09. um garotinho descobrindo o mundo o tempo todo
Haverá felicidade depois de você
Mas já houve felicidade por sua causa também
Ambas as coisas podem ser verdadeiras
Existe felicidade em nossa história
(Happiness - Taylor Swift)
♡
— Então você tem uma coelhinha? — Taehyung perguntou naquela manhã, enquanto mordiscava um croissant recheado de chocolate. Yoongi o encarou por trás da xícara de café e se surpreendeu com a facilidade que o rapaz tinha de se reerguer. Nem parecia que havia tido uma crise no dia anterior e se dopado de calmantes para dormir. — Oh, ela é tão lindinha! Como se chama?
Yoongi sorriu, falar sobre seu bichano era um dos seus tópicos favoritos. Taehyung tinha uma expressão encantada encarando as fotografias no celular do músico, que insistiu para ver mais fotos da coelha depois de ver o fundo de tela de Min.
— Lua. Ela é um doce, adora cenoura e carinho. — o rapaz sorriu com orgulho, como se estivesse falando de um filho que ficou em primeiro lugar no vestibular. Em seguida, soltou um suspiro melancólico ao encarar a bolinha de pelo amarelada pela tela do celular na mão de Taehyung. — A pior parte de viajar é ficar longe dela.
Taehyung lhe lançou um olhar um tanto adorável, quase penoso, e sorriu docemente.
— Eu imagino. — após essa frase genérica, o rapaz voltou a encarar o bichinho da fotografia e sorriu mais ainda. — Ela me lembra alguém.
E riu, como se isso fosse alguma piada interna. Yoongi franziu o cenho, mas tomou outro gole do café, temendo que ele esfriasse. Taehyung desistiu de bisbilhotar o arsenal de fotos da Lua no celular do músico, e devolveu o aparelho ao dono, voltando a se concentrar no seu café da manhã.
— O que quer fazer hoje? — Yoongi perguntou casualmente, enquanto guardava o celular dentro do bolso da calça jeans surrada.
Taehyung mordiscou seu pão como se estivesse comendo borracha e o músico concluiu que na verdade o rapaz não era tão bom assim em fingir estar bem.
— Não sei, só... nada. — deu de ombros, parecendo, pela primeira vez naquele dia, cabisbaixo. Yoongi beliscou o pão no seu prato sem um pingo de vontade de comê-lo.
— Tem certeza? — perguntou cauteloso. Não gostava da ideia de ter que pisar em ovos com alguém, mas Taehyung havia sido claro ao erguer um muro entre eles.
O músico encarou a Torre Eiffel ao longe e pediu a ela mentalmente que lhe ajudasse a falar alguma coisa, pois o rapaz continuava comendo com aquela expressão de quem não queria comer. Até que seus olhos se desviaram para a roda gigante e uma ideia inusitada — que não tinha nada a ver com subir mais de mil metros de altura novamente — lhe passou pela mente. Ele voltou a observar o rapaz na mesa e umedeceu os lábios antes de perguntar:
— O que acha de dar uma volta no rio Sena?
Taehyung o encarou com um entortar de lábios que deveria ser um sorriso, mas era tão forçado quanto os que o músico dava para as câmeras em momentos que não queria estar ali.
— Pode ser.
[...]
O dia estava cinzento e frio, se não fosse pelas flores colorindo a cidade, Yoongi diria que era inverno novamente. Havia uma quantidade significativa de pessoas fazendo o mesmo trajeto que os rapazes em volta do rio, outras estavam apenas sentadas na borda conversando. O músico quase pediu que parassem para fazer o mesmo — ele não era muito fã de longas caminhadas —, mas Taehyung estava tão concentrado em fotografar paisagens e se encantar por cada flor ou folha que encontrava no chão, que Yoongi não conseguiu pedir para ele parar.
Taehyung tinha um jeito único de ver a vida, Yoongi passou a admirar isso. Era como se estivesse vivendo sua primeira vida, como dizem por aí. Qualquer coisa que prendesse sua atenção, seja um pássaro no rio, ou uma flor no chão; eram dignos de extrema admiração e adoração. Não era a primeira vez que fazia aquele percurso, mas Tae encarava cada árvore com um par de olhos brilhantes e fotografava tudo como um bom turista. Ele parecia um garotinho descobrindo o mundo o tempo todo, e isso era adorável.
