Capítulo 6

Sentiram falta dos dois irmãos? Sei que demorei, mas aqui está um capítulo beeeem grandinho para compensar <3

***

A queda durou seis segundos e os irmãos não conseguiam lembrar de terem caído por tanto tempo assim em momento algum de suas vidas, nem mesmo em sonho.

O tempo parecia estar mais lento e eles sentiam seus estômagos na garganta. Por uma breve fração de segundo, Zariah pensou com clareza e rapidamente tirou a aljava das costas e a jogou em seus pés para que as flechas não se perdessem.

Entretanto, isso a fez se esquecer de segurar a respiração e, quando bateram no rio como se estivessem batendo em uma parede dura de barro, ela inalou a água sem querer.

A sensação de queimação superou qualquer dor que ela sentiu nas partes do corpo que entraram em contato com a água em primeiro lugar, e o desespero começou a tomar conta conforme os segundos iam passando e a superfície não chegava.

Rowan, por outro lado, já estava com os olhos abertos, observando a escuridão gelada. O quão fundo a gente deve estar? Pensou ele, os ouvidos doendo devido à pressão. Será que estamos vivos, pelo menos?

Ele sentiu uma movimentação desesperada ao seu lado, que com certeza deveria ser Zariah. A julgar pelos empurrões que estava recebendo da irmã, ela com certeza estava tentando sair da bolsa.

Ele a segurou por trás, paralisando-a. Sabia que isso era perigoso pois a qualquer momento poderia levar um chute ou soco que o fizesse soltar a respiração também, mas não podia deixar a irmã sair da bolsa e acabar se afastando de Feijão.

Felizmente, porém, não deu tempo do pânico de Zariah fazê-la acertar nada no seu rosto. Em um movimento brusco, Feijão chegou na superfície e jogou os pés para o alto, deixando a barriga para fora da água enquanto se deixava flutuar entre as cachoeiras.

Zariah tossiu e se contorceu para fora da bolsa, em um desespero instintivo, enquanto Rowan olhava em volta.

O abismo do qual acabaram de pular era tão grande que apenas um ponto de luz entrava por cima, e o som da queda d'água era tão alto que ele não conseguia nem ouvir a irmã vomitando toda água que engolira, e muito menos as batidas dos braços de Feijão enquanto ele nadava de costas até a margem do rio redondo.

— Chegamos! — gritou Feijão por cima do som da água. — Vocês podem pular para a margem daqui.

Zariah ainda estava respirando com dificuldade, mas, com a ajuda de Rowan, eles deslizaram para fora da bolsa de Feijão, subiram até o ombro do gigante e pularam para a margem pedregosa.

— Dá próxima vez que for pular de um abismo, seu gigante desmiolado... — disparou Zariah, entre um ataque de tosse e outro. — Nos avise pelo menos um minuto antes.

— O quê? — Feijão se sentou na margem ao lado deles.

Zariah abriu a boca para repetir, mas Rowan cutucou seu ombro e fez um sinal para que não o fizesse.

— Não vale a pena — disse. — Apenas vai deixa-lo triste.

Zariah bufou, mas assentiu e ajeitou a aljava nas costas.

— A entrada da caverna é ali — disse Feijão, apontando para uma abertura no meio das rochas de mais ou menos um metro e meio de altura.

Rowan franziu o cenho.

— Como é que eles fizeram uma gigante passar ali?

— Ah! A saída é bem larga. Eles levaram Godãh por lá, mas achei melhor virmos por aqui porque é um espaço menor e a gente não chama tanta a atenção assim. Aqui é por onde os próprios anões entram, sabem.

Zariah olhou em volta, observando o espaço. Eles estavam em uma caverna formada pela queda d'água de três cacheiras em conjunto. Era mal iluminada e um péssimo lugar para se acessar, mas... mas no canto da parte seca, ela conseguiu ver uma abertura ainda mais estreita do que a que Feijão estava apontando, invisível a qualquer observador desatento. Poderia ser apenas uma má formação da rocha, mas não: com um olhar um pouco mais cuidadoso, a garota notou que havia um pequeno suporte para tochas ali.

Rowan seguiu o olhar da irmã.

— Aposto minha espada de que é ali que eles entram.

— E eu, o meu arco — concordou Zariah. Ela se virou para Feijão. — Vamos trazer Godãh de volta.

— Obrigado... — ele fungou, segurando as lágrimas que rapidamente se acumularam em seus olhos com a menção do nome. — Vocês são tão bons.. Obrigado. Esperarei vocês na saída da caverna.

