Sentimentos Escondidos.

"Talvez um livro não mude o mundo, mas ele ainda pode deixar algo de bom no coração de alguém."
- Romance Is A Bonus Book.

Dylan.

Eu tive vontade de acabar com o Eduardo, de bater muito nele, pensar que ele esteve em um relacionamento com a Melinda e a tratou da pior forma possível é algo que não entendo e não suporto, como ele poderia fazer esse tipo de coisa com uma garota? Com a menina que ele devia proteger e amar, mas tudo o que aquele idiota fez foi pressioná-la e espalhar para seus colegas a intimidade de sua namorada, isso não era amor, Eduardo nunca amou Melinda, quem ama não faz esse tipo de coisa, não age como um moleque cafajeste. Ele nunca a mereceu, eu nunca fui de brigar com ninguém, mas por Melinda eu estava disposto a isso, mas ela não queria que eu sujasse minhas mãos por causa do Eduardo, eu custei a entender, mas resolvi respeitar sua opinião, ela não queria e eu não queria magoá-la, mas se ele continuasse a incomodando, eu contaria a algum adulto responsável, não vou permitir que ele a prejudique mais.

Não tive tempo de conversar com Ana a respeito do que Melinda havia me dito, por isso, marquei com Ana na rua, especificamente em uma praça próxima a minha casa, no período da tarde. Assim que ela chegou, me cumprimentou com um abraço, me senti um pouco desconfortável em ter que falar sobre tal assunto, mas era necessário, era algo sério demais para ser ignorado.

- Ana, eu te chamei aqui porque queria conversar com você a respeito de algo muito sério...

Ela me olha de forma curiosa e sorri logo em seguida. - Seja o que for, pode me dizer.

- Ficou sabendo do desmaio da Melinda? - começo, não fazia ideia de como iniciar aquela conversa.

- Sim, a escola toda ficou sabendo.

- Ela teve uma crise de ansiedade devido a ter escutado a conversa de algumas garotas dentro do banheiro. Nessa conversa, uma das garotas disseram que uma garota chamada "Ana" disse a elas que a Melinda disse que Melinda havia me traído no colégio com o Eduardo... Por um acaso, foi você que falou sobre isso?

- O quê? Você acha mesmo que eu seria capaz de algo assim? Pensei que fossemos amigos, Dylan. - ela diz de forma ofendida.

- Eu não te conheço direito Ana... Precisa entender o meu lado, eu só quero tirar as coisas a limpo.

- É você que desconfia de mim ou a Melinda?

- Não importa agora, nós dois queremos saber quem começou esse boato.

- Não foi eu, Dylan! Quais motivos eu teria para fazer algo assim? - ela grita, estava bem alterada.

- Eu não sei... A Melinda acha que você gosta de mim.

- Ah... Claro, a Melinda! Eu sabia que era ela! Aí está o ponto, não percebe que ela sente ciúmes de você? Ela está se sentindo ameaçada por mim! Mas eu não espalhei boato algum, e sim, é verdade que eu gosto de você, mas eu jamais faria esse tipo de coisa! Eu não jogo sujo.

Eu não esperava que ela fosse admitir seus sentimentos por mim. - Se não foi você, tudo bem, me desculpa pela desconfiança, irei embora agora, obrigado por vir. - eu disse, mas ela segurou meu braço, me impedindo de ir.

- Ei... Não vai falar nada? Eu disse que gosto de você...

- O que quer que eu fale? Você sabe que eu amo a Melinda, ela é minha namorada.

- Não precisa ser grosso.

- Eu não quis parecer grosso, me desculpe se foi a impressão que eu causei. Eu só não quero que você entenda errado e que a Melinda entenda errado também.

- Você vai deixar de ser meu amigo por isso? Por eu gostar de você? Por a Melinda me odiar?

