1- Me, Myself & I

Oh, é apenas eu, eu mesmo e eu
Caminhando sozinho até morrer
Porque sou meu próprio apoio para sempre (sim)
Oh, não preciso de uma mão para segurar
Mesmo quando a noite é fria
Tenho esse fogo em minha alma 

Me, Myself & I – Bebe Rexha And G-EAZY

As luzes piscavam incessantemente  enquanto eu olhava entediado para a pista de dança. As pessoas ali dançavam de forma fervorosa enquanto alguns casais se esfregavam esquecendo que estavam em público, mas tudo bem, o horário permitia. Segurava um copo com o melhor whisky da casa enquanto terminava meu cigarro. Eu não sou um fumante, mas em certas ocasiões caiam bem e essa era uma delas. Fora a dor de cabeça incessante que eu vinha sentindo nos últimos dias. Começou sutil mas tem piorando só que dor de cabeça nenhuma me abalava. Já passei por coisas piores nessa vidinha de idol.

Algumas pessoas piscavam para mim, mas eu não estava interessado.

O main dancer Hyunjin curtindo mais uma noite solitária.

Virei meu copo de Whisky e alguém se sentou do meu lado. Eu não precisei me virar para saber quem era pois eu conhecia muito bem aquela voz:

— Fumando de novo Hyunjin?

— O quê você quer Gyu?

Observando o cantor sentando ali, percebi que o mesmo havia saído da sua fase emo há muito tempo e estava com uma calça jeans clara, uma camisa que destacava seu ótimo físico e seus cabelos estavam desbotados mas mostravam indícios de que já foram mais avermelhados. Seus visuais são sempre impecáveis, como se espera de idols do kpop.

— Eu estou entediado! — Ele disse e não pude evitar de sorrir.

— Pra sua sorte eu também estou.

Então sem delongas o puxei pela camisa colando meus lábios aos dele, lábios que eu conhecia muito bem. Seu corpo grande e esguio me atraiu sem grande esforço , enquanto nossas línguas se enrolavam, ascendendo aquele desejo por ele. Nós tínhamos uma amizade colorida de anos. Tudo começou numa festa quando eu nem tinha debutado e veja só quantos anos se passaram e ainda estávamos nesse jogo.

Gyu era como eu, apreciava a solidão como se fosse essencial para quem nós somos. No entanto, houve uma única vez em que lembro dele ter fraquejado. Certa vez, pedi a ele que se divertisse com Han Jisung que na época tava sendo um perfeito trouxa por causa do Minho e, para minha surpresa, ele gostou do meu amigo além do esperado. O problema é que Han sempre foi apaixonado por Minho, mesmo depois de todas as raivas que aquela idiota o fez passar, e ele decidiu permanecer fiel aos seus sentimentos que o fazia parecer um trouxa iludido, tudo acabou bem, pois hoje eles estão casados ​​e levam suas vidinhas felizes.

As coisas esquentaram entre Gyu e eu, então fomos para um lugar mais privado e, como sempre, acabou em sexo. E era exatamente por isso que eu gostava da amizade com Gyu. Era apenas uma foda sem compromisso, e seguimos em frente, sem complicações que envolviam sentimentos.

Gostar de alguém parecia dar trabalho demais, Bang Chan pode ficar aí se mostrando ser o namorado perfeito, já que as pessoas sempre falam como ele e Yunjin são fofos juntos mas a verdade é que Chan cede a todos os caprichos de sua estimada namorada e quando eles brigam a coisa fica tão intensa que a gente já teve que intervir algumas vezes para eles pelo menos falarem mais baixo. Mas é claro, ninguém pode estragar a imagem do Feliz Casal já que eles estão firmes e fortes nessa relação apesar de tudo.

Eu nem preciso explicar tudo que o Changbin passou por sofrer de amor né? Um acidente grave, múltiplas lesões no corpo, sequelas que até hoje que ele tenta de todo modo esconder das câmeras mas os bastidores são outros quinhentos. Ele sofre e sofrerá para sempre da sua inconsequência e mesmo depois de tudo aquilo, ainda não ficou com ela... Parece piada né?

