19 - Deixa para amanhã

Já estava na terceira dose de tequila, tudo para aliviar a mente. Lina e Cora me observavam preocupadas, enquanto Caio parecia aéreo atrás de mim, segurando a minha cintura e observando o cenário ao redor.

Estava transtornada com as palavras de Enzo dentro daquele quarto e, para piorar, irritada com o fato de ter sido descartada pelo meu "namorado". Caio simplesmente alugou um tripléx na minha cabeça depois das coisas que falou. Sério, o filho da puta conseguiu me deixar transtornada.

Para piorar, ainda admitiu que tinha uma paixão platônica por mim. Porra. E dalhe tequila para digerir esta merda.

Meu objetivo nessa balada era foder com algum desconhecido, mas tinha esquecido de que as meninas não fazem ideia da nossa farsa, então não posso simplesmente arrastar qualquer um à minha cama com elas aqui.

Logo, o que me resta é encher a porra da minha cara de cachaça, fingir que amo esses funks esdrúxulos repletos de palavrões e dançar até minhas pernas pedirem socorro.

Não sou disso, entretanto, estou tão saturada de tudo que hoje chutarei o balde e adotarei uma personalidade que não é minha. Foda-se, surtei.

Na verdade, estou cogitando batizar a Luna bêbada de "Luana". Tudo que acontecer aqui será culpa dela. Caso eu traia o meu "namorado", que nem é meu namorado de verdade, Lina e Cora devem culpá-la. Não tenho nada a ver com isso.

- Amiga, não acha que está bom de tequila? - Lina pergunta ao perceber que eu estava prestes a pedir mais uma dose. Eu sorrio em resposta.

- É verdade. - Falo arrastado. - Vou suar o álcool um pouco. Depois bebo mais. - Afirmo e as duas meninas me encaram surpresas, porque é um funk que está tocando e eu simplesmente odeio esse gênero musical.

- Está falando sério? - Cora questiona e eu sorrio.

- Hoje estou afim de rebolar a bunda. Qual o problema? Vai me julgar? - Rebato com outra pergunta e ela levanta os antebraços na defensiva e sorri.

- Não está mais aqui quem falou. - Dá uma risadinha. - Apenas estou muito curiosa para ver essa cena. - Afirma e eu sorrio de volta, já seguindo à pista de dança enquanto puxo o braço de Caio. Só então ele parece acordar para a realidade.

- O que está fazendo? - Pergunta enquanto o puxo entre os corpos suados e dançantes da boate. - Luna, que porra. - Resmunga. - Você surtou?

Apenas solto o braço de Caio quando encontro um espaço confortável para nós dois. Em seguida, paro de frente para ele, deixando uma distância confortável e segura entre nossos rostos.

- Aqui você é meu namorado, querendo ou não. E eu estou com raiva, irritada, bêbada e quero dançar. Então, como um verdadeiro cavalheiro, você vai dançar comigo. - Sorrio encarando seu rosto. - Até porque as meninas estão encarando, então não posso sarrar a bunda em outro. - Declaro animada.

Antes de obter qualquer tipo de resposta, viro de costas para Caio e começo a rebolar lentamente e de maneira sexy em sua intimidade enquanto apoio as mãos no joelho.

A música que começa a tocar é tão antiga que até eu sei a letra. O nome é "Você Foi Diferente", do MC G15. Sorrio com a história proposta pela composição, pois me estimula a rebolar com ainda mais vontade no pau de Caio.

Viro o rosto na direção dele e percebo que o mesmo está com uma feição transtornada enquanto passa as mãos sobre o rosto e encara minha bunda roçando contra sua intimidade. Acho graça da situação, contudo, percebo que Cora e Lina estão nos encarando confusas com a reação dele, então levanto e entrelaço meus braços em seu pescoço, me mantendo próxima.

- Se você não corresponder aos movimentos e ficar aí parado igual a um idiota, nem vou precisar beijar outros para que minhas amigas descubram nossa mentira. - Cochicho em seu ouvido.

Caio afasta o rosto do meu e encara no fundo dos meus olhos.

— Você quer me matar. — Ele desce o olhar para a minha boca e eu sorrio. Justamente nesse momento, o verso "de todas que eu peguei você foi diferente". — Falo pra você sobre não nos envolvermos sexualmente e você simplesmente decide me matar de vingança. 

Eu sorrio e balanço a cabeça negativamente. 

— Caio, apenas dance comigo. — Peço e viro de costas, voltando a rebolar em sua intimidade, assim como todos ao nosso redor. Só que, diferente de antes, sinto a mão de meu "namorado" na minha cintura, conduzindo os movimentos contra seu pau que, em poucos instantes, começa a  enrijecer. 

Ao fundo, a música reverberava pela boate lotada de corpos suados. A luz avermelhada piscando pelo ambiente escuro torna o clima sexy, sendo um antro de sedução do qual parece impossível sair. Do qual parece impossível resistir

A excitação de Caio ficava cada vez mais evidente contra o tecido fino de meu macacão, fato que estava esquentando todas as partes do meu corpo e me deixando, inevitavelmente, molhada.