- Não, eu não vou deixar de te tratar bem por nenhuma dessas coisas, eu só preciso que você entenda que a Melinda é a minha namorada, a garota que eu amo, então, não crie falsas esperanças em mim, eu só vou te tratar como um amigo, mais nada que isso. Agora preciso ir, desculpa mesmo por isso. - eu digo, um pouco desconfortável, mas era o que eu precisava dizer. Ela não diz mais nada, apenas me observa ir com os olhos marejados, sinto que destruí o coração dela, mas era o que precisava ser feito, eu amava Melinda e devia respeito a minha namorada.

Na manhã seguinte, no colégio, um pouco cedo, estava sozinho até que Márcio chega e se aproxima, ele me cumprimenta com um abraço. - Os outros ainda não chegaram? - ele perguntou.

- Não, sabem como eles são, sempre se atrasam...

- Sim... Só nós dois que costumamos madrugar... - ele diz e ri em seguida.

- Pior que é verdade amigo. E como estão as coisas? Gostando de alguma garota? - resolvo perguntar, desde que nos tornamos amigos, ele nunca contou sobre nenhum interesse amoroso, sempre foi o mais fechado do grupo, mais na dele, percebi que ele quase nunca falava dele, só sobre nós.

Ele fica sem jeito e começo a me arrepender de ter perguntado. - Tenho sentimentos por alguém sim... ele disse com certa dificuldade e o rosto corado.

- Sério? Que legal, e quem é a sortuda? - pergunto alegremente.

- É... É um garoto. - ele responde.

Nunca havia passado pela minha cabeça que ele gostasse de garotos, talvez seja por isso que ele nunca fala nada sobre relacionamentos. Ele não confia nos seus amigos? Tem medo de que o tratemos de forma diferente?

- Eu não sabia Márcio, me desculpe. Mas quem é o garoto de sorte? - tento o acolher, mostrar que eu respeitava sua sexualidade.

- Você não está pensando o pior de mim? Pode me dizer como se sente.

- Por que eu pensaria algo ruim sobre você? Por causa da sua sexualidade? Eu não sou preconceituoso Márcio e você é meu amigo, nunca te tratarei mal, nem eu e nem os outros. Eles sabem?

Ele suspira fundo antes de me responder, noto que conversar sobre isso o incomodava. - Não, eu nunca contei a eles. Mas pode ser que eles desconfiem... Eu tenho medo de suas reações, por isso nunca me abro.

- Espero que a partir de agora você possa se abrir conosco e para o que precisar pode contar comigo, não se sinta sozinho, você tem a mim e aos outros, somos seus amigos, amigos servem para isso, não se esqueça.

- Obrigado, amigo. Irei tentar contar aos outros...

- Sem pressa, faça no seu tempo. Mas e aí? Não vai me dizer quem é o cara de sorte?

- É você, Dylan. Nunca percebeu nada? Gosto de você já faz um tempo e não consigo deixar de sentir isso, eu tentei parar, te esquecer, mas toda vez que você se aproxima de mim e abre esse seu lindo sorriso... Eu sei que você não é gay. Sei que namora e ama a Melinda e isso me deixa louco, por que eu tive que gostar de um cara que não me corresponde? - ele termina de dizer, seu rosto está muito corado e sua respiração estava acelerada, pude notar o quão dificil foi para ele se declarar a mim, eu fui pego de surpresa, não imaginava que ele gostasse de mim, seu amigo.

- Desculpa Márcio... Eu nunca percebi, desculpa mesmo... - eu não sabia o que dizer.

- Não sente nojo de mim? Não está com repulsa por eu estar gostando de você?

- Claro que não Márcio, como eu poderia ficar com nojo do meu amigo? Por causa disso? Você não tem culpa de gostar de mim e eu te respeito acima de tudo. - eu disse, de repente, ele se aproxima de mim com muita rapidez e encosta os lábios nos meus, um selinho, e se afasta logo em seguida, com o rosto envergonhado, eu estava sem reação, foi tudo muito rápido e eu não imaginava que ele fosse fazer isso até vê-lo com o rosto próximo ao meu.

