Capítulo 1
Eu percebi que em algumas histórias minhas, algumas pessoas comentam que não sabem pronunciar alguns nomes que coloco, então vou deixar a pronúncia (segundo o google) ao lado dos nomes e palavras para que possa facilitar. Mas se atrapalhar na leitura, podem me avisar que eu removo.
O que não houver a pronúncia é pq deve-se ler exatamente como tá escrito.
E se você perceber que a pronúncia está errada pode me corrigir nos comentários, viu? Isso tudo dito:
🪓 Sejam bem-vindos a Era Viking! 🪓
Boa leitura:
Um rebanho de ovelhas pastavam os prados de uma colina, próxima ao Mosteiro de São Bento. Estavam sendo acompanhadas por um jovem noviço que sentou confortavelmente no chão, entre os animais. Ele poderia facilmente ser confundido com uma das ovelhas, através dos olhos distraídos de quem passava ao longe.
No local sagrado residiam vinte pessoas, sendo elas quinze monges e cinco noviços, jovens que se preparavam para fazer seus votos e dedicar suas vidas à ordem religiosa.
Apesar de o mosteiro conter diversos itens valiosos como uma cruz incrustada com pedras preciosas, cálices de ouro e outros objetos eclesiásticos decorados com rubis e safiras, os monges levavam uma vida totalmente humilde. Eles não se alimentam de animais pois seguem o preceito de evitar o mal, ou seja, causar a morte de um ser senciente, os seres que possuem a capacidade de sentir.
O jovem noviço passou a mão sobre a lã bastante crescida de uma das ovelhas, no momento seguinte, ela baliu com o contato: “Mééé”.
— Desculpa — ele removeu a mão e sorriu —, é que você é tão macia...
O animal ergueu a cabeça em sua direção. Era possível ver o reflexo do jovem nos olhos da ovelha, encarando-a de volta. Depois, ela voltou a pastar novamente, como se nada tivesse acontecido.
— Falando sozinho outra vez, Jimin? — O noviço olhou para trás e sorriu nervoso quando teve a visão de um dos monges, com os braços cruzados e um olhar severo. — Já terminou suas tarefas?
— Não… — respondeu sem jeito. — As ovelhas queriam ir na direção dos rochedos. Fiquei preocupado, elas poderiam se machucar.
— E foram elas que te disseram qual direção pretendiam seguir? — O jovem não respondeu, ao invés, abaixou a cabeça. — Vá limpar o salão de orações, o bispo Abraham (eibraham) chegará em breve.
— Sim, senhor.
Obediente, Jimin deixou as ovelhas para se juntar aos demais noviços, que já adiantaram boa parte do serviço de limpeza. Assim que o jovem entrou no recinto, recebeu olhares de reprovação por parte dos demais, mas ignorou enquanto podia.
Com os joelhos no chão, Jimin segurou uma escova com ambas as mãos e passou a esfregar o assoalho com força, para remover as marcas da chuva que penetrava através das frestas nas paredes de madeira, e escorria pelo chão.
— Depois que acabamos com todo o trabalho pesado de mover os bancos, o altar e o ambão, você aparece aqui como se estivesse ajudando bastante — um dos noviços se abaixou ao lado dele. — Como pode ser tão irresponsável?
— Eu estava com as ovelhas.
— Pastando com elas? — O noviço encrenqueiro perguntou, e todos começaram a rir. — Você vai limpar os quartos sozinho!
Jimin buscou ao seu redor alguém que o apoiasse, mas todos negaram com a cabeça e deram-lhe as costas. Para eles, o jovem fazia aquilo de propósito, para fugir de suas responsabilidades. Mas a verdade era que Jimin gostava da paz que era estar com as ovelhas, elas não implicam consigo como os demais noviços faziam, sempre que tinham oportunidade.
Depois que a faxina do salão de orações foi concluída, Jimin rumou até o dormitório dos religiosos, onde seguiu limpando sozinho cada parte daquele cômodo. Quando finalmente terminou, correu para se juntar aos monges, mas o bispo Abraham já estava sendo recebido por eles.
A recepção foi interrompida momentaneamente quando Jimin atravessou correndo por trás dos religiosos. Tentou passar silencioso, mas acabou chamando mais atenção para si. Os monges mais velhos dirigiram olhares severos a ele, depois voltaram ao acolhimento:
— É uma honra recebê-lo em nosso mosteiro. Vossa Reverendíssima pretende realizar algum sacramento durante sua estadia?
— Não, frei Angus. Mas trago comigo alguns manuscritos da Bíblia sagrada, enviados por Sua Santidade, o papa.
— Oh… — um coral surgiu entre os monges, e seus olhos brilharam quando o bispo removeu o manuscrito da bolsa e o adicionou em cima da mesa.
