Capítulo V: Fome
(Capítulo: 3458 palavras)
A voz, a voz dela! Só podia ser Cláudia.
- Cláudia! Por que está aqui? Eles te trouxeram?
Antes mesmo de ouvir a resposta a Besta despertou em seu âmago com toda sua fúria e fome. Ela não passava agora de alimento, de uma bolsa do sagrado líquido que lhe manteria vivo. O sangue armazenado em seu corpo se redistribuiu. Os músculos das pernas e braços se retesaram para atacar a presa e a imobilizar. Seus olhos fitavam os pontos fracos de sua presa e se existia qualquer caminho de fuga, mas não havia. Pode se concentrar no arfar alarmado e no liso pescoço de onde pulsava sua vida. Imperativo andou até ela, sentia o sangue inundando seu cérebro lhe dando poder e controle, realeza refletida nos olhos de fascínio e medo dela.
- Meu Deus, eles me trouxeram. Mas, não me importa! Você... Você é perfeito! Agora eu vejo o quanto eu te amo! Você é tudo pra mim! Vem aqui, por favor. Toque em mim! Me dê um pouco de você! Eu preciso de você!
A voz dela era de encanto e sua Besta sabia que era exatamente isso que conseguia fazer. Encantar, era capaz de ser adorado em sua glória, graças ao sangue sagrado sorvido. E sorveria ainda mais, beberia tudo que havia nela para se saciar. A fome era tanta! Conseguiu conter o ímpeto da fera e a tocar de forma gentil, como se ela fosse frágil, e disse:
- Você não devia ter vindo.
Quando sentiu o cheiro de sua pele e o vital pulsar a Besta encobriu o seu espírito. Existia apenas o sangue dela e mais nada. Com brutalidade a imobilizou e a mandou ficar quieta e ela seguiu o comando com devoção. Cravou os dentes em seu pescoço, sentiu suas presas rasgando pele em busca da pulsante veia. O sangue quente em contato com sua língua, era uma oferenda a sua realeza. Ela não gritou, mas gemeu como fazia quando se amavam, não se importava, apenas bastava o sangue lhe enchendo de poder e de glória. Ela tremeu e muita fraca Alex teve que sustentá-la. Antes do fim falou em seu ouvido:
- Vai ficar tudo bem. Quando acordar vai estar num lugar melhor. – Disse com genuína misericórdia, mas sem qualquer culpa.
Sorveu o que pode até o fim, até o sangue perder a vida, até não restar mais nenhuma dádiva. Estava completo e saciado. Nunca imaginou tamanho poder e isso lhe era um novo propósito. O sangue, o sangue jovem e apaixonado. O sabor da devoção e do medo. Era um predador e essa seria sua presa.
Quando levantou viu a linda menina morta, fria, vazia de seu esplendor, não passava de um pedaço de carne. E pensar que a amou e que quase sacrificou tudo por ela. Afastou-se do corpo e se deitou novamente na cama. Sua Besta queria apenas se alimentar ou descansar. Era assim que operaria, se levantasse era para construir poder ou comer, fora isso, economizar cada gota do sagrado sangue.
O Príncipe o chamou assim que a noite começou. Levantou-se energizado, cheio de poder. Na sala do trono ele esperava sentado, o olhava curioso, avaliando.
- Preciso te explicar algumas coisas antes de te soltar, Alex. Precisa entender o que é dignitas.
Alex olhou para o príncipe com uma expressão que tinha um misto de humildade e curiosidade.
- O que seria isso, mestre?
Ele riu.
- Não precisa me chamar de mestre, mas gostei da iniciativa, demonstra adaptação. Meu título é Príncipe e por ele devo ser chamado. Assim como o seu é Neófito ou criança, este último para alguns que quiserem te ofender. Dignitas é a fonte de dinheiro e poder de um Ventrue. Precisa arranjar uma logo, só assim será inserido no clã com dignidade.
- Como eu consigo um?
- Conversas, explore alguém, roube, domine uma fonte de renda. Algumas já são dominadas por nós, portanto não entre em dignitas de outros, é um crime punido com severidade.
Aquilo era complexo, bastante complexo para dizer a verdade. Não era uma pessoa empreendedora. Mas havia uma opção.
- Tenho quais ferramentas à disposição? Apenas minhas capacidades ou algum crédito?
