Capítulo II: Eu nunca fui do tipo que sai da zona de conforto
Oláaaa, diriças! Tudo bem?
Demorei mais do que o previsto, né? Estava terminando os trabalhos finais da faculdade e tive, nas últimas duas semanas, o tendão do braço inflamado :( estou me recuperando bem!
Nesse capítulo a gente conhece mais das amizades de cada um hehehe espero que gostem ♡
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Você conhece a Hinata Hyuuga?
— Capítulo dois: eu nunca fui do tipo que sai da zona de conforto —
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Tão furiosa que nem deu tempo para os seus coquinhos de Chun Li se ajeitarem direito no topo da cabeça depois do banho, Tenten, mais conhecida como a melhor amiga de nossa Cinderela em potencial, bateu na janela dela às seis da manhã. Várias. Vezes. A casa simples de um laranja desbotado ficava toda em um andar só, com dois quartos, uma sala pequena compartilhada com a cozinha e um banheiro pelo qual Hinata e Hanabi, sua irmã mais nova e geniosa, brigariam muito se não fosse a paz em pessoa. Sim, ela era da paz. Mas, retomando: eram seis da manhã e seu quarto dava diretamente para a rua em que Tenten se encontrava acordadíssima.
— Eu vou matar você e dar pros cachorros do Kiba comerem! Mentira, não vou, mas não é possível uma coisa dessas. Como você não me contou o que tava rolando? Isso é crueldade – choramingou a última palavra, batendo na janela das irmãs Hyuuga.
— Ten! A Hanabi tá dormindo, fala mais baixo – cumprimentou numa semi-bronca ao abrir a janela, olhando de canto de olho para a irmã que tinha colocado um travesseiro na cabeça. Tenten tapou os lábios com as mãos e murmurou um "dixcups" quase inaudível. — Ela já acordou, pelo visto... Mas não o suficiente pra me matar – brincou e fez um bico contrafeito e adorável. Voltou ao foco: — Você viu que horas são?
— Eu vi, é hora da bronca! Sai desse quarto.
— Tá bom, não precisa puxar!
— Essa flanelinha cheia de ursos vai rasgar logo logo mesmo. – Deu de ombros, incentivando que a amiga saísse logo da casa.
Humilhada e com um pijama de infância cheio de ursinhos agarrados em corações, Hinata respirou fundo e pulou a janela baixa, fechando-a antes que Hanabi gritasse com as duas e começasse a tacar alguns mangás de sua prateleira. Hinata sentou no meio fio, agradecendo pelo clima estar ameno. Seus cabelos cobriam as costas inteiras e quase tocavam o chão, parando um pouquinho antes do cós do pijama. Tá legal, talvez não tenha sido uma ideia tão ruim sair de manhã. A rua tinha mais ar fresco do que o quarto abafado que, naquele momento, cheirava ao ronco de Hanabi.
— Sabe como é, a grana tá curta... – bocejou e coçou os olhos com as costas das mãos. — E eu gosto pra caramba desse pijama.
— Se você não fosse tão fofa eu te batia aqui mesmo. – Com as mãos na cintura, Tenten parou de pé na frente da amiga, sem paciência pra falar de finanças ou da infância das duas como vizinhas. — Uma chance pra me contar o que rolou ontem.
Ela franziu o cenho e mordeu o lábio, tentando pensar o que tinha feito no dia anterior que Tenten pudesse:
Ter descoberto.
Ficado furiosa.
— Acho que... Já sei! Comi batatas na oficina sem você.
— Hina... – resmungou, sentando ao lado da amiga. Hinata era tão ingênua para a maldade que nem conseguia pegar as coisas no ar. — Eu não tô querendo saber da sua traição com as batatinhas... A menos que elas sejam enroladinhas, mas se forem não me conta!
— Eram palito...
