Richard Everblane acordou em um salto, com o gosto de bile queimando toda sua garganta. Havia um balde pronto para aparar todo almoço que doutor Flitzen conseguira fazê-lo tomar. Porém, ao invés da sopa rala que ele tomou, o que saiu de sua garganta fora uma coisa espessa e escura: sangue.

Mesmo com o estômago vazio, Richard não conseguia entender de onde que o peso que o acometia estava vindo. Seu corpo estava mais pesado do que o normal e seu coração parecia estar muito fraco. Ele sabia que estava doente e que era comum o vômito, mas algo estava errado.

Seu coração e o sangue saindo de si confirmavam isso: algo estava terrivelmente errado.

E então ele se lembrou: sentia a mesma dor de quando perdera a esposa.

— Ro..rowan — sussurrou ele entre uma tosse e outra. — Za..zariah... Meus filhos...

Doutor Flitzen, que acabara de chegar no quarto depois do jantar, correu em sua direção para ajudá-lo a se deitar, porém, Richard tentou resistir ao médico.

— Meus filhos... — repetiu ele, fraco.

— Eles vieram aqui — respondeu. — Mas logo partiram. Foram atrás da árvore da vida, Rich.

Os olhos do comerciante se arregalaram, mostrando a córnea amarela da doença.

— É perigoso!

— Os dois são guerreiros, Richard. Darão conta. Você precisa aguentar até eles voltarem... eles...

Mas o pai não quis ouvir. Aplicando sua pequena reserva de energia, deitou-se sozinho e se virou para o lado, na direção da parede.

E, apesar de estar se sentindo completamente desidratado, uma lágrima silenciosa escorreu pelo rosto exausto.