O Pecado de Odin

O som podia ser ouvido até mesmo das terras mais longes, pessoas de diferentes lugares dos nove reinos sentiram o medo pairar sobre eles uma vez mais. No horizonte, o grande pilar de fogo foi sumindo aos poucos, deixando apenas um grande rastro de uma fumaça densa para trás. Surtur estava de volta após três longos anos selado.

- Eu retornei... Estou livre! – disse Surtur deferindo um grande soco no chão. O golpe causou um enorme estrago na área a sua volta.

- Meu senhor, rei de todos os Jotuns é bom revê-lo. Disse Aegir.

Surtur olhou para suas duas generais por um momento, percebeu que Hrungnir não estava entre elas, logo imaginou que o gigante de pedra havia sido derrotado em combate.

- Aegir... Skadi. Vocês cumpriram seu trabalho com perfeição. Estão de parabéns por conseguirem me trazer de volta.

- Muito obrigado por suas palavras... Meu Rei. – disse Skadi.

- Então... Podemos finamente começar nossa dominação e destruição pelos reinos meu senhor. – disse Aegir.

- Não!

- C-como assim? - questiona Aegir surpresa.

- O efeito do selamento me pegou num momento onde eu estava fraco depois da batalha. Mesmo depois desse tempo selado, a barreira me impedia de restaurar minhas forças, era como se o tempo para mim estivesse parado. Preciso recuperar meu poder primeiro. Não atacaremos agora. Tenham paciência minhas caras, agora que eu retornei o fim está próximo. E Odin vai me pagar. Vão! Reúnam todos os Jotuns aqui em Musphelheim, vamos nos preparar enquanto eu me recupero. – disse Surtur caminhando lentamente.

Aegir e Sakdi obedeceram à ordem de seu líder supremo e começaram a reunir todos os jotuns espalhados pelos nove reinos, todos eles estavam se reunindo aos poucos na terra ardente de fogo. O caos estava prestes a reinar novamente nos mundos.

Enquanto isso em Asgard, todos estavam reunidos novamente no grande salão principal do palácio de Odin, desta vez, Loki e Amaterasu estavam presentes, sentados perto da escadaria em frente ao trono. Urd ainda se encontrava em recuperação na ala médica do palácio. Estavam todos sem o que dizer depois de sentir a fúria de Surtur despertar mais uma vez. Após alguns instantes Loki decide quebrar o silencio.

- Certo. Surtur voltou e estamos todos perdidos. Se tiverem mais alguma merda para contar aproveitem agora.

- Loki da pra ficar quieto um pouco estamos pensando. – disse Thrud.

- E se eu não quiser?

- Eu vou te quebrar em dois agora mesmo.

- Já Chega vocês dois! Precisamos montar um plano para derrotar Surtur. – disse Freya.

- Mesmo retornando Surtur provavelmente irá demorar um pouco para começar a atacar – disse Amaterasu.

- Porque ele esperaria Deusa do Sol? - Questiona Tyr.

- Quando selamos Musphelheim, colocamos uma magia no selo, que sugava a força de Surtur aos poucos, e parava seu tempo, fazendo-o ficar exatamente no mesmo estado no qual ele foi selado. Ele não vai cometer o erro de atacar sem estar 100% recuperado.

- Então, temos tempo para nos preparar. Seria bom se conseguíssemos libertar Kaguya. Loki, você tem alguma ideia de como fazer isso sem a Semente do Mundo? – pergunta Skuld.

- Nos arquivos de Asgard não tinha nada sobre outra chave. Pode ser uma hipótese, mas provavelmente Odin esta escondendo outro meio de liberta-la. – responde Loki.

- Precisamos descobrir o que era – disse Amaterasu apertando os punhos.

- Eu tenho uma ideia, porém, dada a gravidade da nossa situação não sei se seria viável. – disse Freya.

- Deusa Freya não me diga que... – disse Skuld um pouco assustada.

- Sim minha cara Valquíria. Que tal entrarmos na mente de Odin para descobrirmos isso? – disse Freya com um sorriso no rosto.