Eram um grupo de pergaminhos velhos, prensados com capa dura, envolvido por uma seda dourada e luxuosa que refletia a luz das velas parecendo ouro.
— Precisa guardar em um local seguro. — O bispo indicou.
— Tem razão. Davi, leve-o com cuidado até a nossa galeria subterrânea, onde guardamos os artefatos.
Um dos noviços se moveu, mas o bispo Abraham já havia decidido por conta própria quem deveria conduzir o manuscrito:
— Frei Angus, por que não aquele alí? — Ele mostrou Jimin, que estava atrás de Davi.
— Ele é um pouco desastrado… — o monge sorriu nervoso. — O senhor mesmo viu, ele chegou atrasado.
— Os últimos serão os primeiros — Abraham citou um versículo bíblico —, Mateus vinte, dezesseis.
Angus assentiu e indicou que o noviço levasse os manuscritos:
— Vá, Jimin.
O jovem engoliu em seco, com todos os olhares dos monges voltados para ele. Como se estivesse tocando algo muito delicado, com medo de deixar cair, ele apanhou o exemplar e levou consigo até o local subterrâneo.
Jimin deixou o objeto no centro do púlpito e demorou alguns instantes admirando-o. A tentação de desatar o nó do tecido para ler alguma parte do manuscrito aumentava a cada segundo. Mas desistiu, quando ouviu passos logo atrás de si.
— Conseguiu um bom lugar? — O bispo perguntou, quando se revelou através da porta.
— Sim — Jimin confirmou mostrando o ambão.
Seus olhos desceram para o cinto do bispo, onde o mesmo portava uma longa espada embainhada, com uma cruz desenhada no cabo. Ergueu o olhar novamente e encontrou Abraham lhe encarando de volta.
— Não uso para o mal — o bispo explicou, diminuindo a distância entre os dois. — Essa espada é a ira divina contra aqueles que se rebelam contra Deus.
— Mas e os mandamentos? — Jimin se referiu especificamente ao “não matarás”.
— O mundo não é como os prados e campinas verdejantes, por onde você foi criado. Uso minha espada com a benção de Deus para exterminar o paganismo, a heresia e a blasfêmia que estão se espalhando sem controle.
— Mas fazendo isso o senhor não está cometendo um pecado também?
— Não. Estou defendendo o povo de Deus. — Embora tentasse parecer certo, o bispo notou através das expressões do mais novo que ele não concordava com suas explicações. — Rezo para que você nunca presencie um ataque pagão. Eles são como bestas selvagens, que destroem tudo o que tocam e dilaceram a carne daquelas que se colocam em seu caminho. Há um rastro de sangue em todos os lugares por onde eles passam.
O olhar sombrio do bispo Abraham fez o corpo do noviço congelar. Jamais poderia imaginar tamanha brutalidade, como o mais velho descreveu. A cena criada em sua mente foi tão assustadora que, instintivamente, Jimin fez o sinal da cruz em si.
— Não quis assustá-lo — o bispo foi sincero. — Não se preocupe, esses homens costumam atacar mais ao Norte. Não há possibilidade deles encontrarem esse monastério.
Jimin respirou aliviado, pois não saberia como se defender e tampouco teria para onde fugir, caso os bárbaros surgissem diante de seus olhos.
~🪓~
No reino mais distante ao Norte, próximo à base da cordilheira de montanhas, havia a cidade de Westberg, onde os habitantes eram governados pelo rei Magoth (magô), um monarca vaidoso e cheio de ambição.
Magoth sentia orgulho por governar uma cidade considerada por ele muito próspera. No entanto, grande parte da riqueza que entrava em Westberg era trazida pelos seus exploradores. Se fosse depender por ele e apenas do comércio, seu povo morreria de fome.
Um grupo com alguns homens havia retornado naquela manhã, trazendo consigo muito ouro, prata e algumas mercadorias de alto valor. Foram liderados por Jeon Jungkook, um guerreiro cujos olhos conseguem enxergar muito além do que um ser humano comum era capaz.
Além disso, tal homem também possuía grande habilidade em navegação, em combate e também tinha talento em mapear fronteiras que ainda nem haviam sido descobertas. Isso fazia com que toda a Westberg, incluindo o rei, acreditassem que Jungkook era descendente do próprio Odin, e que seus olhos refletiam parte da força do soberano deus.
— Veja, meu senhor — o secretário do rei exibiu um colar de prata com safiras. — Combina perfeitamente com o seu cetro de cristais.
— Separe isto. — O monarca ordenou.
— E essa bandeja de ouro também, para servir seu chá matinal.
Conforme o secretário exibia os itens mais valiosos e oferecia ao rei, o grupo de guerreiros liderados por Jungkook trocaram olhares inquietos, ansiosos por sua parte. Porém, nada disseram. Magoth era conhecido pelo número de execuções que ordenava, quando sentia-se ameaçado.
