Capítulo I: Me conta algo que eu não sei

Oláaaaa, diriças! Olha quem voltei.
Esse capítulo começa algumas horas antes do prólogo e o final dele é imediatamente antes do prólogo.
Espero que se animem como eu ❤️
Boa leitura!




Você conhece a Hinata Hyuuga?
— Capítulo um: me conta algo que eu não sei —
-x-

Diferentemente dos pares masculinos de romances americanos — que são lindos, ricos, populares, bons em esportes, mas não se encaixam na escola porque têm uma vontade interior de fazer algo bem fora dos padrões como... sei lá, entrar no clube de teatro musical —, Sasuke gostava bastante de sua posição na escola. Particularmente, ele adorava ser visto e, principalmente, amava o basquete e a visibilidade que o esporte dava a ele — pretendia ir para a faculdade com troféus. Enfim, Sasuke era bom. Um prodígio, diziam os mais velhos e experientes. Por isso, quando estava prestes a iniciar o último ano do colegial, sentiu um tipo de nostalgia estranha sobre algo que nem tinha acontecido. Uma saudadezinha que começava a despontar no peito e que ele tentou resolver indo correr no campo de basquete antes das aulas começarem. 

E lá estava ele, encarando a arquitetura antiga e bonita do colégio Erai com seus Mizuno bem fincados ao chão enquanto alongava os braços, últimos membros antes de começar seu exercício. Nos primeiros dois minutos em que suas pernas se moveram rapidamente pela entrada vazia do colégio, entretanto, ele percebeu que ela não estava tão vazia assim. 

Ouch!

A primeira coisa que viu, e nem teve tempo de processar direito, antes de trombar com uma garota foi que ela estava com os cabelos estupidamente longos soltos, apesar da roupa de corrida. 

— Desculpa – ele disse com a voz rouca. Eram as primeiras palavras que soltava no dia, já que acordou bem cedo e seus familiares, pai e irmão mais velho, ainda dormiam. 

— N-não, tudo bem. Imagina. A culpa foi minha. Estava distraída. Desculpa eu! – respondeu prontamente essas muitas coisas, afobada.

Sasuke a olhou com mais cuidado. Mesmo que o rosto dela não fosse completamente claro para ele, que tinha uma desordem que o impedia de vê-lo claramente, pôde identificar dois grandes olhos muito claros e bochechas coradas. Estendeu a mão para ela, que ainda estava agachada no chão pegando os seus pertences esparramados. Quem corria com tantas coisas?

— Se vai correr – apontou o queixo para o tênis de corrida dela e o traje completo da Nike –, sugiro prender o seu cabelo. 

Ela levantou rindo ao conselho e a força com que ele a puxou do chão foi um pouco desproporcional, fazendo com que os dois ficassem próximos. Próximos demais. 

— Obrigada pelo conselho... Muito gentil da sua parte. 

Cara, ele é um gato. Alerta vermelho. Se afasta!

Ao contrário do nosso mocinho de romance, a nossa mocinha não gostava de ser notada de forma nenhuma. Por isso deu um grande passo para trás e tentou disfarçar falando algumas palavras que ela sabia que tinham sido confusas. Elas, pra resumir, queriam dizer que ela estava treinando para uma corrida estadual e que a preocupação a deixava aérea. Hinata tinha certeza que em vez disso saiu uma coisa mais parecida com "ablablublé" e uma cara vermelha como um tomate. 

O que estava tentando disfarçar, na verdade, é o fato de que não pertencia àquele lugar. Ela foi entregar o crachá que seu pai tinha esquecido em casa e aproveitou para colocar sua única roupa de marca para corridas exatamente para não se destacar em meio aos riquíssimos. Hiashi, seu velho, era zelador e ela era uma ninguém para aquela gente. Assim como ele. Mas o destino era uma vadia e, como as vadias, adorava que imprevistos como um esbarrão acontecessem. 

— Não sei se entendi muito bem o que você quis dizer, mas as palavras "corrida" e "vadia" saíram num sussurro, o que não parece bom. – Sasuke achou aquela garota engraçada. Ela parecia não saber o que dizer nem o que fazer com as mãos enquanto falava, o que era incomum: todos daquele lugar pareciam ter algo a dizer a ele. A menos que... — Você sabe quem eu sou? 

