Frio. Neve. Montanhas geladas, este era o reino de JotunHeim. Reino este que agora era governado pela temida Rainha de Gelo, Skadi. Skadi tinha conquistado o trono das terras frias de Jotunheim após derrotar seu antigo líder Loufei, e desde então passou a ser uma das aliadas de Aegir para libertar Surtur de sua prisão de fogo. Dentro do palácio de gelo, um circulo magico se abriu mostrando a forma quase acabada de Hrungnir, depois de algum tempo foi à vez de Skadi aparecer, ainda ofegante depois de ter lutado com Hel.

O lugar não tinha nada de especial, era cercado por grandes paredes de gelo e no centro havia um pequeno trono, e no teto havia vários espinhos de gelo apontados para baixo.

- Precisamos nos recuperar... - disse Skadi sentando em seu trono.

- Onde está... Aegir? - Perguntou Hrungnir.

- Estou aqui... Parece que vocês sofreram não é mesmo? - afirma Aegir surgindo da porta de entrada do palácio.

- Mesmo com nossa força... Amplificada pelos poderes de Surtur... Eles quase nos derrotaram - diz Skadi.

- É verdade... Você pelo menos se saiu bem. Já esse palhaço de pedra... - disse Aegir olhando friamente para Hrungnir.

- Aquela Valquíria... Pegou-me desprevenido... Na próxima vez eu acabo com ela... - disse Hrungnir.

- Não temos tempo a perder, temos que encontrar a Faca das Runas e achar aquele verme! - afirma Aegir fechando seus punhos.

- Ele não estava no vilarejo... - disse Hrungnir.

- Também não estava... Em Midgard. Procurei por ele em cada floresta... Cada vilarejo... - disse Skadi.

- Ele me paga! Passou a perna em mim pela ultima vez... Loki! - Grita Aegir.

- E enquanto a Faca? O que faremos Aegir? - pergunta Skadi.

- Deixaremos que a encontrem para nós. Nem mesmo eu sei sua localização não podemos ser descuidados e sair procurando sem um plano. Por enquanto se recuperem seus inúteis. Logo teremos trabalho a fazer - afirma Aegir caminhando em direção à saída.

Yamato. Uma grande cidade oriental de Midgard. Formada por casas que lembravam templos antigos feitas de madeira, em alguns pontos da cidade, podia se ver belos e grandes castelos construídos para abrigar os deuses de Yamato. Lagos e varias arvores de cerejeira se espalhavam pela bela cidade, formando uma visão calma e aconchegante do que era aquele lugar, alguns templos também foram construídos para reverenciar divindades que o povo da terra oriental acreditava, pediam orações e até mesmo alguns pediam por desejos pessoais, coisas como casa nova e uma vida feliz, a lista era imensa.

A população de Yamato era um povo que respeitava tudo e a todos sem diferenças, eram bastante educados e alegres. Após ficar desmaiada durante todo o resto do dia acordando apenas no dia seguinte, Hel percebe que estava em um lugar diferente do habitual, era um pequeno quarto com algumas portas rolantes, tinha uma vista para o jardim que ficava logo à frente, percebeu também que não usava suas roupas habituais e sim um quimono branco.

- Finalmente está acordada minha cara Hel - disse uma voz abrindo uma das portas laterais do quarto.

- Você... Então quer dizer que estou em Yamato... Deusa Amaterasu? - pergunta Hel.

- Correto! Após a batalha um conhecido trouxe você e a Valquíria até aqui a pedido meu - afirma Amaterasu caminhando para o jardim.

A Deusa do Sol Amaterasu. Era uma linda garota de cabelos azuis com olhos vermelhos, com tranças amarradas por broches que lembravam guizos. Usava um quimono de batalha vermelho com mangas brancas e detalhes em preto e dourado, em sua cintura havia um laço dourado amarrado, e uma enorme saia vermelha, usava meias vermelhas e uma sandália de madeira com salto alto, em suas costas flutuando estava um grande espelho, a relíquia lendária controlada apenas pela Deusa do Sol chamada de Yata no Kagami.

O espelho é uma das três armas sagradas controladas pelos deuses de Yamato, representava: "Sabedoria" ou "Honestidade", seu significado era: "O Espelho de Oito Mãos", o nome era referente à sua largura.

Chegando ao jardim Amaterasu se vira para Hel. A rainha dos mortos com bastante duvida pergunta:

- Quem foi que nos resgatou?

- Fui eu minha cara Hel - disse Loki sentado mais ao fundo do quarto.

Hel ficou surpresa. Loki salvando alguém? Não era algo normal de se ver nos dias de hoje principalmente vindo do Deus da Trapaça, pensou Hel.

- Não acredito... Você? Porque Loki? - questiona Hel.

- Me prometeram um grande premio caso eu ajudasse, então... - responde ele.

