7 - Pizza!
Depois de algumas horas, voltamos para casa. Kat já estava lá, praticando Zumba no Kinect, dançando freneticamente com uma roupa curtíssima de ginástica e os cabelos amarrados. A cena era engraçada, porque ela não era muito boa nisso. Quando olhou para trás e viu eu e Dimitri assistindo o showzinho dela, ambos com cara de gracinha, ela parou imediatamente, com o rosto vermelho.
"Por que não me avisaram que vocês estavam aqui?"
Demos uma risada juntos.
"Estava tão bonita... A cena de você sacudindo e empinando o traseiro.", imitei.
"Você... É uma bruxa, Mitchoff!"
"Não mais que você, Keegan."
Ela colocou uma camiseta descente e foi até à nossa pequena cozinha.
"E aí... como foi?"
"Seu namoradinho, Stephen mandou abraços!", disse com um ar de deboche.
"Vou perguntar para alguém que realmente me leva a sério. Di, como foi?"
Dimitri deu um sorriso e disse entusiasmado:
"Agora sou oficialmente o Sr. Dylan Samberg!"
Batemos palmas e demos uns gritinhos, comemorando feito crianças.
"E agora? Qual é o próximo passo, garotas?"
Kat e eu pensamos, e juntas demos de ombros.
"Não sei... Acho melhor agora vermos um lugar pra você ficar. O mala do Phellix pode descobrir e querer nos ferrar!"
"Mas... Onde, Kat?", ponderei e possibilidade e lugar algum veio a minha cabeça.
Dimitri se manifestou antes de concluirmos nossa linha de pensamento.
"Sem falar o fato de eu tentar descobrir o que houve comigo. Não posso deixar isso cair no esquecimento, meninas. Preciso saber como Sondra viveu todos esses anos sem saber, o real porquê de eu ter desaparecido."
Em tocou em um ponto da conversa que eu não queria que ele tocasse. Kat percebe e interveio, da maneira mais casual que podia.
"Gente, vamos pedir uma pizza? Tudo é melhor de se resolver comendo! Nada como trazer de volta todos os quilos que eu perdi na Zumba, comendo uma bela pizza de calabresa.”
Ligamos a Lion Blatt, a melhor pizzaria da região e pedimos ao senhor Lion para caprichar no queijo. Toda vez que Kat ligava para ele, o saudava com um pequeno “Roar”, debochando do nome do dono. Mas ele já havia se acostumado com a gente. Éramos dos seus clientes, as melhores.
Ligamos a televisão e fomos escolher um filme para assistirmos, antes da pizza chegar. Enquanto eu procurava os filmes com Kat, Dimitri foi colocar uma das roupas leves que comprara no dia anterior. Eu encarava as opções de filmes, alternando os olhares entre as caixinhas dos DVDs e um Dimitri inocente. Sussurrei para Kat, preocupada.
"Kat, vamos pegar leve com o filme. Nada de pôr um Vingadores ou um Avatar pra ele ver logo de cara!"
"Cinquenta tons, pode?", ela mordeu o lábio, maliciosa.
"Você é uma meretriz mesmo, garota!"
"Amo quando você tenta variar as formas de me chamar de vaca, Brendy. ” Kat deu uma piscadinha e aumentou o tom da voz. “Ei, Di... Quer ver Duro de Matar?"
"O que é isso?", ele se jogou no sofá, com uma coberta e eu ri interiormente. Parecia que ele já se sentia em casa.
"Kat eu disse pra pegar leve!", vociferei, depois de espairecer e notar o filme que ela citara.
"Ah pelo amor de Deus, Brenda! É um clássico."
Olhei para Dimitri e tentei convencê-lo.
"Tem barulhos de tiros, Di. Tem certeza que quer ir nas ideias da Katrinne?"
"Bom... Um homem tem que fazer o que um homem deve fazer. Então, vamos lá."
Deitamos com duas cobertas bem quentes. Kat ficou com os controles. Dimitri se sobressaltou logo com o display do DVD.
"Opa! A TV de vocês é colorida", disse admirado com o brilho arroxeado do display.
"Sim... Como nossos computadores.", respondi, sentando-me ao seu lado.
"Acho que não sou homem o suficiente pra isso!", ele estremeceu.
Eu meio que já esperava por isto. Qualquer coisa espantaria ele, nos momentos em questão. Meu deslocado personagem até tentou disfarçar seu assombro, mas não conseguiu. Fiquei preocupada com todas as outras coisas no mundo atual que poderiam por ele para correr. Como constatei um pouco antes de Kat colocar o DVD, Dimitri quase entrou em colapso nas primeiras cenas do filme de ação. Enquanto uma onda de arrepios se alastrava em minha coluna a cada sobressalto de Dimitri, Kat parecia se divertir com a reação constrangedora dele.