— Hã? Não – respondeu encabulada, ele podia notar pelo tom. 

— Interessante – sorriu de canto. Essa era nova. — Olha, você parece um pouco confusa. Quer tomar um café? As aulas ainda vão demorar pra começar.

Não, não, não, não, não, não.

— É claro. 

O que foi isso, sua doida?

Hinata era uma pessoa que se sentia sempre em conflito. Sua cabeça dizia uma coisa, seu coração outra, seus instintos outra completamente diferente e no final de tudo sua boca parecia trabalhar por conta própria ao dizer algo que nenhuma parte do corpo tinha cogitado.

— Ah, a propósito. Meu nome é Sasuke. Sasuke Uchiha. 

"Bond. James Bond" – ela pensou como uma piada e sorriu de cantinho.

— O meu é Hinata. Hinata Hyuuga – deu de ombros. Ninguém nunca tinha se apresentado a ela com o sobrenome numa situação tão casual. 

Caminharam em um silêncio surpreendentemente nada constrangedor até o café da área leste e ela tentou ficar sempre meio escondida atrás do corpo de Sasuke para que Hiashi não a visse. Não que alguma coisa muito grave fosse sair disso, mas o pai realmente precisava daquele emprego e ela tinha medo de levar problemas a ele. 

Já no café tão decorado que parecia de um shopping e não de um colégio, os dois sentaram em bancos vermelhos e estofados. Hinata prendeu seu cabelo em um rabo de cavalo, seguindo o conselho dele. 

— Então... Você é nova aqui? Ah – olhou para a atendente que prontamente veio até os dois. –, um café expresso com um toque de conhaque e...

— Nova... É, mais ou menos por aí. Só uma água pra mim, por favor. 

— Gaseificada? Com limão? Temos também uma especial de uma fonte do Himalaia. 

Hinata mordeu os lábios. Tá, tinha sido uma péssima ideia. Ela nem sabia se sabia mesmo onde ficava o Himalaia.

— Só uma água filtrada, obrigada. 

Sasuke nunca tinha estado naquela situação antes. Normalmente as pessoas tinham muito o que dizer, mas ela tinha aceitado um convite de um estranho; veja, eles não se conheciam e ele estava sem palavras. Por isso, em meio ao silêncio que, pela primeira vez na vida, começou a incomodá-lo, ele resolveu soltar algumas coisas aleatórias. 

— Você sabia que a taxa de sucesso de grupos de apoio contra álcool é uns 5%? 

Nossa, essa foi bem ruim. Sou um palhaço.

— Esse é um conhecimento bastante específico mas que, surpreendentemente, eu sabia.

— É, deve ter ficado bastante estranho depois que eu pedi café com conhaque. Não é o suficiente pra me embebedar, só... realça o sabor. 

— Não, tudo bem. Eu sei reconhecer um alcoólatra até virando a esquina – respondeu sorrindo, ajustando a franja que cobria boa parte de sua testa.

Mesmo em tom de brincadeira, Sasuke sentiu que tinha alguma coisa por trás daquela fala despretensiosa.

— E isso também foi muito específico.

— Não tanto quanto isso: você sabia que a comida mais popular nos Estados Unidos é o pão?

— Essa eu sabia. – Se vangloriou, dando um gole em seu café. — E você sabia que o corpo humano tem mais de 96 mil quilômetros de vasos sanguíneos?

— É bastante coisa, né? Pensando em mim, que vim numa versão bem baixa, é ainda mais impressionante.

Era incrível. Tinha algo naquela garota, e ele não saberia dizer o que era, que fazia com que ele quisesse falar coisas estranhas e aleatórias só pra ver como ela reagiria. Além disso, o jeito dela era como uma garota de verdade e não uma garota de plástico: ela gostava de corrida, tinha respostas boas na conversa e, principalmente, não sabia quem ele era: assim ele podia ser qualquer pessoa. Podia não só falar quanto adorava o basquete, mas também iniciar uma conversa sobre... jogos eletrônicos ou qualquer coisa assim. 

Tá, talvez isso não. 

Trocaram mais algumas informações aleatórias como se fossem o próprio Google humano, algumas risadas e, sem que percebessem, um solzinho começou a entrar pela janela da cafeteria ao mesmo tempo que Sasuke, sem saber, soltou a última pergunta da manhã:

— Você sabia... que é cientificamente possível se apaixonar à primeira vista? Desde que haja um contato olho a olho. 

