Capítulo Quatro

Capitulo 04


Diogo estava em total encantamento com Helena sentia coisas estranhas com o corpo em somente sentir o seu perfume por mais distante que estivesse, ou vê-la por perto. Sua mãe parecia gostar muito dela que sempre estava lhe ajudando com as lições difíceis da escola e muitas das vezes só para testar seus conhecimentos o pedia para ajudá-la, nem precisa dizer que adorava estes momentos junto a ela. A observava ajudar a mãe com tudo, na parte da manhã nunca a via pela casa, apenas depois do almoço. Uma vez tentou segurar sua mão e quase levou uma tapa, Helena era arisca e sempre que o via aproximar-se buscava um jeito de se esquivar. Não entendia bem o porquê de todo aquele jeito esnobe para com ele, se só queria ser seu amigo. Neste jogo de gato e rato passou uma semana inteira tentando conversar com ela somente os dois, mas ela buscava sempre um meio de deixá-lo falando sozinho ou ignorar. Estava começando achar que não fazia seu tipo ou que ela o odiava por ser quem era.
Decidiu desistir, já que ela não tinha o mesmo interesse que ele. Não podia obrigá-la a nada, embora gostasse de sentir o coração sambando no peito quando a encontrava tinha que ser realista: ela não tinha interesse e ponto final.

Diogo focou em suas terras, com o trator pronto ele seguiu para aradar¹ e plantar as sementes de capim que seu pai comprou, a época de chuva se aproximava e não tinha irrigador melhor para brotar as sementes que a época de chuva. Chamou o pai de Helena que era muito bom em sementes e seu irmão Manoel que estava louco para aprender dirigir o trator. Os três se deram muito bem.

— O senhor é como meu pai, seu Manoel.  Acha que gado é perca de tempo?

— A menino não sei muita coisa sobre isso não, mas ouvir conversas de que tá dando lucro pras bandas de Goiás.

— E aqui vai dar também, pode ter certeza. Um dia seu Manoel, isso aqui vai ser tudo cheio de cabeça de gado. Eu vou ter tanto gado, mas tanto gado que irei precisar de mais terra pra por as cabeças. Pode apostar nisso ai. — Tinha tanto entusiasmos em suas palavras que contagiava todo mundo.

Seu Manoel sorriu e lhe deu um aceno que apoiava sua decisão. Gostava do menino, era uma boa pessoa e o tratava bem. Aliás, todos naquela fazenda eram boas pessoas. Estava gostando daquele lugar, seus filhos eram bem cuidados, sua filha estava se empenhando nos estudos, quem sabe não tinha uma menina formada como o filho dos ricos.

Os três seguiram cuidando da terra, fizeram metade do trabalho em dois dias. O irmão de Helena aprendeu rapidamente a manejar o trator e fazia um bom serviço, era caprichoso como o pai. Estavam no terceiro dia, e os irmãos menores dela também estavam lá, Pedro e Fernando eram dois pestinhas curiosos que falavam pelos cotovelos e queriam saber para que cada coisa servia, lhe dera ótimas informações sobre a irmã e uma delas é que em seu diário que os dois andaram mexendo tinha o nome Diogo dentro de corações junto ao nome dela. Bastou apenas isso para toda sua paixão reacender ainda mais forte. Não era possível que existisse outro Diogo em sua vida, e ao que pode perceber ela gostava sim dele, pegou muita das vezes o admirando escondida, mas estava se fazendo de difícil coisa de mulher que se valoriza e admirava ainda mais aquela garota. Estava mais que decidido quando terminasse todo seu trabalho ali na sua fazenda iria declarar seu desejo para ela, e seja o que Deus quiser.

O máximo que poderia levar era um chute na canela ou no saco.

****

Helena estava completamente apaixonada por Diogo, mas como sua mãe lhe alertou não podia se deixar levar por galanteios dele. Se único refúgio para declarar o que sentia era seu diário. Estava ali em baixo de uma árvore escrevendo sobre como estava sendo.

"Querido diário, hoje em 10 de julho de 1997. Aqui estou pensando nele como nos últimos dias. Não sei explicar porque sinto isso, sei que é errado que não devia estar apaixonada por ele. Como mamãe diz, Diogo é rico e eu sou pobre. O que teria para oferecê-lo? Eu acho que o amor é tudo que uma pessoa pode querer e oferecer a outra, porém como papai diz, amor não enche bucho de ninguém só que papai é severo demais não entende nada disso, não deve nem saber o que é amor. Ainda não dei meu primeiro beijo queria muito saber como é ter os lábios de alguém junto ao meu, sentir o mesmo que minhas colegas na escola dizem sentir, saber como é ser amada, ser cuidada e protegida, mas também tenho muito medo destes desejos, tenho medo de fazer a escolha errada e me apegar a uma pessoa que não me ama, me apegar a uma pessoa que não irá me fazer de seu mundo como farei dela o meu. Queria que tudo isso fosse com Diogo, ele não é como os outros é diferente sinto isso, sei que mal o conheço, mas sei que não estou errada, não posso estar errada.  Hoje ele sorriu pra mim e me entregou uma margarida amarela, dizendo que eu era muito mais bonita que aquela e todas as flores do jardim, achei que iria desmaiar ali em sua frente, mas me fiz de durona. Eu não posso entregar o jogo tão fácil e nem devo. Pelo maldito impulso segurei a flor e joguei no chão indo embora sem olhar pra trás. Por mais que o deseje sei que é um amor impossível, sei que é um amor que jamais irei ter, mas vou continuar com meus sonhos e memórias deste misto de sentimento aqui querido diário.  Diogo e Helena, um amor impossível."

