Cedric | V
Veritaserum or Imperius | Harry Potter
Minha respiração estava acelerada e os olhos cinza turbulentos como o céu se preparando para a tempestade me olhavam arregalados.
O Draco respirava tão rápido feito eu e tenho certeza que minhas bochechas estavam vermelhas assim como as dele. Mordo o lábio sem saber o que fazer, pois minha mente simplesmente havia travado.
Nem mesmo o barulho dos nossos amigos foi o suficiente para diminuir a tensão dos nossos corpos colados e todos pareciam esperar que um de nós reagisse.
– Tá tudo bem? – o loiro questionou preocupado – Consegue levantar? – falou com dificuldade já que meu corpo estava sobre o seu.
– Sim – respondo envergonhado e sem saber o que fazer pelo nervosismo – Desculpa por te atingir.
– Não tem problema – o sonserino nega com a cabeça – Eu não me importo.
Saio de cima do Draco e uso o joelho para me levantar espanando a poeira das vestes. Estendo a mão direita para que o Draco levantasse também e ele aceita a minha ajuda.
– Obrigado – o Malfoy solta a minha mão e penteia os cabelos para trás com os dedos.
– Meio que eu tava te devendo pelo esbarrão – coço a parte de trás do cabelo bagunçando os fios ainda mais disfarçando a vergonha.
– Já disse que não precisava – o loiro sorri de canto – Pode cair em mim mais vezes se precisar e quiser – fala sorrindo, mas seu tom de voz demonstrava insegurança.
– Será que eu vou ter que esperar outro jogo de Veritaserum or Imperius – falo mais baixo esperando que ele tivesse pensando o mesmo que eu – Ou que um frisbee dentado quase me atinja pra você dizer o que quer?
– Potter – ele me encara e passa a língua pelos lábios, mas não diz nada já que nossos amigos nos cercam – Acho que não machucou – é tudo que o sonserino diz ao agarrar minha nuca com delicadeza e analisar meu rosto.
Eu estava sem entender, mas sinto a ponta do seu dedo desenhar na pele do meu pescoço provocando arrepios formando a sigla TA, conhecendo bem o castelo e seus alunos eu sabia que seria torre de astronomia.
– Vocês estão bem? – alguém questiona e eu não tenho certeza de quem falou.
– Sim, não nos machucamos – sou eu quem respondo.
– Ainda bem – a Pansy fala animada – Vamos nos juntar hoje após o jantar.
– Como? – o Draco questiona.
– Ficamos no Grande Salão mesmo só pra conversar antes de irmos pras nossas casas – o Goldstein dá de ombros – Nada muito intenso dessa vez.
– Pelo visto você ganhou uma ajudinha do universo – murmuro ao ficar do lado dele.
– O destino está ao nosso favor – ele sussurra piscando para mim disfarçadamente.
Tento me concentrar nas conversas que meus amigos tinham ao meu redor, mas eu não conseguia me concentrar com os olhares que o loiro tentava disfarçar.
Era muito estranho que o Malfoy tenha escrito tudo aquilo na carta abrindo todos os seus sentimentos e depois se sentisse envergonhado de dizer o que quer.
Eu tinha gostado do nosso beijo e não via problema nenhum em repetir. Já tinha tido outras experiências com garotos. Mas desde o Cedric, eu não me via interessado tão intensamente em nenhum outro garoto até beijar o sonserino.
A tarde se passou de modo preguiçoso no salão comunal da Grifinória enquanto o sol se punha fazendo a luz alaranjada cruzar as janelas iluminando a ampla sala.
O Ron e eu jogávamos xadrez bruxo deitados de forma confortável no carpete enquanto a Hermione redigia um texto no pergaminho que teríamos que entregar semana que vem.
Meu amigo e eu com certeza tentariamos copiar parte do texto dela no dia da entrega minutos antes da aula mudando apenas algumas palavras e enrolando para completar o número de linhas exigidas.
A Ginny exibia sorrisos largos enquanto conversava. Os cabelos longos ruivos estavam presos em um rabo de cavalo. Muitos garotos tentavam conquistar ela após ficarem sabendo que terminamos o relacionamento, mas minha ex-namorada não parecia muito interessada.
Vejo um garoto do terceiro ano falar alguma coisa para a mais nova dos Weasley e ela nega com a cabeça antes de virar para me encarar silabando “Você viu isso?!” de forma indignada.
Concordo com a cabeça sorrindo e sigo o exemplo dela falando “arrasando corações” o que a faz revirar os olhos e se jogar ao meu lado de forma brusca para observar o jogo apenas para irritar o irmão mais velho.
Gostava da forma que as coisas entre nós não ficaram estranhas e que continuavamos amigos. Não queria que a gente se afastasse por não ter dado certo.
×××
O jantar estava delicioso como sempre e após os alunos mais novos começarem a voltar para os seus respectivos salões comunais e os professores se retirarem, nós dos sétimos anos ficamos no Grande Salão apenas conversando com autorização da Minerva e para o desespero do Filch.
– Então o Rufus me acompanhou – a Luna sorri animada ao falar sobre o novo amigo que adorava ouvir as histórias dela sobre animais fantásticos.
– Quem é Rufus? – questiono meio perdido sentado em cima da mesa da Grifinória com os pés sobre o banco.
– O Scamander – a Ginny responde sentada ao meu lado com os braços cruzados. Ela não gostava dele?
O Ron e a Mione aproveitavam o tempo livre para ficarem sozinhos, pois era difícil com os amigos que tinham. Então decidiram namorar um pouco.