É claro. Os olhos claros como pérolas e os olhos escuros como ônix se encontraram. Ela corou, mas tentou achar outra forma de justificar a vermelhidão de suas bochechas que não fosse algo tão... clichê! Ah, sim! O sol entrando pela janela!

Hinata soluçou de surpresa e olhou as horas em seu relógio de pulso. 

— Ai, caramba! Tô atrasada, Kiba vai me matar! 

— Quem? 

— Um amigo. Tenho que entregar uma coisa importante pra ele antes da aula começar – respondeu, juntando suas coisas de forma rápida e desengonçada. — Foi bom te conhecer, Sasuke. Legal conversar com você. – Sorriu pequeno e, sem mais nem menos, começou a se afastar em direção à porta.

Então era isso? Só isso

Ele não podia deixar. 

— Espera – correu até ela e a alcançou na porta, puxando pelo cotovelo. — Hinata, né? Hinata Hyuuga – assimilou mais para si mesmo do que para ela. Ela assentiu rapidamente, sorrindo, e ele achou um insulto até mesmo a hipótese de não se lembrar daquele rosto. Ele era muito muito específico. Sasuke tinha gostado dela e aquilo era raro. 

— Eu preciso mesmo ir... 

Eu vou me lembrar. Dessa vez essa doença idiota não vai me impedir.

Soltou a garota e, vendo o rabo de cavalo balançar por causa da corrida e do vento, reforçou para si mesmo: eu vou me lembrar. 

-x-

É claro. Não se lembrou. 

Mesmo que nosso mocinho seja, de fato, um dos personagens principais dessa história, era impossível combater coisas que são... impossíveis, oras! Não é uma história de fantasia, Sasuke. O amor, ou o começo dele, não cura tudo. Por isso que depois de um dia inteiro procurando em seu tempo livre e não a achando, ele teve de recorrer ao seu fiel — e mais estúpido — escudeiro: Suigetsu. 

— Você é um idiota. Maluco, mermão, mano do céu!!! 

— Já entendi, porra – resmungou, cruzando os braços e deixando seu almoço de lado. Era difícil comer com Suigetsu cuspindo em seu prato. Ainda mais cuspindo insultos. 

Por que foi falar com ele mesmo? 

Ah, sim!

— Fala, como o papai pode te ajudar? – com os braços largados no encosto do banco, o platinado perguntou sem muito pudor. Para Sasuke ter contado algo tão humilhante como aquele papinho de "aiai uiui romance, não me lembro dela, buáaaa", era porque precisava de ajuda. 

— Eu não vou te chamar de papai – juntou as sobrancelhas. 

— Ele tá fazendo aquilo de novo? – Sakura perguntou, chegando do nada e sentando ao lado do moreno. Enfim, alguém que tinha pelo menos dois neurônios. — Suigetsu, ninguém vai te chamar de papai. Esquece, isso nunca vai acontecer!

Ela mordeu sua maçã, distraída, e continuou trocando mensagens com sua namorada antes que o brutamontes começasse a responder algumas frases de efeito que teria dificuldade de decifrar. Em vez de responder a líder de torcida, Suigetsu deu um sorriso malicioso e Sasuke, olhando de um para o outro, logo entendeu o que se passava naquela cabeça cheia de merda. Fez que não com a cabeça algumas vezes e, sem saber se o amigo entenderia, chutou sua canela por baixo da mesa. 

— Ai, mano! Se você me machucar, o treinador vai te deixar no banco. 

— Até parece – cuspiu as palavras. 

— Ai, tá bom. O que tem de errado com vocês dois? 

— Saky... – chamou Suigetsu, piscando um olho para ela. — Você tá falando com a Ino? 

Ela bateu as duas mãos na mesa e antes que pulasse em cima dele e esmagasse seu pescocinho de atleta, Sasuke segurou sua cintura e a puxou para o banco de novo.

— Para de dar em cima da minha namorada! – Sasuke podia prendê-la no banco, mas não podia impedir que ela apontasse as mãos para Suigetsu numa ameaça que podia querer dizer algo entre "tô de olho em você" e "te pego na saída, seu vacilão. E não do jeito bom!". — Você me faz sentir saudade do Naruto e olha que ele era bem imbecil. 