- Terá o que todos tiveram. Crédito de um milhão de reais, mas o uso e os gastos não devem ser facilmente rastreados, claro. Não podemos quebrar a Máscara.
- Certo, já tenho uma ideia. Acho que ninguém deve ter pensado sobre, mas movimenta um bom dinheiro e é fácil de ser usado para lavagem e afins: ONGs. - Falou levemente confiante. ONGs eram um antro de desorganização e dinheiro, ele bem sabia, era o único assunto que entendia mais ou menos. E havia muito dinheiro envolvido, sendo este público, privado, doações particulares, e, tudo isso, poderia ser usado de formas mais variadas.
- Grande ideia! Muito promissor! Fale com Guilherme sobre o dinheiro e sobre as dignitas dos outros. Ele irá esclarecer tudo.
Anui a cabeça positivamente e sai andando em busca de Guilherme novamente. Pensava nas regras aprendidas: Evitar o sol; não desrespeitar Dignitas alheios; não se revelar as pessoas comuns. Emanuel lhe deixou um carro com película bem escura, era mais discreto do que pensava, nada para chamar a atenção, além de um chofer silencioso. Chegaram no apartamento bem rápido e foi Edvaldo que abriu a porta, a forma que ele te olhava era um misto de fascínio e ódio, mas com a intensidade de uma barata.
- O senhor Guilherme já vai lhe atender, senhor Alex.
Não tinha o porquê provocar Edvaldo, não alimentaria o rancor do homem, ele não era nada, afinal. Não respondeu, olhou-se no espelho próximo e percebeu que era como olhar um estranho. Apesar da beleza, da estranha perfeição, mal se reconhecia. Será que vejo em meus antigos olhos ou pelos olhos da Besta? Sentiu o sangue pulsando em Edvaldo e quase que sentiu nojo, apesar da fome. De alguma forma estava seletivo.
- Sente, neófito! - Pediu Guilherme apontando para a mesma cadeira que se sentou antes. - As coisas mudaram bastante desde a última vez, não é? Emanuel fez o que quis, para variar, cabe a nós as implicações. Agora negócios, precisa de um dignitas, mas quase todos já estão ocupados. Bom, irei te atualizar: O príncipe manda no café, na rocha ornamental e está investido nas bacias de petróleo; os pedágios são meus; Kamila tem alguns shoppings e pontos comerciais; e, o barão é dono da metade das terras daqui.
- Eu vou ficar com os projetos sociais e ONGs. É um começo ao menos.
- Inteligente! Faça uma parceria com o Pastor, ele pode te ajudar a ganhar um dinheiro. Mas tome cuidado com as condições dele.
- Certo. Seguirei sua orientação. – Disse com o tom mais cordial e respeitoso que conseguiu, mas sem ser servil. Ainda estava tentando entender a cadeia alimentar da nova sociedade. - Mas que tipo de condições exatamente eu não devo aceitar?
- Ele é um outro tipo de Vampiro, um Toreador. Sua Besta é acumuladora, um predador de sensações. Deixe claro que é um Ventrue, da realeza.
- Pode deixar.
- Me diga, como está sendo o seu renascer? Primeira vez fora da mansão, certo? Ainda me lembro quando Emanuel me abraçou, senti finalmente o que era poder.
- Está sendo... - Parou para pensar um pouco sobre aquilo, não queria ficar em silêncio e depois de alguns segundos juntou a ponta dos dedos. -... Normal. Isso, normal. Bom, somos família, então? Desculpe se for uma pergunta indiscreta.
- Sim, somos. Nos protegemos quanto clã e quanto ao principado de Emanuel. Mas não seja ingênuo, existem demônios dentro de nós. Bom, em uma semana eu te arranjo o dinheiro para o seu dignitas. Procure o Pastor e vá lá alimentado. Também procure um local para se alimentar com segurança, não mate a não ser que tenha tudo dominado. Nós, Ventrue, temos gosto refinado com sangue. Verá que não se alimenta de qualquer um.
Anui a cabeça em concordância, não tinha entendido muito bem a questão de gosto refinado, afinal sangue era sangue. Deu uma volta na cidade, antes de ir à igreja do Pastor. Queria ver Vitória com seus novos olhos. Passou em bairros ricos, pobres e favelas. Sua Besta estava tranquila até que algo a despertou, não de forma desesperada, mas a sua atenção. Era uma garota linda, jovem, que o olhava de forma penetrante. Talvez isso que o agradasse ou o fazia se lembrar de Claudia.
