Personagens de cinco livros (um mega crossover) do gordinleitor

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“Eu só podia estar louco quando resolvi me deixar convencer por mim mesmo a vir nesse lugar num domingo! Quanta gente, meu deus!”

Com afetação extrema catei um cestinha e como a chapeuzinho coloquei-a em meu braço esquerdo, mas logo as duas hastes beliscaram minha pele. “Ai” olhei em volta e vi o segurança me olhando. “Maldito, rindo da minha desgraça! Mas também, Thiago, porque é que você não pego logo um carrinho? Tu sabe que daqui a pouco vai ficar reclamando de si mesmo por causa dessa cestinha pesando nos teus braços.”

Retorno a cestinha ao local de origem e naquele momento quase derrubo um menininho que corria livre.

“Oi, pequeno. Cuidado, não pode correr assim!” – Ele me olha sorrindo e logo volta a correr. De repente uma menina de quase 12 anos corre para pegá-lo gritando: “Bieeeeeeeeeeel!!!!”, estranhei. Em seguida um homem de cabelos negros entra esbaforido também gritando: “Luciana e Gabriel!”, estranhei e minha cabeça cai para um lado. “Vem logo Nuno, teus filhos estão se danando!” Aí foi demais pra mim.

Encostei-me ao balcão das bebidas e fiquei olhando aquele homem loiro dizer algo no ouvido do seu companheiro (?). “Não pode ser...” meu cérebro ditou em descrença. Estranhei bastante aquela aparição, aqueles nomes...

Andei até os carrinhos puxando um que estava emperrado, como sempre parece que eu tenho faro para esses, com uma força sobre humana consegui desencaixar um do outro e segui para a primeira parada: Frutas.

Catei a listinha do bolso traseiro e meu celular apitou, dei uma olhada e eram mais notificações do wattpad, guardei novamente. Na lista constavam:

- Banana; (Por causa do potássio, tá!)

- Maçã; (Dizem que faz bem pra garganta...)

- Maracujá; (Conhecida como fruta da paixão)

- Tangerina; (Só gosto mesmo, não precisa de duplo sentido)

- Limão; (Porque é a fruta mais cheirosa do mundo)

- Ameixas; (Ninguém trabalha bem com intestino preso)

- Morangos; (Porque estavam baratos, senão nem passava perto)

- Caju S2 (Suco, doce... Enfim, é vida!)

Enquanto eu escolhia as bananas, por mais tempo que o necessário, devo admitir, olhei em volta e o supermercado parecia ficar cada vez mais vazio. Adoro, menos filas, menos senhorinhas arrastando vagarosamente os carrinhos, menos crianças chorando por fandangos, menos casais se olhando sugestivamente. Enfim, calmaria.

Oh, homem de pouca fé! Ao pegar todas as frutas (sempre cheirando cada uma, eu sei que não faz sentido, mas fazer o que se eu gosto?) andei mais a frente, chegando às verduras e hortaliças, o garotinho estava lá tentando convencer o pai a não comprar o brócolis, que ao que parece era conhecido como “vedinho” naquela família linda.

“Mas papai, eu vou morrer se tu fizer eu comer isso de novo!”

“Que nada Biel, tem que comer tudo direitinho. Não quer ser forte igual ao Homem Aranha?”

O garoto olha desconfiado para o pai e assente triste. Aparentemente se pendurar em paredes e lançar teias era algo muito interessante para aquele garotinho. “Na minha infância eu queria mesmo era ser a She-Ra!” acho que pensei em voz alta, pois um homem gordinho todo engomadinho ao meu lado concordou comigo cochichando. Rimos em simpatia e em seguida o outro moço o reconheceu:

“Jaime?”

“Lúcio?” – Pronto, as duas comadres se conheciam. Olhei minha listinha emburrado, não tem um amigo pra vir fofocar comigo no mercado.

- Abobrinha; (Refogada é uma delícia, não me olhem assim!)

- Berinjela; (A lasanha que eu faço fica ótima, para de me olhar assim!)

- Pepino; (Pra salada, uai)

- Cenouras; (Tá, tudo bem. Talvez eu não devesse ter colocado isso tudo junto)

- Batata-doce; ( Vocês maldam tudo!)

- Macaxeira; (Já chega)

- Tomate; (Ah, vai te catar)

- Cheiro-verde; (Quero ver maldar isso daqui)

- Acelga; (Porque odeio alface)

- Rúcula; (Pelo mesmo motivo acima)

- Espinafre; (Por causa do Popeye)

- Pimenta dedo de moça; (O molho tá acabando e eu mesmo faço o meu)

- Pimenta de cheiro; (Não pensei em nada pra essa)

- Pimentão;

- Cebola branca;

- Alho;

- Feijão verde; (Pra fazer baião e caldinho)

Tudo devidamente ensacado em embalagens separadas, porque eu sou virginiano, andei a frente deixando para trás a conversa dos dois papais que falavam sobre as agruras de trazer os pequenos ao supermercado. Não sei se viram quando o anjinho começou a derrubar todas as pimentas no chão, mas sorri ao imaginar a surpresa dos dois, será que dá um conto?

No corredor seguinte fui pegar os grãos.

“Amor, eu não sei qual arroz é o melhor” Um rapaz muito alto falava para outro baixinho e bem magrinho.

“Ai Flávio, eu te disse até a marca que eu quero”

“Mas Sam, aqui tem branco, parbolizado e integral”

“Casais” – Pensei com uma pontinha de inveja, até que novamente a coincidência dos nomes me chamou atenção. “Quequitácontecenu?” me perguntei com a voz do Bruno Jovovich. Saí de perto dos dois andando até a gondola com o arroz da marca que eu mais gostava.

