Entrada XXXV

E aí?

Pois bem, vamos aos acontecimentos dos últimos dias, em ordem cronológica. Senta aí e fica confortável que a história é boa, hehe.

Como você leu na minha última vinda aqui, eu estava naquele dilema entre mostrar ou não a conversa que eu tive com o Miguel pro Bruno. Depois de muito ponderar, achei que seria melhor contar, sim. O cara tinha o direito de saber, poxa. Chamei ele aqui no meu quarto e tentei preparar o território pra soltar a bomba. Fiquei me sentindo aquelas pessoas que têm que explicar pra criança órfã que o pai ou mãe dela morreu. Credo. Falei que precisava mostrar algo pra ele e que era sério; que eu tava preocupado com a reação dele, mas que achava que seria melhor assim... “Mostra logo, Daniel, não precisa ficar me preparando. O que é?”. Tá, né? Já que não precisava preparar... Abri o Face do Vincent e fui em mensagens. Cliquei na conversa com o Miguel e abri em tela grande. “Pode ler”, respondi. Me levantei pro Bruno se sentar e ler com cuidado e assim ele fez. Eu fiquei de pé, de braços cruzados, atrás dele, só olhando e esperando a reação. Ele mal piscava os olhos... Eu fiquei preocupado, cara. Ele deve ter lido e relido aquilo umas cinco vezes. Em silêncio. Depois olhou pra mim com uma cara que eu não consegui entender o que queria dizer. Fiquei meio sem jeito. Eu não disse nada; ele também não. Sentei na cama e fiquei esperando ele reagir. E nada. “Fala alguma coisa, cara...”, eu pedi; tava me incomodando aquele silêncio. Ele apoiou o queixo sobre uma mão e, sem me responder, continuou relendo a conversa. “Não tenho o que dizer... Tá tudo dito”, ele respondeu, finalmente. Não sei o que ele tava sentindo. Não sei se estava triste, se estava puto, se estava chateado... Não sei. “E o que você vai fazer quanto a isso?”, perguntei. Ele fechou a página e se levantou da cadeira. “Você vai à festa na casa da Analice hoje?”, ele perguntou. Eu ainda não sabia se ia ou não justamente por causa dele, mas respondi que sim, sem pensar muito. Ele meneou a cabeça e continuou: “Então me espera pra gente ir junto. Obrigado por ter me mostrado isso. Te amo”. Apertou meu ombro carinhosamente e saiu do quarto. O Bruno tem umas que eu não entendo. Eu esperava uma reação completamente diferente, e acabou que não teve reação nenhuma.

Bom, como não dá pra ficar tentando entender o Bruno, deixei pra lá. Minha parte, que era contar a verdade, eu fiz; ele que se virasse pra lidar com o resto. Voltei às minhas atividades normais, depois saí pra fazer um programa à tarde e, mais ou menos às oito da noite, voltei pra casa. O Bruno já estava se arrumando pra festa. “Eita! Pensei que você fosse ir mais tarde!”, eu disse. E pensei mesmo — apesar de que, não sei por que, quando tem festa na casa do Felipe, raramente o pessoal amanhece lá; vai dando duas, três da manhã, todo mundo vai embora. Acho que é pra evitar problemas com os vizinhos. “Pode tomar um banho, se trocar, não tô com pressa, não”, Bruno respondeu. E foi o que eu fiz. Tomei um banho rapidinho, coloquei uma roupa da hora, passei meu perfume e pronto. Já falei que decidi que vou manter meu cabelo assim como está agora? Gostei mesmo dele curto; é muito mais prático. “Você quer ir a pé ou de táxi?”, perguntei. A casa do Felipe não é longe daqui; dá menos de vinte minutos andando. “Não me importo de ir a pé”, ele respondeu. Eu também não me importava. Na verdade eu até achei bom que fosse assim, porque eu queria ficar um tempo sozinho com o Bruno e ver se ele tocava no assunto do Miguel de novo.