- Vamos a igreja. – Disse ao chofer.
O imenso templo ficava logo antes da Ponte de Passagem e estava cheia. Iluminada com forte luzes ouvia as pessoas que cantavam a plenos pulmões a um Deus salvador e misericordioso que deixava seres amaldiçoados beberem seu sangue.
O pastor era um show man. Catava e gritava, orava fervorosamente arrancando lágrimas de arrependimentos e notas cada vez mais altas. Até que alguns irmãos passaram com máquinas de cartão de crédito e os fiéis faziam fila para o dízimo enquanto rezavam em línguas angelicais compulsivas. Era uma boa forma de conseguir dinheiro, mas ele não era um vampiro, era vivo demais, sangue jorrava quente em seu corpo.
- Senhor, enquanto o pastor Otávio atinge a graça o senhor foi convidado a esperar em seus aposentos. - Disse um dos fiéis.
Seguiu o homem para um andar inferior. Ele bateu na porta e saiu. Quando foi aberta viu um ser realente encantador. Soberano, belo como os anjos, a razão de existir a religião. E com um sorriso ele o pediu para se sentar em uma cadeira antiga:
- Está com fome? Posso te oferecer sangue. O que prefere? Meninos, meninas, tanto faz? Jovens, virgens ou maduros? Vocês são bem seletivos, certo?
Alex piscou os olhos algumas vezes, ainda estava assoberbado pelo tal Pastor.
- Não, muito obrigado. Seria indelicado vir com fome a casa de um visitante. Acho... Acho que ainda estou aprendendo as coisas. Desculpe.
- Terá sempre comida em minha casa, Alex. Pode me ver como um amigo. Mas, o que te traz?
- Eu recebi orientações do Príncipe para vir tratar sobre meu dignitas. Acho que deveria esperar alguns dias até vir vê-lo, mas não quis. Vim tratar de parceria, a nossa parceria. Quero usar ONGs para ganhar e lavar dinheiro. Guilherme me falou que você poderia me ajudar.
- Incrivelmente inteligente, Alex! - Disse ele ainda soberano e o elogio encheu seu peito. - Posso te indicar a Santos & Silva, é a empresa que "me ajuda" a desviar algum dinheiro aqui e só "aceitam" cliente por indicação. Mas o que me oferece por essa ajuda?
- Um dos seus pode ser o relações públicas, em resumo, você escolhe quem vai tratar com a imprensa, aparecer em eventos e afins. Isso certamente vai ter impacto na sua própria dignitas, atrair mais fiéis bem-intencionados. E trinta porcento em tudo o que for tido de lucro que tiver origem de doações em ações evangélicas, como hospitais sob controle evangélico e afins.
- Nossa, como você é Ventrue e sei que foi abraçado em pouco tempo! A seleção de Emanuel está cada vez mais precisa. Exclente, me parece ótimo. Como vamos firmar o acordo? Posso te oferecer um carniçal ou alguma presa?
- Um aperto de mão é suficiente. - Alex se levantou e estendeu a mão para o Pastor.
Ele olhou fundo nos olhos dele quando apertou sua mão. Sentiu-se invadido, de alguma forma lido. Pode ter achado ele simpático, mas a sensação era de que estava sendo enganado. Com um sorriso ele completa:
- É bom ter amigos na noite, Alex. Sabe onde estou se precisar. Assim que as coisas acontecerem entraremos em contato. Mande um abraço a Emanuel.
De certa forma não gostou dele, apesar de saber que o seu próprio sucesso dependia dele. De qualquer forma havia começado a fazer a roda se mexer, mas muitas conquistas ainda precisavam ser realizadas. O primeiro era uma casa própria, ou "refúgio". Mas só teria a sua depois de que seu dignitas conseguisse lucrar e se formalmente apresentado para os outros vampiros do principado. Além disso, precisava de alguém de confiança, mas conhecia a pessoa certa para envolver no empreendimento. Pegou o telefone e buscou "nego advogato", seu irmão Eduardo, confiava nele e deixou a mensagem: "Precisamos nos ver, irei marcar algo com você logo.".
Na próxima noite foi acordado por sua Besta, apesar de ainda ter sangue em seu corpo ele já clamava por mais, sua fome não cessava. Foi chamado por Emanuel e o encontrou na sala, ele esperava sentado com um belo rapaz que parecia animado em estar ali.