Os irmãos assentiram. Não tinham ideia de onde ficava a saída, mas também tinham a consciência de que Feijão saberia tanto quanto eles a respeito da caverna dos anões. Por isso, apenas se levantaram e engatinharam para dentro da pequena entrada de pedra.

O caminho era escuro e inclinava para baixo, e eles tiveram que tatear ao redor para não tropeçarem nos próprios pés. Por um momento, temeram que a caverna inteira fosse assim, porém foram recebidos por uma sala ampla e bem iluminada assim que terminaram a descida.

— Uau! — Exclamou Rowan quando seus olhos se acostumaram com a claridade repentina. Ele observou as paredes de pedra cintilando ao ritmo das tochas oscilantes com a boca aberta em admiração. — Isso tudo é ouro?

— Talvez tenha de tudo um pouco aqui — disse Zariah, a boca também aberta enquanto tentava contar os rubis e esmeraldas encravadas.

Ao seu lado, Rowan riu.

— Quando crianças, era uma casa de doces; agora é uma caverna com ouro à beça. Qual vai ser a próxima? Um oásis cheio de ervas para dor quando formos velhos?

Sua irmã lhe deu um soco forte no ombro.

— Parabéns, você acabou de estragar toda a beleza do lugar — ela revirou os olhos. O ouro subitamente não parecia mais belo aos seus olhos. — Vamos logo achar essa gigante e cair fora. Não quero perder mais uma pessoa em um lugar lotado de maravilhas.

Rowan riu, mas se afastou rápido do ouro também. Eles atravessaram algumas câmaras vazias, com pilhas de esmeraldas e algumas outras com joias ainda nas paredes. O lugar inteiro esbanjava mais riquezas do que os irmãos jamais ousaram imaginar em todas as suas vidas.

Esses anões devem ser mais ricos do a soma de toda fortuna de todos os reis juntos! Pensou Rowan, assim que eles entraram na quinta câmara.

Eles estavam começando a achar que a caverna estava vazia, até que fizeram uma curva acentuada e entraram em uma câmara pelo menos duas vezes mais larga e mais alta do que a anterior.

No centro havia uma grande jaula oval e, encolhida dentro dela em posição fetal estava Godãh, a esposa de Feijão. Parecia estar dormindo, mas mesmo assim Zariah sacou uma flecha imediatamente, subitamente atenta a tudo ao redor, e Rowan fez o mesmo com sua espada, os anos de treinamento os obrigando a analisar cada saída possível e qualquer sinal de anões, mas tudo estava muito silencioso e, com a exceção das luzes ondulantes das várias tochas, parado.

Eles se aproximaram da jaula de Godãh com passos leves e Rowan cutucou uma grade com a espada para acordá-la. A gigante ergueu a cabeça em um movimento repentino, o olhar trazendo uma fúria assassina. Porém, ao processar a imagem dos dois garotos à sua frente, a expressão se suavizou.

— Feijão pediu para te resgatar — disse Rowan, a voz baixa. — Vamos te tirar daqui, mas você precisa nos dizer onde os anões estão.

Lentamente, Godãh se inclinou na direção dos dois para poder sussurrar:

— Acho que eles saíram — mesmo sussurrando, sua voz era grossa e encorpada. — Pelo menos, eles foram em direção à saída há uns vinte minutos atrás.

O garoto assentiu, guardando sua espada na bainha. Ele pediu para a irmã montar guarda enquanto ele destravava a fechadura com cuidado.

Zariah avistou alguns barris empilhados cuidadosamente em um canto e franziu o cenho para aquilo. Depois, alguns metros para o lado, avistou um armário de madeira, que continha picaretas e pás.

Isso é um depósito. Para guardar os objetos de trabalho, deduziu ela, virando-se sem querer para Godãh, que observava o trabalho de seu irmão com uma expressão ávida.

Ela voltou sua atenção para a saída, imaginando se Feijão já estaria à espera deles, escondido em algum lugar, ou se eram eles quem teriam que o esperar.

— Ahá! — exclamou Rowan quando o som da fechadura se abrindo ecoou pelo depósito. — Está livre, senhora Go...

Ele não conseguiu terminar a frase. No momento em que abriu a porta, uma espécie de sino tocou. Alto e estridente, ele parecia vir de algum lugar da sala, mas não conseguiam localizá-lo.

— Corra! — gritou Rowan, olhando para a gigante assustada. Ela engatinhou para fora e ficou em pé. Surpreendentemente, ela parecia ser bem mais baixa do que Feijão, mas estava meio grogue e nitidamente machucada nas pernas com feridas abertas. Entretanto, ela não fez nenhuma careta ao pensar em correr.