Saímos de casa e seguimos andando sem pressa. Conversamos pouco durante o trajeto, e em nenhum momento ele tocou no assunto. Eu estava me mordendo de curiosidade, mas não me senti no direito de perguntar diretamente sobre isso pra ele, afinal, por mais que eu não soubesse o que ele realmente estava sentindo, sei que a situação era bastante desagradável. De qualquer forma, eu sabia que ele faria alguma coisa, porque o Bruno é legal mas não deixa essas coisas passarem batido de jeito nenhum — basta lembrar que ele e o Otávio terminaram por causa de um beijo. E, no fundo, eu queria mais é que ele e o Miguel terminassem mesmo, que eu não gostei nada desse negócio de ter sido trocado.

Depois dos quase vinte minutos de caminhada, chegamos. Do lado de fora dava pra ouvir a música tocando; nada ensurdecedor, mas perfeitamente audível. A porta da frente estava fechada, mas não trancada. Entramos sem tocar a campainha, o que seria inútil. Já tinha bastante gente na sala, na copa, na cozinha... Festa em casa é sempre um tumulto. Dali a pouco veio a Analice, toda sorridente e toda gostosa, cumprimentar o Bruno e eu. Por mais que ela estivesse linda como sempre, naquela noite eu estava atrás era do irmãozinho dela. Ela e o Bruno se estenderam no cumprimento e acabaram indo lá pra fora. Acho que o Bruno queria falar com ela sobre os últimos eventos. Analice me desejou boa festa, pediu licença e foi com o Bruno lá pros fundos da casa. Eu fiquei sozinho na sala. Fui andando até a cozinha pra pegar uma cerveja e ver se encontrava alguém conhecido. Abri a geladeira e peguei uma gelada. Enquanto fechava a porta, senti alguém me puxar pela cintura e dar um chupão [sic] no meu pescoço. Tudo muito rápido. Claro que era o Felipe. “Eu sabia que você viria, mané!”, ele disse sem tentar disfarçar a felicidade radiante na voz. Me virei de frente pra ele com a minha latinha na mão e retribuí o sorriso enorme que ele me dava. “É, estamos aí”, eu disse. A gente tava tipo cara a cara, e minha vontade era agarrar ele ali mesmo, mas tinha gente atrás de nós esperando pra pegar bebida. E o filho da mãe tava bonito (interessante é que eu não me lembro de achar o Felipe atraente antes de a gente começar a se falar). Modéstia à parte, ele deve ter se arrumado sabendo que eu apareceria pra festa. Eu não confirmei se iria ou não, mas era meio que óbvio pra nós dois. “Vamo lá pra fora”, ele disse, me dando a mão. É: ele me deu a mão, e nós fomos lá pra fora, pra perto da piscina. Dei uma boa olhada ao redor pra ver se o Bruno não estava às vistas. Não estava. Lá fora tinha quase ninguém, só uns dois grupinhos conversando perto da piscina. Sem muita cerimônia, ele foi logo me beijando, até eu cair sentado sobre uma espreguiçadeira perto de onde ficava o forno à lenha. Aquilo era inesperadamente esperado. E desejado. Me ajeitei na espreguiçadeira e ele veio por cima de mim, me beijando como se eu fosse de mel. A fome do moleque era tanta que eu comecei a rir. Logo ele começou a rir também e nós afastamos nossos rostos. “Que foi?”, ele perguntou, rindo. “Você sabe bem o que quer, hein?”, respondi, “Mal nos cumprimentamos e você já tá em cima de mim!”. “Desculpa, guri, é que cê mexe comigo”. Felipe fala umas coisas que fazem muito bem pro meu ego. “Mas na moral”, ele continuou, “tô felizão por você ter vindo”. “É? Tô felizão de estar aqui também”, respondi. Ele deu dois tapinhas no meu rosto antes de sair de cima de mim. “Não vou te sequestrar, não”, ele disse, “Só te trouxe aqui pra te dar meu oi. Fica à vontade aí, a casa é sua”. Na verdade eu não tinha muito o que fazer ali, porque o Bruno tava com a Analice e eu não conhecia a maioria das pessoas. “Eu vim aqui mais por sua causa mesmo”, eu disse, mas me arrependi logo depois. Sempre evito falar essas coisas meio confessionais pra quem eu tô paquerando porque sempre soo carente ou apegado demais. “Sério?”, ele perguntou, rindo aquele riso lerdo dele. Tá vendo? É disso que eu tô falando. “Sério”, respondi, sem ter como retirar o que eu acabara de dizer. “Eu tô lá na sala conversando com o pessoal. Se quiser ficar com a gente...”. Eu não tinha muita escolha; de qualquer forma ia acabar em algum grupinho de gente que eu não conheço, então acabei aceitando.

