Julgamento

Nordicia. Cidade Real.

Por mais que as coisas caminhavam novamente para uma nova era de paz, a batalha travada contra os Arautos do Medo deixou marcas que não serão esquecidas tão facilmente. Principalmente para os humanos, durante a invasão de dois arautos, muitos viram Nautica assassinando a Princesa Senna, um deus Asgardiano destruir toda a cidade inclusive a Academia de Magia, e ambos trancarem quem era contra seu reinado de medo, em um campo de concentração cercado por criaturas temidas por todos.

Dias após o ataque, em meio à reconstrução da cidade, vários anciões resolveram aparecer, eram velhos que sempre buscavam governar com punhos de ferro, usufruíam de grande riqueza, eram nobres que não tinham a menor intensão de ajudar os fracos e orimidos, juntamente com eles, moradores e alguns soldados da marinha e do castelo, junto também com alguns magos, resolveram formar um comitê, e julgar os atos de Nautica.

Todos se reuniram na destruída praça central circulando o lugar onde no meio, estava Nautica algemada por correntes mágicas, e a sua frente, os anciões do castelo vestindo uma túnica branca com detalhes em azul, e o símbolo de Nordicia estampado em suas costas e no lado esquerdo do peito.

- Nautica, nós temos uma divida imensa com você por proteger este reino tantas vezes. Porém não podemos deixar passar o fato de que você tem o sangue da princesa Senna em suas mãos. – dizia um dos anciões.

- Eu sei, sinto muito por isso, nada do que eu dizer vai apagar este fato, nem mesmo Skuld conseguiu não é mesmo? – questionou Nautica.

- A Valquíria nos contou que estava sendo controlada, mas ainda sim era você, não podemos deixar passar! – disse outro dos anciões.

O povo em volta começou a gritar, alguns pediam a prisão de Nautica, outros queriam a morte dela diante deles, com o bater de um bastão no chão, um dos anciões fez com que todos ficassem em silêncio rapidamente.

- Eu irei pagar pelos meus pecados, e aceito qualquer punição... – afirmava Nautica com uma expressão triste no rosto.

- Capitã! Por favor, não precisa disso! – disse uma das soldadas da marinha real.

- Sinto muito. Mas é melhor assim... Para todos... – disse Nautica se virando para a soldada com um sorriso tímido no rosto.

Logo os tripulantes da marinha que eram contra sua prisão, jogaram suas boinas para o alto e então se colocaram em torno de Nautica com suas magias ativadas formando um circulo, o pequeno grupo de 15 soldados estava disposto a impedir a prisão de Nautica a qualquer custo.

- Pessoal... Vocês... – dizia Nautica surpresa.

- Não se preocupe almirante! Sabemos que estava sendo controlada não foi culpa sua. – dizia um dos soldados.

- Por favor... Deixem-me... Eu não quero que vocês sofram também... - dizia Nautica derramando lágrimas.

- Você é nossa comandante, você não abandonaria a gente e também não abandonaría-mos a senhora almirante! – disse outra soldada.

- Isto esta fora de controle... Guardas! Peguem todos! Mate-os agora!– gritou um dos anciões.

- NÃO SE MOVAM! – gritou alguém ao longe, a voz era de uma mulher.

Logo todos pararam e olharam ao redor procurando de quem era a tal voz, de repente, passando por cima dos anciões por um caminho feito de magia de gelo, e depois saltando em frente à Nautica, uma bela mulher pousava diante de todos. De cabelos azuis, com um longo vestido branco com detalhes em azul com algumas rosas estampadas, com um espartilho dourado por cima do vestido, uma espada embainhada na cintura e uma coroa simples. Seu nome era Roveria, irmã de Senna.

- A quanto tempo não? Eu fico um tempo afastada e quando volto encontro isso. – dizia Roveria.

- Princesa... Roveria? – disse Nautica surpresa.

- Estou de volta minha querida almirante. E parece que a situação está pior do que imaginei. – dizia Roveria observando os anciões.

- Princesa Roveria! É bom vela novamente, sabe isto aqui é... – de repente o ancião foi impedido de terminar sua fala pela Roveria.

- Eu sei de tudo... As noticias demoraram um pouco a chegar ao oriente, mas eu sei de tudo... Inclusive sobre Senna... – dizia Roveria ficando cabisbaixa.

- Então sabe que ela não pode sair impune... – afirmou outro dos velhos.

- Sim... E Também sei que vocês só atrapalham, se escondem quando todos precisam e surgem apenas para causar caos e pânico em todos. – afirmava Roveria.

- E-e você? T-toda a confusão por aqui e só agora aparece! – retrucou novamente o velho.

