33 - Eu gosto de você, imbecil

Termino o banho pensando em tudo que acabou de acontecer. Não entendo o motivo, mas um sentimento de culpa toma conta do meu peito. É como se tivesse traído Caio, mesmo que nosso relacionamento não seja real.

O pior é que essa merda não faz sentido algum. Sou uma mulher solteira, não deveria me preocupar em dar satisfações a ninguém.

Mas não é isso que meu coração está mandando fazer. E não sou de negar meus proprios sinais.

Diante disso, assim que termino, visto uma calça de moletom e um top e sigo rapidamente até a entrada da casa.

Lá encontro Caio descansando do treino. Seu corpo suado sob a luz da lua, que já preenchia o céu com sua grandiosidade.

Ela o deixa ainda mais bonito. Ao perceber minha presença, Caio me encara e sorri. Ele estava prestes a levantar quando me pronuncio.

- Eu beijei seu irmão no banheiro e ele pegou no meu peito. - Desabafo de uma só vez.

O sorriso de seu rosto foi se sumindo rapidamente, dando espaço para uma feição irritada.

- E como foi isso, Luna? - Pergunta irritado. Fico intrigada com isso, mas não questiono inicialmente, apenas explico.

- Ele conseguiu lembrar do que houve na noite em que Samantha diz ter engravidado. Admitiu tudo e, no fim, pediu um beijo de "adeus". - Explico e ele levanta raivoso já andando na direção das escadas.

Sigo rapidamente na direção dele e puxo seu braço.

- Caio, você mesmo disse que, caso isso acontecesse não ficaria irritado. - Afirmo com os olhos fixos nos dele. - Não tem porquê agir assim.

Seus olhos brilham de raiva.

- Foda-se o que eu disse, as coisas mudaram. Não finja que não, caso não fosse recíproco, não teria vindo até aqui. - Caio declara, puxa o braço e sobe firmemente as escadas. Eu vou atrás e o puxo novamente.

- O beijo aconteceu porque quis, eu que tomei a iniciativa. - Falo e ele sorri de escárnio.

- Ele se aproveitou do momento, Luna. Não consegue perceber? - Sua feição é séria. - Do nada Enzo lembrou e foi admitir que sim, te traiu e engravidou a psicopata. Mas, nossa, foi um cavalheiro exemplar, porque teve a ombridade de te pedir desculpas. - Fala entredentes.

Eu até mencionaria a parte de Samantha não estar grávida, mas imagino que ele não queira saber disso agora.

- Quer saber? Que se dane, faça o que quiser. Eu não vou ficar te segurando ou tentando definir como deve agir, você é um homem adulto e entende muito bem a diferença entre certo e errado. - Respondo irritada. - Apenas lembre-se que a sua família está hospedada nesta casa também e que está agindo feito um animal selvagem por uma mulher com quem fez um combinado de "vingança". - Cuspo as palavras impaciente.

Antes de continuar subindo, Caio me encara friamente.

- Se mesmo depois de tudo que conversamos e fizemos nesse meio tempo ainda continuo sendo a porra de um peão na sua vingança, o problema não é meu, Luna Simões. Eu sinto diferente. - Meu coração dispara, não esperava a admissão. - Eu gosto de você, imbecil. Mas não sou um otário que vai observar em silêncio alguém se aproveitando da sua fragilidade momentânea, por mais que tenha gostado de ter a língua dele na sua garganta, ao que tudo indica. - Caio finaliza e volta a subir as escadas.

Antes de continuar, vira na minha direção.

- E para todos os efeitos, aqui ainda sou seu namorado e três semanas pela frente, não vou admitir chifres tão expostos assim. - Conclui e sai batendo pés. Eu vou atrás.

Minha cabeça está a mil, porque imaginava que isso pudesse acontecer em algum momento, mas não fazia ideia de que ia me sentir tão mal. Justamente por isso não queria me envolver nesse plano mirabolante da Luna, porque uma simples atração se tornou muito mais.

Chego à porta do quarto de Enzo e abro violentamente. Luna vem logo atrás de mim. Os nossos amigos não aparentam estar no quarto em frente. Se estiverem, não reagiram ao barulho.