Os Han eu já mencionei o quão trouxa ele foi mas e o Felix que colocou toda a sua carreira em risco por estar apaixonado? Não me levem a mal, eu gosto da Marie mas ele foi tão idiota que me dá até raiva. E pra não dizer que eu não mencionei os mais novos, Seungmin vive de migalhas de um relacionamento que não deu certo com sua melhor amiga e, por mais que ele negava, eu sei que ele não deu certo com ninguém mais porque ainda remoía essa história e o I.N a gente sabe que tem um crush em alguém do grupo e estava sempre sozinho.

Veja como todos os meus amigos foram uns completos idiotas em nome de "amor". Eu realmente não precisava e não queria me apaixonar por ninguém. Já não podia dizer o mesmo das pessoas que me envolvia.

As pessoas insistiam em se apaixonar por mim, mesmo depois de eu alertará-las de que se apaixonar por alguém como eu era um erro. O último a cair nesse golpe foi o irmão de Marie. Ele, um rapaz tão lindo que confundiu sexo sem compromisso com algo a mais, acabou estragando tudo ao se apaixonar. Seria tão difícil manter as coisas apenas na diversão?

Não parecia tão difícil assim afinal, ali estava eu, deixando que Gyu estocasse seu membro em mim enquanto ouvia seus suspiros de prazer. Sentia meu pau pulsar enquanto ele continuava com suas investidas, dificultando minha respiração em meio a todo desejo. Em determinado momento, Gyu sinalizou que deveríamos mudar de posição. No entanto, assim que me movimentei, minha visão ficou turva e comecei a me sentir estranho.

O homem percebeu que algo estava errado ao notar que meu corpo amoleceu. Chamou meu nome, e juro que queria responder, mas era como se estivesse em outra dimensão. Eu sentia seus toques, mas meu corpo não obedecia aos meus comandos. De repente tudo girava, e por breves segundos, pude jurar ver o semblante de uma mulher naquele quarto. A última coisa de que me lembro é de ser sacudido por Gyu.

Quando acordei, a primeira coisa que fiz foi levar a mão à cabeça. Ela doía como se tivesse servido de saco de pancada a noite toda pra alguém e isso era horrível. Fora a sensação de náusea que insistia em me derrubar mesmo quando estava tentando levantar para me situar.

— Caralho, eu nem bebi tanto assim...

— Olha essa boca...

Ao ouvir uma voz ao meu lado, abri os dois olhos e vi que tinha um gato em cima de mim. Me levantei automaticamente, já reconhecendo os arranhadores e brinquedos. Estava no apartamento dos Minsungs.

— Beomgyu te trouxe aqui porque não encontrou a chave do seu dormitório com você. — Han disse, me entregando um café ao perceber minha cara de confusão. Peguei o café e virei, fazendo careta, pois estava amargo. — Bebeu mais do que deu conta ontem? Em plena quarta-feira?

— Hum, que eu saiba, foram só dois copos de whisky... — Tentei virar o café novamente e percebi que tinha acabado.

— Esqueceu que hoje nós tínhamos aquela entrevista para a revista Peoples? — Han se levantou e pegou a caneca da minha mão e foi para a cozinha servir mais daquele líquido que levanta qualquer defunto.

A entrevista era algo bem importante, principalmente porque o grupo estava meio inativo devido aos hyungs estarem no exército e Bang Chan estar curtindo seu recém-casado. Iríamos falar sobre alguns planos que tínhamos para o grupo fora os trabalhos solos. Tenho certeza que o líder não ficou feliz com a minha ausência.

— Eu não fui porque acordei com febre e Bang Chan me mandou ficar em casa, já você não conseguiram te acordar nem a pau. — Assim que Han colocou mais café na caneca, voltou para meu lado e me entregou. Aceitei de bom grado, virando-o novamente. — Bang Chan disse que quer ter uma palavra com você.

Não seria possível que dois copos de whisky eram o suficientes para me deixar completamente mal. Já bebi cada coisa de procedência duvidosa e fiquei de boa. A não ser que meu copo foi batizado... Aquela mulher... O que ela fazia no quarto? Teria sido ela? Peguei meu telefone e liguei para Gyu, mas ele não me atendeu. Em todos esses anos vivendo aquela vida louca, pela primeira vez fui descuidado o suficiente e deixei que me drogassem.