- Desculpa, Dylan... Me desculpa, cara. Eu... Eu perdi o controle, é que você me tratrou com tanto carinho, não sentiu raiva por eu ter me confessado e isso... Mexeu comigo. Eu sei que fiz errado, você está com a Melinda e não me enxerga com os mesmos olhos, esqueça isso. - ele fala rapidamente e sai correndo para longe de mim, sem me deixar responder ou acalmá-lo. Ainda em choque com tudo o que havia acontecido, escuto a voz de Melinda, ela está chegando e corre em minha direção, a mesma pula em meu colo e eu abraço carinhosamente, mas ela percebe que estou estranho. - O que foi? Aconteceu alguma coisa séria? - ela pergunta com os olhinhos brilhantes e apesar de eu não ter correspondido, de não ter sido minha culpa, sinto que de alguma forma eu traí a Melinda, Márcio havia me dado um selinho, isso contava como traição, não é? Eu queria contar a ela o que havia aconbtecido e tirar esses pensamentos de mim, mas era algo pessoal do Márcio, eu não poderia tirá-lo do armário antes mesmo que ele decida sair.

Eu sabia que Melinda não contaria a ninguém, mas e se o Márcio percebesse que eu contei a ela?

E ainda tinha o lance da Ana, que havia se confessado para mim, eu precisava contar sobre isso também.

Naquele momento resolvo contar apenas a parte da Ana, sobre o Márcio eu contaria depois de conversar melhor com ele.

- Ana gosta de mim. Ela se confessou ontem, mas negou que foi ela que espalhou o boato. - é tudo que falo, estava me sentindo o pior namorado mundo, um mentiroso traidor.

- Isso não é uma novidade, eu já sabia que ela gostava de você, eu disse não foi? Mas sei que ela está mentindo sobre o boato, tenho certeza que foi ela. Ana não me inspira confiança. - ela fala de forma emburrada.

- Desculpa, Melinda.

- Você não tem culpa disso, por que está se desculpando? - ela sorri e em seguida e beija a ponta do meu nariz.

Não respondo nada, apenas sorrio, ela logo esquece e me abraça novamente, ficamos abraçados e conversando até o momento em que os outros chegaram, logo depois o sinal tocou e nos separamos para ir para nossas salas.

Entrei na minha sala com a sensação de que eu estava fazendo algo terrível a Melinda, como se eu fosse um canalha, noto o olhar de vergonha de Márcio sobre mim, eu queria poder conversar com ele e dizer que estava tudo bem, e que eu esqueceria aquele beijo, selinho. Mas queria poder perguntar se eu poderia contar a Melinda também, mas não dava para conversar com ele ali, então, me ajoelho de frente em sua mesa e digo baixo para que ninguém pudesse escutar.

- Me encontre atrás da escola na aula de educação física, precisamos conversar sobre o que aconteceu. - é tudo o que falo, ele me olha assustado mas não responde.

Tinhamos educação física no terceiro horário, após seria o recreio, era como dois tempos livres, já que ninguém perdia nota se não quisesse jogar.

Quando tocou o sinal para a aula de educação física, subimos para a quadra normalmente, mas depois de alguns minutos, pedi para ir ao banheiro, para que pudessemos nos encontrar onde marcamos, Márcio desceu segundos depois e lá estavamos nós dois atrás da escola, de frente um para o outro.

- Márcio, quero que saiba que está tudo bem, eu não vou te julgar pelo que fez, sei que não foi por maldade, e eu sinto muito por não poder corresponder aos seus sentimentos, você é um garoto muito bom e eu tenho certeza que se eu fosse gay, iria querer você como namorado. Só que eu amo a Melinda e gosto de meninas. Mas tenho certeza que você via encontrar um garoto muito bom que vai te amar do jeito que você merece. Vamos fingir que aquele selinho não aconteceu, e pode continuar conversando comigo como amigo, me conte tudo o que sente, não se feche mais, prometo tenyar te ajudar. Mas... Eu gostaria de saber se você se importa se eu contar a Melinda sobre isso? Sobre seus sentimentos sobre mim e sobre o selinho... Eu estou em sentindo culpado por isso, parece que certa forma, estou traindo ela...