- Entrar na mente dele? Isso é possível? – questiona Amaterasu.

- Sim. Com uma de minhas magias, podemos entrar na mente de Odin e ver suas lembranças passadas. Não poderemos interagir com os acontecimentos, mas descobriremos tudo o que precisamos conforme eu aguentar.

- Então vamos fazer isso – disse Amaterasu se levantando.

- Todos aqui estão de acordo? – perguntou Freya.

Todos os guerreiros se entre olharam por um instante, logo após um breve silencio todos concordaram com o plano de Freya para entrar na mente do pai de todos.

- Então vamos começar. Supondo que Amaterasu irá, quem também que ir com a gente? Só consigo levar duas pessoas para dentro da mente de alguém.

- Eu vou. Quero ver o que Vossa onipotência fez de tão grave – afirma Skuld.

- Ótimo! Vamos então minhas caras. – disse Freya levando Skuld e Amaterasu para o quarto de Odin.

Enquanto isso, Thrud liderava os que ficaram a Deusa da Batalha deu ordens para as Valquírias fazerem a guarda de Asgard, e também reforçar a segurança nos nove reinos. Heimdall após passar no salão das armas para pegar novamente sua espada sagrada, retornou para fazer a proteção da Bifrost, mas dessa vez não estava sozinho, Tyr o Deus da Guerra estava com ele. Os outros soldados foram designados para proteger a população em solo.

- Thor! Loki! Nós vamos para Midgard. Precisamos nos reunir com Hel e as outras o mais rápido possível. – disse Thrud.

- Não vejo problemas. Eu apoio sua decisão minha prima.

- Bom, vamos então. Não quero que minha bela área de descanso seja queimada por Surtur. – disse Loki bocejando.

Os três deuses partiram de Asgard rumo a Nordicia, esperavam chegar lá o mais rápido possível, já era início da tarde quando partiram rumo a Midgard.

No quarto de Odin, Freya começava os preparativos para ativar sua magia. Em volta da cama onde estava deitado o pai de todos, Freya desenhou um grande circulo mágico, Pediu para que Skuld e Amaterasu entrassem no circulo ficando de lados opostos. Freya se agachou colocando sua mão no chão, ao fechar seus olhos, começou a sussurrar uma magia. O circulo começou a emitir um brilho dourado. Skuld e Amaterasu fecharam os olhos, tentando se proteger da forte luz. Ao abrirem não estavam mais no quarto de Odin. Estavam em um espaço totalmente em branco com algumas energias mágicas circulando em volta.

- Que lugar é esse... Deusa Freya? – pergunta skuld.

- É um tipo de plano astral dentro da mente de cada ser vivo. É a partir daqui que iremos conseguir navegar pelas memorias de Odin. – responde Freya.

- E como faremos isso? – questiona Amaterasu.

- Com a minha magia, posso criar varias portas neste lugar. São essas portas que nos levarão onde quisermos ir. Mas temos que tomar cuidado, Odin é um dos seres mais poderosos dos nove reinos. Sua mente pode ser difícil de navegar.

- Então não podemos perder tempo. – afirmou Skuld.

Em seguida algumas portas surgiram ao redor do pequeno grupo, era um total de dez portas, cada uma levava a alguma lembrança diferente, Skuld foi até a primeira porta e a abriu. Do outro lado da porta havia uma grande floresta, estava escuro, porém não por muito tempo, um raio amarelo passou em disparada atravessando os céus, Skuld caiu para trás com o pequeno susto, ao olhar direito era Odin, mais jovem, mais bonito que atualmente, estava lutando com algum ser de nível igual a ele. A luta era tão rápida e intensa que não se podiam acompanhar os movimentos.

Skuld fechou a porta, sabia que aquela não era a lembrança que estariam procurando. Amaterasu e Freya foram abrindo as outras portas, tentando encontrar pistas sobre qual seria a lembrança certa. Em algumas eram apenas momentos de combate com diversos seres dos nove reinos, outras algumas conversas e momentos calmos. O grupo olhou todas as dez portas e nada. Nenhuma continha a memória que Odin estava escondendo.

