2 - The Scientist

"Ninguém disse que seria fácil
É uma pena nos separarmos
Ninguém disse que seria fácil
Mas também ninguém nunca disse que seria tão difícil
Oh, me leve de volta ao começo"

— The Scientist, Coldplay

Quando acordei, a intensa luz do ambiente invadiu meus olhos, forçando-me a virar o rosto. Não fazia ideia de onde eu estava e tudo parecia muito confuso. Ao me mexer, percebi que alguém notou que eu acordei e ouvi os passos se aproximando.

— Hyun? — Reconheci imediatamente aquela voz característica.

— Lix? — Respondi, ainda confuso. — Lix, onde estou?

— Calma, você está no hospital — Respondeu ele, segurando minha mão com firmeza. Seus olhos vermelhos entregavam as lágrimas derramadas. Lix era um bom amigo, uma das melhores pessoas que conheci na vida. — Você desmaiou... no palco.

Olhei para o lado e vi um acesso em meu pulso, enquanto um líquido duvidoso pingava no acesso. Notei também que o manager estava na porta, conversando com alguém ao telefone. Lix ainda estava vestido com a roupa do palco, o que significava que eu realmente desmaiei enquanto estava ao vivo em rede nacional. Droga.

— Eu estou bem... já podem tirar isso de mim — Tentei argumentar, mas meu corpo ainda parecia pesado.

— Fica quietinho aí! Os outros devem estar chegando — Respondeu Lix.

Assim que ele disse isso, a maknae line inteira apareceu. Eles não paravam de perguntar o que havia acontecido, e eu continuava repetindo que estava tudo bem, que foi apenas um mal-estar.

— Há quanto tempo tem se sentido mal assim? O Felix nos contou que já te viu passando mal outras vezes — Perguntou Seungmin, com semblante de preocupação no rosto, assim como os outros.

— Gente, é sério, estou bem. É só falta de vitaminas — Insisti, não querendo que se preocupassem comigo.

Nesse momento, o manager entrou no quarto e sorriu ao me ver acordado.

— Que bom que você acordou, Bang Chan desejou melhoras.

Todos continuaram a me encher de perguntas. Odiava causar tanta preocupação assim. Já fazia um tempo que eu sentia fortes dores de cabeça e tonturas. Estava até procurando um médico, mas não queria que eles soubessem. Cada um tinha seus problemas para se preocupar, e uma simples dor de cabeça não deveria assustá-los. Mas com os SKZ, tudo é motivo de comoção, e eu odiava isso.
off: Sempre que eu refiro os integrantes do Stray Kids como 'SKZ' é a forma como os coreanos chamam eles. Se pronuncia 'ISSKIDZZ', só um detalhe caso queiram ler com a pronuncia certa.

O médico e uma enfermeira entraram na sala, e meus amigos se afastaram automaticamente. O homem de jaleco se aproximou, ajeitou os óculos e pegou minha ficha:

— Hwang Hyunjin, correto? - perguntou ele.

— Isso mesmo, senhor.

— Você se alimentou direito hoje? — Indagou.

— Muito bem, eu diria — Respondi. Ainda havia comido apenas alimentos saudáveis.

— Há quanto tempo vem apresentando essas vertigens? — Continuou o médico.

— Não me lembro exatamente quando começou, senhor — Menti descaradamente. Eu só não queria preocupar os membros, pois tinha certeza de que eles ficariam bravos se soubessem que eu vinha me sentindo assim há algum tempo. Mas o médico não parecia convencido.

— Certo, de toda forma, solicitei um exame de sangue mais detalhado para avaliarmos melhor sua saúde. A princípio, parece ser um quadro de labirintite. Marquei uma consulta com um especialista, que virá te avaliar. Você ficará em observação até os resultados dos exames ficarem prontos.

A enfermeira se aproximou com uma agulha, e eu observei enquanto ela retirava uma quantidade considerável de sangue. Os membros do grupo pareciam incomodados com a cena, mas afinal, era só sangue, todo mundo tem.

Comecei a pedir por comida, já que ficaria ali de molho, e percebi que havia uma nova pessoa na sala: minha irmã Yeji. Embora muitos especulassem que Yeji e eu éramos irmãos, não divulgávamos essa informação. No mundo do K-pop, quando se tem irmãos idols, um tende a levar hate, e como Yeji é mulher, sem sombra de dúvidas o ódio iria direcionado a ela. Era uma informação que preferíamos manter em segredo.

— O que foi que você aprontou dessa vez? — Yeji veio para meu lado toda ríspida. A garota sabia do meu estilo de vida, então devia imaginar que eu havia aprontado de novo.

— Quem foi que chamou ela aqui, hein? — Olho para meus amigos e todos negam com a cabeça.

Amo a minha irmã, mas bem longe de mim porque ela me irritava.

— Você desmaiou em rede nacional, idiota. Só precisei de um telefonema pra saber onde você estava. Como está se sentindo?

— Gente, eu tô bem, que saco! — Mal disse e meu telefone tocou: era Changbin, que maravilha.

