14 - Victor Vitória S
Ai como isso é doce. Melhor que olhar para um morango maduro e perfeito, é comê-lo... devorar com o direito de sentir escorrer pelo queixo o sumo de perfume frutado e compartilhá-lo com aquele a quem amamos. Só que no momento tenho certeza que Nero não merece que eu compartilhe algo gostoso com ele.
— Não ouvi direito. — Sua cara de espanto é a melhor.
Imaginei que se eu lhe pedisse algo, não me daria.
— Eu serei sua dominadora e você o meu subjugado.
— Sonhar é de graça.
— Medo?
Nero só ri, olha para todos os lados e em baixo tom de voz me diz:
— Eu toparia um bondage, uma coisa mais leve. Você bem sabe que não rola um jogo versátil conosco. Sou eu o dominador e você, Victor, o subjugado com sempre foi e sempre será.
— Victor... Com ele a coisa era de um jeito. Comigo não funciona assim, óh, macho sem criatividade na cama. Em qualquer casamento mais ou menos, versatilidade é a chave.
— Victor nunca reclamou. Ele preferia as coisas como eram.
— Victor odiava transar com você.
— Você não sabe de nada. Ele amava minhas performances.
— Que homem cafona! Performances? Você só sabia colocar o menino de quatro e fodê-lo de maneira sem graça. Eu dormiria durante a transa, você é tedioso. Vamos fazer assim... se você conseguir me excitar eu serei sua escrava pela noite à fora.
— Topo.
— Mas se não conseguir, Nero, vou foder você.
— O quê? Nem pensar!
— Se tem medo tudo bem. Entendo que se considere um macho fodedor somente ativo, do tipo que nunca fez um sexo oral no outro por achar que será menos macho por isso.
— Ah, cala a boca! Sou muito macho!
— Ai. Nossa Senhora! Até senti algo me cutucando aqui. Ah, era apenas sua insegurança. SE realmente for muito macho, aceitará...
— Seu sarcasmo é a coisa mais chata do mundo. Saudade de quando você é o Victor...
— É... não valorizou, perdeu.
— Logo vou me livrar de vocês dois. E foda-se, sua ridícula.
Termino de jantar com calma enquanto Nero bebe, enche o cu de álcool e conta-me sobre alguns valores que tem para receber. Mais vinho. Um casal de clientes dele se aproxima da mesa e nos cumprimenta. Um garçom não para de nos encarar. Eu louca para dar uma mijada e com receio desse animal me seguir.
Gael? Caramba! Meu amigo psicólogo!
Gael me notou. Sempre nota e me cumprimenta, no caso me deu um "tchauzinho" e um sorriso largo e lindo como ele é por inteiro. Meu amigo está com alguns amigos seus que não reconheço.
Quer saber... vou ao banheiro. Nero ignora-me quando levanto. Eu tenho um sexto sentido muito aguçado. Ele quer fugir e me deixar para trás, mas o burro não chegará no carro e voltará. Eu sei disso. Meus truques não falham. Passo então pela mesa onde está o Gael que me devolve o olhar indiscreto e um cumprimento.
E depois do alívio, enquanto lavo as mãos, meu amigo se prostra do meu lado em frente ao espelho e arruma o cabelo já perfeitamente arrumado.
— Estão se acertando? — Gael é direto.
— Espero que não. — falo com sinceridade. — Não tenho o menor interesse em ver o Victor se humilhando por seu ex marido.
— Hum? Como assim?
— Ah, é... que quero dizer que cansei, meu bem, cansei de fingir algo que está totalmente arruinado.
— Eu percebi há bastante tempo, mas ele me deu vários "chega pra lá" que passei a me recolher em minha insignificância.
— Credo, Gael. Eu levo muito em conta o que me diz.
— Nem sempre, Vic. Já teve épocas que ficou super magoado comigo. Poxa, desculpe a invasão, Victor. Fui intrometido, né? É que o Nero espalhou que tinha saído de casa e vi os dois aqui hoje, só imaginei que estava tudo certo com vocês.
