As Duas Guerreiras

Midgard. Dias atuais.

O céu em Midgard estava totalmente aberto, com poucas nuvens e o sol brilhando radiante no vasto azul do céu. Tinha pouco vento nas proximidades de um pequeno vilarejo a oeste de Nordicia, próximo das enormes florestas que cercavam o lugar, e para alguém com habilidades de voou, isso significaria menos dificuldade em realizar seu percurso até determinado local. Era o tempo perfeito para a bela Valquíria Skuld, que sobrevoava a área com tranquilidade, sentia o vento bater em seu rosto, com suas belas asas brancas abertas a guiando até seu destino, o tempo era perfeito para um passeio, porém Skuld tinha um dever a cumprir.

No dia anterior, um vilarejo solicitou a presença da Valquíria alegando que Jotuns estavam agindo na área e chegaram até mesmo a capturar algumas pessoas. Na carta mágica que chegou a Asgard, os moradores estavam com medo. Skuld rapidamente se voluntariou para ir ao local dos ataques, já que estava livre, a Valquíria sacrificou sua preciosa folga pelo bem maior. Salvar vidas.

Skuld chegou ao vilarejo pousando em meio ao que seria uma rua coberta por grama, aos lados, haviam algumas casas feitas de pedra e barro onde moravam seus habitantes, eram residências simples, porém seus moradores se sentiam confortáveis morando nelas, pare eles, era o suficiente para viverem felizes. Skuld gostava desse espirito de simplicidade que os moradores de diversos vilarejos tinham, fazia com que seu coração fosse preenchido com tranquilidade e felicidade.

Muitos dos vilarejos que ficavam afastados das grandes cidades eram assim, simples e com pessoas que viviam felizes com o que tinham. Skuld andou por alguns minutos até ser parada por um rapaz, de cabelos pretos usando uma blusa de manga longa, simples, um pouco rasgada, uma calça de cor azulada e chinelos de madeira.

- Senhora Valquíria é bom vê-la por aqui. – dizia o rapaz se ajoelhando.

- N-não precisa disso, está tudo bem, pode se levantar. – dizia Skuld com vergonha.

- Desculpe, eu sou Liev, eu cuido do vilarejo desde que meu pai veio a falecer. Quero agradecê-la por ter vindo. – dizia Liev.

- Imagina... Mas e então? Pode me explicar a situação? – questionou Skuld ficando séria.

- Claro. Isso começou há três dias, alguns jotuns invadiram nossas terras, porém conseguimos espanta-los com muita sorte, mas logo quando a noite caiu, eles retornaram destruíram algumas plantações, e desde então, começaram a levar algumas pessoas para dentro da floresta. – respondia Liev.

- Entendo. Vocês chegaram a mandar alguém para dentro da floresta? – perguntou Skuld.

- Mandamos um pequeno grupo para acha-los, porém nenhum retornou. – dizia Liev ficando cabisbaixo.

- Parece que a coisa está começando a ficar mais séria. – após pensar por alguns minutos Skuld decidiu qual seria seu próximo passo. – Liev, fique aqui. Impeça que todos saiam até eu retornar, eu irei para a floresta.

- C-certo. Mas tem certeza de que pode ir sozinha? – questionou o rapaz.

- Não se preocupe. Eu pedi reforço de Nordicia. – afirmou Skuld dando uma piscada para Liev.

Skuld se virou para a floresta, sacou sua espada e levantou voou indo em direção ao meio das árvores, Liev obedeceu as ordens de Skuld e começou a passar de casa em casa, avisando para não saírem, pois algum ataque poderia acontecer. Skuld passava por entre as árvores, até que pousou em meio a floresta, a Valquíria estava atenta a qualquer movimento suspeito com sua espada em mãos, caminhou mais alguns metros para frente olhando atentamente para os lados, foi quando ouviu barulho de passos rápidos vindo de algum lugar.

Skuld parou, o lugar voltou a ter um silêncio sombrio, se ouvia apenas o barulho do vento chacoalhando as folhas das árvores. De repente, por trás de Skuld, um jotun surgiu, com uma forma parecida com um cachorro, a criatura estava pronta para morder as costas de Skuld. A Valquíria notou o movimento e rapidamente, conseguiu se esquivar, girou seu corpo e conseguiu cortar o jotun ao meio com sua espada um pouco antes da criatura a atingir. A metade de cima ainda bateu em seu corpo caindo ao chão logo em seguida. Skuld começou a correr pela floresta a partir do momento que percebeu outros jotuns correndo a sua volta, tentando cerca-la de alguma forma.

Logo outro jotun surgiu atacando, desta vez tinha uma forma quase humanoide e gritava, empunhando uma espada de pedra em mãos. Skuld bloqueou o golpe, estava sendo pressionada, porém a Valquíria relaxou suas mãos, largou a espada e se jogou para o lado, o golpe da criatura acertou com tudo o chão causando um pequeno impacto, Skuld aproveitou o momento e com suas mãos juntas, lançou uma rajada mágica no jotun, que o jogou para longe.

O monstro que era feito de pedra, se desmanchou no chão há alguns quilômetros a sua frente, Skuld pegou novamente sua espada e correu floresta adentro.

No caminho e durante o combate, Skuld achou os corpos de alguns camponeses que invadiram a floresta segundo os relatos de Liev, mais ao longe, pôde ouvir gritos de algumas mulheres e rapazes. Skuld acelerou o passo e chegou perto de uma área um pouco aberta, viu cerca de 10 pessoas incluindo três crianças amarradas no centro, estavam cercados por Jotuns que provavelmente, as tinham como seu alimento.

