3 ♻ mr. Park ♻

. . . c o n t i n u a

''Não é Jimin que quer falar com você. É o pai dele.'' Taehyung murmurou, com a cabeça baixa, e eu o olhei de lado, sem me mexer sequer, porque aquilo podia ser uma dedução de Taehyung, mas não era, não era porque ele tinha aquele tom de quem lamentava me dizer aquilo só agora, e quem tem esse tom é porque o sabia antes.

O homem à minha frente acenou, confirmando a afirmação do meu amigo, mas eu nada fiz, não podia fazer nada, porque agora as coisas faziam mais sentido, desde a insistência recorrente à tentativa de Taehyung me afastar da situação, tão bem explicado agora.

''Mas Jimin não quer, não é?'' Eu perguntei ao loiro, um riso cínico escapando dos meus lábios como se eu não tivesse muito controle, e ele negou com a cabeça, quase aflito. Eu queria saber mais, queria saber muito mais, porque questões não paravam de aparecer, como pop-ups em um site ilegal, o que era engraçado, porque era como se Jimin fosse um intruso na minha cabeça. ''Me desculpe.'' Eu murmurei então, virando costas ao homem e caminhando do lado de Taehyung, todo o caminho para trás.

O loiro estava calado, porque honestamente ele sabia que aquela não era uma boa situação, afinal Taehyung tinha escondido aquilo de mim, era óbvio, era tão óbvio que, desde que o conhecera, Taehyung estava calado.

''Senhor Jeon.'' O homem insistiu, chamando-me, e eu parei, de lado, olhando-o, os meus olhos quase fechados, o sol na minha face, e Taehyung continuou a andar, como se soubesse que aquilo não levaria muito tempo. ''O senhor Park só quer lhe dar uma palavra.''

Tomado pela curiosidade, ou talvez pela ideia de contrariar os quereres de Jimin, eu acenei uma vez, engolindo em seco, e o homem acenou também, como se agradecesse por eu aceitar.

''Ok.'' Eu murmurei, voltando a caminhar para o lado do loiro, que me olhou, esperando algo, mas eu não lhe daria, afinal ele também não tinha feito o mesmo comigo.

Foi um caminho tenebroso, porque as coisas estavam tão claras, mas a ser mantidas no escuro, e eu me sentia enganado, porque não era nada demais, mas queria dizer tanta coisa que eu não estava pronto para assimilar.

E então Taehyung achou que era um bom momento para começar uma conversa, sem saber que era o pior.

''Jungkook, me desculpe, Jimin apa-''

''Achei que éramos amigos, agora.'' Eu comentei, baixo, mas Taehyung simplesmente parou de falar, de andar também, e eu o olhei, desapontado, até porque ele não sabia de quê que eu falava. ''De verdade, Tae, achei que tínhamos passado essa fase de escondermos as coisas.''

''E passamos!'' Ele exclamou, atrapalhado, e eu só segurei as alças da minha mochila, esperando algo mais que não fosse aquilo. ''Jimin é meu amigo também, você sabe...''

''Por acaso não sei.'' Respondi, e ele arregalou o olhar, chocado. ''Não sei se são amigos ou se são mais. Nunca ninguém me disse.'' E sacudi os ombros, como se não fosse nada.

''Jungkook!'' Exclamou, como se aquilo fosse alguma novidade, segurando os meus ombros com pressa, me abanando, numa tentativa tão chula de me fazer largar aquilo. ''Foi difícil, ok? Jimin me implorou! Ele realmente... Ele joga muito sujo, você sabe, Jimin joga sujo.''

Eu acabei arregalando o olhar, soltando as mãos dele de mim, caminhando com pressa para longe dali, porque pensar em Jimin jogando sujo com Taehyung da forma que jogava comigo me dava náuseas.

''Jungkook!'' Gritou, sem esperar aquilo, correndo atrás de mim e me puxando, me deixando mais irritado. ''Me deixe te contar. Me deixe te dizer como foram as coisas, pelo menos.''

Parei mais uma vez, mesmo que com medo de realmente saber, mas parei, porque não conseguia não saber, infelizmente isso ditava coisas sobre mim que eu não queria, mas parei.

''Jun...'' Suspirou, e a fim de tudo eu sabia que ele não queria me contar, mas iria. ''Jimin me ligou ontem. Disse que suspeitava que o pai dele estava querendo falar com você, me pediu para eu não deixar isso acontecer, mas não me disse porquê.''

''Ok, Tae.'' Eu murmurei, acenando uma vez, voltando a segurar a mochila dos dois lados, pelas alças, o capuz agora sob os meus cabelos. ''Até depois.'' Eu disse por fim, seguindo o restante caminho até casa.

Era ensurdecedor saber que havia algo ali, havia algo que Jimin não queria que eu soubesse, ou algo que ele não queria que acontecesse, e mesmo que eu ainda não estivesse perto de entender o porquê de o pai dele querer falar comigo, insistir tanto nisso, eu tão pouco entendia o desespero de Jimin em impedir tal de acontecer.

E não era realmente justo com Taehyung tratá-lo assim, porque era como ele dizia, eu conhecia Jimin, sabia do que ele era capaz, e Taehyung e ele eram realmente amigos, provável que fossem à mais tempo do que eu e ele, então talvez o Kim não tivesse muita culpa, mesmo que apesar de tudo e depois de tudo ele escolhera ajudar Jimin e, também talvez, na sua cabeça desmiolada ele só quisesse manter Jimin fora da minha vida tanto quanto o outro me parecia querer longe da dele.

Havia que se compreender.