Tenten suspirou aliviada brevemente, mas logo voltou à energia caótica:
— Eu tô falando disso aqui! – Mostrou a tela do celular por um momento e Hinata leu o post por cima. Não gostava daquele tipo de coisa que chamavam de conteúdo, não tinha paciência para eles; sua vida já era corrida o suficiente para acompanhar a das outras pessoas, principalmente daquele tipo loiro e rico.
Cinderela... Ino... Mas o quê...
— Eu sei que você gosta de acompanhar esses sites de fofoca, mas o que eu tenho a ver com essa postagem? Quem é Ino e por que ela tá atrás de alguém como se estivesse em um filme adolescente?
— ME DIZ VOCÊ! Você não reparou que é o seu nome escrito ali? Desembucha: como você se meteu com Sasuke Uchiha e não me contou? – Era uma pergunta, mas Hinata se sentiu insultada. Ela não tinha se envolvido com ninguém.
Espera! Sasuke...
— Eu conheço o Sasuke... – assimilou mais pra si mesma, surpresa, e pegou o celular das mãos da amiga, lendo com mais atenção dessa vez. Leu mais uma. Outra. Não podia acreditar no que estava lendo, mesmo que já tivesse passado por aquele texto tantas vezes.
Tenten entrou em seu campo de visão, a cabeça torta como a da menina do exorcista. Ok, quase isso.
— É claro que você conhece! Dã... Ele tá te procurando!
— Ele é famoso? – perguntou, mas logo sacudiu a cabeça e voltou ao foco. — Deixa pra lá. Ten, nada aconteceu – comentou, levantando os braços como alguém que tenta se safar de um crime. — Ontem eu fui levar o crachá do meu pai na escola e esbarrei com ele. Ele quis conversar enquanto tomava um café e falamos sobre algumas coisas aleatórias. Não aconteceu nada além de um pedido de desculpas e de uma conversa sobre algumas coisas sem sentido que a gente acha no Google! – Respirou fundo e ajeitou o cabelo em um coque, olhando para o celular deixado em suas coxas. Que situação mais... Esquisita. — Eu não faço ideia do porquê de ele estar me procurando.
— Kiba me disse que você pediu um copo plástico na oficina ontem...
— Sim, e daí?
— Você é ambientalista! – ponderou com uma mão no queixo. Hinata odiava o modo Tenten detetive, até porque ela só tinha conclusões óbvias. — Onde estava a sua garrafa personalizada? O Neji te mandou uma quando você reduziu o consumo de plástico!
— Eu... esqueci.
— Dentro da cueca do Sasuke Uchiha?
— Isso é r-ridículo! – Corada, Hinata levantou mais rápido do que um foguete e tentou voltar para casa. Estava cedo demais para uma acusação como aquela. Ela era virgem, caramba!
Tenten foi atrás dela e a puxou pelo cotovelo, quase rasgando o tecido fino.
— Hina, a parte da cueca foi brincadeira, mas ele tá te procurando mesmo! Real oficial! – A castanha conhecia sua amiga mais do que ninguém e sabia que o confronto deveria ser medida com palavras gentis para que ela não fugisse. Por isso ela soltou seu braço e amenizou o tom: — Por que você não vai atrás dele? Eu sei que você tem algumas normas contra pessoas ricas, mas ele é muito, muito, bonito.
— Ele é legal também – respondeu sem pensar, levando as mãos aos lábios logo depois, tentando frear sua boca de dizer aquilo que seus pensamentos não conseguiram esconder.
— Viu?! VIU?! Até você no seu salto de moralidade concorda comigo dessa vez.
Hinata suspirou mais uma vez e colocou as mãos na cintura, indecisa. Por mais que Sasuke parecesse um cara legal pela conversa que tiveram, ela sabia como aquela gente funcionava. Hiashi era zelador naquela escola há anos e nunca foi tratado com o respeito adequado.
— Você não vê, Ten? Isso é um jogo pra eles. Essa galera faz tudo por diversão e... Eu não quero me meter nisso. Tenho que trabalhar na oficina à tarde e...