- Premio? Espera... Isso está muito confuso. O que realmente está acontecendo aqui? - Pergunta Hel sem entender muito da situação.

- Se acalma Hel... Vamos explicar por partes. Loki? - disse Amaterasu apontando para Loki.

- Então... eu começo? - disse Loki retirando a Semente do Mundo de dentro de seu bolso.

- A Semente? Como? Aegir não tinha roubado de Você? - questiona Hel.

- Não tenho a alcunha de Deus da Trapaça à toa minha querida rainha dos mortos. - começou Loki explicando como ainda tinha a Semente em mãos. - Durante a batalha no deserto, enquanto eu era alvejado por tiros de Agua, em meio as minhas ilusões eu usei o poder da semente para amplificar minha magia, criando um Loki realmente parecido comigo tanto em habilidade como em essência, no meio da batalha trocamos de lugar sem que Aegir percebesse, ele lutou em meu lugar se passando por mim, enquanto eu claro fugia.

- E a semente? Como? - pergunta Hel.

- Ha... A semente... Eu criei uma esfera magica e com minha magia de ilusão fiz com que se transformasse nela. Foi bem fácil por sinal - responde Loki com um sorriso.

Hel ficou sem reação, sabia que Loki era capaz dessas coisas mais sempre se surpreendia com a habilidade de trapaças de Loki.

- Essa é a explicação Hel. Estamos com a Semente. Agora podemos contra-atacar as forças de Aegir. Alias temos uma pista de onde pode estar a Faca das Runas. - disse Amaterasu.

- E onde seria? - questiona Hel.

- Existe um lugar há muito tempo perdido, perto da fronteira de Alfheim com Nidavelir, tivemos a informação de uma de nossas ninjas informantes. Acreditamos que lá está a faca. Ela confirmou que havia uma grande energia magica vinda daquela area. - Disse Amaterasu.

- Certo... Mas onde está a Skuld? Não a vejo em lugar algum - afirma Hel.

- A Valquíria está no telhado - disse Amaterasu apontando para cima.

Hel se levanta da cama e após caminhar começa a levitar em direção ao telhado, lá avista Skuld, estava agachada com a cabeça baixa pensando na batalha anterior. Hel se aproxima da amiga sentando ao seu lado.

- Skuld... Está tudo bem? - pergunta Hel.

- Sim... Só estou pensando... Em todas aquelas vidas... - responde Skuld.

- O que aqueles Jotuns fizeram é imperdoável...

- Como será que foi... O fim deles?

- Não podemos imaginar... Mas devemos seguir em frente... E proteger aqueles que ainda estão vivos. - disse Hel.

- Mas será que iremos conseguir? - questiona Skuld derramando uma lágrima.

- Temos que conseguir. Temos que tentar pelo bem dos nove reinos. - afirma Hel.

- Mas Hel aquilo... E se falharmos de novo? E se Chegarmos tarde demais?

- Você nem parece uma Valquíria falando desse jeito! Se levante Skuld! Lute pelos fracos, ajude os inocentes. Proteja este mundo. Não é esse o dever de uma Valquíria? Proteger aquilo que lhe é mais importante? Proteger aqueles que não podem lutar? Não importa se chegamos tarde ou não, se perdemos a esperança, se perdemos a vontade de salva-los então não somos dignas de nossos títulos. Principalmente você. - disse Hel se levantando.

Skuld então começa a pensar nas pessoas que ajudou até o momento, nos sorrisos que compartilhou com quem já conviveu, e na alegria do garoto Theo quando o ajudou antes de seu trágico fim. Lagrimas começaram a escorrer com mais intensidade por seu rosto. Depois de um tempo chorando Skuld enxuga seu rosto e se levanta, estava decidida a fazer o que podia para proteger este mundo das garras de Surtur.

- Hel... Obrigado. Sinto-me um pouco melhor agora. - disse Skuld abraçando Hel.

- Ei! Da pra parar de me abraçar! - reclama Hel tentando afastar Skuld.

Skuld começa a rir, o sorriso da Valquíria estava novamente em seu rosto, estava feliz de ter alguém para lhe apoiar em momentos difíceis, as duas então resolvem descer do telhado e voltar para o quarto onde estava Loki e Amaterasu.

- Então quando partiremos para este templo? - pergunta Hel.

- Vamos assim que estivermos prontos. Eu irei com vocês. E você Loki? - questiona Amaterasu.

- Eu? Eu já fiz minha parte, não tenho porque me meter nesta confusão toda. Só quero minha recompensa como combinado. - responde Loki.

- Seu... Alias o que você queria com a semente? Porque foi atrás dela? - questiona Skuld.

- Não era nada demais... Iria usa-la para dominar Asgard enquanto Odin tirava sua soneca do dia.

- Governar enquanto vossa onipotência estivesse no Sono de Odin? Você é louco. - afirma Skuld.

