Capítulo 7

Na última aula que era de Linguagem o professor mandou fazermos uma redação sobre a dualidade das coisas, ele ultimamente estava passando bastante redações para realizarmos, ele queria que treinássemos para possíveis vestibulares futuros. Essa redação da vez era para ser entregue antes de ir embora, escrevi entre o número de linhas propostas e esperei Jennifer terminar para entregar, quando todos enfim terminamos o professor nos liberou cinco minutos antes de sinal bater. Eu e Jennifer dessa vez saímos juntas, tranquilas pelo corredor, quando chegamos no portão nos despedimos eu ia para um lado e ela na outra direção.

Fiquei parada encostada no muro vendo alguns alunos passarem, rapidamente olhei para as pessoas que se aproximavam da saída do colégio, Aidan estava vindo com uns meninos da nossa sala, ele estava concentrado falando com eles, vejo—o se despedir e vir em direção a saída, volto ligeiro para posição em que estava.

Tentaria me vingar.

— BU! — falo quando ele aparece em meu campo de visão. Aidan tem um sobressalto e me olha com os olhos arregalados, sua mão vai ao peito.

— Mano, você me assustou — ele fala respirando rápido tentando recuperar o fôlego.

— Essa foi a intenção, queria te dar o troco por aquele dia em que me assustou — rio perversa.

— Nossa, que vingativa! Pelo menos dessa vez você me esperou.

Rio para ele, satisfeita em tê—lo assustado, foi muito bom ver sua expressão, o feitiço virou contra o feiticeiro.

Começamos caminhar juntos, um ao lado do outro, Aidan segurava como sempre as alças de sua mochila, que se misturava a ele por também ser preta.

— Então, você acha que eu fico bonito de preto?! — Aidan olha para mim com um sorriso de canto.

— E você acha que fico bonita de gloss?! — indago ele desafiadora, após lembrar o que ele tinha escrito por primeiro no bilhete. Seu sorriso de canto ainda está ali em seus lábios. Eu acabo corando, e não vejo alternativa se não desviar o olhar e fingir prestar atenção na onde pisava.

Atravessamos a rua, e seguimos o caminho que levava até sua casa.

— Uma coisa, Violet — Aidan chama a minha atenção.

— O quê? — indago.

— Não liga muito para o que minha avó fala, tá?! E se quiser falar com ela tem que falar alto, ela tem problema de audição, entende muitas coisas erradas.

Assinto veemente.

Sua casa realmente não era muito longe da minha, ela era de um tom de azul bem fraco, com um cercado branco, tinha um caminho de pedras que levava até a varanda pelo qual seguimos após Aidan abrir o portão. Sobre o muro da varanda avistei vários vasos com diversos tipos de flores, fiquei encantada. Em um canto da casa pude notar um bebedouro de passarinhos, onde um beija—flor sobrevoava próximo alegremente.

— Olha, um beija—flor — apontei para Aidan batendo em seu braço para chamar sua atenção.

Ele era lindo. Suas penas de tom azul e verde.

— Ah, sim! Ele sempre vêm nos visitar. Meu avô gosta de pássaros, principalmente dos beija-flores.

Sorrio. E observo o beija-flor mais um pouco antes dele ir embora.

Agora minha atenção estava centrada nos vasos de flores dispostos na varanda da casa dos avós de Aidan. Analiso as flores de perto, até avistar pequenas violetas.

— Uau, que lindas! — digo me aproximando do vaso. Aidan vem atrás de mim.

— Violetas — ele diz, e me lança um sorriso quando o olho.

— É minha flor favorita — o digo.

— São da minha avó também, ela adora flores.

— São muito lindas! — elogio.

— Vêm, vamos entrar — ele me convida, chamando—me com a mão — estão nos esperando.

Sigo Aidan que abre a porta principal, ele me dá espaço para entrar primeiro, dou de cara com uma grande sala, com dois sofás, no chão um lindo tapete felpudo cor de vinho, perto dos sofás uma grande televisão. Na parede tinha quadros antigos, de um casal jovem, alguns com crianças uma ao lado da outra, uma mulher com um bebê. Mais alguns vasos com plantas espalhados pela sala.

— Vêm, elas estão na cozinha — Aidan me chama e eu vou logo atrás dele.

— Vocês chegaram — uma mulher aparentando a idade de tia Susi diz alegremente, ela era parecida com Aidan, os traços do rosto e os olhos verdes, seu cabelo escuro estava preso em um coque. Ao seu lado sentada a mesa, tinha uma senhora, já com seus cabelos brancos, ela tinha uma expressão feliz e sorriu ao me ver.

— Violet, essas são minha mãe, Cristina, e minha vó, Ofélia — Aidan diz apontando para as duas.

— Muito prazer, eu sou a Violet! — sorrio tímida para elas.

— O prazer é nosso — sua mãe diz sorrindo — Aidan já comentou de você bastante, a menina que ele tinha derrubado o trabalho, ele ficou muito preocupado disse que você tinha ficado brava.

— Ah — rio, nervosa — foi um acidente, nos entendemos, ele me ajudou a fazer outro, e hoje vim ajudar ele — sorrio amarelo.

— Que bom que vocês fizeram um novo!

— Quem está noivo? — a avó de Aidan se pronuncia falando alto, ela estava tentando prestar a atenção na conversa.

— Ninguém, mãe! — a mãe de Aidan fala alto para ela ouvir.

— O Aidan! — a vó dele fala com uma expressão surpresa, olhando para nós dois.

— Não, mãe! — Cristiana tenta corrigir, sorrindo nervosa.

Logo sua expressão muda e ela bate as mãos em concha.

— Você é uma menina de sorte, meu neto é de ouro — dona Ofélia fala, olho para Aidan tentando conter um riso.