Ele se aproxima mais de mim e sorri, um sorriso fraco, ele segura me meu rosto com sua mão direita. Eu estava pronto para me desvencilhar dele caso ele tentasse algo novamente, mas não queria agir antes de ter certeza sobre o que ele iria fazer, não queria magoá-lo também.

- Você é tão fofo Dylan... Você é puro e encantador, um ótimo amigo e um excelente namorado, eu realmente queria que você gostasse de mim... Mas sei que issi nunca vai acontecer e eu respeito a sua sexualidade, assim como você respeita a minha. Peço desculpas por ter de dado aquele selinho... Eu não devia ter feito aquilo. Mas foi ótimo pode sentir um pouco do seu lábio no meu, não vou mentir... Enfim, me desculpe se compliquei as coisas para você. Eu te amo muito e não quero perder a sua amizade por causa dos meus sentimentos... É claro que você pode contar a Melinda, espero que ela não fique com raiva de mim por ter tirado uma casquinha do namorado dela. - ele termina de falar e sorri, mas sua mão ainda estava sobre meu rosto.

- Obrigado, amigo. Eu também te amo, desejo de coração que você seja feliz e que encontre um parceiro que te ame como você merece. - eu digo de coração e o puxo para um abraço. Ficamos abraçados por alguns segundos, até nos soltarmos, Márcio estava com os olhos marejados.

- Não ligue para mim... Eu só estou sendo sensível demais... - ele confessa e ri envergonhado.

- Não sinta vergonha da sua essência, garotos também choram. - falo e sorrio, ele diz que vai ao banheiro lavar o rosto, e eu volto para a quadra, mas quando entro lá, todos me olham enquanto cochicham, alguns estão rindo e outros assustados, não entendo, até que Lucas e Hugo correm até mim e contam.

- Cara! Não sei o que aconteceu, mas essa foto está circulando na página de fofoca da escola, olha... - Lucas fala e me mostra.

Era uma foto minha e Márcio, bem no momento em que ele havia me dado o selinho e haviam outras de nós dois atrás do colégio, de momentos atrás, algumas dele segurano meu rosto e enquanto nos abraçamos.

Olhando para aquelas fotos, parecia que eramos um casal, será que Melinda iria acreditar em tal imagem? Eu não me importava com a opinião dos outros, só estava preocupado com a Melinda e também com Márcio, já que ele seria o mais prejudicado.

Ele não estava preparado para ter sua sexualidade exposta na internet.

- Vocês dois estão tendo um caso? Hugo pergunta.

- Não, não é nada disso o que pensam.

- Então o que é? As fotos estão nítidas, vocês dois estavam se beijando... - Lucas comenta.

- Foi só um selinho. Márcio gosta de mim e me deu esse selinho hoje, foi tudo rápido, eu não consegui me desvencilhar dele, e eu estava conversando com ele atrás da escola momentos antes para podermos resolver essa coisa toda, e tinhamos resolvido, mas alguém nos fotografou e espalhou da pior forma...

- E você gostou? - Lucas pergunta.

- Lucas... Eu amo a Melinda! Acha que eu me senti bem com isso? Eu me sinto um péssimo namorado, e além do mais, péssimo por te ferido os sentimentos do Márcio...

- Foi mal, cara... É que não esperavamos isso, nem desconfiavamos que o Márcio era gay.

- Não o tratem de forma difernete por isso. - peço.

- Claro que não, somos amigos dele. - Hugo diz.

- Sim... Somos. - Lucas concorda e o sinal do recreio toca, se Melinda ainda não havia visto as fotos, iria ver neste momento, eu esperava que ela não acreditasse nasquela imagens, que pudesse esperar por minha explicação, tudo o que faço é correr desesperado até a porta da sala dela, mas ela não estava lá. Alguém me informa de que ela havia ido ao banheiro. Tudo o que me restava naquele momento era esperar que ela saísse do banheiro para explicar tudo, enquanto eu agurdava do lado de fora, vários alunos me olhavam da pior forma possível, me apedrejavam com o olhar, como se eu realmente tivesse traído minha namorada com o meu amigo. Eu esperava que os meninos estivessem junto de Márcio naquele momento.

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