Midgard. Palácio Real de Nordicia.

A lua começava a surgir nos céus de Nordicia anunciando a chegada de mais uma noite no principal reino de Midgard. Após o clima tenso que estava do lado de fora por conta da chegada de Solstis e Siluria, todos se encontravam agora reunidos no salão real, sentados à mesa, com exceção de Roveria que estava em pé. Ao lado, o enorme buraco feito por Thoth mais cedo, havia sido tampado com magia de terra  dos magos da Academia. Silêncio reinava no local, Siluria estava um pouco desconfortável por estar na presença de tantos deuses e guerreiros formidáveis. Após minutos, Amaterasu decidiu começar a quebrar o silêncio.

- Bom, acho que agora podemos ir direto ao assunto. – dizia a deusa do sol.

- Sim, iremos repassar tudo desde o começo. Hoje pela manhã, recebemos um ataque de um dos deuses de Egípcia que veio até nós declarar guerra. E segundo relatos, a ilha dos Therians foi destruída na noite passada e se encontra agora sobre controle de uma das deusas do deserto. – dizia Grace.

- Sim, e o rei Loewe está até então desaparecido, porém jugando pela força de Sekhmet o mais provável é que esteja morto. – dizia Roveria enquanto Siluria ficava cabisbaixa.

- Vocês não foram os únicos atacados. – afirmava Amaterasu.

- Como assim? Vocês também? – questionava Skuld.

- Sim, há algumas semanas nossas tropas registraram alguns ataques em nosso território vindos de Egípcia. – respondia Amaterasu.

- Isso ficou sério antes do que pudêssemos imaginar. – afirmava Grace com uma expressão séria no rosto.

- E como vocês planejam revidar? Não podemos simplesmente ficar sentadas olhando os continentes serem tomados. – questionava Tsukyoumi.

- Eu e Grace conversamos e decidimos que, vamos levar a luta até eles. – afirmava Roveria.

- Não podemos arriscar perder mais vidas com esses ataques, então levaremos a luta até seu território, impediremos o avanço de Cleo e suas forças. – afirmava Grace movimentando algumas marcações no mapa.

- Vocês sabem que não será tão fácil assim. Afinal estamos falando de Cleo e seus deuses. Aliás, um deles já está em nosso território não é. – dizia Amaterasu olhando para Siluria.

- Sekhmet... A deusa do Fogo e da Guerra... Ela é poderosa. Acredito que não será tão simples invadir seu reino sem que os outros percebam. – dizia Siluria.

- Temos que pensar muito bem antes de agirmos, qualquer erro pode custar às vidas do time de invasão e da equipe de defesa. – afirmava Dielle.

- Sim, temos que ser precisos. Montaremos um time de defesa aqui em Nordicia, já que este será o alvo principal de Cleo, iremos dividir os soldados nos principais reinos da fronteira de nosso território. Depois enviaremos um time para tentar expulsar Sekhmet da ilha, enquanto outra equipe pequena navega até Egípcia. Tentaremos manter a luta no deserto o máximo possível. – dizia Roveria.

- Assim que eu e minha irmã terminarmos com os preparativos, podemos enviar tropas para auxilia-las. – afirmou Amaterasu.

- Sobre isso, mandarei uma equipe de elfos para ajudar. Irei ordená-los a irem para a ilha dos Therians, já que são nossos aliados. – afirmava Solstis.

- Sobre Asgard, as Valquírias estão prontas para servirem de reforço. – afirmou Skuld.

- Skuld... Não me alegra trabalhar com Asgard novamente. Não depois do incidente envolvendo nossa irmã Kaguya. – afirmava Amaterasu.

- Mas Amaterasu, aquilo tudo foi causado por Odin... – dizia Skuld sendo interrompida.

- Eu sei, e ao mesmo tempo agradeço você e Freya por ajudar a achar Kaguya, temos uma divida enorme com vocês por isso. Porém mesmo com Odin morto e Freya no comando, não pretendemos nos envolver com Asgard novamente. – afirmou Amaterasu.

- Digamos que essa situação em que estamos seja uma exceção à regra. Afinal se não nos aliarmos, podemos ter consequências graves para todos. Principalmente Nordicia. – dizia Tsukyoumi.

Skuld estava surpresa, não esperava por tais palavras vindas de Amaterasu e sua irmã. Skuld voltou seu olhar para o mapa de Midgard na mesa. Após alguns minutos observando, parou seus olhos no continente dos Asians e das Druidas.