- E agora Deusa Freya? O que faremos? – pergunta Skuld.

- Não se preocupe, eu só posso projetar esta quantidade de portas, porém ao abrir e fecha-las as lembranças mudam. – responde Freya.

Skuld então resolveu testar para comprovar o que Freya disse, resolveu abrir a primeira porta novamente, ao abri-la a Valquíria viu que o cenário era diferente, estava agora mostrando Valhala, mais precisamente o momento que Odin ganhou sua lança Gungnir e foi declarado o novo governante de Asgard. Skuld sentiu que se este momento estava sendo mostrado, não estaria muito longe de descobrir a verdade.

A Valquíria fechou a porta, e junto com Amaterasu começou a reabrir as portas que antes haviam sido fechadas, começando cada uma por uma das pontas até chegarem à porta do meio. Skuld e Amaterasu se olharam e após engolir seco, abriram a porta juntas. Do outro lado da porta, havia um lugar todo escuro, não conseguiam enxergar muito bem o que era o lugar, mas Amaterasu havia sentido uma energia familiar emanando de um lugar próximo.

- Deusa Freya! Deve ser essa eu posso sentir. – disse Amaterasu com bastante certeza.

- Então vamos meninas. Não vamos perder tempo. É hora de saber a verdade caso seja mesmo essa porta – disse Freya caminhando para dentro da porta.

Skuld e Amaterasu acompanharam a Deusa da Beleza para dentro do cenário. As três haviam saído em um lugar estranho, era todo escuro, pareciam que estavam no espaço ou coisa parecida, de repente Odin surge diante dos seus olhos, estava flutuando rumo a uma luz distante, as garotas resolveram segui-lo para descobrir o que era, ao chegarem perto, viram a Deusa Kaguya, presa em uma barreira mágica poderosa.

Kaguya era uma bela garota, jovem, com longos cabelos pretos, e uma tiara dourada em sua testa. Usava um quimono branco com detalhes em preto e dourado, e um laço vermelho prendia o quimono em sua cintura. Havia mangas pretas em seus braços, suas meias, também eram pretas, e estava usando um salto de madeira preto, nas suas costas havia um grande manto azul, brilhante, era como se estivesse refletindo as estrelas do céu.

Os olhos de Amaterasu se encheram de lágrimas ao ver Kaguya mais uma vez. Estava muito feliz por rever sua irmã mais velha. Odin usou uma de suas magias para arrastar a barreira de Kaguya rumo a Asgard. Ao chegar a Valhala, o pai de todos a levou direto para o cofre das armas e a escondeu. Realmente parecia que seria só isso, que Odin havia contado a verdade, porém Freya avançou a lembrança para alguns dias a frente usando sua magia, e todos ficaram surpresos com tal cena.

Odin estava sugando a magia de Kaguya, e armazenando em um artefato mágico, algo do tamanho de uma esfera, quando a energia terminou de ser concentrada a esfera tomou a forma do que as garotas conheciam como a Semente do Mundo.

- Então... É por isso que a Semente... – Disse Amaterasu surpresa com o que tinha visto.

- Parece que não é somente a semente que ele estava criando... – disse Freya.

- Como assim? - questiona a Deusa do Sol

- Olhem... – disse Freya avançando mais alguns dias na memória de Odin.

O manto que havia nas costas de Kaguya, estava sendo usado por Odin para fabricar mais uma arma, a arma que todos conheciam como a Faca das Runas e o Catalisador sua bainha.

- Não pode ser verdade... Não pode... – disse Amaterasu bastante surpresa.

- Então quando Odin disse que não sabia a localização da faca, na verdade ele não queria nos contar? – questiona Skuld.

- Pelo jeito era isso mesmo. - responde Freya.

- Mas por quê? Se ele fez essas armas por que sela-las em locais diferentes? – questiona Amaterasu.

- É o que vamos descobrir. – disse Freya avançando mais uma vez o tempo dentro das memórias.