Ao entrar no restaurante e ao ver quem eu não tinha muita vontade de aturar, a minha vontade foi de sair mais uma vez, mas a minha mãe foi mais rápida do que eu, acenando para mim de trás do balcão e a garota sentada em frente ao mesmo virou-se, olhando-me, sorrindo-me e acenando-me. Obrigado, eu lá caminhei para perto das duas, no entanto, tentando demonstrar o que não se via, eu passei para o interior do balcão, pousando o braço sobre os ombros da minha mãe e beijando-lhe a face.

''Aqui de novo, Aurora.'' Eu declarei, tratando-a pelo nome que eu sabia que ela não gostava, reticente sobre a recente vinda contínua dela ali, mas um sorriso cínico deixou os meus lábios quando a minha mãe acotovelou a minha cintura, fazendo-me grunhir e à garota rir.

''Oi, Jeon.'' E rolou o olhar, sorridente. ''E é Mô.'' Corrigiu por fim, levando-me na brincadeira e eu acenei uma vez, como se concordasse ou tivesse cometido o erro despropositadamente.

''E eu estou de saída.'' Eu resmunguei depois, abanando os cabelos da minha mãe de forma brincalhona, mas a mesma tentou me acertar com o pano de mesa, me repreendendo pelo ato.

''Jungkook.''

Foi quando ia deixando o restaurante que me chamou, a voz mansa, e eu olhei a minha progenitora, dúvida estampada por todo o meu olhar, porque não me chamava daquela forma muitas vezes. 

''Aconteceu alguma coisa, hoje?'' Perguntou-me, a mão de encontro à minha bochecha, afegando-a e acarinhando. Eu estreitei o olhar, confuso pela pergunta, depois deixando os meus lábios partirem-se em dois, entendendo.

''Taehyung te ligou?''

Ela negou subtilmente, confusa sobre a minha pergunta também.

''Você só parece mais... Não sei querido, parece mais você.''

''Pareço?'' Eu murmurei, ainda confuso, segurando a face dela também. ''Está tudo bem, mãe, não mudou nada.''

Não era verdade, mas não era mentira.

''Bom, conversamos depois.'' Ela assegurou, desconfiada, e eu acenei uma vez, concordando e saindo logo de seguida, afinal eu tão pouco queria conversas com quer que fosse naquele momento.

O ideal estava apenas a metros acima, tinha uma cama e tinha escuridão, e por mais sombrio que isso soasse, era isso que eu precisava: Deitar-me na minha cama, a luz apagada, os estores baixos, e uma música boa o suficiente que me fizesse ver tudo, mas não pensar em nada.

No entanto, por mais uma das vezes daquele dia, eu não poderia fazer isso.

Na porta de minha casa, enquanto discutia comigo mesmo o porquê de a chave não querer entrar na fechadura, um arranhar de garganta foi ouvido e eu segui o som, o molho de chaves caindo da minha mão, atrapalhado, quando vi alguém que eu não esperava ver tão cedo.

''Olá, Jungkook.'' Foi o que ele disse, sério, as mãos nos bolsos das calças largas e de tecido fino e um sorriso meio singelo no rosto. ''Acho que podemos finalmente conversar.''

''Claro, senhor Park, eu...'' Atrapalhado eu me abaixei, apanhando as chaves do chão, no processo a minha mochila escorregou das minhas costas, me levando ao desequilíbrio, e depois finalmente eu fiquei em frente do homem, a postura direita e a alma envergonhada.

''Me acompanha?'' Ele pediu, já inclinado para um dos lados da rua, e eu acenei, engolindo em seco. ''Me perdoe pelos aposentos, Jungkook, mas cansado de andar em carros e ficar em lugares fechados estou eu.'' Explicou, e eu voltei a acenar, com pouca fala, sem entender toda a simpatia proveniente de alguém que nunca me tratara com tal. ''Então, está tudo bem?''

''Sim e com você?''

Ele finalmente riu de mim, o que já estava tarde, mas então eu entendi.

''Vai estando.'' Respondeu-me, ainda rindo, mas não era um riso de troça, era como um riso de compaixão, e querendo ou não, Jimin saía ao pai nesse aspeto. ''Suponho que já saiba que o meu filho não está muito confortável com esta nossa conversa.''

''Sei.'' Confirmei, sacudindo os ombros, querendo mostrar que não me importava com tal, mas eu também não sabia que mais tipo de coisas o homem sabia, afinal, Jimin já mostrara mais do que uma vez que não era honesto com a família.

''Bom.'' Ele tão pouco se parecia importado com aquilo também. ''A verdade é que eu preciso da sua ajuda.'' Começou, solene, olhando-me, mas eu nem disse nem fiz nada, afinal não aceitaria tal coisa sabendo tão pouco dela. ''Desde que vocês dois perderam contacto que Jimin... Bom, como eu lhe digo isto? Jimin não tem sido o mesmo, tem passado por coisas más.''

Não sei quem é Jimin, senhor, me perdoe.

''E então?'' Perguntei, sem ter a certeza de que eu queria saber mais.

''Jungkook...'' Suspirou, como para mostrar a seriedade. ''Jimin está indo mal no curso de dança.''

''Ah.'' Eu deixei escapar, ainda sem entender muito, mas lembrado que aquele homem não era alguém que apoiasse Jimin nesse assunto, pelo menos não antes.

''E ele não tem ninguém que vá passar por coisas como essa com ele.''

''Eu lamento, senhor. Não sei se alguma vez fui essa pessoa.''

''Eu sei que foi e você sabe-o também.'' Declarou rápido, como se já esperasse aquilo vindo de mim. ''Por semanas, Jungkook, por semanas o meu filho ignorou a morte da avó e eu acho que era-''

''O quê?''

c o n t i n u a . . .

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Malvada? Nem sou

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