— Acho que batizaram meu copo...

— Você deu esse mole? Que bom que o Beomgyu estava lá com você. Ele não poderia ter compactuado com isso, né?

— Não começa com a implicância, por favor.

Apesar do tempo que se passou, Minho continuava com suas implicâncias com Gyu e, com o tempo, Han meio que foi se afastando. Como o membro do T.X.T era meu amigo, ele estava em muitos lugares em que o casal frequentava e isso gerou momentos desconfortáveis, mas o Minho que se lasque, águas passadas não movem moinhos.

Me despedi do mais novo e saí do apartamento seguindo para o meu dormitório, que ficava três andares acima. Realmente estava sem minha chave e usei a reserva que ficava escondida atrás do extintor. Entrei no apartamento, que já parecia grande demais para mim, e fui até a cozinha à procura de remédios. Quando Bang Chan vivia no dormitório, sempre tinha algo, mas agora eu não ligava muito para primeiros socorros. Encontrei duas aspirinas, as tomei de uma vez e decidi começar uma nova obra, já que ia ver Bang Chan só à noite. Eu já tinha todo o material em casa porque sempre surgiam essas vontades do nada.

Desenhar era como uma válvula de escape, eu sempre me sentia melhor quando podia pegar meu bloquinho e fazer meus desenhos. É libertador o poder da arte na vida de um ser humano e cada um de nós pode exalar isso de alguma forma. Eu cogitei entrar numa faculdade de artes visuais se tudo desse errado na tentativa de ser idol. Mas para a alegria dos meus fãs, virei cantor.

A última pintura que fiz foi aquarela, então dessa vez seria a óleo. Preparei a tela no cavalete e comecei a dar as primeiras pinceladas ainda em dúvida do que queria. Talvez faria algo abstrato já que minha mente estava confusa sobre ontem a noite mas mesmo para pintar algo abstrato era necessário pensar. Estava prestes a escolher as cores para começar minha pintura quando meu celular tocou. Vi que era Gyu e o atendi imediatamente:

— Oi. 

Fiquei contente quando vi sua ligação no celular, significa que está vivo. O que aconteceu ontem? Aquilo não pode ter sido só um pt, você não fica daquele jeito quando está bêbado. 

— Fico feliz que me conhece bem a ponto de reconhecer quando estou bêbado ou não... Para ser sincero acho que alguém batizou a minha bebida. — Disse ainda olhando para as tintas e pensando se deveria misturar algumas cores. 

— Sério? Suspeita de alguém?

 — Hum na verdade, quem era aquela mulher que estava no quarto ontem?

 — Mulher? Do que está falando Hyunjin? 

— Tinha uma mulher no quarto conosco ontem ué, não? — Perguntei confuso tendo vislumbres de ontem a noite. 

Acho que se tivesse uma mulher no quarto, eu saberia... E além disso, você sabe que eu não gosto de ménage...

 — Isso eu tenho que concordar... O seu "defeito" é gostar de exclusividade no sexo. — Ele riu alto da minha fala.

Eu gostava dos prazeres que a vida podia me dar e isso incluía todo tipo de coisa. Sexo era uma delas, e não preciso esconder que sou um cara com muitos fetiches. Quando estou com um homem, não sou ativo ou passivo, apenas sigo o fluxo da dança. O mesmo acontecia com uma mulher. A primeira vez que participei de um trio foi com dois homens, e foi uma das melhores experiências que já tive. Desde então, quando surgia a oportunidade, eu a aproveitava. Mas Beomgyu nunca aceitou, por ser bobo. No entanto, ele tem um desejo insaciável por sexo, e nossos momentos juntos duram tanto que me pergunto se o Gyu é um ídol ou uma estrela pornô. Aquele homem, com seus um metro e oitenta, me cansava tanto quanto transar com dois ao mesmo tempo.

Começamos a refazer meus passos da noite anterior para ver se notávamos algo fora do normal. No entanto, não encontramos nada além de ter bebido dois copos de whisky. Depois de desligar o telefone, continuei brincando com a tela, mas não saía nada além de alguns contornos. Foi quando meu celular tocou novamente, era mais um dos meus contatos. Sendo um cara requisitado, não vi motivo para não atender. A dor de cabeça havia passado, então tomei apenas um banho rápido e me arrumei.