Voltamos pra sala e nos sentamos no sofá maior. Alguma coisa acontece que nas festas da casa do Felipe nunca dá B.O. Já fui em muita festa de república e, olha, já vi de tudo. Agora: em todas as festas que fui na casa do Felipe (não foram tantas), nunca vi nada de excepcional; nem gente vomitando no chão da cozinha. Aliás! Eu e ele ainda não conversamos sobre isso porque acho que não é da minha conta, mas parece que ele parou de mexer com drogas mesmo. A gente tava lá no sofá conversando quando ele viu um cara acender um cigarro de maconha. Todo mundo viu e ninguém pareceu se importar, mas ele disse alto o bastante pro cara ouvir de onde estava: “Aqui dentro não, brother. Lá na rua, faça o favor”. Veja que ele não pediu nem que fosse lá fora: foi lá na rua. Fosse alguns meses atrás, ele teria chamado o cara e pedido um; tenho certeza. Achei bacana a atitude. Por isso, sem pensar direito no que estava fazendo, coloquei uma mão sobre o joelho dele, como quem diz “bom garoto”, e deixei lá (ele estava com as pernas cruzadas “que nem homem” (perdoe o sexismo)). Sem parar de conversar com o cara que estava ao lado dele, ele passou um braço pelo meu pescoço e ficou fazendo carinho no meu ombro/peito. Agora pare e analise essa imagem. Eu com a mão na perna dele e ele fazendo carinho no meu torso. Numa festa na casa dele, com dezenas de pessoas, incluindo conhecidas minhas, andando pra lá e pra cá. Nós estávamos parecendo um casal, e ele parecia não se importar nem um pouco. E me ocorreu que eu também não me importava nem um pouco. Daí eu entrei numa breve crise de consciência. Olha como minha mentalidade mudou desde que eu saí de casa e virei homem de vida fácil. Eu numa festa parecendo casalzinho com um cara e pouco me lixando pro que qualquer pessoa pudesse pensar...

Coincidentemente, as pessoas ao nosso redor também não ligavam. Bom, se ninguém ligava, então beleza. Deixei minha mão onde estava, ele continuou o carinho e a conversa também prosseguiu. Quando minha latinha acabou, perguntei se ele queria mais uma e adivinhe? “Não, não, valeu, vou parar na segunda”. As coisas mudam mesmo, não é? Me levantei do sofá e fui até a cozinha. Peguei mais uma latinha na geladeira e aproveitei pra dar uma volta pela casa. Olhei lá pra fora e vi o Bruno conversando com o Otávio. Eles estavam bem perto um do outro, como se fossem se beijar ou já tivessem se beijado. Fiquei esperando pra ver se alguma coisa acontecia, mas não: ficaram nisso pelos um ou dois minutos que eu fiquei observando. Não sei se eles estavam fazendo as pazes, discutindo a relação, pensando em voltar... Eu ficaria feliz se eles voltassem. O Bruno era mais feliz e mais legal comigo quando namorava o Otávio.

Voltei pra sala e me sentei onde eu estava de novo, ao lado do Felipe, que, dessa vez, em vez de passar o braço pelo meu pescoço, colocou a mão na parte interna da minha coxa, bem perto da minha virilha. Não sei se ele fez de propósito, mas acho que não; ele conversava com os caras de um jeito bem animado. “Caras” modo de dizer: tinha umas duas meninas junto da gente, e elas me olhavam com uma cara estranha, tipo “É isso mesmo que eu tô pensando? Vocês dois?”. E eu olhava pra elas com uma cara de “É, sim, acredita? Não é o máximo?”. Falando assim, parece que eu estava excluído do assunto, mas não: eu participava da conversa também. Eu conhecia aquele pessoal de vista, como sempre: da faculdade, mas, como eram todos pessoas de cursos diferentes, eu não havia tido oportunidade de falar com eles.