- Boa noite, Alex. Este é Bernardo, um conhecido. Ele está de saída.
- Boa noite.
- Durma! - Falou Emanuel e o rapaz dormiu no sofá. - Beba um pouco do sangue dele. É mais inteligente manter-se saciado em poucas doses diárias do que se fartar de uma vez e acabar causando uma morte.
- Eu não me alimento de homens. - Falou em tom ameno, não era um tipo de rebeldia ou ousadia, era só um fato óbvio como uma pessoa falando que não poderia viver de pedras. - Mas eu entendo o que diz, mitigar mortes é mitigar problemas. O que é um carniçal? O Pastor tratou disso comigo quando o vi.
- Interessante. Sua besta tem um gosto mais, digamos, clássico! No meu caso eu não consigo me alimentar de pessoas que tenham medo de mim. E fui abraçado em Monte Castelo, durante a Segunda Grande Guerra. Não foi fácil. - Disse rindo e se virando para o rapaz adormecido.
- Bernardo, você cochilou, pode ir agora. Outro dia continuamos. - O menino despertou de súbito, sorriu meio envergonhado para vocês dois e saiu.
- Sobre o que o Pastor disse, carniçal é um servo ligado a você por beber algumas gotas de seu sangue. Isso o faz te admirar, mesmo venerar. Edvaldo é um carniçal de Guilherme, meu senescal. Para se ter um eu tenho que aprovar, pois ele acaba sabendo mais do que nós gostaríamos.
Viu Bernardo saindo e continuou sem que o outro despertasse qualquer apetite nele, sentia a fome, ainda que sob controle, mas começando a arranhar as paredes que ele colocava ao redor dela. Preciso entender o meu gosto.
- Talvez eu precise de um carniçal, apesar de ter alguém de confiança para ser meu representante entre os mortais. Um amigo advogado, ele é honesto, mas com alguns tons de cinza da honestidade ao menos.
-Ótimo, certifique-se que ele não vai saber o suficiente para nos expor ou que não nos exponha caso saiba, já percebeu que não deixaremos barato. Outra coisa, se alimente. Arranje um bom local para se alimentar e não nos exponha, essa vai ser território de caça. Assim que conseguir isso e seu próprio dignitas lhe darei uma moradia e te apresentarei no Elysium. Depois disso tenho uma surpresa.
Alex chamou o motorista que estava dirigindo para ele, provavelmente um carniçal do Príncipe que contaria tudo a ele, todos os passos. Quando tivesse tempo teria de rever isso, mas precisava se estabelecer primeiro. Precisava de um lugar com jovens vulneráveis, prontas para serem conquistadas e que sentissem medo, ali se alimentaria. Sabia de uma ONG para vítimas de abuso sexual, jovens amedrontados, muitos que não podiam voltar para suas casas.
- Me leve até "Mãos que Cuidam", no centro.
Apesar de ser noite havia muito movimento no casarão que servia de apoio para jovens abusados no centro de Vitória, o local era tão desolador como a história destes meninos e meninas. Conversaria com a senhora Suzane sobre o financiamento, sobre como investiria dinheiro para ajudar no futuro das crianças ao adicionar essa ONG na empresa de gestão que logo criaria. Em meio a isso, precisava só de alguns instantes com uma delas para se alimentar e ter atingido o objetivo.
Senhora Suzane recebeu com um sorriso enrugado, tinha seus setenta anos, branca, cara de rica, cabelos loiros grisalhos. Seu longo pescoço cheio marcado pelo tempo lhe deu fome, mas faltava algo nela, juventude talvez.
- Conheci você quando era menino, Alex, não sei se lembra de mim. Desculpa falar dessa maneira, mas, você sempre fora bem bonito, mas agora está belíssimo! O tempo que fez bem. Como posso te ajudar?
- Boa noite, eu acabei entrando em um startup que se tornou um unicórnio. Investi num programa de celular que me rende muito dinheiro. - Sorriu de forma cativante. O sangue armazenado inundou seu pensamento dando veracidade a cada palavra. - E agora quero devolver um pouco do que ganhei as pessoas que precisam, meu pai tem a ONG deles e prefiro não me envolver para não causar transtorno, mas seria um prazer poder investir na sua casa.