No local, encontro Enzo e Samantha deitados na cama, dormindo. A garota, que estava blusa e short, de lado e ele, de regata e bermuda de banho, com a perna sobre a coxa dela.

- Viu, Luna? - Pergunto alto apontando para o safado do meu irmão. - Ele apenas estava se aproveitando de você.

Neste momento Enzo acorda e senta rápido na cama. Samantha também abre os olhos, mas continua deitada.

- O que está acontecendo, Caio? - Questiona confuso e depois olha para Luna, que fica em silêncio.

- Acontece que você beijou a minha mulher, Enzo. - Puxo-o da cama pela blusa. - E, pior. Tocou nela. - Coloco-o de pé à minha frente, segurando a gola de sua blusa.

- E você sabe o contexto disso tudo, não sabe? - Questiona fitando os meus olhos.

- Foda-se o contexto, não admito você tocando um dedo nela, Enzo. - Cuspo as palavras. - Teve a sua chance e desperdiçou. Não estrague o que estamos construindo, droga.

- Ela deixou bem claro que gosta de você, Caio. - Enzo explica com os olhos arregalados. - Jamais atrapalharia a sua felicidade, tampouco a dela, irmão. - Afirma.

Neste momento, Samantha se pronuncia.

- Calma aí, Enzo beijou a diaba castanha? - Pergunta sonolenta.

- Calada, Samantha. Depois vocês se resolvem, isso aqui é entre Enzo e eu. - Explico e meu irmão engole em seco.

Respiro fundo e o respondo.

- Mesmo ela admitindo os sentimentos, não mudou o fato de você enfiar a língua na garganta dela. - Explico irritado. - Não toque mais um dedo sequer na minha mulher, está ouvindo? Você perdeu a sua oportunidade.

- Sabe que a decisão de ser tocada ou não é dela, né? - Questiona e eu sinto meu corpo vibrar de raiva. - Se ela quiser passar uma noite comigo, é escolha dela. E eu vou na hora.

Sem pensar duas vezes, desfiro um soco em seu rosto. Só então Luna me puxa.

- Puta merda, Caio! - Ela esbraveja. - NÃO PRECISA AGIR FEITO ANIMAL! - Grita, fazendo com que nossos amigos finalmente apareçam.

- O que houve aqui? - Cora para ao lado de Luna e começa a me segurar, mesmo sem saber o motivo.

- Enzo beijou a minha mulher. E ainda debochou da minha cara, não admito isso! - Falo entredentes.

Bryan, Samantha e Lina dirigem a atenção para Enzo, que estava com o nariz sangrando.

- Não vai se repetir, irmão. - Enzo, que caiu na cama por conta do impacto, afirma. - Já entendi o recado.

Em seguida Cora e Luna me puxam para fora do quarto. Eu tiro os meus braços das mãos delas e entro no cômodo que estou divindo com minha "namorada".

- Preciso ficar sozinho. - Afirmo e bato a porta. Por fim, sinto algumas lágrimas descendo pela minha bochecha enquanto sigo na direção do banheiro.

Preciso de uma ducha gelada para esfriar a cabeça.

Arranco as roupas e entro no chuveiro. Fico silenciosamente observando o espelho que tem no cômodo, encarando meu rosto choroso.

- Então é assim que é gostar de alguém? - Pergunto para mim mesmo. - Pois que grande bosta.

NOTA DA AUTORA

Muita gente reclamou do capítulo anterior. Entendo que tenha sido frustrante, mas vocês precisam entender que o enredo segue um fluxo. Os personagens precisam passar por provações para que possam entender seus próprios sentimentos.

Minhas obras não costumam seguir o fluxo totalmente esperado. Aqui não é um conto de fadas. Os personagens possuem suas complexidades, sentimentos e vontades. Às vezes não corre como imaginamos. Mas no fim fica tudo bem.

Justificando porque é assim que funciona, gente. As coisas vão ficar tumultuadas agora. Mas eles tem tempo pela frente para entenderem seus próprios sentimentos um pelo outro. Muita água pra rolar. Tá tudo tranquilo.

Enfim. Não passou por correção. Peço desculpas caso encontrem erros ortográficos.

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