Tinha uma música tocando e alguns alunos usavam as capas para escorregar sobre a mesa da Lufa-Lufa apostando quem iria mais longe provocando alguns tombos e risadas dos outros.
As duas garotas ao meu lado entraram numa conversa animada que começou quando a Weasley elogiou o brinco que a corvina usava incentivando a garota a falar, enquanto a ruiva escutava concentrada.
Fico meio perdido na conversa das duas garotas então olho em volta e observo o Malfoy se aproximar. O uniforme com detalhes em verde e prata caiam muito bem nele e os cabelos loiros estavam bagunçados.
Os lábios estavam vermelhos maltratados pelos dentes enquanto ele caminhava em minha direção apertando as mãos em um ato de nervosismo.
– Posso sentar aí? – perguntou apontando para o espaço vazio ao meu lado.
– Claro – concordo com a cabeça – Cadê seus amigos?
– Se beijando em algum lugar – ele dá de ombros como se fosse algo frequente.
– Eles são um casal? – questiono e fico surpreso ao ver o Nott com os outros dois que sempre andavam com o Malfoy – Ei! Aquele é o Nott com eles?
– Não, eles não são um casal – o sonserino nega com a cabeça e explica – Eles só se beijam de vez em quando – logo após abre um sorriso sacana – E o Nott participa as vezes.
– Wow – balanço a cabeça ao entender.
– Não é muito a minha cara – ele torce o nariz.
– E o que é? – questiono virando para ficar de frente para ele com uma das pernas dobradas em baixo da outra.
– Eu tenho essa cara de quem quebra corações – ele começa e eu interrompo.
– Muito humilde você – comento irônico.
– Posso continuar? – ele questiona irritado e eu concordo – Mas geralmente sou eu quem sofro por estar apaixonado – o loiro diz e eu rapidamente lembro da carta.
– Eu só namorei uma pessoa a minha vida toda – dou de ombros. Não tinha muitas experiências.
– Não é possível – o sonserino nega incrédulo – Várias garotas viviam atrás de você.
– Eu estava tentando sobreviver – rio soprado.
– Ah – ele balança a cabeça em concordância.
– Beijei garotas e garotos, mas nada muito sério – contei para ele.
– Eu não conta – o Malfoy provoca.
– Quem disse que você foi o único? – sorrio largamente – Sua autoestima é bem alta, hein?
– Ouch – ele leva a mão ao peito rindo – Mereci.
– Cedric – digo ao Draco.
– Cedric Diggori? – ele me olha surpreso.
– Na época do torneio tribuxo – dou de ombros.
– Hum – é tudo que o loiro diz.
– Que foi? – pergunto.
– Nada ué – o sonserino suspira.
– Seu beijo é bonzinho – provoco para não deixar a conversa morrer.
– Bonzinho? – me empurra pelo ombro.
– É, razoável – mordo o lábio inferior segurando o riso.
– Vai a merda Potter – ele resmunga – Eu beijo muito bem.
– Vou ter que te beijar mais vezes pra ter certeza – sussurro.
– Potter... – ele fala meu nome em forma de aviso.
– O que? – questiono – Achei que tínhamos combinado algo mais cedo – o lembro.
– Por que agora? – ele me encara com os olhos cinza misteriosos o que me deixa bastante confuso.
– Como assim? – arqueios as sobrancelhas.
– Pras suas camas! – o aviso do Filch põe um fim em nossa conversa.
Depois de alguns dias ao final do nosso castigo estipulado pela Minerva, o Draco e eu estávamos mais próximos. Ficávamos conversando e nos zoando durante a limpeza dos caldeirões o que fazia o tempo parecer passar mais rápido.
Mas durante esse tempo não tínhamos nos beijado sequer uma vez ou voltado
àquela conversa que tinha sido interrompida no Grande Salão e talvez tenha sido melhor assim. A gente nem se conhecia de verdade e agora ele parecia um novo Draco (não tão novo assim, pois ele ainda me irritava bastante).
Entro atrasado na aula de poções e respiro aliviado ao não ver o professor Slughorn na sala. O Malfoy estava sozinho em nossa bancada já com os materiais separados.
– Bom dia – falo ao me jogar do lado dele.
– Bom dia – o loiro exibe um sorriso.
– Posso copiar a sua atividade? – pergunto ao ver suas folhas de pergaminho preenchidas.
– Potter! – o sonserino fecha a cara ao me repreender.
– Eu esqueci – falo para ele, o que não era verdade e o Malfoy sabia disso.
– Não sei como o Slughorn te considera o melhor aluno – ele resmunga.
– Ciúmes? – o provoco – Quer que eu diga que você é o melhor?
– Seria ótimo – o loiro responde e eu sorrio esperançoso – Faça sua própria atividade!
– Não seja como a Mione – falo para irritá-lo.
– A Granger está certa – o sonserino se surpreende com o que diz, mas mantém os braços cruzados.
– Por favor – uno as mãos e encaro os bonitos olhos prateados.
– Tá – suspira mantendo a expressão emburrada e nega com a cabeça.
– Obrigado! – deixo um beijo no canto da boca dele em agradecimento e vejo um sorriso pequeno surgir.
×××
Demorei, eu sei. Minha vida tem sido uma correria e com o final do ano chegando fiquei sobrecarregada com os trabalhos da faculdade. Peço desculpas por não atualizar com frequência, mas isso em pouco tempo se ajeita.
Aos que continuam aqui espero que tenham gostado desse capítulo. Tive a ideia pra ele lendo comentários em outras fics minhas e decidi encaixar esse casal. Harry e Cedric quem imaginaria?
– Ella
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