— Ainda não está. Mas ele saindo do meu caminho, com certeza deixará tudo certo.
— Que bom que está animado, amigo. Eu me preocupo muito. Só não cheguei mais perto por receio de te prejudicar.
— De maneira nenhuma. "Nossa" separação é um fato.
— Quando ajeitar tudo, podíamos tomar um café juntos e conversar um pouco.
— Com certeza!
Gael parece meio tímido, tendo um jeito delicado e fofo e eu gosto muito desse jeito.
Nos despedimos, saímos do banheiro só para eu descobrir que Nero tentou escapar de mim e vem furioso na minha direção. A chave. Surrupiei por garantia já antevendo a babaquice dele. Discutimos um pouco ali perto do banheiro. Ele me distrata e também ao Victor, depois comenta que vai me levar pra casa.
— De conversinha com Gael? Pensa que não vi os dois dando beijo na cara quando saíram do banheiro! Eu já te mandei ficar longe dele.
—Mesmo que o errado foste você o tempo todo? E ninguém manda em mim. E baixa a voz.
— Vá se foder. Não fala mais comigo hoje.
— Você! Não desconte em mim a sua raivinha. E não me encosta.
Nero me deixa em frente ao meu apartamento e sai cantando pneus. Como se eu ligasse para essas cenas. Também não ligo se sou rasa, diferente da profundidade de Victor com seus dramas, traumas e exageros. Sou bem mais prática que isso.
Uns dias depois... numa noite fresca de sábado eu vou tentar a sorte. Dos machos que já arrastaram a asa para cima do Victor, eu disponho à mesa os três mais próximos e nos quais vou "atirar" já que não tenho o que perder. Um não já está garantido, pior que isso só se os três toparem quando eu não estiver mais disponível. E como geralmente se deixa o prato mais gostoso para degustar sem pressa, Gael, vamos direto ao que sacia o apetite exagerado que no meu caso, seria por sexo casual. Preciso de um corpo, de um homem que queira transar sem me fazer promessas e muito menos ser brega ou vulgar demais.
Hoje pelo menos.
O amanhã não me pertence, quando o alcançar, eu planejo.
Mando um "messenger" ao Elton, pois tenho pensado muito nele. Queria se possível conversar um pouco, conhecer alguns fatos e maluquices suas. Mas hoje ele parece desinteressado e imediatamente o coloco na reserva. Murilo é quem me atende prontamente, informando que está no Paraná onde esteve negociando seu sistema e enchendo-me de perguntas, dengos e preocupações com meu bem estar que quase me sinto sufocar. Com essa sensação de sufoco, atendo ao interfone e despreocupadamente aperto o botão maldito.
Isso só pode ser macumba!
Essa entidade chamada Nero não pereceu no Império Romano há "trocentos" anos?
Esse pé no saco não contava que eu trocaria as fechaduras e precisou interfonar. Notei que está bufando pelas narinas enquanto aguarda eu conversar calmamente com Murilo, calando-o com um gesto simples. Encerro a ligação e peço mais cinco segundos para me preparar para ouvi-lo manifestar-se, dizendo as mesmas coisas de sempre e nos acusando de estar encenando.
— Porque trocou a chave do MEU apartamento?
— Que saco. Não tinha ido embora?
— Você ainda é meu, Victor.
— O caralho que é!
Nero não espera eu terminar de falar. Puxa-me pela cintura e gruda sua boca na minha. A surpresa é tão absurda que eu correspondo. Não creio! Preciso sim de um corpo de macho e que Victor me perdoe, mas Nero não faz meu tipo e eu vou descartar.
— Você anda beijando melhor, Victor...
— Pela centésima vez, eu sou Vitória e Vitória não quer sobras de relacionamentos que não deram certo.
— Tínhamos uma aposta. Lembra-se de quando jantamos juntos?