Ela rabiscou seus nomes dentro de um coração e pegou a margarida que Diogo lhe deu mais cedo. Quando ele saiu para o trabalho, Helena correu para o lugar e recolheu a flor que havia sido esmagada pelo solado de sua bota. Algumas pétalas haviam caído. Ela sorriu colocando-a cuidadosa entre as folhas e fechou. Estava absorta a tudo que nem percebeu quando Diogo se aproximava, havia acabado de chegar do trabalho, estava sujo, a camisa rasgada por prender em um arame farpado e trazia em mãos um presente. Um presente que ela desejou muito, porém nunca teve a oportunidade.

— Oi raio de sol. — Sorria como se o mundo fosse perfeito.

Ela pulou assustada, ficando de pé. Envergonhada por ser pega escrevendo em um diário, escondeu atrás de si.

— Estava procurando você. Tenho um presente, espero que goste. Só não vale jogar no chão.

Helena já estava pronta para sair e o deixar falando sozinho quando um grunhido começou a lhe chamar atenção. Diogo sorriu e mostrou o que tinha escondido atrás de si. Um filhotinho de cachorro que se sacudia para descer de suas mãos. Foi impossível não se desarmar vendo aquela lindeza ali doida por afagos.

— Oh, meu Deus! Que lindo. — O pegou de suas mãos e riu quando o cachorrinho lambeu seu nariz animado. — Você é muito lindo, muito lindo mesmo bebê. Qual o nome? — O colocou no chão e sorriu com ele lambendo as botas de Diogo que se agachou e afagou as pequeninas orelhas.

— Ele é seu. Você quem escolhe o nome. — A olhou.

— Meu? — Surpresa o encarou.

— Sim, ele é seu. Porque eu não posso ficar. Papai tem alergia a animais. Ou você fica com ele ou vai pra rua. — Fez uma cara de tristeza.

— Não. Eu fico. Eu fico com ele é muito bebê para ir pra rua. — De joelhos acariciava o pelo brilhante do cachorrinho.

— Então, qual nome ele terá?

Ela enrugou o nariz e pensou por alguns minutos.

—Já sei, Zeus.

— O senhor supremo dos céus e deus da mitologia grega. Combina. Não é Zeus? — O filhote emitiu um rosnado e tentou latir mais só saia grunhido. — Olha, cê vai ter que comer muita ração para latir pra mim pequeno.

— Obrigada. — Sem graça o olhou.

— De nada. — Ficou de pé. Estavam cara a cara agora. —  Adorei seu sorriso, como adorei estar assim com você, Helena. — Com o polegar segurou delicado seu queixo. A mão estava suja de terra, sentiu vergonha disso. — Sem brigar ou fugir de mim como se eu tivesse uma doença contagiosa. Gosto tanto de você, sei que não acredita, mas eu vou te provar que gosto de você mais que tudo.

Ele estava ali tão próximo, seu coração estava tão acelerado que teve medo dele ouvir as batidas. As mãos grandes em seu rosto, se ele a beijasse iria se entregar sem pensar duas vezes. Estremeceu de olhos fechados, quando sentiu os lábios dele roçando aos dela. Sua boca foi coberta pela dele num ímpeto tão forte que assustada segurou seus braços para se segurar e não derreter como um cubo de gelo. Diogo sugou seu lábio, sua língua entrou em contato com a dela, não sabia o que fazer, tinha certeza que estava sendo o pior beijo que ele já deu na vida. Fora apenas segundos ali, mas para ela foi como se a vida toda estivesse passando em câmera lenta. Uma das mãos dele encaixou em sua nuca, puxou-a para mais perto, o beijo estava ficando diferente iria fazer o que ele fazia com ela, e segundos depois ambas as línguas duelavam. Quando Diogo se afastou dela e do beijo com toda certeza estava corada e de olhos arregalados. Não sabia nem qual ação tomar.
Ele sorrindo, lhe deu mais um beijo curto e beijou-lhe as mãos.

— Eu gosto de você, Helena. Gosto de uma forma que jamais gostei de outra garota. Quero te mostrar o mundo. — As mãos alisavam as maçãs de seu rosto. Tinha tanta verdade naquelas palavras. Que não sabia nem como formular uma frase coerente. — Minhas terras estão ficando bonitas, queria te levar lá. Por favor, diz que aceita conhecer?

Helena estava prestes a responder quando sua mãe começou a chamar seu nome.

— Eu tenho que ir. — Agarrou seu diário que Zeus estava mastigando as beiradas, pegou ele e saiu correndo.

— Te espero aqui amanhã as duas. — Gritou quando ela sumiu por entres as plantas.

Diogo ainda estava tentando controlar as batidas de seu coração. Esta seria a sua alma gêmea com toda certeza.

1- Aradar: Abrir sulcos com arado em; lavrar.



Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top