Era noite quando cheguei no apartamento do Bang Chan. Fazia quase três meses que nosso líder se casou e se mudou para uma cobertura de luxo num dos bairros mais caros de Seul. Entrei no prédio e peguei o elevador, que rapidamente me deixou no andar desejado. Toquei a campainha e Yunjin é quem abriu a porta, esboçando um sorriso simpático, seus longos cabelos castanhos caindo pelo seus ombros e roupas casuais:

— Oi meu querido, fique à vontade. — disse Yunjin.

— Com licença! — respondi.

Eu quase não tinha ido lá desde que ele se mudou, pra ser sincero aquela era minha segunda vez e eu nem tinha andado pelo apartamento, só fiquei na sala e que sala. Era enorme e possuía um belíssimo sofá de couro preto. Dividia espaço com uma mesa de jantar com doze lugares, que você sabe que foi caro só de olhar. Mais ao fundo eu sabia que ficava a cozinha e do outro lado um estúdio de gravação que Chan mandou fazer. No segundo andar havia os quartos, escritório e ainda tinha terraço... regalias que o dinheiro pode pagar.

— Chris está lá no escritório, pode subir. Está com fome? Aprendi a fazer Kimbap. — disse Yunjin, oferecendo comida.
off: Gimbap ou Kimbap é um prato coreano feito de arroz cozido, legumes, peixe e carne enrolados em algas secas. 

— Seria uma grande desfeita recusar. 

Yunjin não sabia cozinhar muito bem, mas ela gostava de aprender e toda vez que fazia algum prato diferente mandava uma foto para nós, quase que dizendo "vejam só, estou cuidando bem do amigo de vocês". Sorri para ela e subi as escadas. Ela só esqueceu de contar qual era o escritório, então sai batendo de porta em porta até receber um "entre". Abri a porta e Bang Chan mostrou seus dentes num sorriso amigável ao me ver. Entrei na sala e ele largou o notebook, voltando toda a sua atenção pra mim:

— Senta aí! — Ele disse, apontando para um sofá preto que tinha ali.

— Olha, se vai me xingar por hoje, já te aviso que fui vítima de um golpe. Alguém jogou algo na minha bebida. Desculpe perder a entrevista. — Me justifiquei enquanto me sentava e observava o ambiente.

As paredes eram pretas e havia uma estante com vários álbuns de kpop de diversos grupos que Bang Chan ganhou de presente porque ele conseguia ser amigo de todo mundo. Ao fundo, tinha uma planta e um pequeno bar abastecido com muito álcool.

— Relaxa, Hyunjin. Eu nunca me meti nos seus assuntos, mesmo já tendo ouvido umas histórias... —  Disse Chan, enquanto eu não pude deixar de esboçar um sorriso sarcástico. Eu já aprontei muita coisa.

E quando eu digo muita coisa, eu falo todo tipo de coisa que não envolvia matar, roubar nem nada que me levaria para a cadeia. Mas não posso dizer que foram coisas moralistas... Nunca contei explicitamente aos membros mas também não fazia questão de esconder o quanto eu gostava de experiências envolvendo sexo. Imagino o quanto Bang Chan não deve ter ouvido esse tempo todo.

— Bem, o assunto que quero tratar é outro. — Ele continuou escolhendo uma caneta de seu porta lápis e observando alguns papéis adiante. — Minho vai voltar do serviço militar e estava conversando com os outros diretores. Achamos que os próximos a irem para o exército devem ser você e o Han. Posteriormente, quando o Changbin voltar, o restante da maknae line. Dessa forma, poderemos voltar como um grupo completo muito em breve. — Terminou seu pensamento e começou a assinar as folhas, sempre trabalhando.

— Ah, era isso? — Respondi, surpreso. — Achei que iria brigar muito comigo, tipo quando descobriu o caso do Changbin com uma brasileira. — O mais velho agiu de forma natural, o que era bem estranho. Geralmente ele fica furioso quando não seguimos suas ordens. — Bom, por que não me chamou na empresa então?