Antes que Rowan pudesse dizer qualquer coisa, ouviram uma flecha sendo disparada pelo arco de Zariah. Era uma flecha de distração, o garoto tinha certeza, pois ouviu ela acertando uma parede. Sabia que sua irmã jamais atiraria antes de descobrir quais eram as intenções do inimigo, seja lá quem fosse.

Eles escutaram gritos vindo do corredor, assustados com a flecha, mas mesmo assim não ouviram ninguém parando de correr.

— A saída é para lá — disse Godãh, apontando justamente para o local de onde os gritos vinham.

— Você só pode estar de brincadeira... — Zariah olhou em volta rapidamente, apenas para confirmar o que já sabia: haviam apenas duas saídas: por onde eles entraram, e por onde os gritos vinham.

Rowan desembainhou sua espada no momento em que o primeiro anão apareceu, o rosto tão vermelho que ele parecia uma pimenta de barba.

— VOCÊS! — gritou ele, a voz rouca, mas surpreendentemente alta. — O QUE ESTÃO FAZENDO COM NOSSA GIGANTE?

— Ela não pertence a ninguém a não ser a ela mesma — objetou Rowan enquanto os outros seis anões apareciam atrás do primeiro. — E viemos garantir isso.

— Não permitiremos que a roubem de nós — disse outro anão, erguendo seu escudo, pronto para lutar.

— Eu não faria isso se eu fosse você... — falou Zariah, erguendo o arco na direção dele. — Abaixem as armas.

— Nos dê a gigante!

Como resposta, os três correram até o fundo da sala. Os anões os seguiram, picaretas acima da cabeça, o que deu oportunidade para Zariah mirar em uma tocha acima dos anões e disparar. O clarão repentino assustou os pequenos homens, que ficaram parados tempo o suficiente para Rowan abrir caminho junto a Godãh pelo lado oposto.

Quando estavam quase alcançando a saída, os anões se dividiram em dois grupos. Os com quatro foram na direção de Rowan, enquanto que o resto foi até Zariah, que correu até o lado oposto da câmara para procurar alguma outra tocha em que pudesse atirar.

Rowan, por outro lado, se desviou de uma picaretada no último segundo, graças ao grito alto de Godãh. Os quatro anões se dividiram novamente: dois foram até a gigante, e os outros dois atacaram Rowan, defendendo-se com seus escudos improvisados e atacando com as picaretas pequenas demais para alcançarem os pontos vitais do garoto.

Ele não queria realmente matar os anões, apesar de eles sequer hesitarem nos golpes duros. Rowan jamais tirara uma vida antes (ele sequer pensava em considerar a bruxa) e não queria ter essa primeira experiência em um lugar como aquele. Por isso, desviava-se como podia, tentando achar alguma abertura no escudo dos dois para poder desacordá-los de alguma forma.

Godãh, por outro lado, mesmo grogue, lutava pela própria liberdade com afinco. Ela não conseguia usar as pernas direito por estarem muito machucadas, mas tentava estapear os dois adversários com suas mãozonas do tamanho de cadeiras.

Eles se desviavam como podiam, gritando palavras de motivação um para o outro. Os anões não viam Godãh como um ser pensante e, por isso, sequer lhe dirigiam a palavra. Sequer diziam "renda-se" ou variáveis.

O anão com a cara vermelha gritou alto quando a gigante finalmente o capturara com uma mão e conseguiu segurar o outro com a mão livre.

Pela primeira vez em muito tempo, Godãh sorriu. Seus dentes tinham o tamanho de maçãs e eram amarelos como mel, porém Feijão sempre os elogiava com um sorriso ainda mais amarelado.

Ela aumentou a pressão sobre o anão, pretendendo esmaga-lo. Ela odiava aquele em específico — era o mais zangado de todos e a machucava em qualquer oportunidade. Godãh sentiu a picareta dele tentando machucar sua mão já muito machucada. Bastava apenas uma leve pressão e a vida dele acabaria.

E então, veio a explosão.

O calor não chegou realmente a afetá-la, mas os pedaços de madeira que voaram, sim. A gigante gemeu de dor e procurou pela fonte daquilo, mesmo já sabendo qual era: os barris.

— O QUE VOCÊ FEZ?! — gritou um dos anões que cercava Zariah, que estava ainda na posição que denunciava que ela acabara de liberar uma flecha. — A CAVERNA VAI PEGAR FOGO! TEMOS BARRIS DESSES EM TODOS OS CANTOS!