Papo vai, papo vem, logo o Bruno aparece. “Dan”, ele chamou. Meio que gelei. Tanto eu quanto o Felipe olhamos pra ele com uma cara estranha, afinal, nós dois estávamos parecendo casalzinho na festa e o Bruno simplesmente gritou comigo quando isso aconteceu da última vez. Eu já estava procurando qualquer desculpa esfarrapada praquela cena, mas, pela cara dele, ele não parecia chateado nem nada. Em vez de conversar acima do volume da música, me levantei e nós fomos até a escada, onde tinha menos movimento. “Eu tô indo pra casa”, ele disse. “Por que, Bru?”, já comecei a pensar que era porque ele me viu com o Felipe. Eu fazendo a mesma cagada duas vezes. “Eu não tô legal... Mas você pode ficar, só tô avisando, tá?”. Não sei se acreditei. “Não é por causa do Felipe?”, perguntei, pra confirmar. “Não, relaxa; fica com o Felipe, com as amigas dele, com quem você quiser... Tá tudo bem. Mesmo”, ele disse, acariciando meu ombro, “Amanhã a gente se fala”. Acho que acreditei. Trocamos um abraço apertado e um beijo no rosto e ele saiu. Depois disso, o Felipe veio falar comigo. “Que foi? Ele tá bolado com a gente?”, ele perguntou. “Não; não sei o que aconteceu, mas não é nada contigo nem comigo, não... Amanhã eu descubro”. “Gente, vocês viram o Bruno?”, veio a Analice perguntar. “Acabou de ir embora... Você sabe o que aconteceu? Ele parecia meio triste”, perguntei em seguida. “Ele e o Otávio estavam conversando, mas daí eu perdi os dois de vista... Não sei”. Ficamos os três nos entreolhando por uns segundos. “E vocês dois? O que estão fazendo sozinhos aqui?”, ela fez a pergunta que eu torci pra que não fosse feita. “A gente tá conversando, ué”, o Felipe respondeu por mim. Ela continuou nos olhando. “Sei...”, disse, depois se dirigiu a mim: “Eu não sabia que você...”, ela não terminou a frase, mas eu sabia o que vinha a seguir. “Nem eu”, respondi antes que ela pudesse finalizar. Mais algumas trocas de olhares cheios de inferências. “Juízo, vocês dois, viu?”, ela finalizou, olhando pro Felipe, que riu o riso lerdo de sempre. Analice saiu de cena e nós ficamos a sós de novo. “Sua irmã sabe que você...?”, perguntei. “Sabe. Todo mundo sabe; não é tipo segredo”. Muito vida louca esse moleque, fala sério. Ele me olhava com um olhar muito sem vergonha, que foi me deixando sem vergonha tanto quanto. “Quer voltar lá pra sala?”, ele perguntou. O pessoal ainda estava lá; ninguém parecia ter sentido nossa falta. “Na verdade...”, respondi, “a gente podia fazer coisa melhor”. A sem-vergonhice dele é bastante contagiosa, repare. Ele riu de novo. “Quer conhecer meu quarto?”, perguntou, sorrindo de lado. “Opa. Vai ser um prazer”, respondi — o trocadilho foi intencional.