— Surgiu uma viagem para fazer o trabalho, então parto amanhã e isso me lembra da outra coisa que vim pedir a você. Os outros membros já estão avisados, haverá uma gravação de um reality do SKZ chamado Stay Room e, nesse reality, vocês precisam responder a cartas e desejos do STAY. Eu não vou poder participar e gostaria que você mantivesse a ordem com os mais novos. Me mantenha informado de tudo e seja um bom hyung para os mais novos.

— Não somos mais jovens, Chan, mas já que acha que precisamos de babá, manterei os olhos abertos sim. — Disse em tom de deboche, fazendo o mais velho rir baixo.

Incrível como ele insiste que precisamos ser vigiados, mas considerando o tanto de escândalos que nos envolvemos ao longo dos anos, justifica seus receios.

— Excelente. Agora me conta melhor essa história de terem batizado sua bebida.

Fiquei conversando com Chan sobre o golpe da bebida e ele acabou servindo whisky em dois copos, me entregou um, e viramos rapidamente. Yunjin nos chamou para comer e era estranho ver Chan com uma vida de homem casado. Às vezes, quando fechava os olhos, sentia falta de anos atrás, das nossas noites no dormitório, onde jogávamos videogame enquanto Changbin contava alguma conquista amorosa, Han e Minho se arranhavam enquanto a maknae line fazia coisas fofas e jogavam overwatch no computador. Todo o mundo cresceu e a empresa já considerava desfazer os dormitórios. Os únicos que ainda moravam juntos eram IN, Seungmin e Felix. Eu estava no meu dormitório sozinho e quando Changbin voltar, ele deveria ir para o seu próprio apartamento. Eu precisava fazer isso também? Arrumar o meu próprio canto e tocar a vida?

Quando saí do apartamento do líder, senti minha cabeça girar. Com muito custo, consegui me manter de pé, mas senti meu corpo fraquejar quando entrei no elevador. Novamente passando mal depois de um copo de whisky. Não é possível que depois de anos meu corpo se tenha tornado frágil para um destilado. Isso era uma grande ironia, ou talvez esteja ficando velho. Não me aguentei e comecei a rir sozinho.

Estávamos no meio das gravações do Stay Room. Houve tantos pedidos absurdos que eu me questionava se eram fãs ou haters que mandavam os pedidos. Felizmente a equipe de produção leu todas as cartas e selecionaram as que iriam para o ar. Nem todo mundo consegue apenas admirar um idol sem ser meio tóxico, mas naquela altura do campeonato eu meio que já estava acostumado a isso.

Era um episódio em que uma stay disse que seu sonho era experimentar os brownies do Felix então nós decidimos fazer brownies e distribuir na escola em que ela estudava. Eu e Felix preparávamos a massa enquanto Han cortava os brownies já prontos e Seungmin junto ao I.N os ensacavam e nesse meio tempo fazíamos nossas gracinhas para gerar conteúdo.

Nós tínhamos liberdade de ser nós mesmos em frente as câmeras, mas obviamente seguíamos um roteiro. A gente meio que já sabia como funcionava esse script, sempre diziam para exageramos nas reações, criar momentos divertidos e principalmente o fan service. No início a produção fazia muito com que as pessoas imaginassem que Minsung era real e aí foi real mesmo. Agora eles ficavam em cima do vocalracha já que Felix namorava e eu... Nunca me pediram pra forçar um shipp tanto quanto pediam aos outros. Mesmo que o fandom tenha criado o shipp Hyunlix devido ao meu vinculo com o Felix, a produção não exigia tanto de mim como dos outros apesar que Changbin hyung gostava de fazer parecer que éramos um casal.

Ajudava a misturar a massa quando minha cabeça me fez baquear de novo. Nos últimos dias tinha ficado mais frequente, porém não contei a ninguém. Como ficava sozinho no dormitório, eles não reparava nas várias vezes que tinha que escorar onde estivesse e uma vez eu realmente cheguei a desmaiar. Comecei a tomar algumas vitaminas e parecia estar me fazendo bem já que as vertigens não estavam tão fortes, mas elas ainda apareciam. 