- E o que tem de errado minha cara Valquíria? O Sono de Odin é o período onde Odin dorme para recuperar seu poder. Enquanto ele estivesse neste período eu roubaria seu trono, e acabaria com ele de uma vez por todas a fim de me vingar pelo meu pai. - disse Loki.

- Eu não permitiria isso Loki. - grita Skuld se pondo em posição de combate.

- Calma, calma, relaxa Skuld... Eu darei a semente para vocês. - afirma Loki.

- Porque você faria isso? - pergunta Hel.

- Quero ver se vocês irão conseguir usa-la corretamente. O selo de Surtur está se enfraquecendo aos poucos. Mesmo sem os artefatos mágicos será uma questão de tempo até as chamas de Musphelheim caírem sobre os nove reinos. Porém eu descobri um segredo. Algo que pode ser útil a vocês... Principalmente a você Amaterasu.

- E o que seria? - questiona Amaterasu.

- Eu sei onde a Deusa Kaguya está selada e como liberta-la. - afirma Loki.

Amaterasu ficou surpresa. Não sabia como reagir à informação de Loki, alias como ele sabia sobre Kaguya? Pensou ela. Skuld e Hel se olharam se perguntando quem era a tal deusa.

- C-como... Onde... Onde ela está... LOKI? - pergunta Amaterasu desesperada para saber.

- Acalme-se... Vocês estão tão estressados ultimamente - disse Loki com um sorriso no rosto.

- Mais afinal quem é essa Deusa... Kaguya? Nunca ouvi falar dela. - afirma Skuld.

- A Deusa Kaguya... O que vocês irão ouvir agora é um segredo guardado por Yamato desde que a perdemos há muito tempo. - diz Amaterasu.

- Então vamos ouvir - disse Hel.

- Há muito tempo atrás durante a construção de Yamato, os nove reinos não eram tão prósperos e unidos como são agora. Guerras e mais guerras estouravam a todo o momento em um local diferente, em um mundo diferente. Yamato ainda estava em construção na época, tínhamos acabado de achar um local para construirmos nossa cidade, porem a guerra chegou até nós também. Após uma breve pausa Amaterasu continuou:

- Éramos eu, Tsukiyoumi, Susano e ela a Kaguya... Não podíamos evitar a guerra, pessoas estavam morrendo e nosso pequeno reino estava ameaçado, ajudamos as forças de Midgard varias e varias vezes a fim de trazer paz e terminar com as guerras. Formamos uma aliança com o avô da princesa Senna atual governante de Nordicia, para ajudar com mantimentos a quem precisasse e fornecer abrigo aos que não podiam lutar. Porém um de nossos inimigos era poderoso demais, todos os chamavam de O Rei do Vazio. Um ser com um poder vindo da escuridão total, ele estava incentivando as guerras pelos nove reinos.

Silencio. Era o que podia se ouvir no quarto onde estavam após ouvirem sobre o Rei do Vazio. Hel já tinha escutado lendas sobre ele, mas nunca pensou que tal criatura realmente existisse. De acordo com as lembranças de Hel, o Rei do Vazio era descrito como um poderoso guerreiro centauro, que devastou os reinos na época em que Odin ainda estava começando a governar Asgard. Amaterasu então continuou a contar sua história:

- O Rei do vazio era extremamente poderoso. Quase não conseguimos nos defender de seus ataques e de seu exercito. Mas não podíamos perder. Não podíamos deixar a paz acabar daquele jeito. Nos quatro fomos enfrenta-lo com todo o nosso poder, a batalha foi dura, durou alguns dias, mas conseguimos vence-lo. Porém nos custou a Kaguya.

- Como assim? Perguntou Skuld.

- Antes de ser derrotado o Rei do Vazio usou uma forte magia de selamento para nos aprisionar pela eternidade, para nos salvar Kaguya interceptou toda a magia a absorvendo totalmente, e em seguida foi então selada em uma espécie de barreira e lançada para algum lugar entre os nove reinos. Procuramos por toda a parte mais não conseguimos encontra-la. Nem mesmo um sinal sequer de sua magia.

- Por Odin... Isso... Estou sem palavras - afirma Skuld.

- Se vocês não conseguiram acha-la até agora... Como Loki a encontrou? - questiona Hel.

- Com o poder da Semente. Ela não é apenas um artefato que aumenta a capacidade magica do usuário, ele é também uma chave. Antes de ir atrás da semente vasculhei alguns arquivos escondidos em Asgard, descobri que ela é a chave que vocês precisam para quebrar o selo e trazer Kaguya de volta. Depois de escapar de Aegir a semente me mostrou coisas do passado. Segredos. E entre eles estava o selo de Kaguya. Localizado no lugar mais improvável possível.

- Onde? Diga logo Loki! - grita Amaterasu.

- Ela está em sendo mantida abaixo de Valhala, no Cofre de Armas de Odin!