— Você sabe que o Kiba te daria uma folga.
— Me deixa falar – continuou, depois de sorrir tristonha. A amiga sonhava demais e às vezes achava que tudo fazia parte de um romance. Elas não estavam em Cinderela. Nada de bom poderia sair daí. — Mesmo que eu fosse nessa busca de conto de fadas... Assim que ele soubesse que eu não sou uma aluna nova e que só tenho aquele conjunto da Nike porque quero correr a maratona e meu pai deu duro demais por anos para conseguir... aquele único conjunto... ele vai me humilhar na frente de todas aquelas pessoas esnobes.
— Hina... – resmungou baixinho, sem argumentos.
— Ten, tenho orgulho de quem eu sou e ele pareceu bem confortável com quem ele é. Tomando café com conhaque de manhã e... – suspirou antes de continuar. — Eu gosto de morar perto dos meus melhores amigos quebrados como eu, sei que o trabalho meio período na oficina mecânica da família de um deles me ajuda a pagar as contas da casa junto com meu pai, tenho um irmão mais velho incrível que conseguiu uma bolsa na universidade e uma mais nova que, com a minha ajuda, não vai precisar trabalhar junto com os estudos. A gente batalha por essas coisas que importam e me submeter a uma provável humilhação por alguém como ele – voltou a olhar o celular, que agora estava com a tela apagada – não está no meu cronograma diário.
Hinata respirou fundo depois de terminar seu pequeno discurso, sorrindo para a amiga e esperando que isso bastasse para fazê-la desistir. Tenten não disse mais nada, o que foi um sinal para Hinata voltar à sua casa.
— Mesmo que ele seja um gato?
Enrubesceu. Resolveu responder de costas mesmo para que não fosse pega no flagra.
— Mesmo assim.
O que a Cinderela não sabia, no entanto, é que sua fada madrinha de baixa renda tinha algo que Ino, a outra fada, também tinha: a teimosia correndo em suas veias.
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Naquele mesmo dia, à tarde, Sasuke e — infelizmente, o moreno gostaria de ressaltar — Suigetsu estavam encostados em uma grande parede atrás do auditório. Ali, sem a supervisão dos monitores ou dos zeladores, eles conseguiriam avaliar suas pretendentes. Deveria, no entanto, estar no treino de basquete e por isso aquele lugar também era propício para eles se esconderem do treinador Asuma.
— Eu não aguento mais isso, cara – confessou depois de morder um pedaço de sua fruta. — Não consigo contar o número de garotas com quem já falamos hoje e, mesmo assim, nenhuma delas passa nem perto da Hinata.
Suigetsu esperou por um momento para responder, mas a frase que veio e seguida do silêncio indicou que ele não passou esse tempo pensando:
— Cara... Será que ela – pausou, colocando as duas mãos no ombro de Sasuke e deixando o olhar mais sombrio – tava morta? Puta que pariu, arrepiei! Você falou com um fantasma!
Sasuke fez a maior cara de horror que conseguiu naquele momento e esperou que seu rosto cheio de caretas inconformadas tivessem dado o recado ao Suigetsu. Algo para além de seu amigo chamou sua atenção em breve, o que deixou o clima menos ruim: Sakura e Ino entraram no campo de visão, acenando. A loira correu até eles, chegando primeiro.
— Pausa pro lanche?
— Eu comi, mas o Sasuke tá fazendo greve de fome e beliscando coisas de passarinho pouco proteicas porque não conseguiu achar a Julieta dele.
— É Cinderela, seu animal! – Sakura retrucou, dando um soco no braço desnudo e musculoso de Suigetsu assim que chegou. Era um fato comprovado: bobalhões usavam mais regata do que a média.
— Ai, tanto faz. Tudo faz parte da Disney.
— Não, não f-
— Sakura, essa é uma disputa perdida – alertou Sasuke, sentando num banco de mármore riscado próximo a eles.