- O que... O que faremos com os Asians e as Druidas? – questionou Skuld.

- Enviaremos uma mensagem de alerta para os dois. muito provavelmente eles não irão ajudar em batalha, mas podemos deixa-los alertados. – respondia Grace.

- Asgard tem Valquírias em atividade no continente das druidas, inclusive a irmã de Skuld. Podemos enviar este recado e deixa-los avisados. – afirmava Norn.

- Por favor, faça isso. – suplicava Roveria.

- E enquanto Asians? Aquela muralha velha e enorme em torno do continente deles não os protegerá para sempre. – afirmava Amaterasu.

- Assim que acabarmos por aqui, poderemos enviar uma mensagem para a deusa líder de lá. Mas duvido que eles se mexam para nos ajudar. Principalmente com vocês de Yamato do nosso lado. – dizia Roveria.

- Realmente. Trabalhar com os Asians nem pensar. - dizia Tsukyoumi com um pouco de raiva.

Enquanto isso, Norn rapidamente saiu do salão real e foi para fora preparar os papéis mágicos que iria enviar a Asgard e as Druidas, após verem a Valquíria sair, a reunião continuou seu rumo. Todos discutiam formas e mais formas de realizar a infiltração em Egípcia e como combater Sekhmet na ilha dos Therians. O único problema real, é que nenhum deles tinha ideia da força que os deuses de Egípcia possuíam atualmente, principalmente Cleo. Fazia muito tempo que a rainha das serpentes não entrava em batalha fora de seu continente.

- Grace. Como iremos formar as equipes? - questionou Skuld.

- Você, Norn e Hel juntamente comigo partiremos para Egípcia, iremos invadir a cidade de Mênfis, quanto menor a equipe, maior a chances de não sermos notados. Amaterasu e suas forças podem auxiliar na defesa de seu próprio reino e em Nordicia, dividiremos nossas tropas para manter uma boa defesa. Siluria, e os elfos, podem nos ajudar a retomar a ilha dos Therians como dito anteriormente, a marinha ficará responsável por esta missão. – afirmava Grace sugerindo a ideia.

- Eu e minha irmã estamos de total acordo. – afirmava Tsukyoumi olhando para Amaterasu que assentia com a cabeça.

- Sobre os elfos, podemos ajudar com algumas tropas, mas precisaremos de poder de fogo pesado contra Sekhmet. E, aliás, eu ordenei que Avencia preparasse aquelas duas para mim. – dizia Solstis com um sorriso no rosto.

- Entendo... Será um prazer tê-las em combate. – dizia Roveria sorrindo.

- Com a habilidade de Nautica e Quarys, podemos ter certa vantagem na hora do combate. - afirmava Skuld.

- Certamente. Porém não podemos esquecer de seus crimes. Depois da batalha, as duas voltarão a Prisão de Sangue. - disse Solstis.

- Eu concordo. - dizia Grace assentindo com a cabeça.

- O que me faz pensar... Onde está a Deusa dos Mortos? Espero que ela não tenha nos dado as costas. – afirmou Amaterasu olhando seriamente para Skuld.

- Eu pensaria duas vezes antes de me insultar Amaterasu. – dizia a voz de Hel ecoando no lugar.

Todos se levantaram assustados, procurando de onde estava vindo a voz da deusa de Helheim. De repente, as luzes magicas do palácio começaram a se apagar, surgindo através de uma massa de energia que surgiu ao meio da mesa, Hel pousava com delicadeza no centro, com seus cabelos azuis balançando conforme se mexia. O portal magico se dissipou a suas costas e a deusa deu um salto ficando ao lado de Roveria que estava em pé.

- Desculpem o atraso, tive que tirar o lixo de meu mundo antes de vir. – afirmava Hel com uma expressão de raiva.

- Como assim? – questionou Skuld.

- Meu reino foi invadido por uma tal de Anúbis... Ela entrou no selo de Surtur e roubou a alma de Skadi a libertando por completo do mundo dos mortos. – respondia Hel deixando todos com uma cara de espanto.

- Como assim ela roubou a alma de Skadi? Como? – questionou Amaterasu.