Pisquei algumas vezes e me segurei na própria mesa. Quando senti um pouco de firmeza no corpo, saí de cena para pegar uma água bem gelada e de fato me fez sentir melhor. Eu tinha que ficar bem pois a noite ainda teria a gravação de um special stage com outro grupo onde eu e o Lix iriamos participar. Definitivamente tinha que ficar bem. 

Quando as gravações acabaram, agradecemos a produção pelo trabalho árduo. Quem de fato iria fazer, cortar e ensacar os brownnies era a produção, nós só fizemos uma parte. Já caminhava para fora do estúdio quando Felix me segurou pelo pulso me parando: 

— Hey você tá bem? — Seus olhos entregavam que estava preocupado.

— Porque não estaria? — Disse lhe dando um sorriso para mostrar que estava tudo certo.

— Vi que você ficou meio mal agora pouco e pra ser sincero, não é a primeira vez que notei. Está acontecendo algo? — Ele insistiu em saber.

— Falta de vitaminas. — Respondi rapidamente. Talvez não tenha passado tão despercebido quanto pensei.

— Precisa se alimentar direito então, falou com Bang Chan? 

— Isso não é necessário, agradeço a preocupação mas eu tô bem — Disse dando um sorriso para que ele fique tranquilo. 

Ele me olhou desconfiado, acho que sabia que eu estava escondendo mais coisas, mas por fim disse:

— Está certo então, mas se cuide pra não ficar doente.

— Quem está doente? — I.N que passava ali na hora perguntou e o encaramos. 

De repente, todos vieram até mim e começaram a questionar sobre minha saúde. Custei a convencê-los de que estava bem. Caminhamos para a van cheios de fome e decidimos ir comer fora. Eles me entupiram de coisas saudáveis, dizendo que era para aumentar as vitaminas no corpo. Eu não ia assumir nunca, mas me sentia feliz de ver meus amigos ali, querendo cuidar de mim. Somos como uma família, eles me aceitam como sou, me aturam. As pessoas podem achar que idols não são amigos de verdade, mas eu amo esses homens.

Eu e Lix seguimos para o estúdio da MNET, onde encontramos o outro grupo. Trocamos palavras rápidas, nos vestimos, ensaiamos e agora era só esperar a hora de ir se apresentar. O programa era ao vivo, então haveria stays gritando nossos nomes na plateia.

— Olha, Marie e Dante estão em Porto Rico! — Exclamou Felix, todo sorridente, mostrando fotos em seu celular.

Nas fotos, estavam os irmãos Van Der Meeler. Encarei aquele homem lindo que estragou tudo se apaixonando por mim. Ele me mandava mensagem de vez em quando e todas as vezes eu respondia, não porque queria criar expectativas, mas porque ele me pediu que não o ignorasse. Minhas memórias me levaram àquela noite no hotel pós-festa, quando eu o arrastei para o meu quarto. Os momentos calorosos que tivemos estão sempre frescos na mente, fora os três dias que se seguiram até ele dizer que era apaixonado por mim. Uma pena.

— Vocês são os próximos! — Anunciou um staff, e nos levantamos.

Seguimos para o palco e logo era a nossa vez. Entramos, mexemos com o público e a música começou, dando início à apresentação. A performance não era a mais difícil que fiz na vida, então não houve dificuldade. Estávamos realizando um cover de Mr. Simple, e o público ia à loucura com nossos movimentos.

Mas, em um determinado momento, as vertigens voltaram, e bem fortes. "Não, não, eu estou no meio de uma apresentação e não é hora pra isso" pensei, e ignorei a fraqueza. Continuei executando a coreografia, tendo que me concentrar mais para não errar.

E então eu a vi. Aquela mulher que estava no quarto. Dessa vez, pude ver suas feições com mais clareza. Sua pele era tão branca que dava aparência de ser de outro mundo. Tinha cabelos castanhos cumpridos e ondulados e suas feições eram gentis. Ela me olhava e sorriu para mim, um sorriso meio triste. Essa garota é estranhamente familiar. Parecia que ao seu redor brilhava, e ela usava roupas pretas que contradiziam completamente seu olhar gentil. Senti meu corpo tremer e ouvi algumas vozes chamarem pelo meu nome, mas a partir daí não me lembro de mais nada.


Não se esqueça do seu voto ☆

Música mencionada:

https://youtu.be/r6TwzSGYycM

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