Zariah arregalou os olhos, assustada. Não era a intenção dela explodir nada. Ela apenas soltou uma flecha em uma tocha que caiu em cima dos barris e...

Piche. Ou pólvora, ela não saberia dizer com certeza, mas, pela velocidade de explosão e por ainda estar pegando fogo, poderia ser os dois.

Rowan gritou, dizendo para eles correrem. Fora quem estava mais perto da explosão, e seu rosto estava sangrando com algum corte que o garoto não conseguia detectar a origem.

Os anões, porém, não o deixaram em paz nem com a explosão. Rowan sentiu o fogo atrás dele, espalhando-se conforme o líquido negro e espesso deslizava pela pedra.

Ele ouviu gritos junto ao fogo — ecos de um passado muito distante, vívidos o bastante para fazê-lo entrar em pânico e aterrorizantes demais para ele não saber que não eram de fato reais.

Então ele piscou e a bruxa apareceu diante dele. Estava segurando dois pedaços grandes de puxa-puxa. Ela ria conforme andava até ele.

— Não! — em dois movimentos precisos, Rowan golpeou os braços estendidos da agressora, arrancando ambos puxa-puxas junto as mãos.

Porém, o rugido de dor da bruxa era masculino. E se dividiu em dois. O garoto piscou novamente e a bruxa se transformou nos dois anões, caídos e segurando os braços com lágrimas nos olhos pretos.

Rowan deu um passo para trás, a mão subitamente trêmula. O que ele fizera? Entrara em pânico ao ponto de confundir a realidade? Arrancara a mão de dois anões porque achou eles fossem a bruxa de nove anos atrás?

Ele ouviu um grito acima dos anões e levantou o rosto, assustado, ao notar que era da irmã. Eles haviam a cercado, e ela não tinha mais distância o suficiente para atirar neles. Godãh já estava de pé e ia em seu socorro.

Rowan se inclinou para frente para começar a correr no momento em que a segunda explosão veio alguns metros à sua direita.

As chamas se ergueram até o topo da câmara, suas formas se contorcendo de modo a formar... Michail.

Não.

Porém o fogo está gritando...

É apenas na sua mente.

Zariah não consegue ver também?

Zariah está viva apenas por causa de Godãh.

Rowan balançou a cabeça para tentar afastar os pensamentos conflitantes.

Os anões à sua frente já haviam se recuperado da dor e estavam indo até suas picaretas novamente, mas Rowan não perdeu tempo e os chutou antes de correr até a irmã, que agora apenas lidava com um deles, lançando flechas em seu escudo para atrasá-lo.

— Vamos! — Chamou Rowan, apontando para a saída. Ele se adiantou até o anão que a perseguia e lhe deu um chute forte para o desequilibrar e correu atrás da irmã, seguido por Godãh, que não conseguia ser muito rápida com todo seu tamanho e ferimentos.

Zariah lançou mais duas flechas antes de entrar no corredor escuro e grande. Ela sentiu Godãh entrando logo atrás e ouviu os gritos da batalha de Rowan contra os anões, que tentava empurrá-los para longe para que ele conseguisse entrar.

A caverna tremeu quando outra explosão, dessa vez mais longe, soou. Rowan gritou quando se jogou dentro do corredor. Ele saiu correndo em disparada na direção das duas, que já estavam consideravelmente longe, mas não tanto parra sumirem da vista.

Eles ouviram os anões os seguindo, e aumentaram ainda mais a velocidade, passando por novas câmaras em um piscar de olhos. Godãh conseguira passar Zariah e agora liderava o caminho, apontando para os lugares que reconhecia e sabia elevavam à saída. O que os anões disseram sobre os barris, entretanto, estava certo. Quando os três fizeram uma curva acentuada à direita, se depararam com uma câmara já tomada pelas chamas.

Rowan engoliu em seco, mas Godãh os fez dar meia volta e pegar outro caminho.

Suas respirações já estavam ofegantes e a gigante já estava com o maxilar tenso para segurar a dor. Eles sabiam que não conseguiriam manter o ritmo por muito tempo, mas como seus perseguidores continuavam em sua cola, não se deram ao luxo de diminuir o ritmo.

.... até que chegaram em um ambiente escuro demais para conseguirem correr.

— Cuidado! — gritou Rowan, a tempo de alcançar o braço de Zariah e a puxar para trás.

