Capítulo 2
Não tinha parado para pensar depois que aceitei a proposta do Chefe, estou extremamente nervosa de dança para um homem em um ambiente tão fechado. Se ele fosse forte o suficiente, poderia fazer o que quiser comigo e ninguém estaria aqui para impedi-lo.
— Você vai ficar atrás do pequeno palco e assim que ele tocar o sino você sai. Se quiser pode até colocar a máscara que está em cima da mesa para se sentir mais confortável. – fala entrando na pequena sala que está fechada apenas por um cortina vermelha.
— E-eu não sei se...
— Lógico que sabe! Seja lá do que estiver falando, agora não tem mais volta e tenho certeza que vai se divertir muito. Agora eu tenho ir, boa sorte e me conta tudo mais tarde.
Assim que ela saiu, pego a máscara preta com alguns rubis, evidentemente falsos, que está em cima da mesa e vou para trás das cortinas do pequeno palco e espero o visitante chegar. Escuto sons de passos firmes e um suspiro pesado preencher o ambiente.
Ele tocou o sino.
Me sinto como um objeto, não fui feita para ser submissa a alguém, talvez seja por isso que sai de casa para essa cidade. Sem rosto conhecidos ou qualquer coisa familiar, como um recomeço. Cheio de dívidas, devo acrescentar.
Lembre-se apenas de respirar. Dançar para mim é tão fácil quanto respirar.
Mas quase perco o ar quando as cortinas se abrem e meus olhos se encontram com um âmbar, por mais que seja bastante semelhante com ouro líquido, que fez meu corpo se derreter um segundos antes da música começar a tocar.
Mexo os meus quadris de acordo com a música e seu olhar fica presos neles antes de minhas mãos chamarem atenção para o meu rosto que sorri de forma sedutora para ele. Começou a fazer alguns giros e minha cintura parece que tem vida própria no meu corpo.
Viro de costas e as pedrarias tremem nas minhas curvas assim como todo o meu corpo chamando a atenção com seu brilho, mas ele não parece estar interessado nelas.
Passamos duas músicas assim, quando chegou na última eu decidi me deixar levar e fazer algo diferente. Algo que eu possa me arrepender depois mas me deixará mais que satisfeita.
Ele bebe um gole do que eu imagino ser um conhaque e coloca o copo na mesa de madeira de frente a sua poltrona. Vou vagarosamente até a mesa e bebo todo o conteúdo do seu copo me dando mais coragem para o que vou fazer.
Subo na mesa e ele me segue com seu olhar faminto que me faz ter a certeza de que, se pudesse, me comeria viva. Danço de um jeito mais sensual e lento do que estava fazendo no palco e vejo ele se remexer no lugar procurando uma posição mais confortável.
Homens são tão manipuláveis.
Vou ficando mais próxima dele até que sou puxada para o seu colo e quando ele coloca a mão no meu pescoço para juntar nossas bocas, eu a pego delicadamente e passo por entre os seios até chegar ao pé da minha barriga. Assim que ele se inclina para me beijar eu saio de cima dele o deixando incrédulo e confuso.
— O que está fazendo? Volte para cá imediatamente! – fala com seu sotaque italiano forte, sua voz rouca mostrando o quanto estava excitado e enraivecido com a minha saída enquanto aponta para o seu colo.
— Acho que eu não estou com vontade. – falo simplesmente com um sorriso malicioso no rosto enquanto me sirvo de mais conhaque e consigo ouvi-lo se levantar e tentar se aproximar com passos pesados mas eu me afasto virando o copo de uma vez e dando para ele que o segura com tanta força que me surpreende não ter quebrado.
— Eu lhe paguei para isso, faça o seu trabalho! – fala perdendo a paciência o que me deixa ainda mais divertida.
— Não lhe disseram? Você pagou apenas o suficiente para três danças.
— Creio que me deve mais duas. – fala se acalmando um pouco.
— Não é isso que o relógio diz. – falo aproveitando sua distração com as horas em seu relógio de bolso para me dirigir a saída, mas ele segura meu pulso me puxando para mais perto e me permitindo sentir seu cheiro amadeirado que me deixa extasiada por alguns segundos.
— Eu quero mais. Um serviço completo. — fala sem tirar os olhos dos meus por um segundo sequer. — Lhe pagarei mais do que paguei a sua amiga.
O afasto bruscamente de mim, com raiva de mim mesma por sentir o mínimo de atração por alguém como ele. Um babaca que pensa que pode ter todas as mulheres ao seu dispor porque abriu o cofrinho que comprou na feira e alugou um terno no alfaiate.
— Eu não valho tão pouco. — falo indo até a saída quando ele me puxa pelo pulso novamente e me deixa presa em uma das paredes. Por que todas as paredes desta sala não são apenas cortinas?
— Lhe dou todo o dinheiro que quiser, talvez jóias, ouro, uma mansão. Peço apenas uma noite, talvez duas. — enquanto fala vai distribuindo beijos molhados no meu pescoço que me fazem entrar em um transe até que ele passa a mão suavemente nas minhas curvas deixando minha pele arrepiada até a última célula do meu corpo.
— E-eu... — tento falar mas sinto sua mão na lateral das minhas coxas apertando de leve a região e me fazendo morder os lábios com o prazer que seu pequeno toque me proporcionava.
— Me chame de Enrico, será esse nome que você irá gritar e gemer durante a noite prazerosa que teremos. — fala mordendo o lóbulo da minha orelha e me deixando cada vez mais excitada. — De todas as minhas mulheres, você será a minha favorita.
Depois de sua última frase me afasto totalmente sem dar brechas para que ele se aproxime novamente e saio pela cortinas vermelhas mas ele me chama.
— Por que está indo? Pensei que estivéssemos nos divertindo. — fala confuso e com suas pupilas ainda dilatadas.
— Não sou um brinquedo nas suas mãos e muito menos tenho meu preço em dinheiro.
— Posso saber pelo menos como se chama?
— Me chamam de Rubi, sou a preciosidade do Chefe. Sou uma das melhores, modéstia parte. — falo em um tom convencido e um sorriso malicioso.
— Bem, Rubi... Vai mesmo me deixar assim? — aponto para suas calças e eu me surpreendo com o volume antes de dar um sorriso ladino.
— Você tem suas mãos, então as use. Ou pode chamar um das suas mulheres, mas sinto dizer que a sua "favorita" não está entre elas. — falo fazendo aspas com as mãos e saio rebolando para provocar um pouco mais e acabo não ouvindo sua última frase.
— Você não será a preciosidade do Chefe por muito tempo, eu a terei na minha coleção, minha Rubi. Ainda será minha, somente minha.
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