— Minha condição mudou. — Disparo na sua cara para desencorajar de uma vez e me deixar em paz. — Vou ser nada delicada.
— Me maltrate muito. Pode me pegar do jeito que quiser.
— E o Bernardo? Aquele cara deve ser uma merda na cama.
— Até Victor é um passivinho melhor.
— Nojo de você. Mas não estou mais afim. Estou com um pouco de dor de cabeça... no corpo.
— Essa é nova. Dor de cabeça no corpo? — ele ri e cansando minha beleza, repete e repete a mesma merda.
Me jogo no sofá e faço cara de tédio. Tampo o rosto com os braços e suspiro forte.
— Quer mesmo?
— Claro! Adoro essa brincadeira de Victor Vitória. É muito interessante seu jogo. Estou curioso para ver Victor como ativo uma vez na vida.
Minha cabeça tomba para trás. AH! Que desânimo! Que homem chato. E que merda!
— Faça uma chuca. Deve imaginar o que seu não tão amado Victor fazia para lhe proporcionar prazer.
— Fazer o que?
— Uma ducha higiênica. Sabe como faz? Enfie o chuveirinho no seu ânus e depois sente-se ao vaso...
— Sim... eu sei o que é entendeu? Isso é nojento e desnecessário de narrar.
— Sabe? Ótimo. Vá então.
— E você?
— Vou fechar meus lindos olhos verdes por uns dez minutos até que volte ou desista de vez.
Chutei baixo. Tive que aguardar por quase cinquenta minutos. Sinceramente senti vontade de rir. Onde Victor achou essa praga? Meu Senhor, o que é esse homem? Ele é ridículo. Péssimo. E estou incrédula... Ele saiu do banho vestindo uma cueca cavada. SENHOR! Dois dedos de pano nos lados com essa pancinha! Ah vou infartar!
— AH! Credo!
— Quer parar de gritar?
— Tire isso! Isso é extravagante demais. Minha urticária já está coçando. — mostro-lhe o vermelhão no meu braço — Olhe! Eu nunca mais terei uma ereção em minha vida amarga. Nero isso traumatiza. Tira!
— Victor ama meu corpo, meus pêlos e meu cheiro. Não desperdiça um centímetro de minha pele... e ama esse modelo de cueca. E eu amo essa brincadeira que você faz.
— Tudo bem... — como que vou me excitar com esse homem?
— Já lhe disse, Victor é um adorador do corpo masculino com todas as suas particularidades. Ele enlouquece quando me vê com essa cueca branca. Literalmente devora minhas coxas, lambe minha virilha até revirar os olhos de prazer e depois chupa-me com devoção. Só aquele boquete me segurou nas muitas vezes que pensei em abandonar isso... Vê... olha como fico ao lembrar daquela boquinha bem feita... sua boca.
— Sai de perto. Não sou Victor e minha boca não vai lamber isso daí.
Confesso que é difícil olhar o pau dele fazendo um volume impressionante naquela cueca fora de moda. Notei que é grande mesmo, bem servido de testículos que formam um pacote de encher a mão, enfim, não era de se desperdiçar, mas não é esse homem quem manda. Pelo menos enquanto eu aqui estiver.
— Duvida?
— Claro. Você com essa mania de impor as coisas, supõe e acha que está sempre certo. E aceite, isso broxa completamente.
— Ele ama.
— Odeia.
— Ama.
— Odeia, odeia e odeia. Tira essa coisa feia e me seduza. De cueca está impossível. Ah por favor, sirva-me um vinho... — Nero bufando faz menção de se virar e eu digo-lhe — pelado.
— Como assim?
— Como Victor fazia, obedecendo-o como um garoto de programa. Fique nu e me sirva nosso melhor vinho.
Nada mal a cena dele descendo a cueca pelas pernas grossas pra caralho. Quase sinto alguma coisa quando a rola morena com prepúcio surge gloriosa e... eca, que floresta de pelos vulgar esse homem possui na região íntima. Nojento. Alguns pelos aparados ficam sexy, mas essa coisa confusa sinceramente é asquerosa. Isso não vai me excitar de maneira alguma. A bunda é peluda, mas nada que uma máquina de aparar barba não resolva. Boa ideia. Pra começar, vou por a mão na massa ou melhor nos pelos selvagens desse homem vulgar.