— Infelizmente ele tá junto com outros loiros na Alemanha. Mas o que eu queria dizer é... Bom, é melhor o Sasuke te dizer. Tenho medo dele me matar. Mesmo que eu seja mais forte, ele é mais sorrateiro. 

Sasuke suspirou alto e encheu a boca de algumas batatinhas para não ter que falar nada à Sakura, que já tinha cruzado os braços por cima do top preto e vermelho e o encarava sem nenhuma risadinha no rosto. 

— Eu posso esperar você engolir, sem pressa. 

Depois de soltar um olhar mortal para Suigetsu, ele engoliu e contou a história de como tinha conhecido uma garota pela manhã e, já que ignorou totalmente a sua doença, não conseguiu encontrá-la em nenhum lugar o dia todo. 

— Eu odeio, odeio mesmo, concordar com o Suigetsu, mas você é um idiota. É uma doença, Sasuke, ela não vai sumir só porque você é absurdamente teimoso. Se toca! – ela socou o ombro do amigo sem muita paciência, revirando os olhos, e depois se voltou para o outro idiota da mesa. — Tá, Suigetsu. O que isso tem a ver com a Ino? E eu juro que se você soltar as palavras "trisal" ou "beijo casual" eu te mato agora mesmo. 

— Não é nada disso, rosa. Eu pensei na Ino porque ela é a tiazinha da internet, né? Deve saber como achar essa mina aí. 

Sakura ignorou que ele tinha chamado sua namorada belíssima de "tiazinha" e colocou o dedo no queixo, pensativa. Até que não era uma ideia ruim. 

— Bom, isso é... Ela tá na sala de informática agora e se vocês correrem conseguem pegá-la... Suigetsu, nem um sorrisinho sobre isso! Enfim, conseguem pegá-la antes do almoço acabar. Só não a aluguem por muito tempo, temos treino das cheers jajá e vocês têm treino de basquete.

Os dois se entreolharam e assentiram. Sozinhos, não conseguiriam. Era um caso praticamente indiscutível que garotas são mais inteligentes do que garotos, especialmente Ino. Conversaram um pouco no caminho da sala de informática e Hinata Hyuuga era alguém que não foi achada por Sasuke por motivos óbvios, não foi achada nas redes por eles e, além de tudo isso, não era conhecida por Sakura que conhecia todo mundo. Isso Sasuke já imaginou, já que ela era uma aluna nova. Mas, caramba... Não ter um perfil que ele fosse capaz de achar nas redes sociais? Em que século essa garota vivia? 

— Ino. – Sasuke entrou sem bater, o que a fez levantar uma mão sem olhar para eles e continuar digitando alguma coisa totalmente atenta. A sala cheia de computadores tinha cheiro de nerd, mas nem tanto cheiro assim desde que a loira tinha assumido o clube. 

— Pronto, acabei! Quero ver o diretor não me colocar na sala da Sakura agora. Eu, ein! 

— Você tá hackeando a agenda escolar? – Suigetsu sorriu, sentando em uma mesa.

Ela sorriu de volta, o que soou como um "sim". 

— Cuidado com meu bebê. – A loira pediu dramática e chorosa, se aproximando dos dois. — Chora, meu bonitão. Minha cerejinha falou que precisava da minha mágica. Aqui estou eu, mas só por mais... – checou o relógio – dez minutos. 

Depois de contar todo o acontecido pela terceira vez no dia (mais do que ele previu, confessou para si mesmo), Sasuke, para o bem ou para o mal, estava à mercê da cabeça mirabolante de Ino que:

1. Não conhecia Hinata e nem tinha achado seu nome no registro escolar.     
2. Não desistia nunca.     

Bom, toda história clichê precisa de uma fada madrinha, né?

Entãaaao, o que acharam? Eu amo o encontro dos dois, vou falar bem a verdade ❤️

Todo capítulo vai ter no nome o trecho de uma música de um dos filmes de Cinderela que comentei. O nome desse vem de "Outro conto da nova Cinderela", estrelado pela Selena Gomez!

Música:

https://youtu.be/_RRyniZG0Jo

Beijinhos e até o próximo!

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