Depois de conversar com um monte de gente no celular e os indivíduos que estavam na sala, finalmente me deixam em paz com as perguntas mas suas expressões de preocupação não sumiram. Não é que eu não apreciasse o cuidado deles, só não queria deixar todos preocupados quando não havia razão para isso.

Queria ir embora logo, mas eram quase doze horas esperando todos os exames ficarem prontos. Como o médico me deixou em observação, não havia muitas opções além de aguardar. Nesse meio tempo, meus amigos e a chata da minha irmã permaneceram ali, e eu até que fiquei feliz por isso. Eles não me deixariam ficar entediado. Han estava nos fazendo rir, contando suas peripécias de homem casado, quando o médico retornou. Os meninos pararam de rir, e Yeji já estava de pé, vindo para o meu lado. Meu manager então perguntou:

— E então, doutor? Ele poderá ir pra casa?

— Creio que não. — Ele me olhou, seu semblante entregava que tinha algo errado. — Hwang Hyunjin, seus exames mostraram alterações. Permanecerá no hospital, onde faremos alguns exames mais específicos. O otorrinolaringologista irá te avaliar amanhã, após a análise dele, saberemos como proceder.

Suspirei derrotado e apenas assenti. Seria obrigado a ficar ali.

Acabei de sair da avaliação com o Otorrino. Mais cedo, passei deprimentes cinquenta minutos fazendo um único exame e ainda bem que o manager convenceu meus amigos a irem para casa, pois ainda havia muitos exames a serem feitos e tenho certeza que eles ficariam muito preocupados.

Olhei entediado para o teto, esperando pelo próximo exame e, para minha surpresa, Gyu entrou no quarto sorrindo para mim. Sorri no mesmo tom de deboche que ele e pedi licença ao meu manager, pois depois do que aconteceu com os Minsungs lá no passado, não confiei em mais ninguém da equipe tirando a staff Haein. O rapaz ali em minha frente logo disse:
Off: Para quem não se lembra ou chegou aqui hoje, Os minsungs sofreram exposed vindo da equipe de staffs que venderam as informações e fotos pessoais dos dois.

— Desmaiar em rede nacional! Que isso, hein.

— Ha ha ha, me erra. — Disse mostrando o dedo médio.

Ele respondeu mostrando os dois dedos médios e os evoluindo em coração logo em seguida.

— Não seja hostil, eu realmente vim saber como você está.

Começamos a conversar, e papo vai, papo vem, até que nos lembramos de quando éramos mais jovens. Em uma das vezes que estávamos maratonando Grey's Anatomy, conversamos que iríamos transar numa cama de hospital. Rimos da memória compartilhada e como sempre rolou um clima. Beomgyu é sempre atrevido, ele se  aproximou e eu já estava no meu modo "fodasse isso aqui". Quando nossos rostos estavam próximos o suficiente, o puxei para um beijo quente e molhado, o tipo de beijo que me deixou desejando ter mais privacidade. Se tivesse um pouco menos de juízo, teria arrancado suas roupas ali mesmo. Quando ele se afastou, notamos que não estávamos mais sozinhos. Han e Felix pretendiam entrar no quarto e nos encararam:

— Estamos atrapalhando? —Han perguntou sem graça.

— Não, não estão. — Quem respondeu foi o Gyu, que se afastou e encostou na parede, próximo à janela, cruzando os braços.

Os dois se sentaram no sofá que havia ali e Lix negou com a cabeça. Percebi que sempre fui extremamente cuidadoso e, pela primeira vez, não fui. Da mesma forma que entrou dois amigos, poderia ter entrado qualquer um... Era resultado do tédio desse hospital.

— A quanto tempo vocês estão juntos? — Han perguntou, quebrando o silêncio que se formou com o clima.

— Não estamos juntos! — Beomgyu disse rapidamente.

— Somos amigos. — Eu completei.

— E isso acontece desde aquela época? — Os olhos dele até brilharam, deviam estar remoendo as memórias do passado.

— Han, o que importa agora, né? Você está casado, até onde sabemos que os dois são solteiros, não há motivos para você ficar irritado com isso depois de tanto tempo. — Félix interrompeu, a fim de evitar um clima perturbador e eu sorri para ele.

— É que eu já havia notado que vocês eram próximos daquela época, mas não imaginei que fosse nesse sentido. — Não consegui decifrar se ele estava indiferente ou irritado, apenas dizia nos olhando.

— Hanji, não se preocupe. Enquanto estávamos naquele lance, eu fui fiel a você, mesmo que não tivéssemos nada — Beomgyu falou despreocupado.

— Isso é verdade, a idiota aí realmente gostou de você. — Eu disse, fazendo o Gyu rir.

— Ah... Eu...

— Não precisa dizer nada, Hanji. Jinnie sempre me alertou que gostar de você era furada. Na verdade está tudo bem, eu não guardo ressentimentos, principalmente porque quando te pedi em namoro, eu já sabia que ia dizer não. Foi mais uma desculpa para me obrigar a parar de te ver, para evitar sofrimento...