Como Sasuke fez segundos atrás, Sakura não conseguiu esconder o seu horror. Inclusive olhou para o moreno como quem dizia "por que a gente anda com ele mesmo?", o que resultou em ombros incertos levantados que respondiam "eu sei lá". Ela cruzou os braços e balançou a cabeça em negação: como pode, céus? Como pode alguém ser tão estúpido assim? Parece que isso vai contra a lei de evolução.
— Bonitão – chamou Ino, recostando na grade do campo de futebol. Sakura, um pouco mais baixa do que ela, encostou as costas em seu torso e recebeu o abraço da namorada. — Nada dela ainda?
— Nem sinal.
— Parece até um fantasmaaa – cantarolou Suigetsu, que foi solenemente ignorado.
— Será que vocês não podem ficar aqui com a gente? – Sasuke pediu numa quase súplica. Normalmente, não gostava de muitas pessoas juntas, só que a sua cota de Suigetsu já tinha batido há uma meia hora. — Tem pouca gente sobrando, acho.
— As mais doidas já foram – o amigo concordou, contando nos dedos. — Teve a mina baixa que pareceu achar que Sasuke era surdo e que gritar faria com que ele ouvisse. A outra que, eu juro por deus Saky, quase me fez abrir um guarda-chuva de tanto que cuspia.
— Ela cuspiu na boca dele, por isso ele tá puto – o moreno sorriu de canto e levou um chute na canela de seu escudeiro.
— Tá, tá. Teve a outra doida que achou que tinha que fazer uma performance de dança muito ruim pra impressionar o Sasuke.
— Ah! Teve uma também que tava atrás de dinheiro e veio até a gente jurando que era a Hinata, mas dizendo que me cobraria por encontro... – um silêncio se instaurou e as namoradas se olharam. Por que eles não estavam rindo? — Suigetsu pagou por um encontro com ela.
— Argh, você é podre!
— É porque você não sai comigo, Sakura! – respondeu, mostrando a língua e piscando de um olho. — Eu tenho que apelar pra quem tem peitos em dobro pra compensar minha tristeza.
Ino revirou os olhos e voltou para quem interessava, Sasuke:
— Eu queria ajudar, mas não vou ser muito útil aqui. Olha lá – apontou para a torre do relógio que ficava no centro da escola. — O prazo já tá acabando, nem dá mais tempo de chegar ninguém.
— Ai, merda... – Sakura sussurrou, olhando para o horizonte. Saiu dos braços da loira, que não demorou muito a entender.
— Bom, talvez dê tempo da orientadora chegar... – com uma cara não muito amigável, a orientadora educacional aproximou-se deles, cruzando os braços ao chegar ali. — Olá, Kurenai! Como você está linda hoje! Esse batom vermelho caiu bem.
— Fala, tia – Suigetsu completou, rindo de nervoso. — A gente tava esperando umas minas mais novas, inclusive se o treinador Asuma souber que a senhorita tá afim do Sasuke ele vai chutar a nossa bunda do time e...
— Suigetsu, pelo amor de Deus. Fique quieto pelo menos uma vez. E vá até a minha sala depois, temos que falar sobre as duas notas em matemática e discutir sua permanência no time! Meninas, já para o treino das cheers!
Elas assentiram, dando as mãos e saindo dali antes que ela mudasse de opinião e resolvesse dar uma bronca mais incisiva por eles quatro estarem cabulando as atividades complementares.
— Kurenai, já estávamos indo para o basquete – Sasuke respondeu sereno ao que não foi perguntado, levantando e pegando sua mochila. — Vamos, Suigetsu.