O clima erótico me faz chegar à conclusão de que é quase impossível cumprir minhas promessas quando estou com tesão e bêbada. Sei que jurei não tocar mais um dedo em Caio há algumas horas, mas a vontade que sinto agora é de virar e atacar seus lábios vorazmente.

Por fim, a música chega ao fim e eu saio da posição em que estava antes. Cora e Lina já não estavam nos observando mais. Acredito que cada uma deva ter saído para curtir ou fazer qualquer coisa. Já eu estava prestes a sair de perto de Caio, afinal, por mais que estivesse com o corpo pegando fogo, tinha que respeitar a vontade do meu ex-cunhado.

Dei um passo para longe do mesmo, mas senti uma mão grande segurando meu pulso, me fazendo olhar para trás. Observo os dedos entrelaçados ao meu braço e sorrio ladino ao perceber que são de Caio. Sem esperar alguma atitude minha, ele puxa meu corpo contra o seu.

Com a cintura colada à minha, mostrando o quão excitado estava com a dança que tivemos, ele une nossas testas e me encara lascivamente. 

— Podemos seguir a linha de raciocínio amanhã, tudo bem? — Caio leva uma das mãos à minha bochecha e acaricia com o dedão, percorrendo um caminho até meus lábios. — Essa roupa fina e decotada, essa bunda roçando contra o meu pau e as memórias recentes da minha boca degustando a sua bucetinha molhada. Não dá. Serei obrigado a pagar pra ver. Foda-se. — Sem esperar qualquer resposta minha, ele invade minha boca com sua língua macia e quente, explorando cada milímetro do espaço de maneira sedutora e intensificando ainda mais o calor que sinto dentro da minha calcinha. 

Sem vergonha alguma, Caio desce com sua mão ousada até minha bunda e aperta com vontade, me arrancando um forte suspiro. Já com a outra, ele entrelaça na minha nuca. Enquanto isso, eu me apoio em seu peitoral com um braço e acaricio sua bochecha com barba mal feita. 

O contato se intensificou ainda mais quando começou a tocar "Do jeito que tu gosta", da Ludmilla e do PK. Tinha uma parte que se encaixava perfeitamente ao momento e definitivamente era a cereja que faltava no nosso bolo para que perdêssemos a linha.

"Eu não controlo o tesão e você vai querer de novo. Te olho no olho, mas que foda sincera. Te dando vários 'tapão' e eu vou sentando com gosto (...)". 

Afasto minha boca da dele e mordisco seu lábio inferior lentamente, o fazendo arfar. Em seguida, levo meu rosto até seu ouvido e me pronuncio.

— Também estou disposta a começar a seguir minha promessa de não tocar um dedo em você a partir de amanhã, Valentine. — Mordisco o lóbulo de sua orelha e roço minha intimidade contra a dele com mais intensidade. — Agora me leve para o seu apartamento e me foda com força, assim como disse que faria. — Ordeno e ele sorri, se afastando e pegando minha mão. Em questão de segundos meu namorado já estava me puxando em direção à saída da boate.

Antes de alcançarmos a porta de saída da boate, passamos por Lina e Cora, que agora estavam na companhia de Bryan e... Enzo. 

O quarteto nos encara de cima a baixo. Deles, apenas Bryan nos cumprimenta. 

— Irmã! — Ele se aproxima e me dá um beijo estalado no rosto. — Você está... — Me encara de cima a baixo. — Parecendo uma vadia, o que é isso? — Fala e eu dou uma gargalhada. 

— Vadia eu vou parecer na cama do meu namorado daqui há alguns minutos, Bryan. — Declaro e ele me dá um empurrão de leve no ombro. Caio dá uma risada, Lina e Cora também. Enquanto isso, Enzo vira uma dose de vodka. — Nossa, que agressivo. 

— Não precisamos saber da sua vida sexual com o meu melhor amigo. — Bryan encara Caio e se aproxima do brutamontes ao meu lado. — Mano, ainda não conversamos, mas... — Respira fundo e se declara. — Beleza, eu exagerei. Foi mal. 

— Teremos bastante tempo para conversar sobre isso, Bryan. — Sorri forçadamente e arregala levemente os olhos. — Estamos com um pouco de pressa agora.

— Bryan, querido. — Cora estende a mão sobre o ombro do ficante. — Eles estão querendo foder, não entendeu? — Declara e eu rio. 

— Beleza. Usem camisinha. De bebê Valentine já basta o do Enzo. — Bryan responde e eu reviro os olhos. Em seguida, dou um beijo estalado na bochecha do meu irmão e das minhas amigas.

 — Juízo vocês, pois nós não teremos. — Desejo a todos, ignorando Enzo. Na verdade, não sei nem o que esse maldito estava fazendo ali. Até porque estava ciente de que eu e Caio viriamos. Sem contar que não estou vendo Samantha ao seu lado.

Mas foda-se, ele é irrelevante agora. Agarro a mão de Caio e, apressadamente, saímos dali.

Nota da autora

Texto não passou por revisão. Pesso desculpas por possíveis erros de ortografia. Qualquer coisa absurda, podem avisar.

Não deixem de votar e comentar, para engajar a obra.

Espero que gostem.

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