Terminamos de subir as escadas de dois em dois degraus e entramos no quarto dele. A vantagem de ficar com outro cara, ou com o Felipe, pelo menos, é que homem não tem nhenhenhém: o moleque trancou a porta e já foi tirando a camiseta e me beijando sem a menor cerimônia. Me deitou na cama e veio por cima, me beijando com urgência; com emergência. Ô, moleque gostoso do c@&*#%0! Desculpa, caderno, mas não dá nem pra tentar disfarçar o tesão que o Felipe me faz sentir. Impossível, simplesmente, por isso nem tento, e ó: pode me chamar de veado o quanto quiser: eu assumo abertamente a veadice circunstancial que ele faz explodir em mim. Ele tirou minha camiseta e voltou a me beijar, como se não fizesse aquilo desde a última encarnação. E eu retribuía com a mesma vontade; e nossos corpos roçando um contra o outro. Eu já sentia ele a ponto de bala, tanto quanto eu; o corpo dele, quente, sobre o meu; a gente tentando se abraçar, um sobre o outro, e se beijar ao mesmo tempo... Olha, fico duro só de lembrar. “Eu não acredito que eu tô na cama contigo, guri, puta que pariu!...”, ele falava, me beijando por toda parte. Eu ainda não sabia até onde aquilo iria, mas, por mim, se parasse ali mesmo que já estaria ótimo. Ele se ajoelhou sobre mim e tirou o cinto da calça, jogando-o no chão. Fez o mesmo comigo. Depois, tirou minha calça e a própria, deixando-nos só de cueca. Acho que aquilo era uma dica do que estava por vir. Sem muitas delongas, como sempre, ele abaixou minha cueca, revelando meu bem precioso apontando para o norte mais norte de todos os nortes, e caiu de boca. Pra registro: Bartô perdeu a liderança. Caderno, não tem palavras que descrevam o que foi o boquete daquele cara. Foi sobre-humano, fora do comum, tão incrível que fez instantaneamente surgir em mim a vontade de fazer a mesma coisa nele. Vale, também, lembrar que o único pênis que esteve na minha boca até esse momento foi o do Bernardo, num contexto bem específico. “Vira pra cá”, eu disse, e ele se ajoelhou na cama. “Tira a cueca”. Acho que ele não entendeu de primeira o que eu queria fazer, mas logo tratei de deixar claro. Nos ajeitamos de lado e começamos um 69, que também foi sensacional. O moleque gemia feito um porco, e aquilo me excitava absurdamente, e ele chupava com cada vez mais vontade, e quanto melhor aquilo ficava, com mais vigor eu retribuía. Nós somos mais ou menos do mesmo porte físico, então o encaixe dava muito certo. “Me fode, cara” (nem sempre dá pra suavizar as palavras do Felipe), ele pediu, em tom quase de súplica. E é lógico que eu não recusaria esse pedido em hipótese alguma. Sorri e me afastei do corpo dele pra nos posicionarmos melhor. “Abre a segunda gaveta”, ele disse, apontando prum criado mudo. Abri e, lá dentro, tinha preservativo e lubrificante, sinal de que coisas aconteciam naquele quarto. Bom: passei um pouco de lubrificante nele e fiquei o massageando com os dedos, pra relaxar a musculatura, enquanto o chupava. Ele agarrava o lençol com força, de olhos fechados, e gemia alto. Sorte que a música lá embaixo suprimia os nossos sons. Em seguida, coloquei o preservativo, passei lubrificante em mim e o deixei com uma perna levantada e outra abaixada. Penetrei devagar, mas meu bem precioso deslizou com relativa facilidade caminho adentro. Ele gemeu forte e eu acompanhei. Ao contrário da maioria dos coroas que eu atendo, ele era apertado; excitantemente apertado. “Isso!...” , ele disse, sibilando entre os dentes. Tentei ser lento e cuidadoso, mas não durou muito: eu queria era penetrar com força, e ele não me deteve. Comecei a estocar sem dó, indo fundo, com força, às pausas, depois acelerava e metia só movimentando o quadril; e saía de dentro dele pra depois voltar de uma vez, e parava dentro dele por uns segundos quando sentia meu púbis encostar na bunda dele... Ele era insaciável: quanto mais fundo eu ia, mais faminto ele ficava. “Fica de quatro pra mim”, pedi em dado momento. Ele atendeu prontamente. Continuei as estocadas e ele parecia estar em êxtase, tanto que, depois de alguns minutos nessa posição, já não era eu que fazia os movimentos de vaivém, mas ele, que quase literalmente rebolava no meu pau!