— Enfim — a mãe de Aidan suspira — Desculpe, Violet, ela não ouve muito bem e acaba entendendo as coisas errado — ela sorri para mim.

— Tudo bem, Dona Cristina.

— Só Cristina, por favor — ela sorri. — E obrigada por vir — ela me diz. — Aidan estava revoltado que tentava fazer o trabalho e não conseguia. Mas venham sentem-se já vou servir o almoço.

— Nós vamos levar mochilas no quarto primeiro, mãe.

Ela assenti. E Aidan me faz sinal para segui—lo.

— Que lindos os cabelos dela, não é mesmo? — ouço a avó de Aidan comentando alto com a sua mãe.

— Eu avisei sobre minha avó — Aidan fala. E eu só sorrio.

— Ela é adorável! — ele me olha e sorri com meu comentário.

Tínhamos chegado a um quarto, Aidan abriu a porta, ligou a luz e entramos, ele era todo branco, uma cama de solteiro à direita com a cabeceira encostada na parede, ele seguiu para deixar a mochila em uma poltrona, notei uma cômoda perto da porta, tinha algumas miniaturas em cima me aproximei para ver melhor.

— Não toque em nada — ouço sua voz. Me viro para ele.

— Eu não ia tocar — digo.

— Ia sim! — ele fala e ri, lembro—me do dia no quarto quando fomos fazer o meu trabalho, ele estava dizendo as mesmas coisas que eu disse. Balanço a cabeça em negativa e reviro os olhos.

— Anda, vêm, vamos almoçar.

Depois que terminamos de almoçar, fomos até seu quarto fazermos o seu trabalho. Eu tinha levado algumas coisas comigo e estava preparando um componente que ia despejar no vulcão, trouxe comigo o meu caderninho que tinha de anotações para me guiar.

Aidan estava sentado a minha frente, sua maquete inacabada entre nós dois, ele estava escolhendo as tintas para pintá-la.

— E seu avô Aidan? — questiono-o, despejado o primeiro componente no vulcão.

— Ele está dormindo, quando acordar minha mãe leva o almoço para ele.

— Sua mãe é bem atenciosa com seus pais.

— Ela se preocupa bastante — ele me lança um sorriso singelo e eu sorrio para ele de volta. Olho no caderno de anotações para verificar que componente ia na sequência.

— Isso é um diário? — ele me pergunta se referindo ao meu caderno.

— Na verdade é meu caderno de anotações da escola.

— Interessante, parece bem útil.

Sorrio para Aidan.

— Você quer colocar o último componente — estendo a ele um pequeno frasco. Ele o pega.

— Isso é estranhamente emocionante — rio do seu jeito.

— Você já sabe o que vai fazer depois do ensino médio? — questiono—o. Seu olhar encontra o meu, mas logo se fixa ao chão.

— Eu queria ser militar igual meu pai, mas acabei mudando de ideia — ele diz parecendo um pouco ressentido.

— Mas por quê?

— É complicado. Antes ele era minha inspiração, meu herói, sabe? Eu tinha total admiração por ele.

— O que aconteceu? — pergunto.

— Eu não sei porquê estou falando disso.

— Pode confiar em mim — digo olhando para ele. — An, mas se não quiser contar também não tem problema.

Aidan suspira.

— Ele nos deixou, Violet. A mim e a minha mãe. Já faz dois anos, ele arrumou outra mulher mais jovem e foi morar com ela, ele nos deixou e foi construir outra família, ele já tem até outro filho — seu olhar triste me partiu o coração. Eu não sabia o que dizer estava perplexa com a revelação. Ele me olha, e solta um sorisso fechado.

— Tá tudo bem! — ele diz, mas parece que mais para se convencer do que convencer a mim. Na sequência ele despeja o conteúdo do frasco no vulcão. Uma névoa branca começa subir, e logo um líquido viscoso vermelho escorre pelas bordas do seu vulcão. Seu rosto demonstra surpresa e encanto.

— Deu certo! — ele exclama, sua boca estava aberta em admiração — Você conseguiu!

Sorrio feliz para ele. Aidan se levanta contente com um grande sorriso. Eu me levanto também.

— Obrigado! — ele vem até mim e me abraça apertado. Me surpreendo com sua reação, mas retribuo, seu toque aconchegante, me traz uma paz interior. Quando nos desfazemos do abraço sinto um pequeno vazio.

— Sabe Aidan, nunca desista de algo que você quer, se for realmente um desejo do seu coração! — digo a ele, que me escuta com atenção. — Quanto ao seu pai eu sinto muito mesmo.

— Obrigado, Violet, vou me lembrar do que disse! — ele sorri. — E tudo bem, as vezes eu ainda converso com ele, só não o vejo da mesma forma.

— Tente sempre lembrar das coisas boas, no final das contas ele é seu pai, ele te ama.

— Eu sei!

— E sua mãe como ela ficou com isso tudo?

— Hoje em dia ela está bem melhor, mas já a vi muitas vezes chorando escondida. Foi bom virmos para cá, perto dos meus avós, ela voltou a ser mais radiante.

— Ela é adorável, sinto muito por ela ter sofrido, mas que bom que agora estão aqui, que ela está cuidando dos seus avós e mais feliz. Tenho certeza que o destino reserva coisas muito boas para todos vocês.

Aidan sorri, seus olhos se enchem de lágrimas, eu não queria fazê—lo chorar, ele tentar conter o choro e eu o abraço novamente. Meu interior vibra com o toque de nossos corpos. Seu abraço é tão aconchegante que fico em êxtase. Dessa vez o abraço é um pouco mais demorado. Aidan funga e se afasta.

— Obrigado, Violet, você é incrível! — ele fala com seu sorriso estampando seu rosto.

...

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