- Muito bom, sempre precisamos de ajuda! Fiquei surpresa quando o próprio doutor Eleutério Silva marcou essa reunião, coisa de gente importante. Mas como você, digo, o senhor vai nos ajudar? Ele falou algo sobre uma firma guarda-chuva de financiamento, não entendi ao certo.
- Seria como um intermediário de financiamento para as ONGs, arrecadando recursos e lidando com burocracia. Em resumo, uma ONG de apoio a outras ONGs. Sei que parece ser algo desnecessário, mas eu mesmo vou bancar para que a captação de recursos seja muito maior que a atual, muito dinheiro acaba indo para o ralo por questões burocráticas. - Disse conjeturando o que iria fazer realmente, aquelas pessoas não precisavam saber de tudo, mas se ele realmente movimentasse o valor que achava que seria possível, aquela ONG e todas as outras receberiam muito mais, mesmo com ele tirando a própria cota.
- Sabe Alex, acho que você sabe, ONGs são difíceis de conseguir dinheiro. Vou pensar no assunto, sabe. Vou falar com seus pais também. Mas, enquanto isso, venha conhecer nossa estrutura e os meninos, tadinhos. Eles sofreram tanto.
Foram até o centro do prédio, um pátio com vários jovens. A maioria dos meninos deviam estar lá, estava quente. Jogavam baralho ou faziam esporte. Olhou cada um deles, as meninas lhe despertaram a fome, a Besta se mexeu como lodo denso em suas entranhas.
- Quando olho para cada um deles, mais tenho certeza de que isso vai dar certo e que eles serão beneficiados.
Continuou elogiado o espaço e o trabalho de senhora Suzane, mas ela não o largava, não lhe dava uma oportunidade. Resolveu ir embora, na esperança de encontrar uma delas no lado de fora. Assim que se despediu ela o agraciou com um pedido.
- Tem como dar uma caroninha pra Letícia? Só até a ponte da Passagem, não vai te atrasar muito.
Letícia era uma menina morena, cabelos cacheados, olhos castanho claros. Bem bonita e parecia um pouco tímida. Sua Besta rugiu de fome e da necessidade de dominá-la.
- Fala com ele, Lelê. – Insistiu a Senhora Suzane.
- Teria como, senhor? É porque eu moro em Andorinhas, ali já me ajuda.
- É claro que eu posso. Vou te deixar na porta de casa inclusive. É melhor irmos antes que fique muito tarde para você, eu infelizmente tenho hábitos noturnos já a alguns anos.
Dentro do carro com ela ao seu lado sentiu o coração pulsar, algo que não ocorria desde o abraço. O sangue atingiu sua face lhe conferindo calor, umidade nos olhos e vigor no sorriso. Os olhos da garota brilharam instantaneamente fascinada agradando a Besta que adorava ser adorado.
- Todos passamos por coisas horríveis. – Disse enquanto se aproximava. Pega uma de suas mãos de forma gentil enquanto aproxima o rosto no pescoço dela, devagar, deixando a Besta entender o que aconteceria a seguir. Dominada ela permite, como se estivesse encantada. Coloca os dentes para fora e dá o beijo, sorvendo o sangue, mas atento para não exagerar. Ela gemeu de prazer e fascínio.
- O que você está fazendo?
O sangue entrava em seu corpo, a Besta ansiava por isso e satisfeita, tanto em alimento quanto em domínio se afastou da garota que olhava impressionada. Revigorado, o sangue em sua face ardia mais que antes, despertava mais amor e desejo. E de seus pensamentos surge as palavras da Besta.
- Nada!
Ela fica confusa, olha para os lados, depois para mão sendo gentilmente segurada por Alex. Pisca algumas vezes sem entender.
- Acho que você sentiu alguma fraqueza e perdeu os sentidos por alguns instantes? Você tem comido direito Letícia?
- Acho... Acho que sim, senhor Alex. Acho que acabei sonhando. - Falou encabulada.
- É aqui que você mora, certo?
- Sim. – Disse ela coçando o pescoço. - Acho que um pernilongo me picou. Obrigado pai carona.
Assim que ela saiu o chofer perguntou sem se abalar.
- Senhor, onde quer ir agora?
- Para casa.
A Besta alimentava ansiava descansar e armazenar esse sangue. Mandou uma mensagem para Eduardo marcando uma reunião em dois dia, esperava estar saciado quando encontra-lo, precisava dele.
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