11 - Não sou a única corna aqui

Caio fixa os olhos nos meus, perplexo com o que acabara de ouvir. Será que ele não entendeu o que quis dizer com isso? Tudo parece tão simples na minha cabeça, afinal, ele precisa de uma mulher e eu preciso foder com a cabeça daquele filho da puta sem coração. É como matar dois pássaros com um só tiro. 


Mas acho que o álcool deixa a mente do meu ex-cunhado lenta. É a única justificativa. Ao menos que ele realmente tenha levado a sério o "relacionamento". Porra, homens são tão lerdos. 

— Isso tudo é vontade de entrar para a minha família? Olha, eu te acho muito bonita. — Ele retira meus braços de seu pescoço e encara meu corpo de cima a baixo. — E, porra, gostosa. Põe gostosa nisso. Só que, caralho, não dá, sabe? O problema não é você, sou eu... — Caio fala de maneira arrastada e eu começo a rir desenfreadamente. Olha o fora que o maldito está me dando, porra. — Do que você está rindo? — Um sinal de dúvida surge no meio da sua testa.

— Oh, tadinho. Tão bonitinho, pena que tem apenas um neurônio nessa cabecinha. — Levo minha mão à sua bochecha e ele continua me encarando confuso. — O álcool corroeu seu cérebro, amor? Óbvio que será um relacionamento falso. 

Percebo a dúvida se dissipando do rosto de Caio e um sorriso atrevido surge em seus lábios grossos e rosados. Agora sim ele está entendendo meus planos. 

— E como isso funcionaria? — Pergunta e eu o lanço um sorriso largo, distante de querer esconder minha felicidade por ter ouvido aquela pergunta. Só de não ter sido chamada de 'louca', 'insana' ou 'psicopata', já significa que estamos muito mais perto do sim, do que do não.

— Vamos fingir em público, sendo um casal perfeito e invejável. O intuito é fazer seu irmão querer cometer suicídio e sua mãe se arrepender de todo o veneno despejado em você. No privado, ficamos com quem quisermos. Só não podemos dar o mole de sermos flagrados por terceiros nos 'traindo'. E também temos que inventar uma linda história de amor, que nos faça sair por cima dessa merda toda. — Explico um pouco arrastado, mas orgulhosa de estar raciocinando tão bem, mesmo bêbada que nem uma desgraçada. 

Caio continua me encarando, ainda com os olhos frisados. Meu ex-cunhado parece pensativo, tentando formular o que dizer. 

— Mas nós vamos ter demonstrar afeto em público? — Ele finalmente questiona após um longo minuto de silêncio. E eu o encaro confusa, tentando entender o que quis dizer com isso. Ele percebe e prossegue. — Digo beijar, essas coisas. Vamos ter que fazer isso? 

Não consigo conter uma gargalhada estridente ao ouvir sua nova pergunta. Admito que provocar Caio Valentine tem se tornando um dos meus hobbies favoritos nos últimos dias, entretanto, jamais seria desrespeitosa. Ele já mencionou sua falta de interesse em se envolver comigo, não há porque insistir. 

Entretanto, não resistiria a implicar com ele, principalmente agora que estamos a sós. Tenho plena consciência que meu corpo o deixa nervoso. Sua boca atrevida, que insiste em falar tudo o que pensa, deixou isso bastante explícito. 

— Por que, querido? — Entrelaço meus braços ao redor de seu pescoço novamente, já que o mesmo havia me afastado. — Está com medo de se apaixonar?

Imaginei que o Valentine mais novo fosse se esquivar, mas ao contrário. Ele sorriu travesso, fitando meus lábios e, em seguida, meus olhos.

— Oh, Luna. Só não quero que você se iluda. Não leve a mal, amor. — Caio responde e eu mordisco meu lábio inferior, sentindo-me extremamente provocada e desafiada. — Mas esse coração aqui é e sempre foi fechado. 

De qualquer forma, acho graça de sua resposta. Ao contrário do que pensei, a bebida o deixa bastante ousado. É melhor cortar o assunto, antes que as coisas evoluam para a minha cama. Ou para a dele. O relacionamento que estamos formulando é uma farsa, afinal.

— Tudo bem, senhor coração de gelo. — Continuo sorrindo. — Contatos íntimos em público serão feitos apenas em casos de extrema necessidade. Caso contrário, não. Combinado? — Caio assente com a cabeça. 

— E a nossa história de amor é a seguinte, querida. — Ele começa a falar e eu arregalo os olhos, afinal, o mesmo já está se envolvendo a ponto de desenvolver nosso enredo apaixonado. — Lina me mandou mensagem contando seu estado. Te encontrei chorando, aos prantos, em frente ao shopping. Saímos. — Fico emburrada, mas Caio não se abala e continua. — Então te levei para ver um filme. E nos beijamos. Foi então que descobrimos que, na verdade, sempre nos amamos. 

Mesmo sendo uma ótima história, não gostei do fato de ter sido encontrada "aos prantos". Isso não combina comigo, não sou do tipo frágil, que é magoada. Exatamente por isso que vou acabar com aquele casal, não aceito isso. Caio percebe minha indignação e resolve perguntar o motivo. 