- Diferente de vocês, eu e Grace temos assuntos diplomáticos a tratar em outros continentes, não nos coloque no mesmo patamar que velhos inúteis que só servem para por ideias erradas, fico grata por Nautica ter sido a conselheira de minha irmã e não vocês. Agora saiam daqui! Antes que eu mude de ideia e resolva prender vocês! – afirmava Roveria sacando sua espada e começando a conjurar uma magia de gelo.

Os dois anciões que comandaram a reunião em praça publica, correram assustados, sumindo em meio a multidão. Roveria então baixou sua espada e se virou olhando para Nautica e seus soldados.

- Princesa Roveria... Eu... – começou a dizer Nautica, mas também foi impedida.

- Nautica... Você sempre foi uma pessoa boa, nos ajudou com suas estratégias diversas vezes, mesmo quando eu estive afastada durante a segunda invasão de Surtur, você cuidou de nosso reino com coragem. Temos uma divida com você por isso. Porém também não podemos deixar o caso de minha irmã passar, sei que estava sendo controlada, eu acredito nisso, mas o povo não pensa assim. – dizia Roveria.

- Então... Vão me matar? – questionou Nautica.

Os recrutas ao ouvirem se colocaram a frente da princesa a protegendo novamente, prontos para atacar a qualquer momento.

- Você tem bons soldados Nautica... - dizia Roveria.

- Eu sei... São os melhores que alguém poderia ter... – disse Nautica com um enorme sorriso.

- Então... O que acha... Grace! – gritou Roveria.

- Interessante... Eu gosto da determinação de vocês – dizia uma voz.

Passando pelo meio da multidão, outra bela mulher chegava ao centro do local, cabelos azuis brilhantes, um olhar sério em seu rosto, um uniforme militar totalmente preto com detalhes em dourado, luvas brancas nas mãos, segurando em uma delas, um cajado mágico dourado, Grace era a segunda irmã de Senna. Juntamente com Roveria, havia passado um longo tempo viajando pelos continentes de Midgard com a irmã, Grace também era comandante e fundadora da Academia de Magia de Nordicia.

- É bom vê-la novamente Nautica... Só não esperava que fosse assim! – Grace olhou em volta e viu sua academia destruída – Que chatice, destruíram minha academia... – dizia Grace que após observar por mais alguns minutos o local a sua volta, voltou a olhar para Nautica.

- Sinto muito por tudo... – disse Nautica.

- Nautica... Não se preocupe – disse Grace fechando seus olhos pensando por um momento.

Nautica assentiu com a cabeça enquanto seus soldados fecharam ainda mais o circulo. Grace abriu seus olhos e olhou para Nautica com certeza de sua decisão.

- Nautica não será morta! – dizia Grace para o espanto de todos. – Nautica! Pelo crime de matar a princesa Senna, destruir seu reino e matar inocentes, eu a condeno a Prisão de Sangue dos elfos! Você viverá presa por lá, se arrependa de seus atos, você está banida de Nordicia!

- Eu... Aceito minha punição princesa Grace! – afirmou Nautica se curvando.

- Almirante! – gritou os soldados.

- Está tudo bem. Continuem com esse espirito, o espirito de alguém que quer proteger os inocentes, vocês são o meu legado, e tenho muito orgulho disso. – disse Nautica derramando algumas lágrimas.

Após uma pausa, uma das soldadas de Nautica se virou para Grace se ajoelhando a sua frente.

- Por favor, princesa, eu tenho apenas um único pedido. Por favor... Deixe que nós levemos nossa Almirante para a Prisão de Sangue! – exclamou a jovem se ajoelhando.

Grace observou a soldada, e logo os outros fizeram o mesmo, compartilhando do mesmo desejo de passar um último momento com sua almirante.

- Está certo... Eu concedo vocês está missão! – afirmou Grace com um sorriso.

Logo os soldados soltaram um suspiro de alívio ao saberem que Nautica não seria morta, todos agradeceram as duas princesas e se voltaram para Nautica. A multidão em volta apoiou a decisão de suas princesas sem questiona-las, alguns ainda não estavam de total acordo e comentavam sobre o assunto baixinho com quem estivesse do lado.

- Aposto que seria essa sua decisão, se eu ou Grace tivéssemos em seu lugar, seu bom coração nos afetou mais que qualquer outra coisa... Senna! – afirmou Roveria com um sorriso no rosto enquanto olhava a cena a sua frente.

- Esperem! – gritou Grace.

- O que foi princesa Grace? – questionou Nautica se virando junto com seus soldados.

- Quero que todos... Se ajoelhem e prestem homenagem a Princesa Senna! – gritou Grace.

Nautica sorriu, e então obedeceu à princesa, logo foi os guardas reais, os soldados de Nautica, a população em volta da praça e Grace e Roveria, todos prestaram sua homenagem com um silêncio, em respeito à memória de Senna, e tudo o que fez para proteger seu reino e seu povo. Aos poucos, a cidade real de Nordicia começava a caminhar rumo a um novo começo, um começo cheio de esperanças e sonhos.

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top