Os dois caminharam em silêncio até a quadra, até porque podiam sentir os olhos escarlate queimando as suas costas. Kurenai era ótima em vigiar e até que demorou um tempo considerável para encontrá-los. Talvez o destino tivesse dado uma forcinha para que Hinata fosse encontrada, mas... Não ajudou em tudo. Já eram 16:00 e ninguém tinha acertado o item que Hinata esquecera com ele. Nem perto de uma garrafinha personalizada. Sasuke, enquanto caminhava pensativo, colocou a mão no bolso e dali tirou um pingente dourado. Ele era metade de um coração feito de uma bijuteria barata, mas parecia importante porque estava com a inicial "N" gravada. Talvez fosse algo que ela fez quando criança numa aula de artesanato...
Bom, em todo caso, como a garrafinha não funcionou para atraí-la, ele teria que apelar para isso. Contaria com Ino para postar mais um chamado em seu Instagram.
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— Tem graxa no seu rosto! Por que caralhos que você insiste em tomar banho na sua casa? A oficina tem um banheiro... Ele é meio esquisito, eu confesso, mas dá pro gasto. A água é quente, até, e os cachorros nem entram lá!
Caminhando juntos depois que tinha acabado de anoitecer, Hinata e um de seus melhores amigos, Kiba, discutiam pela centésima vez sobre ela ser insistente e teimosa demais para gastar a água da oficina.
— Você sabe que eu não me importo com os cachorros, já me acostumei com eles! – Sorriu, animada. Era verdade, ela até já tinha treinado o maior deles, Akamaru, a passar a chave de fenda. — Mas já vou tomar um banho mesmo antes de dormir. Melhor gastar água de uma casa só. Sua mãe já foi gentil demais em me contratar por meio período.
Kiba revirou os olhos e deu uma ombrada na amiga, segurando-a pela alça da mochila quando ela desequilibrou para o lado e quase caiu de cara no meio fio. Ela fez um bico contrafeito, mas ele, como os cachorros com que era acostumado a lidar, ignorou olhando para o céu e colocando as mãos nos bolsos.
— Ninguém te contratou por pena, idiota. Você trabalha bem. Bobona. Tosca.
Ela sorriu, encabulada. Jamais se acostumaria com aquela gentileza toda com que era tratada pelas pessoas que a amavam. Outra coisa, porém, estava prostrada se braços cruzados e nariz empinado na frente de sua casa e com aquilo ali, de fato, ela se acostumaria menos ainda.
— Kiba, temos uma reunião do conselho da amizade.
— O que eu fiz? – resmungou, já coçando a cabeça e arrumando uma desculpa.
— Dessa vez não foi você... – Hinata começou, arfando lentamente e abrindo a porta para os dois entrarem. — Fui eu.
Antes que Kiba pudesse começar a fazer perguntas demais, eles foram para um lugar mais privado. Já no quarto, que por sorte estava desocupado por Hanabi naquele momento, Tenten contou toda a história para ele que não estava convencido de que Hinata tinha que ir atrás de Sasuke até que viu uma foto do grande prodígio.
— Puts, gostoso. Eu iria atrás desse cara.
— Você não iria atrás de algum cara? – ela perguntou, espremendo os olhos de íris claríssimas como quem acusava: Kiba não tinha lugar de fala porque ele não resistia aos músculos de um jogador de basquete. — Você dá em cima até do meu irmão.
— E você deveria ficar lisonjeada já que são cópias um do outro.
— Chega, vocês dois! Questão de ordem aqui. – Tenten, sentada na janela, olhava para o celular incrédula. O que tinha de tão absurdo naquela postagem? Até mesmo Hinata já tinha decorado algumas coisas dali. No entanto, quando ela voltou os olhos castanhos para os dois amigos, Hinata soube que algo cheirava mal. — Ino postou mais um chamado. Hinata! Cadê seu pingente com a inicial do Neji?
Ela levantou e colocou a mão no coração, nervosa.
— Ten, não seja boba... eu jamais perderia esse presente. Ele tá logo aqui no meu... ué...
— Ah, não. Hinata, você perdeu o pingente do seu irmão bonitão? – Kiba perguntou, sorrindo tanto que os caninos mais pontudos do que o normal saltavam aos olhos.
