Crise
" Se você pensou em algo para fazer, faça agora. Embora o céu esteja limpo hoje, pode estar nublado amanhã. Você não possui mais o ontem, então faça isso agora. Amanhã pode não ser seu. Seus entes queridos nem sempre estarão ao seu lado. Se você quer dizer "eu te amo", diga agora. Se quiser sorrir, faça agora. Faça isso agora, antes que seu amigo vá embora." - Chicago Typewriter.
Melinda.
Eu estava super apertada! Precisava ir ao banheiro com urgência assim que o sinal do recreio tocasse, dito e feito, assim que tocou, corri o mais rápido que pude, mas antes avisei as minhas amigas. Quando eu estava prestes a sair do cubículo do banheiro, escuto risadas altas, e travo, não sabia o motivo, mas fiquei receosa de sair e algo acontecer, como se eu estivesse com medo das garotas, o que era estranho, eu nunca me senti assim antes, será que tinha a ver com o que eu passei com o Eduardo aquele dia em que ele tentou me agarrar a força?
Eu só não esperava escutar aquelas coisas... " A princesinha da turma D é tão piriguete, ela ficou com o Eduardo enquanto namora com o Dylan, ficaram sabendo do babado? Parece que os dois quase transaram aqui na escola, a Ana que me contou... Pobre Dylan, não sabe a garota que foi namorar..." - uma delas fala.
" Sério? Minha nossa, que garota sem - vergonha, não achava que ela fosse assim, trair o Dylan no colégio com seu ex - namorado." - outra comenta.
" Eu não duvido dos boatos, já que fiquei sabendo que ela transava muito com o Eduardo, ele mesmo se gabava disso com seus amigos, foram os garotos que passarm essa informação."
Depois de escutar essa última garota, sinto meu coração bater cada vez mais forte, começo a ficar com dificuldade de respirar, abri a trava da porta o mais rápido que consegui e vejo as garotas me olharem assustadas e levando a mão na boca, não consigo respirar, tudo fica embaçado no meu campo de visão, e então caio no chão, depois tudo fica escuro.
... ... ...
Acordo dentro de uma sala que parecia muito com a direção, eu estava deitada em um colchão pequeno. Fico sentada e olho ao redor, até que a diretora chega até mim.
- Melinda, você desmaiou no banheiro, algumas disseram que você parecia estar passando mal, como se estivesse tendo uma crise de ansiedade, já lhe aconteceu isso antes? Ou você estava com dor em algum lugar? Precisamos saber, para comunicarmos a seus pais.
- Estou desacordada a quanto tempo?
- Não muito, faz 3 minutos. Ainda é o recreio. Mas poderia me dizer o que causou o seu desmaio? - ela insiste.
- Acho que foi uma crise de ansiedade, é a primeira vez que me ocorre. Não senti dor nenhuma, só dificuldade de respirar, coração acelerado, visão embaçada... Foi isso.
- Algum motivo específico pode ter ocasionado essa crise? - ela olha no fundo dos mues olhos.
- Não. - minto.
Ela suspira fundo antes de falar mais. - Tem certeza? Pode contar se for algo sério, irei precisar comunicar ao seu pai sobre isso, não podemos omitir um desmaio de um aluno, a saúde vem em primeiro lugar. Seus amigos e namorado estão preocupados com você, eles devem estar te esperando do lado de fora da direção.
- Ok, obrigada. - digo, e caminho para fora. Quando chego do lado de fora, Dylan me abraça. - Você está bem? O que aconteceu? Fiquei assustado ao saber sobre seu desmaio. - ele diz com a voz grave, estava realmente assustado, pude notar por seu olhar e senti seu coração batendo rápido.
Me solto aos poucos de seu abraço. As meninas estavam de frente a mim, me olhavam de forma fixa, aguardando por uma resposta minha. - Eu... Tive uma crise de ansiedade dentro do banheiro.
- Por quê? - Verônica pergunta.
- Algumas meninas estavam falando de mim no banheiro, falavam coisas ruins e era tudo mentira... - eu estava tendo dificuldade de falar o que elas haviam comentado.
- O que elas falaram? - Dylan insiste.
Suspiro fundo antes de entrar no assunto que me fez perder os meus sentidos. - Começaram dizendo que eu havia traído o Dylan com o Eduardo aqui no colégio, que eu quase transei com o Eduardo e que eu era uma sem- vergonha, falaram também que foi a Ana que estava comentando sobre isso, não especificaram qual Ana, mas acho que foi a Ana da sala do Dylan, e no final... Disseram que o Eduardo falava que na época em que namoravamos, nós dois... faziamos muito sexo, e isso junto com tudo o que escutei me causou uma crise de pânico. - termindo de dizer, estava tentando ficar calma.