— Muito sagaz, eu diria. Fui eu que tive uma ideia, inclusive, funcionou bem até demais. — Olhei para o Gyu, que gargalhou com minha fala.

Os dois nos encaravam como se fôssemos esquisitos, mas acho que no fundo eramos o mesmo. Eu e Gyu conversamos a mesma língua, espero que ele nunca se amarre com alguém, pois odiaria perdê-lo para um relacionamento sério. I.N também era amiguinho do Beomgyu e ele ficou desacreditado de como a gente conseguia manter esse rolo só na amizade. Nem todo mundo tem essa necessidade de se apegar.

Seguiu-se uma conversa um tanto estranha no quarto até que minha amada irmã chegou, olhou para o Beomgyu e revirou os olhos:

— Meu Deus, pare de me fazer esbarrar com seus vadios .

— Oi Yeji-san — Beomgyu disse com uma voz fofa. Ele sempre chamou minha irmã assim, e ela olhou irritada.

— Olá Beargyu. — Ela respondeu com a mesma ironia, e ele riu.

Pediram o almoço e me obrigaram a comer sopa enquanto os via devorar carne, malditos. Mas pelo menos com eles ali, o tempo passava rápido. O Vocalracha chegou junto com o empresário após o almoço e Gyu se despediu pois tinha um compromisso. Depois que terminou todos os exames, resolvemos brincar de “stop” para passar o tempo e quando vimos já era noite. Para minha surpresa, chegou mais alguém: Yunjin. Ela trazia flores e sorriu ao me ver:

— Como se sente? — Ela alisou meu cabelo de forma fraterna. Gostava da Yunjin mas tinha algo nela que me incomodava: ela era aquele tipo de garota "certinha" demais e eu tinha certeza de que foi isso que fez com que o nosso líder se encantasse por ela, já que a mesma sempre queria agradar a todos ao seu redor .

— Eu estou bem, só aguardando os resultados dos exames. — Respondi de forma relaxada. Até que foi útil estar no hospital, já que as tonturas não voltaram naquele meio tempo.

— Que bom então. Foi um grande susto o que você nos deu.

Ela se juntou aos outros e eu só pensei na minha cama junto aos meus vários quadros espalhados pelas paredes do meu quarto. Queria logo ir embora e foi só pensar nisso que o médico entrou na sala segurando o que acreditava ser o resultado dos exames. Todos o encararam e meu  manager pergunta sem se mover do lugar:

— E então doutor? Hyunjin está bem?

O semblante do médico se manteve sério e ele ajeitou a postura antes de responder:

— Acredito que devo conversar com o Hyunjin em particular primeiro.

Todos se entreolharam e eu suspirei cansado:

— Aí doutor, chega disso, estou exausto de ficar aqui. Seja lá o que tiver para dizer pode ser na frente de todos mesmo, eles aguentam. — Sorri e minha irmã mostra a língua para mim, garota chata.

O médico respirou fundo e pareceu procurar as melhores palavras. Ele então olhou para mim e disse as palavras que mudariam minha vida para sempre:

— Você tem um tumor no cérebro no estágio quatro, o que significa que está em fase terminal. Podemos operar, mas... as chances de você vegetar numa cama são muito mais altas do que o sucesso. Nós temos alguns tratamentos alternativos que lhe darão algum conforto enquanto você ainda pode aguentar...

Eu não olhei para ninguém, mas posso jurar que ouvi a voz da minha irmã revoltada e dos outros membros dizendo algo negando a situação, eu só consegui encarar o médico que ainda me olhou com uma expressão fria. Acho que só havia mais uma pergunta a fazer e por mais chocado que estava, ela precisava ser feita:

— Quanto... tempo eu ainda tenho?

— No melhor dos cenários, eu diria que seis a sete meses de vida... lamento, rapaz.

A vida é realmente uma grande tragédia.

Para os novos leitores do SKZverse que ainda não entendem como funciona a divisão das units do STRAY KIDS, farei uma breve explicação novamente. O STRAY KIDS se divide em 3 units e cada uma tem suas responsabilidades:

3RACHA: Unit dos rappers. São responsáveis pela produção das músicas do grupo sendo Bang Chan produtor geral do SKZ.
MEMBROS: Bang Chan, Changbin e Han Jisung

DANCERACHA: Unit dos dançarinos. São responsáveis por liderar as coreografias do grupo sendo que também participam da criação das coreografias.

MEMBROS: Minho (Lee Know), Hyunjin e Felix

VOCALRACHA: Unit dos vocalistas. São responsáveis pela parte vocais das músicas.

MEMBROS: Seungmin e I.N (Jeongin)

Atualmente, todos os membros são considerados all rounder que no kpop significa que todos podem executar qualquer posição no grupo com facilidade sendo Han Jisung considerado um ACE que significa que ele poderia ser main rapper, dancer ou vocal já que executa qualquer posição com perfeição.

É isso meus amores

Não se esqueça da estrelinha ⭐️

BIG HUG

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