Skuld cravou sua espada no chão e conjurou sua magia de luz que passou pelo solo o dividindo, os raios de luz seguiram cortando o solo separando enfim, os prisioneiros dos jotuns formando uma pequena ilha entre as pessoas e os jotuns, que logo se viraram para a Valquíria. Skuld retirou sua espada do chão e correu em direção às criaturas, o primeiro a se aproximar, recebeu em cheio um corte cruzado de Skuld que o derrubou no chão.

A Valquíria continuou a avançar derrotando os jotuns que surgiam a sua frente com golpes rápidos de sua espada. Skuld girava seu corpo e usava toda sua maestria em espada para derrubar os monstros, porém de dentro da floresta, outra onda de jotuns surgiu feitos de pedras, árvores velhas e alguns até com pequenas raízes de lava saindo de seu corpo, logo, imaginou que alguns dos monstros estariam vindo de Musphelheim por algum portal escondido na área. Skuld combatia todos com garra e determinação, porém por um momento, a Valquíria não percebeu em meio a sua batalha, um enorme ogro de pedra surgindo as suas costas, pronto para desferir um poderoso soco.

Skuld, após derrubar outro jotun teve tempo para bloquear o ataque com sua espada, porém foi jogada um pouco longe, a Valquíria caiu derrubando consigo algumas árvores, estava um pouco tonta com o impacto, de repente antes que pudesse se levantar, viu um grupo de três jotuns pulando a sua frente, quando Skuld achou que sentiria os golpes das criaturas, os três caíram ao chão com lâminas atravessando seus corpos de pedra. Skuld se levantou um pouco sem entender de onde havia vindo às lâminas, foi quando de cima de uma árvore, pôde ver uma bela garota, com cabelos loiros ao vento, e um vestido de batalha branco e azul.

- Parece que cheguei bem a tempo hein... Skuld! – afirmou Dielle com os braços cruzadas e inúmeras espadas saindo de portais em volta de seu corpo.

- Dielle! Vamos acabar com isso! – dizia Skuld.

- Nem precisa pedir! – gritou Dielle.

Dielle sorriu, após flexionar suas pernas, pegou impulso e saltou para o campo de batalha, Dielle sacou sua espada da cintura, e com um movimento, ordenou que suas espadas em volta, atacassem os jotuns em solo, as espadas perfuravam as criaturas com força, Skuld golpeava com sua espada alguns jotuns a sua frente, logo, as duas se voltaram para o enorme ogro de pedra. Skuld distraia o grande monstro com movimentos rápidos, enquanto Dielle lançava suas espadas tentando perfura-lo, porém sem sucesso.

O jotun golpeava as espadas da nova comandante da marinha com facilidade, Skuld se afastou do monstro pegando distância, logo em seguida, sinalizou para Dielle que assentiu com a cabeça, Dielle guardou sua espada e sacou um machado com sua magia. A nova comandante da marinha de Nordicia atacava com golpes rápidos o monstro que aos poucos, estava recuando para trás. Skuld após um tempo acumulando energia mágica do ambiente, levantou sua espada aos céus, e quando Dielle golpeou o ogro uma última vez com um corte cruzado e logo depois correu para o lado, Skuld atacou com força máxima.

- Mortalha... Sagrada! – gritou a Valquíria golpeando o monstro o cortando ao meio.

O golpe gerou uma grande explosão e uma densa nuvem de poeira, o golpe da Valquíria deixou no meio da floresta um enorme corte que se estendia por quilômetros, ao olharem para o lado, viram os jotuns restantes recuando para longe. Logo, as duas se voltaram para os prisioneiros que estavam ilhados graças a magia de Skuld que separou o solo. Skuld libertou todos e juntamente com Dielle, escoltaram os moradores para o vilarejo. Liev as agradeceu profundamente, todos voltaram a ficar felizes por serem libertados, e logo iriam fazer um pequeno funeral em homenagem às vitimas.

Skuld e Dielle se despediram e saíram do vilarejo, com o sol começando a se por no horizonte.

- Agradeço por aparecer na hora certa Dielle. – afirmava Skuld.

- Não precisa agradecer. Eu só não esperava que tivesse um ogro junto com os monstros. – dizia Dielle.

- Eu também não esperava, aliás, eu não esperava ver toda essa quantidade de jotuns na área. – exclamou Skuld.

- O importante é que conseguimos salvar aquelas pessoas. – dizia Dielle se sentindo aliviada.

- Sim, eu vou acompanha-la até Nordicia, vou dar um oi para as princesas. E de lá, posso enviar meu relatório para Deusa Freya – afirmou Skuld sorrindo.

- Então vamos. Assim botamos a conversa em dia pelo caminho. – disse Dielle.

As duas guerreiras seguiam seu caminho rumo à cidade real de Nordicia com a sensação de dever cumprido. Porém ao longe, uma figura misteriosa as observava, de cima de uma grande árvore, a noite caia e a lua surgia nos céus revelando a silhueta de uma bela mulher.

- Isso será interessante. – disse a mulher com um sorriso malicioso no rosto.

Após mais alguns minutos, a misteriosa figura desapareceu do local sem deixar rastros, aos poucos, uma nova ameaça surgia nas sombras de Midgard.

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