- Eu não acredito que o Eduardo teve a cara de pau de espelhar intimidades de um casal para seus colegas... Vou matar aquele garoto! - Isa grita, antes que eiu impedisse, ela já estava indo a algum lugar.
- Calma, Isa! Vou atrás dela, Melinda! Conversamos melhor depois! - Verônica diz e vai correndo atrás da Isa.
Dylan me puxa para outro abraço após as duas saírem. - Calma meu amor... Vai ficar tudo bem, eu prometo que vou tirar essa história a limpo com a Ana, e sobre esses boatos, sei que é difícil, mas tente não ligar para eles, eu sei a verdade, sei que minha namorada não me traiu, sei que você não é nada disso que estão comentando, e o Eduardo é um canalha por ter contado esse tipo de coisa a seus colegas... A vontade que eu tenho é de socar muito ele... - ele dizia, enqaunto ainda me abraçava, mas isso foi o suficente para eu me soltar dele.
- Não! Não, Dylan. Eu não quero que você brigue com ele, não quero que você se meta em problemas por causa dele. Ele não merece sua atenção.
- Melinda... Ele tem que pagar por suas atitudes ruins...
- Mas não vai ser você que vai fazer ele pagar. Deixa para lá, o tempo vai fazer ele pagar de outro jeito, pode demorar, mas vai... Eu só não quero que você faça coisas ruins por causa de mim.
- Bater no Eduardo é uma coisa boa.
- Não é da sua personalidade bater em alguém, eu não quero que faça isso por mim. Vamos só tentar esquecer que ele existe, pode me prometer isso? - peço, ele me olha como se fosse uma criança sendo repreendida pelos pais.
- Está bem... Mas não sei se vou conseguir aguentar caso ele faça outra coisa.
- Você deveria se atentar mais a Ana. Se foi ela que espalhou essas mentiras de mim e do Eduardo, siginifica que ela tem um carater ruim.
Antes que ele pudesse dizer algo, o sinal tocou, não falamos mais nada, apenas seguimos juntos até chegarmos em frente as nossas salas, e cada um entrou na sua, antes, ele beijou minha testa e disse que me amava muito, sorrio e isso me da forças para poder enfrentar o restante das aulas.
... ... ...
Quando chego em casa, Marina corre até mim e me abraça, fico sem reação. - Oh... Querida, recebi a ligação do colégio, falaram que você desmaiou devido a uma crise de ansiedade! Como está? Está se sentindo melhor? - ela diz rapidamente, demonstrando muita preocupação.
Ela me solta segundos após terminar sua frase e me olha com um olhar que lembrava o de minha falecida mãe, naquele momento eu senti que ela me amava, isso é tão estranho, como é possível uma mulher amar a filha do marido com outra mulher? Quer dizer, ela não era minha mãe biológica e nem me viu crescer, como era posssível ela se apegar tanto a mim em tão pouco tempo? Será que o desejo que ela tem de ser mãe é tão forte assim?
- Estou melhor. O papai já sabe?
- Sim, eu liguei para ele e avisei, é importante que ele saiba, precisamos te levar em um médico para saber se você está bem de saúde e se realmente for uma crise de ansiedade, precisamos... - ela dizia, até eu a interromper.
- Não preciso de médico, não vai mais se repetir, foi só hoje, eu passei por um susto no colégio e isso ocasionou a crise. Eu sei que estou bem de saúde.
- Mas...
- Por favor, respeite a minha decisão. Eu não quero ir a nenhum médico, diga isso ao papai quando ele chegar. - falo, e vou em direção ao meu quarto, a deixando sozinha.
Assim que entro em meu quarto, sou tomada por um sentimento de culpa, será que eu havia sido muito rude com ela? Eu até que a tratei bem, não foi? Ah... Não importava, eu não podia confiar nela, mesmo que ela me amasse de verdade como filha, e se ela havia sido amante do papai enquanto minha mãe ainda era viva? Eu não poderia confiar nela enquanto não descobrisse sobre isso.
Eu sentia tantas saudades da minha mãe, ás vezes choro a noite quando percebo que eu nunca mais irei vê-la pessoalmente, abraçá-la, ouvir sua voz, sentir seu amor e carinho por mim... Sinto muitas saudades dela, saber que ela se foi para sempre, isso corta ainda mais o meu coração, faz pouco tempo que ela se foi, ás vezes sinto como se não fosse real, como se ela estivesse viva em algum lugar e que fosse voltar um dia para mim, mas eu sabia que isso não iria acontecer, e ter certeza sobre isso é assustador.
A vida é tão inconstante, isso me assusta, um dia você está aqui, e no outro não está mais, nunca pensei que eu fosse perdê-la tão cedo, eu gostaria de ter aproveitado mais ao seu lado.
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