A garota gritou quando caiu de costas contra o irmão, mas não levou muito tempo para notar o porquê daquilo: estavam diante de um abismo. Ao fundo, eles conseguiam ouvir o som de água. Havia uma ponte partida ao meio, indicando que um dia já fora uma passagem.

Por favor, não me diga que vamos ter que pular de novo... — murmurou Zariah, olhando de relance para a gigante ao seu lado.

— Há uma saída ali — disse Godãh, apontando para um ponto de luz alguns metros à frente. Ela olhou para Zariah. — Me empreste uma flecha.

— O qu...

— Rápido! Atrasem aqueles desgraçados — o tom era tão urgente que a garota obedeceu. A flecha era tão pequena na mão da gigante que parecia ser apenas um palito de dente. — Se você quiser aprender um novo truque, garota, preste atenção. Se não, ajude seu irmão.

Ela olhou para Rowan, em uma posição de defesa impecável, apesar da respiração ofegante, e olhou novamente para Godãh, que estava desfiando a própria roupa e juntando os fios, de modo a formar uma corda.

Ela parecia saber o que estava fazendo e, por isso, foi para o lado do irmão. Ela poderia aprender depois que saíssem dali.

Entretanto, parecia que eles realmente atrasaram os anões. Ouviam seus passos, mas não estavam tão perto.

Foi apenas quando Godãh chamou por Zariah novamente que o primeiro deles apareceu. Ela lançou uma flecha enquanto Rowan partia para cima.

Godãh estendeu a flecha para a garota. Ela havia feito uma corda longa com os fios grossos da própria roupa e a amarrara um pouco abaixo das penas.

— Lance a flecha naquele toco — instruiu, apontando para o suporte da ponte no outro lado.

— Não vai aguentar o nosso peso — disse Zariah, o cenho franzido.

— Jamais duvide da resistência da roupa de um gigante do Norte — ela disse. — Além do mais, apenas vocês dois vão passar pela corda.

Para responder à pergunta de Zariah que estava prestes a se formar, a gigante apontou para cima. Era um teto alto. Ela conseguiria atravessar o abismo em um pulo.

A garota assentiu, entendendo. Então, ergueu o arco e atirou. A corda presa à flecha passou zunindo ao lado de sua orelha, talvez a cortando um pouco, mas a garota mal sentiu.

Quando ouviu a flecha acertando o tronco, Godãh segurou firmemente a ponta solta e chamou Rowan.

— Consigo segurar eles — disse. — Vão.

Rowan não acreditou muito nela, mas Zariah puxou seu ombro, obrigando-o a ir até a corda.

— Ela está bem — disse ao irmão. — O veneno em seu corpo se foi com a adrenalina.

Godãh assentiu e, como para demonstrar, deu um tapa nos quatro anões mais próximos. Eles saíram voando de encontro com a parede. O movimento fez a corda balançar, mas surpreendentemente, ela aguentou firme.

Os anões, percebendo que não conseguiriam ganhar da gigante, gritaram maldições para os três e recuaram.

Godãh comemorou com uma risada grossa.

— Mal posso esperar para me encontrar com meu amado! — exclamou ela, soltando a corda quando seus salvadores chegaram do outro lado. — Afastem-se!

Os irmãos correram para perto da tocha e deitaram de barriga para o chão, cobrindo as mãos sobre a cabeça. Se seus pulos fossem como os de Feijão, sabiam que não iriam se manter em pé quando a gigante pousasse.

Dito e feito: a queda de Godãh não foi nada macia, mas ela conseguira atravessar o abismo por pouco. Uma pequena escorregada para trás e já era.

Porém, ela riu.

E riu tão alto que os irmãos pensaram que a caverna iria cair em cima deles.

— Eu jamais conseguirei agradecer vocês devidamente, guerreiros — disse Godãh, cutucando os dois com a ponta dos dedos para fazê-los levantar.

— Pode tentar fazê-lo lá fora — disse Rowan, um sorriso exausto estampado no rosto anguloso. — Eu adoraria um pouco de comida. 

|Votinho pra me incentivar?|

Gente, sério, achei a Godãh um amor!

... e continuo achando que Rowan precisa de uma terapia. 

E vocês? Gostaram? O que estão achandoo?  Amanhã terei uma surpresinha para vocês, então fiquem atentos, hein?

Até, criaturinhas maravilhosas!


(descobri que estou 100% viciada na trilha sonora de Plague Tale: Innocence. Se vocês gostam de playlistizinhas pra ouvir enquanto leem, esse livro tá sendo quase que 70% sendo escrito com ela de fundo, então... é, finge que eu que criei)

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top