"Já chega! Vamos ver Simplesmente Acontece.", levantei, tomei o controle e pressionei o “ejetar”.
"Ah não, Brendy. O filme estava tão bom! O Bruce Willys novo até que era gato!", Kat ironizou.
"Di, você gostou?", gesticulei para ele, em pé diante da TV.
"Sinceramente... Acho que sujei minha cueca nova!"
Não nos aguentamos e rimos os três.
Começamos o novo filme, e dessa vez ele pareceu apreciar muito mais do que o anterior. Admito que achei engraçado ele, um garoto guerreiro que já passou por todos os tipos de males da guerra, gostar de filmes românticos. Mas seria injusto cobrar mais dele depois dos traumas e também vendo o fato de que ele era um rapaz dos anos 40. E, apesar de engraçado, era até que bem fofo.
"Caramba, quase na metade do filme e a pizza não chegou!", Kat rosnou, como um monstro esfomeado.
"Liga pro senhor Lion, Kat.", sugeri.
Assim que ela pegou o telefone, escutamos alguém bater na porta. Surpreendentemente, Dimitri tomou a iniciativa de atender. Assim que a porta se abriu para nós, reconheci a entregadora. Era uma colega nossa, Brizza Morales. Mas, o olhar espantado e lascivo que ela disparou ao encarar Dimitri dos pés à cabeça, me fez querer cravar as unhas em suas artérias.
"Oi... Garotas e..."
"Dylan!", o nome novo saiu como águas correntes dos lábios de Dimitri.
"Oi Dylan, prazer!", disse segurando sua mão e ficando vermelha.
"Nossa, Brizz. Por que demorou tanto?", perguntei, enciumada até demais. E com fome, óbvio.
"Desculpa Brendy. ”, ela finalmente retirou – mesmo que parcialmente – o foco de Dimitri. “É que tá uma loucura lá na pizzaria. Quatro entregadores saíram, reclamando do salário que o senhor Lion dá. Só ficou eu e o Brett."
"Serio? Mas o que houve? Entra e conta!", convidei.
Ela entrou, deixando a pizza na mesa e acendemos as luzes.
"Ele... Tá falindo, meninas. A esposa dele pegou metade dos bens da Pizzaria depois da separação. Ele não sabe o que fazer. Está tentando se reerguer, mas não consegue dar conta da demanda. São só dois entregadores. E temos que revezar entre cozinha e atendimento. Até ele entrou na dança."
De repente me veio a ideia mais brilhante de todas, desde que inventei o Dimitri.
"Brizz... O Dylan é primo da Kat e tá precisando de um emprego e lugar pra ficar. Se ele e nós duas ajudarmos o senhor Lion, o Dy pode dormir na Pizzaria?"
Brizza fez uma careta de surpresa.
"Acho que sim... Não sei. Por que não falam com o senhor Lion pessoalmente amanhã?"
"Ótima ideia! Às cinco, pode ser? Depois da nossa aula?", joguei os dedos, incluindo Kat.
"Perfeito! Vou avisar o senhor Lion!", ela ajeitou a mochila térmica nas costas e se dirigiu a porta.
"Valeu Brizza!", agradeci, como em oração.
"Que isso... Tchau garotas! Tchauzinho Dylan..."
Mas não gostei nada, nada desse tchauzinho.
"Tchau, Tchau, Brizza!"
Quando fechei a porta, disse.
"Tava abusadinha hoje, né?", cruzei os braços.
"Gostou da ideia, Di? Nós três, trabalhando juntos? Porque eu não gostei de nada disso!", quem cruzou os braços desta vez foi Kat.
"Por que, Kat?", questionei.
"Porque eu sou rica. Sendo rica, não preciso trabalhar e não quero!"
"Por favor Kat. Faça isso por mim.... Até eu me adaptar ao serviço e as novas tecnologias, vou precisar de ajuda. Por favor!", Dimitri suplicou.
Ela fez um biquinho. Dimitri deu um pequeno beliscão em seu braço.
"Ai tá! Mas só por um mês e se eu ficar cansada já era, querido!"
"Você é a melhor pessoa do mundo, Katrinne!"
Ele a ergueu e a girou. O que me deixou meio desconfortável, porque eu bem que queria estar no lugar dela.
Meu Deus, Brenda, pare de pensar essas coisas.
"Me coloca no chão, vovô!"
Eles riram, enquanto Dimitri cessava a brincadeira.
"E você, Brendy vai também?"
Suspirei, mordendo os lábios e engolindo em seco.
"Vou... Eu não tenho nada pra fazer de melhor mesmo."
"Você não faz ideia de como eu sou grato às duas. Vocês são as melhores!"