Ela, inconformada, revirou a bolsa toda e olhou em seus outros chaveiros: nada. Não estava ali. Certo, Neji poderia não ficar chateado pela garrafa perdida, mas o chaveiro era um bem dos dois que lembrava o quanto estavam longe e o quanto se amavam.
— Eu não acredito – sussurrou, triste.
— Olha aqui, Hina. A inicial tá borrada mas eles postaram uma foto do seu pingente dessa vez. E, segundo a loira-do-blog: você tem até amanhã para ir buscá-lo no Instituto.
Ela sentou na cama e abriu um pouco mais os lábios, atrás de ar. Não é possível que teria mesmo que ir atrás de Sasuke, esse mar cheio de problemas e... ok, ela podia ter olhado o Instagram dele na sua folga para o lanche na oficina: garoto prodígio do basquete, tinha carros em sua garagem (que era maior que sua própria casa) e o pior: tinha foto com eles! Além disso, as amigas dele pareciam vestir ínfimos 34 e todas elas, até onde tinha notado, tinham cabelos sedosos, brilhantes, com mechas coloridas e bem cuidadas. Nenhuma delas apareceria em casa com uma mancha de graxa no rosto. Só pensar nisso a fez hiperventilar, pior ainda quando lembrou dos olhos negros e lindos dele que contrastavam tão bem com os seus.
— No que eu tô pensando?
— Nele, provavelmente. – Tenten insistiu, descendo da janela e sentando ao seu lado na cama. Kiba sentou do outro lado, fazendo um sanduíche de uma Hinata inconformada. — Olha, Hina. Você tá tratando como azar algo que é uma sorte.
— Não dá.
— Ela tem razão, Hinata. Não tem porque você não ir atrás dele.
— K. Escuta... Alguém como eu...
— Linda? Inteligente? Esforçada? – Kiba acusou, nervoso. Ele odiava como ela não se colocava como uma pessoa à altura de Sasuke. Ele era o quê? Rico? E o que mais?
— Pobre, inclinada ao comunismo...
— Camarada, desce a internacional! – o moreno brincou, cutucando-a com o ombro para que Hinata desse pelo menos um sorrisinho.
— Tá bom, revolucionária. Eu vou apelar pro batalhão de choque – Tenten respondeu e se levantou da cama, colocando o celular na orelha. Se Hinata não estava disposta a ouvir os dois melhores amigos, tudo bem, mas ela tinha que ouvir a sua melhor pessoa. Quando a Hyuuga percebeu o que acontecia, já era tarde demais para parar a amiga. — Alô, Neji? Karl Marx tá aqui e precisa falar com você.
Hinata, agora agarrada às pernas em cima da cama, negou com a cabeça algumas vezes. Reforçou a negação quando ouviu que Neji ia ligar de vídeo e, por fim, se escondeu embaixo de uma coberta quando sua amiga virou o celular para ela.
— Eu não tô apresentável!
— E desde quando nós temos isso? Sai de baixo desse cobertor, Hinata. – Neji nunca estava bravo com ela, mas a voz séria que ele tinha sempre a fazia concordar com qualquer coisa, principalmente quando parecia uma ordem. Então, ela apareceu com os olhinhos pra fora do cobertor, meio escondida. — Ok, assim serve. O que aconteceu? Vocês tão num conselho?
— Acertou, Neji! Aliás, olá. Bom te ver – Kiba respondeu com um sorriso de canto.
— Eu devo ir pro outro quarto, ou...
— Hoje não, Ten. Neji, o foco do dia é a Hinata, que não quer sair com um bonitão que tá caçando ela nas redes sociais só por que ele é rico.
Neji franziu o cenho, confuso. Sua irmã estendeu o braço para Tenten, vencida, e tentou explicar seu ponto.
— Ontem fui entregar o crachá pro papai.
— Ele esqueceu? A idade realmente é um problema – analisou, coçando o queixo. — Bom, continue.