— Está bem, marrenta. Qual parte você não gostou? — Pergunta e eu elevo uma das sobrancelhas. 

— Não quero ser vista como a menininha frágil, que foi magoada e precisa de um herói. Não preciso de heróis, porra. — Tiro os braços do redor de seu pescoço e os cruzo, indignada. 

De maneira inesperada e ousada, Caio leva os braços à minha cintura e aproxima meu corpo do dele, unindo meu busco estufado ao seu peitoral. Seu sorrisinho ladino indica que gostou da minha fala. Admito que a união inesperada me proporcionou um leve frio na barriga, mas acredito que tenha sido motivado pelo álcool.

— Então, querida namorada... — Pronuncia em tom de deboche e eu tento não revirar os olhos. — podemos falar o seguinte... — Caio leva uma das mãos à minha nuca, aproximando a boca de meu ouvido. — Podemos contar que te encontrei arranhando o carro do Enzo no estacionamento do shopping, o que não é uma mentira. — A proximidade de sua respiração está conseguindo me instigar a fazer coisas que o prometi sequer tentar. 

Não sei o que Caio está tentando fazer, mas estiver querendo me provocar, está conseguindo. Minha querida amiga dentro da calcinha está mais do que ansiosa querendo participar dessa brincadeira. Sei porque a mesma não para de se comunicar comigo desde que ele levou a mão à minha nunca. 

Tenho meus devaneios interrompidos pela voz rouca de meu ex-cunhado ressonando muito próxima de meu ouvido.

— Então você, revoltada e marrenta como sempre, exigiu que eu te levasse para algum lugar para encher a cara, pois queria esquecer aquele filho da puta. Depois de algumas doses e conversas íntimas, um clima surgiu e as coisas ficaram quentes... — Ele se afasta e encara meu rosto, com os lábios entreabertos. 

Sorrio maliciosamente e encaro seus lábios rosados. Levo minhas mãos para o rosto dele, acariciando sua bochecha delicada e provocativamente. 

— E você quer tornar essa parte mais real, hum? — Pergunto e ele pressiona a cintura contra a minha, me fazendo sentir sua ereção contra a minha buceta excitada.

— Pelo menos a parte em que as coisas esquentam. Estar bêbado, aqui, a sós contigo... — Caio passa a língua vagarosamente o lábio inferior. — Me faz lembrar daquela noite no teu quarto, da qual tive que reunir todas as forças que não tinha para não te rasgar no meio. — Afirma e, sem qualquer outro aviso, ataca a minha boca com um beijo voraz e ansioso. 

A língua aveludada de Caio se mistura à minha em uma dança lasciva e provocativa, me fazendo ansiar por mais. Automaticamente sua feição quando me masturbou com o vibrador surge à minha memória, me deixando ainda mais excitada. Eu poderia fazê-lo me foder aqui mesmo, sem me importar em quebrar a lei de atentado ao pudor. Arrancaria facilmente sua calça e cueca, o instigaria a me invadir e me estocar como nunca fez antes com qualquer outra. 

Toda a raiva que corroía minhas entranhas havia se transformado em tesão. A situação ficou ainda mais crítica quando senti uma das mãos de Caio descer pela lateral da minha cintura e, ao invés de partir para a minha bunda, alcançou a parte da frente da minha calça jeans. Foi simplesmente inevitável não soltar a porra de um gemido com o toque nada sutil.

Neste momento ele afasta a boca da minha e me encara lascivamente, levando a boca para perto de meu ouvido. Seus olhos chamuscam de desejo, assim como todo o meu corpo.

 É isso o que você quer, Luna? — Pressiona o dedão contra minha intimidade, me fazendo arfar e pressionar as unhas das duas mãos contra seus braços. — Estou sentindo que sim.

Meu coração batia mais rápido do que nunca por conta da excitação que vibrava abaixo da minha calcinha. O único problema é que, quando Caio estava prestes a voltar a me beijar daquele jeito intenso que estava me instigando a arrancar a roupa, ele simplesmente é puxado com violência do meu corpo e acertado por um soco no maxilar. O impacto foi forte, fazendo com que se afastasse e levasse a mão ao rosto. 

Nossa troca estava tão intensa que demorei alguns segundos para me recuperar do susto. O agressor era ninguém menos que Enzo, meu recém-ex-namorado. Bryan, Cora e Lina estavam o acompanhando, chocados com o que acabaram de ver. 

Ao me recuperar do impacto, obviamente corri em direção a Caio, que estava com a mão no rosto. 

— Está tudo bem, amor? — Pergunto e ele sorri ladino. Sei que está dolorido, mas, neste momento, ele compreendeu que nosso plano maluco tinha acabado de começar. 

— Amor? — Enzo chama a nossa atenção. — Que porra está acontecendo aqui? — Questiona revoltado. 

— Ué, acha que só você chifra, neném? — Dou uma risadinha e ajudo Caio a pegar impulso para se levantar. — Pois tenho uma surpresinha para você, querido. Não sou a única corna aqui. — Sorrio maleficamente. 

Nota da autora

Texto não passou por correção, peço desculpas por possíveis erros de ortografia.

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