— Pronto majestade, seu vinho — Nero debocha.
— Traga seu barbeador elétrico. Vou aparar essas coisas.
— Ninguém toca nos meus pelos! Victor os ama. — Nero ergue os braços. — Você aí, está indo longe demais e não gosto disso. Você é chato como Vitória, reclama de tudo em mim. Quer me humilhar, mas não vou permitir.
— Pare de histeria. Isso não cai bem com esse vinho finíssimo. Quer se depilar, eu espero, não sinta-se humilhado, por favor.
Ele fica confuso. Não parece-me acostumado a cenas como essa em que outra pessoa lhe diga o que fazer. Eu mesma não pretendo mover um dedo na sua direção. Está claro e cristalino que não me sinto atraída por ele, mas quem sabe se ele ficar como eu gosto, pode ser que aconteça algo interessante.
— Estou a um centímetro de chegar ao ponto de uma explosão.
— A máquina... ou coloque sua roupa e vá procurar um escravinho na beira de estrada que por trinta reais, faz o que você pedir.
Esse homem deve estar muito mais interessado em saciar sua curiosidade comigo do que num sexo aleatório. Aceita minha ordem, pois foi uma ordem mesmo e caminha pisando com raiva, indo e voltando de MEU quarto.
— Vire-se de costas. — Com expressão de derrota e não mais de um fetichista, ele obedece e eu aparo rente a sua pele, os pelos de sua bunda. — Agora fica de quatro neste sofá. Afaste bem suas pernas.
Sem me olhar na cara, ele para na minha frente. Bem mais alto e forte que eu, poderia me render fisicamente, mas como ainda deve ter bom senso ele só obedece. De quatro, Nero abre bem as pernas e a selvageria aparece. Não dá para dizer que alguém tocou ou viu aquilo que vi, a vastidão de pentelhos que escondem o cu fechado e que deve ser muito apertado. Isso acaba por me causar uma onda de prazer estranho. Um frio na barriga e um tesão leve e gostoso. O homem ficou mudo no processo, mesmo sabendo que o barbeador que ele usa na cara, estava desbastando os pelos em volta de seu cu. Ele só ameaça reclamar:
— É a situação mais ridícula que já passei. Deu? Você tá acabando com minha dignidade. — ele se lamenta muito irritado e um pouco constrangido.
— Que nada. Victor faz coisa pior por você. De constrangimento e dor, nós entendemos muito melhor. Pronto. Bem melhor. Agora tome outro banho e, por favor, nada de cuecas cavadas.
Ufa. Por sorte, ele entende. Agora sim dá para entender o que há entre suas pernas. Um pau com prepúcio moreno, murcho é claro, e um saco volumoso, e nesse balanço cadenciado no caminhar dele eu sinto algum apetite. Ou não. Afinal esse homem tem aquilo que detesto nas pessoas: prepotência.
— Perdi completamente o tesão. — Nero comenta que vai para sua casa, mas se enrola tanto depois de vestido que passam das três da manhã quando termino de assistir a um filme de ação e anuncio que vou dormir.
Merda, me fez perder a noite de sábado!
Acho que peguei no ar... ele estava dando um tempo para ver se o Victor voltava e assim ele não perderia sua noite por completo.
Trouxa.
***
Devaste-me. Leve o seu tempo. Engula-me. Glamorize! Toque amoroso. Suicídio doentio. Sente tanto... Seja extremo. Leve o seu tempo. Silenciosamente... Cale minha respiração. Sobre suas coxas. Sentindo-se molhado. Glamorize. (Glamorize, Adam Lambert)
***
Olá Gente♥ Tudo uns quiridu vocês♥ Mais um postadinho :)
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