando-me acordado, e Jungkook virou-se para mim, parecendo energético e feliz.

"Ei!" Ele exclamou, o nariz enrugado em um sorriso e a boca cheia de cereal. "Os rapazes vieram!"

E naquele momento, Jungkook não era nada menos do que alguém importante para todos nós.

Aqueles costumavam ser os meus amigos, e eles não eram dos mais chegados devido às más escolhas da vida, mas agora estávamos ali os oito e não existiam mais os meus amigos ou os amigos de Jungkook. Era bonito.

"Que bom, baby." Eu respondi, sorrindo também, no entanto atordoado porque afinal todos estavam ali e eu estava dormindo até então.

"Jungkook deu uma de super-homem e te protegeu?" Perguntou Min Yoongi, perto de mim, pousando uma mão no meu ombro e pegando a minha atenção. "Porque eu estou vendo que o pobre coitado é o único magoado."

"Eu estou bem." Assegurou ele, e a verdade é que ele parecia melhor agora, sentado, comendo, sorrindo. "O carro bateu do meu lado."

Eu comprimi os lábios, sem me querer lembrar, e como se soubesse Jungkook olhou-me alarmado, junto com Taehyung.

"Ya, mas o nosso Jungkookie é forte como o Hulk, vocês sabem."

"Ew!" Eu e ele guinchamos ao mesmo tempo, quase enojados pela comparação de Hoseok.

"Se eu vou ser alguém, pelo menos me dê o homem-aranha, ou o homem de ferro..." Balbuciou ele, inconsciente de como aquilo o deixava infantil e me dava vontade de lhe apertar as bochechas e nunca mais largar.

"Eu começo a perceber que me desloquei aqui para nada." Seokjin resmungou então, todo sonolento, encostado na parede ao lado da cama. "O seu Jiminnie está cuidando de você e você parece ótimo. Eu fui, francamente, enganado." Comentava ele, e quando eu senti os meus olhos brilharem por uma coisa como aquela foi quando Jungkook me olhou e concordou com um aceno, afegando os cabelos da minha nuca.

A coisa era que, embora eu tentasse demonstrar o quanto ele significava para mim, eu tinha a noção de que muitas das vezes eu acabava por não o fazer.

"Vocês estão aqui há algum tempo..." Jungkook coçou a nuca, querendo recordar-se do tempo exato. "E eu estou realmente bem! Vocês podem ir."

"Arrr, me deixem com, cof cof, Jimin, nem preciso de, arr, vocês."

Yugyeom e Taehyung foram os primeiros a rir daquilo, enquanto, convicto, Namjoon achava estar ditando uma verdade suprema.

"Uuuh, me deixem com, cof cof, Jimin, nem preciso de, arrrrranja uma vida!" Eu exclamei, a voz três tons abaixo, esganiçada, e Namjoon acabou arregalando o olhar antes de soltar uma risada alta.

Eu acabei negando com a cabeça, rindo-me sozinho daquilo também e ficando de pé logo depois, esticando os braços e a coluna, espreguiçando-me.

"Eu levo vocês." Explicitei eu, sorridente, uma mão apontando a porta, e então todos acenaram a Jungkook, dizendo-lhe coisas engraçadas e despedidas calorosas.

Eu os levei pelo corredor, apenas Hoseok, Namjoon, Yoongi e Seokjin, e como aquele ainda era o piso das urgências, nós estávamos relativamente perto da saída, tornando o caminho curto. No entanto, paramos todos do lado de fora, fosse eu checando como estava o tempo ou os meus amigos esperando algo.

"E aí, você está mesmo bem?"

"Isso é preocupação, Yoon?" Eu provoquei, enfiando as mãos nos bolsos e olhando o céu mais uma vez tentando perceber se choveria.

"Você não podia ser um desgraçado para sempre, não é?" Seokjin apontou, e eu sentia que uma conversa muito maior do que aquela estava por vir.

"Pelo menos o pessoal curte de Jungkook e podemos aguentá-lo para o resto da vida."

"Hum...." Eu resmunguei levemente, trocando olhares com todos naquele círculo chegado. "Vocês sabem que eu e Jungkook, nós não... Estamos junto, certo?"

"Oh, amigo..." Hoseok pousou a mão no meu ombro, sorridente. "Nós sabemos."

"Também sabemos que nunca mais se vão largar." Namjoon concluiu.

"Foi só um acidente, do que vocês estão falando..."

"A gente te conhece." Foi Yoongi quem quis terminar aquilo, o tom conclusivo. "Você não tem ido nas trezentas mil festas que te convidam, você não tem curtido mais a vida como costumava, e, você pode ir em frente e me dizer que foi pelo que aconteceu, mas nós não somos burros, não, não."

"Ok, mas o que isso prova?"

"Você sabe o que isso prova, não sabe, Ji?"

Eu acabei suspirando, depois sorrindo interiormente e por fim os olhando uma última vez.

"Vocês criaram um complô contra mim ou assim? Eu nem pude me preparar!"

Eles acabaram rindo daquilo e sem saber nós nos despedimos ali, no entanto, depois de tudo, eu não pude voltar para dentro.

Talvez Taehyung estivesse certo. Talvez eu precisasse realmente fazer alguma coisa.

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