As garotas agora foram parar em meio a uma batalha de Odin com um inimigo bastante conhecido de Amaterasu. O Rei do Vazio havia retornado, e desta vez estava invadindo Asgard, o poderoso centauro havia sentido a energia de Kaguya nas armas e foi em busca de conquista-las para si, a batalha era intensa, com Odin desferindo vários golpes com a Gungnir, enquanto o centauro defendia e atacava com poderosos socos, sua armadura já estava desgastada, aparentemente já estavam lutando a um bom tempo, Odin concentrou sua magia na lança e desferiu um golpe certeiro que atravessou o coração do Rei do Vazio, jorrando sangue para todos os lados. A batalha estava concluída, o pai de todos aproveitou que a criatura estava morta e usou uma de suas magias para armazenar a essência mágica restante no corpo do centauro em sua lança, ficando assim mais poderoso.

Odin temeu que mais alguém invadisse Asgard para roubar suas armas e amedrontar seu povo, os artefatos era poderosos demais, caso caíssem em mãos erradas seria um grande desastre, o pai de todos foi atrás de Susano o Deus das Tormentas, e sem explicar a origem das armas para ele, pediu que escondesse cada um dos artefatos em locais diferentes e até então inalcançáveis.

Susano concordou com o plano de Odin mesmo sentindo que a energia das armas lhe era familiar. Escondeu a bainha na Caverna dos Oceanos e a protegeu colocando uma armadilha mágica no local, tal armadilha fazia com que, quem tentasse roubar, primeiro teria que enfrentar seu pior medo.

Logo depois foi para o Deserto de Midgard, primeiro levantou uma barreira poderosíssima em volta do local, em seguida, abriu um portal dimensional para uma espécie de templo escondido dos deuses de Yamato e escondeu a Semente do Mundo, também colocando uma armadilha no local, porém a armadilhaa fazia com que um gigante de pedra surgisse.

A Faca das Runas foi escondida em um templo que poderia ser acessado somente com o poder de sua irmã mais nova Tsukyoumi a Deusa da Lua. Mais para dificultar ainda mais Susano colocou uma magia em torno do altar mágico, tal magia faria com que a pessoa que quisesse a Faca das Runas teria que primeiro vencer seu lado sombrio.

- Estou sem palavras... – disse Amaterasu.

- Então essa é a verdade? – se pergunta Skuld.

- Parece que Odin escondeu muita coisa de nós... – afirma Freya.

- Espera... Então isso... Não pode ser... Era por isso que Aegir queria os artefatos. – disse Amaterasu ficando ainda mais surpresa.

- Pelo jeito agora tudo faz sentido, nada melhor que quebrar um selo feito pelos deuses de Yamato do que usando a energia de um deles concentrada em três armas diferentes – disse Freya apertando os punhos.

- Esperem... Ainda não acabou. Vejam! – disse Skuld apontando para a lembrança.

Ao olharem, as garotas viram Odin criando mais um artefato mágico a partir do poder de Kaguya, este por sua vez tinha a forma de uma chave dourada. De repente a memória de Odin começou a ficar rabiscada, não conseguiam ver mais nada, Freya havia chegado ao limite, não poderiam mais ficar dentro das memórias de Odin, com um estalar de dedos, Freya trouxe Skuld e Amaterasu de volta ao quarto de Odin. A deusa da Beleza estava exausta, era difícil segurar a presença das três dentro da mente de alguém, sua técnica consumia muita energia mágica.

Skuld ajudou Freya a se levantar, Amaterasu olhava com muito ódio para Odin, sentia uma forte vontade de seguir os passos de Loki e tentar mata-lo ali mesmo, porém não o fez. Amaterasu não queria atacar alguém indefeso, não seria covarde a ponto de matar alguém incapaz de se defender. As garotas saíram do quarto de Odin se dirigindo para o salão principal do palácio, ao chegarem se sentaram nas escadarias em frente ao trono, tinham varias respostas e uma grande duvida, sabiam que teriam que procurar com bastante calma e um pouco de pressa, a final não tinham como saber quando o senhor do fogo começaria seu ataque aos nove reinos.

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