— Esbarrei com um garoto e nós conversamos. Mas Neji, você sabe que os alunos daquela escola são esnobes e violentamente ricos. Não tenho nada a ver com eles, aquela conversa foi uma exceção e... Ei! Kiba!
— O negócio é o seguinte: ele é todo bugado e não consegue identificar rostos, aí saiu numa empreitada na Internet em busca da Hinata que, cof cof, deixou o sapatinho de cristal dela pra trás.
Tenten sentou ao lado de Kiba, enfiando sua cabeça na chamada e interrompendo:
— Coitado, você deve estar pensando, já que essa mulher das cavernas não tem rede social! Ah, o que ela deixou pra trás? A garrafinha personalizada e o pingente.
— Que eu dei?
Hinata, como a amiga fizera há pouco, colou seu rosto no de Kiba para que Neji pudesse vê-la. Com o rosto vermelho e a voz chorosa pediu desculpas a ele por ter sido descuidada, fungando algumas vezes.
— Hina, você sabe que eu não tô bravo. Mas se você sabe onde eles estão, pode pegar de volta. Qual é o problema?
— Essa emocionada acha que o Sasuke vai pedir ela em casamento – Tenten respondeu, rindo. — Bem que eu queria, mas não tem nem como porque antes mesmo de falar com ele a Hina já quer pegar em armas e fazer a revolução contra os ricos.
— Mitsashi, não zombe dela assim... – Neji suspirou. Adolescentes eram mais complicados do que ele conseguia se lembrar. Coçou a testa, pensando em como poderia ajudar. — Hina, escuta seu irmão mais velho: vai buscar suas coisas. Não pra sair com ele ou algo do tipo, só porque são suas e ele não pode mantê-las em cárcere.
— Neji... – os dois amigos resmungaram em uníssono, decepcionados.
— Me deixem continuar, vocês dois. Se por acaso ele quiser conversar com você... Dê uma chance ao garoto. Você não sabe o que ele tem a dizer e a primeira conversa foi boa, não foi?
— Foi...
— Decidido então. Vou tomar um banho e estudar um pouco mais pras finais, ok? – apontou para a lousa de vidro na parede de seu quarto, cheia de prazos. — Me mande mensagem qualquer coisa.
— Beijo, N. Bons estudos.
— Bom... sei lá, romancinho.
Quando desligaram, Hinata afundou mais na cama e só conseguiu fazer com que os dois penetras em sua casa dessem o conselho da amizade por encerrado, e enfim fossem para suas próprias casas, quando prometeu que ia pensar no assunto. Pegou seu celular e agradeceu aos céus pela segunda vez no dia pela conta dele ser aberta. Além das fotos com os carros e com as amigas que pareciam versões atualizadas da Barbie... Sasuke até parecia um cara comum. Tinha poucas fotos, a maioria de quadras de basquete ao pôr do sol, nenhuma descrição no perfil além de sua idade e apenas uma selfie: a primeira que postou na rede, que também era sua foto de perfil — deixou o celular cair em seu rosto ao olhar muito para ela. Ridículo. Enfim... Ele não tinha cara de quem riria da cara da filha do zelador, mas realmente não tinha como ter certeza e isso a apavorava. Sair da zona de conforto era uma perspectiva horrível para os medrosos, realmente.
Mas Tenten bateu em sua janela cedo demais, então amanhã ela pensaria nisso melhor.
Eu adoro as amizades! Vou confessar que não costumo trabalhar muito com a Tenten, mas ela é uma personagem essencial aqui. E vamo combinar, errada a Hina não tá exatamente, né? HAHAHAH uma mulher pre-ca-vi-da.
Spoiler: a Hina e o Sasuke se reencontram no capítulo que vem, caso tenham sentido falta do príncipe e da princesa em potencial ❤️
Música que deu nome ao capítulo (filme: A Cinderella Story – If the shoe fits):
https://youtu.be/Wnwz2Qjs3ws
Beijinhos e até o próximo! ♡
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