Sei que o negócio foi intenso. Ainda trocamos de posição mais umas vezes. Acho que a melhor parte foi quando ele se sentou no meu garoto e a gente meteu sentado, se abraçando. Até o suor do moleque era bom, caderno. Sim, eu dei umas lambidas nele (depois de ele ter feito o mesmo em mim e a sensação ter sido muito boa), pode me chamar de nojento. Quando eu me sentei com as costas pra cabeceira e ele se sentou em mim com as costas coladas no meu peito também foi sensacional. Sem contar a gozada, que ele não desperdiçou uma gota. Eu já estava exausto, mas juro que faria tudo de novo. Acho que, depois que gozamos, a gente se beijou e se abraçou com ainda mais desejo. Me referindo a antes de virar garoto de programa, claro: acho que nunca antes eu fiz sexo com alguém que estivesse tão a fim de mim e vice-versa. E, meu, é um negócio muito louco. A gente ainda ficou nos amassos por um tempão e nossa! Foi uma sensação indescritível. “Você quer voltar pra festa?”, ele perguntou. Ainda tava cedo; isso tudo não durou nem uma hora. “Você quer?”, retruquei. “A gente pode tomar um banho, voltar pra lá e fazer de novo antes de dormir?”, ele sugeriu, “Você pode dormir aqui também, não tem problema”. Achei boa ideia. E assim fizemos. Jogamos uma água no corpo pra tirar o suor e voltamos lá pra baixo. Ninguém pareceu ter notado nossa ausência; sequer deram aquele olhar de suspeita quando a gente desceu de mãos dadas.

Tinha mais gente quando a gente voltou do que tinha quando a gente subiu. Conforme ia ficando mais tarde, Analice ia abaixando o volume da música. Eles eram muito ajuizados mesmo, percebi — até esvaziaram a piscina, pra ninguém cair na água. Cê sabe, né, bebida alcoólica com piscina... A gente ficou lá fora, onde também tinha mais gente do que quando eu cheguei, e agora estávamos de casalzinho indisfarçavelmente. Ficamos conversando (já falei que o Felipe é muito bom de papo?) sem muita gente por perto e, de minuto em minuto, rolavam uns beijos (eu poderia beijar esse cara por horas, caderno). Sim, tipo na frente de quem quisesse ver mesmo; e uns chupões de leve, umas mordidas na orelha, umas mãos na bunda... E olha que ele não bebeu mais! Eu tava tomando uma latinha, mas era só a terceira; sou fraco pra bebida, mas três latinhas não me tiram o controle (com quatro eu já começo a ficar alegrinho, porém). Mas o que mais me chamou a atenção é que, o tempo todo, ninguém parecia estar nem aí pro que a gente fazia, incluindo a Analice, que até falou pra gente ter juízo. Eu não sei se estava esperando esse tipo de reação (ou de não-reação) das pessoas, mas confesso que me senti bastante... livre.

Foi entardecendo e logo as pessoas começaram a ir embora. Pouco antes das três, já não tinha mais ninguém na casa, que ficou uma zona. Analice tava com o namorado (ah, é, o ficante com quem ela estava na festa do Bruno acabou virando namorado. E parece que é sério) e foram dormir. “Amanhã a gente arruma a bagunça, pode ser?”, ela sugeriu pro Felipe, que concordou. Antes de ir pro quarto, eu e ele limpamos “o grosso” da bagunça. Copos e guardanapos pelo chão, bebida que caiu, a pia da cozinha, que estava um caos... Mandei mensagem pro Bruno avisando que não voltaria naquela noite e, depois, fomos pro quarto. E... round 2. Vou poupar o round 2, mas foi tão bom quanto o round 1, pode ter certeza.

Dormimos tipo um em cima do outro, apesar do calor; ora eu em cima dele, ora ele em cima de mim. Quando acordei, era ele que tava em cima de mim. Fiz carinho no cabelo dele e logo ele acordou também. E... round 3. Eu não sabia que eu tinha esse fogo, caderno. Juro. A gente tava tipo palito de fósforo e caixinha: era só riscar que acendia. Tomamos outro banho e fomos limpar a casa. Ele recusou minha ajuda, mas eu insisti. Ficamos só de bermuda (uma que ele me emprestou) e fomos lavar o chão ao som de La Roux, que, segundo ele, é música pra fazer faxina. Ele mais “cantava” e dançava do que limpava, isso quando não inventava de me jogar água do balde e me atirar bucha ensaboada. Sem contar que a cada dois minutos a gente parava pra se pegar em algum canto da casa — isso além do boquete de despedida, que eu recebi sentado na privada com a porta do banheiro aberta; uma experiência bastante libertadora. O que poderia ter demorado quarenta minutos pra limpar levou quase duas horas. Já passava de uma da tarde (Analice não tinha saído do quarto ainda; devia ter tido uma noite tão agitada quanto a nossa) e o Felipe insistiu que eu ficasse pro almoço. Recusei o pedido; precisava voltar pra casa e ver como o Bruno estava. Felipe me trouxe pra casa de moto e nos despedimos com um...? Adivinhe. Aperto de mão, é claro. No meio da rua não dá pra ficar de agarração.