- Ela quebrou meu selo parcialmente, tive sorte de impedir que ela roubasse mais almas, porém não posso dizer com exatidão se Skadi foi à única, até o momento que sai de Helheim, o registro de almas estava normal, com a falta apenas de Skadi. Mas como ela se auto intitulou deusa dos mortos também, não podemos descartar a possibilidade dela ter alterado os registros de almas, e capturado mais alguém sem que eu notasse. – afirmava Hel.

- O que será que a Cleo está planejando? Merda! Estamos ficando sem tempo. – dizia Grace se irritando.

- Uma aliança com Jotunheim talvez? Seria uma força a mais para Cleo. – dizia Dielle ficando pensativa.

- Se os Gigantes de Gelo se aliarem a eles, o problema pode se agravar rapidamente pelo território de Nordicia. E Posteriormente até pelos nove reinos. – afirmava Siluria.

- Vamos nos preparar também, temos que detê-los o quanto antes. – afirmava Hel.

- Estou de acordo, se concordarem, damos esta reunião por encerrado. Iniciaremos as preparações para a guerra contra Egípcia, não podemos perder contra este inimigo, vamos proteger nosso reino, nossas famílias, e sairemos vitoriosos, custe o que custar. – afirmava Roveria fechando seu punho.

Todos deram um leve sorriso e começaram a se levantar. Amaterasu e Tsukyoumi saíram do palácio com sua tropa de ninjas voltando para Yamato para começar os preparativos. Solstis através de um portal magico, afirmou que voltaria para Alfheim, para que possa preparar um pequeno esquadrão. Norn retornou para dentro e juntamente com Hel, Skuld e Grace, começaram a traçar uma rota até Egípcia. Dielle ficou responsável por Siluria, às duas que tinham altas patentes em seus respectivos exércitos começaram a discutir ideias de movimentação das tropas da marinha, e de como atacar. Aos poucos, as forças aliadas a Nordicia começavam sua preparação, rumo a mais uma guerra.

Egípcia. Palácio de Cleo.

A noite havia chegado no vasto continente de Egípcia. A rainha das serpentes estava sentada em seu trono, imaginando como as coisas estavam indo com as invasões que começaram a ocorrer nos reinos, e em como seus inimigos poderiam estar se preparando. Em suas mãos, Cleo segurava uma taça dourada, bebia o melhor vinho de seu reino enquanto pensava em seus inimigos. Foi quando um portal se abriu a sua frente, revelando a figura de Skadi. Logo em seguida, Madjed e Anúbis surgiram. Cleo não reagiu, continuou bebendo seu vinho normalmente.

- Rainha Cleo. A missão foi um sucesso. – afirmava Anúbis usando magia para se recuperar dos ferimentos.

- Tudo saiu conforme o planejado... Com exceção de alguns imprevistos. - dizia Madjed olhando Anubis se recuperar.

- Bom trabalho, mas... Foi somente ela? – questionou Cleo.

- Não, nós a libertamos para podermos transportar o outro com segurança para meu palácio como combinamos... Eu queria ter pegado mais, porém Hel atrapalhou nossos planos. Aliás, ela será de grande utilidade. – respondia Anúbis olhando para Skadi.

- Onde eu estou? - Questionou Skadi sacando sua espada de gelo.

- Bem vinda a Egípcia minha cara rainha dos gigantes de Gelo. – afirmou Cleo olhando lentamente para Skadi.

- O que vocês querem? Por que me trouxeram de volta? – questionou Skadi novamente se irritando.

- Nós... Eu... Queremos Midgard para nós, e para isso, seria de grande ajuda ter uma das ex-generais de Surtur ao nosso lado. – respondia Cleo caminhando até Skadi com passos lentos.

- Vocês são inimigos de sua própria espécie? Meu mestre estava certo. Por que guerreiam entre si? – questionava Skadi.

- Pela supremacia. A lei do mais forte. Pela gloria de conquistar um novo reino para si. - respondia Cleo com os braços esticados.

- Humanos tolos... O que fazem pensar que eu me aliaria a vocês? - questionou Skadi novamente.

- Com a sua ajuda... – dizia Cleo se aproximando, segurando o rosto de Skadi suavemente enquanto se aproximava de seus ouvidos. – Podemos destruir aqueles que a humilharam além de darmos uma parte para você... Seus gigantes de gelo... Andando livremente por este mundo... O que me diz... Rainha de Gelo? – questionou Cleo com um sorriso.

- Interessante... Continue... Humana... –dizia Skadi soltando um longo sorriso malicioso.