— Já basta, Grimas — disse o rei. — Leve aqueles cálices e converta-os em moedas para distribuir ao povo mais carente. O restante deposite no cofre real.
O secretário chamou mais alguns homens para remover os objetos valiosos. A cada item retirado, os guerreiros ficavam mais agitados e abismados com o disparate do rei. Foram eles que trouxeram toda aquela riqueza, para agora Magoth tirar absolutamente tudo.
— Não está se esquecendo de nada? — Jungkook perguntou.
— Não. — O soberano respondeu. Jungkook estreitou os olhos. — Se está incomodado com alguma coisa, diga.
— O acordo foi que teríamos cada um de nós uma boa parte dos espólios. Mas pelo visto não vai sobrar nada.
— O povo precisa de ajuda, será que você não vê? — o rei questionou irritado. — Você está sendo egoísta. Tem um barco pra poder pescar e sobreviver, dado por mim de tão boa vontade, e ainda quer mais?!
— Acontece que… — Namjoon, outro guerreiro e grande amigo de Jungkook tentou argumentar, mas o próprio o impediu.
— Não é egoísmo. — Jungkook sabia que uma palavra errada e o rei mandaria executar Namjoon. — Cada um de nós sabe o que passamos para conseguir estes itens.
— E agora vai insinuar que minha riqueza provém de pescadores, artesãos, ferreiros e construtores? — Magoth riu. — Isso cheira a desacato…
— Vossa majestade é o nosso rei e manda em tudo por aqui. Toda terra e riqueza é vossa. Somos fiéis ao senhor, então acredito que não vai descumprir sua palavra, quando está diante de servos tão obedientes.
Magoth olhou à sua volta disfarçadamente, notando que haviam mais algumas pessoas esperando por uma reunião consigo. Caso voltasse atrás com a palavra, perderia credibilidade junto ao povo, e um rei não é nada sem eles.
Embora Magoth constantemente faltasse com sua palavra, muitas vezes criando leis absurdas do nada, Jungkook sabia exatamente como forçar o rei a seguir conforme combinado, sem nunca faltar com respeito, impedindo-o de puni-lo. Ainda que o rei buscasse qualquer brecha para fazê-lo, nunca tinha o mínimo motivo suficiente para isso.
— Que seja — Magoth moveu a mão, aborrecido. — Entregue a eles algumas moedas.
— Algumas?! — Novamente, Namjoon tentou reclamar, mas foi impedido pela segunda vez.
— Obrigado. — Jungkook prestou uma referência diante do rei, depois se retirou do salão, assim como os demais.
O grupo de homens responsáveis por trazer a riqueza, esperaram algum tempo até receber um pequeno saco cada um, contendo pouco mais do que 10 moedas de prata, o que gerou grande revolta em Namjoon.
— Por que você aceita essa esmola de tão boa vontade?!
— Dá pra comprar redes novas e consertar a cama do Ajay (eijei). — Jungkook avaliou a quantia dentro do saco.
— Você tá me escutando? — Namjoon insistiu. — Daria pra fazer muito mais, se não baixasse tanto a cabeça pra aquele miserável.
— Da próxima vez a gente consegue.
— Você vem dizendo isso há meses. Nada vai mudar se a gente continuar entregando tudo àquele ambicioso de merda!
— Fazer o quê? Ele é o rei.
— Podemos tomar dele! Façamos a noite e pegamos ele de surpresa! Hoseok e Yoongi concorda comigo, Taehyung e Seokjin são fiéis a você também. Nick e Hurk sem dúvida alguma…
— É o que você quer? Morrer sem nenhuma honra e vagar por toda eternidade em Helheim? (réu haim)
Helheim é o reino dos mortos para os nórdicos, como se fosse o inferno. É um lugar frio, cheio de espectros sombrios daqueles que morreram sem glória.
Em contrapartida, Valhalla (val-ha-la) também era um local para receber os mortos, porém, assemelha-se ao paraíso para os nórdicos. É descrito como um grande salão, onde habitam os guerreiros que morreram lutando com bravura nos campos de batalha. Eles são servidos com grandes banquetes e festejam todos os dias na companhia dos deuses.
— É claro que não! Há um lugar em Valhalla esperando por mim.
— Então seja paciente. Nossa hora vai chegar. Você acha que estamos entregando tudo ao rei, mas a única coisa que ele quer é nos matar. Não entregue isso a ele.
Namjoon assentiu. Ainda que Magoth causasse muita revolta com suas injustiças, o amigo confiava fielmente em Jungkook. Eles se conheciam desde crianças, e sempre cuidavam um do outro desde então.
Continua…
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