- 2 pacotes do arroz branco;

- 2 do integral;

- 1 feijão preto;

- 1 feijão branco;

Empurrando o carrinho mais a frente entrei no setor de biscoitos “Não olha para os recheados, Thiago. Não olha!” Peguei um água e sal e pronto... “Mas nem um recheadinho de chocolate?” “Não, sai demônio da gula!” “Um cookie Bauducco?” “Nau!” Quando saí daquele corredor tive que me benzer e percebi que sou fraco, quantos biscoitos! Jisas!

Andando derrotado por minha fraqueza frente a tudo que tem chocolate entrei na parte de limpeza.

- Sabão em pó;

- Vanish branco;

- Detergente;

“Dá licença moço, você viu os sacos de lixo?” – Um rapaz de corte estiloso e voz melodiosa me pergunta.

“Não vi não... Aqui na prateleira de baixo.” – Sorri.

“Obrigado, Miguelito traz o carrinho!” – Naquele momento eu senti taquicardia. Meu deus, que homem! moreno, alto, cabelo quase raspado, queixo quadrado... Ai, que calor.

“Deixa de escândalo, Celo. Pra que esses gritos?” – Aparentemente Miguelito não gosta de gritos e... Pera... Isso tá muito estranho! Olhei em volta e vi o menininho correndo do Nuno, em seguida Sam segurava o pescoço de Flávio e Jaime, bom esse eu não estava vendo agora, mas será que existe um Caio? O_O

Pegando o papel higiênico e coloquei na parte inferior do carrinho, um homem cheiroso passou por mim. Pegou um pacote enorme de papel higiênico que inclusive estava na promoção. Mais uma vez senti calor, ele era negro, cabelo raspado, os lábios grossos, atrás dele um rapaz menor de cabelos grandes, um óculos arredondado e usando uma prótese.

“Douglas, pra que isso tudo?”

“Marquinhos, tá na promoção, veja aqui!”

É muita coincidência, né? Olhei para cima para ver se aquilo era algum tipo de pegadinha ou piada cósmica.

Empurrei o meu carrinho até o frigorífico e no caminho fui pegando:

-Activia de Ameixa;

- Requeijão;

- Manteiga;

- Queijo;

- Leite;

Indo ao frigorífico catei as sacolinhas e peguei o bacon, a calabresa e um peito de frango.

- Carne moída...

“Moço, você passou na minha frente!” – Um rapaz de cabelos castanhos e bem grande me chama atenção.

“Ai me desculpa, estava lendo aqui a listinha e nem notei!” – Que homem lindo!

“Caio?” – Virei e era o Jaime. Mais uma vez aquela sensação de estranhamento. Como é possível que casais com os nomes dos meus personagens estejam todos por aqui? De novo olhei para cima e a câmera mexeu-se de mim para outro ponto. Pronto!

Teorias e mais teorias conspiratórias começaram a pipocar em minha cabeça. Silvio Santos? Será? Da última vez que eu vi uma pegadinha dele era bem elaborada e produzida.

“Tá tudo bem, Thi?” – Jaime pergunta.

“Mais ou menos, Jaiminho” – Respondi no automático. Caio sorriu e abraçou o gordinho dele. Gente do céu, são eles mesmo.

Deixei que eles pedissem o que queriam enquanto eu tentava processar aquilo.

- Carne moída;

- Patinho;

- Lagarto;

- Costelinha suína;

Eu fui pedindo as coisas a medida que via o casal se afastando. Ainda abobalhado com tudo o que havia presenciado. Catei no refrigerador uns corações e fígado de frango.

“Acho que não falta mais nada.” – Fui conferir comigo mesmo.

“Thi, é bom conferir de novo. Tu sempre esquece de alguma coisa” – Luciana disse e saiu saltitando e abraçou o Nuno que acenou para mim. No caixa ao lado Sam e Flávio pegavam as sacolas e acenaram para mim, acenei de volta, porque não?

- Creme dental;

- Fio dental;

- Gilete;

“Eita, a camisinha tá barata!” – Olhando para os lados coloquei dois pacotinhos no carrinho, nunca se sabe né?

- Cotonetes;

- Algodão;

- Enxaguante bucal;

“E eu querendo pegar cestinha, só podia estar maluco.” – Pensei.

“Só podia mesmo.” – Miguelito falou passando com o Celo ao lado dele.

“E agora eles lêem até pensamento?” – Pensei alarmado.

“Ué, a gente veio daí.” – Lúcio passou por mim com algumas caixinhas de leite condensado.

“Mas gente!” – Falei baixinho. “Vou logo sair daqui, tá parecendo aqueles episódios super estranhos de séries”

Empurrei o carrinho até o caixa com menos pessoas, estava sendo atendido quando o Douglas estacionou o carrinho deles ali. Resolvi fazer um teste.

“Então, Douglas estão gostando da nova casa?” – Perguntei como se fôssemos amigos de longa data.

“Muito, o Marquinhos é que ama aquilo tudo, sabia?”

“Sabia sim”

“409,12. Débito ou crédito” – A moça do caixa perguntou.

“Caramba, esqueci o cartão!”

Acordei no meu quarto às duas da manhã e fiquei besta com o sonho vivido que eu tive. Como pode? Só em sonho mesmo.

“Tenho que discutir isso na próxima sessão de análise.”

***

E esse final digno da Saga Crepúsculo? Me senti como os fãs vendo a Alice sonhar acordada. Tadíneos, hue.

Publicando hoje, porque hoje é o niver desse autor que é um amour! YEEEEHU! Feliz aniversário Thi ♡