Ele me deu um beijo no rosto. O que me fez corar. E quase desmaiar. Ou... explodir.
“Ok... Vamos terminar o filme aí eu arrumo uma caminha para mim no chão!", o sorriso dele batia de orelha a orelha.
"Não Di... Não se preocupe. Eu durmo com a Kat de novo."
"Até parece que eu vou permitir que uma dama durma no chão por minha causa! Não se preocupe comigo. Já dormi em arame farpado.", um lapso de orgulho iluminou seus olhos castanhos e não pude conter meu sorriso.
"Por que você não dorme junto com a Brenda?"
Dimitri ficou completamente corado e eu lancei um olhar assassino para Kat. Existe alguém mais sem noção?
"Vamos terminar logo esse filme antes que eu esgane essa loira?", encerrei.
Dimitri amou o filme. Kat disse que não é muito másculo ver filmes românticos, mas que poderíamos manter isso em segredo. E eu, apesar da simplicidade da situação, não poderia amar mais tal momento.
Ele arrumou sua cama e se sentou ao nosso lado antes de dormir.
"Vocês têm aula amanhã. O que eu farei enquanto isso?"
Cataloguei todas as ideias que tinha em minha mente. Mas algo melhor surgiu.
"Vem pra aula com a gente amanhã. De lá, podemos ir ver o senhor Lion."
“Eu posso?”, ele hesitou;
"Podemos tudo, Di!", Kat disse, levantando os braços.
"E amanhã tem aula de história da literatura. Você vai amar!", concordei.
"Vai ser ótimo, garotas!" Ele se animou, com aquele sorriso branquinho e contagiante, se deitando na cama de cobertas elaborada em nosso chão.
"Boa noite!", disse por fim.
"Boa noite, Di!", respondi, carregada de emoção.
Ele adormeceu rapidamente. Podia escutar o ritmar de sua respiração. Fiquei lembrando do nosso dia juntos. Das brincadeiras. Por incrível que pareça, meu coração batia mais forte só de ver ele dormir. Ver ele respirando. Seu peito subindo e descendo. Vivo.
Kat se aproximou e sentou em minha cama.
"Gosta dele pra caramba, né Brendy?", ela lia meu olhar melhor do que ninguém.
"Eu? Não... estamos com ele fazem só dois dias, Kat."
"Estamos com ele há quase três anos, Brenda. Você criou ele. Eu li. Conhecemos ele melhor do que ele mesmo."
"Isso é tudo loucura. ”, esfreguei minhas têmporas. “Amanhã, depois da entrevista com o senhor Lion, preciso que distraía ele. Preciso encontrar aquele livro."
"Distrair como?"
"Sei lá! Inventa. Qualquer coisa."
"Com essa você me deve quatro.", ela numerou com os dedos.
"Quatro aonde?"
"Vestido, Phellix, distrair o Di e fazer de tudo pra juntar vocês dois."
"Como assim... Juntar nós dois?", meus olhos saltaram das orbitas.
"Você gosta dele. E muito possivelmente ele gosta de você."
"Não gosto dele! Ele... é que ele... é minha obra prima só isso."
Negação...
"Só mesmo?", Kat sabia quando eu estava na maldita negação. Como um viciado que se recusa a admitir que é viciado.
"Até acho que ele gosta mais de você do que de mim.", encolhi os ombros, deitada.
"Pelo amor, Brenda!"
"Sim... Viu como ele disse que você é a melhor pessoa do mundo?"
"Ele fala isso pra todo mundo. Você viu como ele era sociável, até na guerra. Sempre foi um amorzinho. E o que te faz pensar que ele vai me olhar com outros olhos? Sendo que ele é assim com todos? Não que eu... queira que ele me olhe com outros olhos..."
A quem eu queria enganar?
"Porque a Sondra tem exatamente a sua personalidade, Brendy!"
Kat bateu no ponto que eu fugia mais do que um pecador foge do inferno. Negação.
"Não! Eu não tenho nada a ver com ela..."
"Teimosa, meio lerda, vê o melhor em todos, sincera, doce, meiga..."
"Sincera nem tanto.", admiti.
Se eu fosse, não mentiria para ele sobre tudo.
"Não sou a Sondra. Ele ama só ela. E ele... é só um personagem. Tenho que colocar o pé no chão e consertar as coisas."
"Como?"
"Não sei. Só preciso."
"Mas... Você gosta dele!"
"Boa noite, Katrinne.", me virei, em direção a parede.
Ela se levantou e foi até a sua cama, depois de nossa conversa formada por sussurros.
"Boa noite amiga."
Mas a Kat tinha razão. Como sempre. Eu gostava dele. Sempre gostei... E eu precisava fazer algo para mudar isto.
Capítulo Revisado e Corrigido📌
Bjs Carol
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