Quando entrei, senti o cheiro de comida. Parece que o Bruno adivinhou que eu estava com fome! Nos cumprimentamos e ele ainda estava com aquela cara estranha da noite anterior. Abracei-o de lado pela cintura enquanto ele mexia na panela do arroz e deitei a cabeça no ombro dele. “Como cê tá?”, perguntei. Ele fungou como quem diz “Tudo indo”. Vesti minha roupa de ficar em casa e fui até a cozinha fazer companhia pra ele enquanto ele fazia o almoço em silêncio. Eu sabia que ele tinha coisas a me contar, mas ele não falava nada. “Tô preocupado contigo”, eu disse. Ele não respondeu nada, mas sei que entendeu o que eu quis dizer. Depois de mais algum tempo em silêncio, ele enxugou as mãos no pano de prato, escorou na beirada da pia e cruzou os braços, olhando pro chão. “A gente não vai voltar”. Supus, obviamente, que ele estivesse se referindo ao Miguel. “Tô falando do Otávio”, ele emendou. “Mas peraí, e o Miguel?”, perguntei, “Pensei que você estivesse assim por causa dele”. “O Miguel é um babaca; demorei umas semanas pra perceber. O que você me mostrou ontem ter acontecido foi um favor; só faltava um motivo pra gente terminar”, ele falou bastante calmo. “E você diz isso com essa naturalidade?”. Ele deu de ombros. Pelo visto, não era esse, nem de longe, o motivo da tristeza dele. “Mas e o Otávio? Vi vocês dois conversando ontem, pensei que estivessem fazendo as pazes...”. Ele negou com a cabeça. “Eu e o Otávio perdemos o amor um pelo outro. A gente ainda se gosta demais, mas o amor acabou”. Isso não fez muito sentido, mas logo ele prosseguiu: “A gente tá tipo aquela música da Gwen Stefani: tivemos a nossa história, ela chegou ao fim e agora estamos ‘bem’ um com o outro... E acho que é melhor assim, mesmo; que a gente esteja bem. Fui à festa ontem porque eu sabia que ele estaria lá e eu queria colocar as coisas em pratos limpos. Ele me explicou pela trigésima vez a história do Felipe, eu reconheci que fui injusto com eles, me desculpei, ele aceitou as desculpas; nos abraçamos pela última vez e eu vim embora. E foi isso... Tá pronto o almoço”. Pelo jeito ele não estava tão “bem” assim, não. Mas eu entendo. Ele e o Otávio namoravam desde os tempos de colégio e terminaram do nada. Eles faziam um casal muito bacana, apesar de tudo, e eu sempre torci por eles... Fico triste pelo Bruno. Sabe aquela história de que sofre mais quem se doa mais? Acho que esse foi o Bruno. O Otávio era a vida desse moleque... É complicado. O jeito é dar tempo ao tempo; não tem outra solução.

Enfim. Quanto a mim e o Felipe, não crie expectativas: estamos mais pra fuck buddies do que pra qualquer outra coisa (e preciso agradecer a qualquer entidade ou fator que tenha sido responsável pela minha decisão de beijá-lo no aniversário do Bruno, que essa foi uma das decisões mais sábias de toda a minha vida). Desenvolvi um carinho (e outras coisas) enorme por ele, mas só isso. Ele é aquele “preciso de novas amizades” a que eu me referi há algum tempo. Quem melhor do que um Felipe pra satisfazer meus momentos de carência? Ninguém. Agora tô só preocupado com o Bruno, mas ele é forte, deve sair dessa logo. Amanhã começa uma nova semana e vamos ver o que ela reserva, que esta que acaba foi cheia de fortes emoções, hehe. Vou assistir a um filme ali com o Bru e depois dormir. Se cuida. Abração! 

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