Yoongi estava reparando demais.
— Veja aquele pássaro, Guinho. — Taehyung exclamou de repente, despertando o músico do transe a qual se encontrava. O rapaz tinha a câmera apontada para um galho de uma árvore e Yoongi olhou nessa direção tentando ver o animal. — Tão lindo, parece você.
O músico encarou o pequeno ser vivo bicando frutinhas e franziu o cenho. Ele tinha as penas do corpo amarelas e a cabeça era preta e branca. Era realmente uma ave muito linda, mas Yoongi não entendeu a semelhança consigo.
— Comigo? Por que?
Taehyung tirou a câmera do rosto e sorriu largamente, ainda olhando na direção do pássaro.
— É pequeno e sempre parece estar bravo. — soltou uma risadinha.
— É impressão minha ou você acabou de me chamar de baixinho zangado?
— Bobagem, é impressão sua. — Taehyung o encarou com uma expressão que dizia o contrário, Yoongi quis beijá-lo. — Estou dizendo que você sempre tem essa cara emburrada, mas na verdade...
Taehyung se perdeu em sua fala ao encarar um ponto qualquer da jaqueta do músico. Ele adquiriu um olhar distante, mas um sorriso suave ainda enfeitava seus lábios. Yoongi estava se segurando muito para não beijá-lo, ou tirar aquele cabelo enrolado dos olhos dele, pois duvidava que estava mesmo enxergando alguma coisa.
— Na verdade...? — ele insistiu, tomado pela curiosidade ao ver que Taehyung não tinha intenção de terminar sua frase. O rapaz piscou, subiu os olhos para os seus e sorriu docemente.
Ah, ele é tão meigo.
— Você é um doce, Yoongi. É gentil, e... é bom. — ele desviou os olhos novamente, parecendo estranhamente envergonhado.Yoongi tentou ler sua expressão corporal, mas nada fazia muito sentido. — Você é um homem bom.
Yoongi franziu o cenho, não entendendo o tom que Taehyung usou para dizer aquilo. Sua última frase saiu com pesar dos seus lábios, como se estivesse confessando um crime.
— Obrigado? — o músico exclamou ainda confuso, ainda não tinha certeza se aquilo era mesmo um elogio.
Taehyung virou de costas para ele, exibindo o violino que sabe-se-lá-porque o levou para aquele passeio, e começou a fotografar alguma coisa que Yoongi não deu importância. Estava ocupado admirando os ombros largos do rapaz, a forma como o vento acariciava seus fios, e como rosa era uma cor que ficava bem nele. Naquele momento, às margens do rio Sena, e ouvindo o canto dos pássaros, Yoongi teve a certeza que nunca mais conseguiria voltar a Paris novamente. Não com o rastro de Taehyung por toda parte, e principalmente porque tinha a certeza que ele não estaria com o músico em uma próxima vez.
— Podemos parar um pouco? — Taehyung exclamou ao se virar novamente para Yoongi com uma expressão adorável. — Eu estou com sede.
— Claro. — Yoongi sorriu, era fácil sorrir na presença daquele homem. E ele sorriu de volta, fazendo muitos insetos voadores surgirem do estômago do músico.
Isso não podia ser um bom sinal.
[...]
Os rapazes sentaram em um banco da praça Dauphine após dividirem um suco de laranja e conversarem sobre trivialidades. Taehyung tinha uma expressão serena enquanto falava, e sorria para qualquer criança e animal que passassem por eles. O cabelo de Yoongi dançava com a brisa como as ondas do mar, e ele desistiu de tentar domá-lo. O rapaz vestia uma jaqueta de couro preta, óculos escuros e uma camiseta do The Smiths. O músico parecia um personagem bad boy qualquer interpretado por James Dean, enquanto Taehyung estava adoravelmente confortável dentro de um suéter cor-de-rosa com estampa de cachorrinhos.
Yoongi estava se esforçando muito para não querer beijá-lo a todo instante.
Ele o observou com curiosidade o rapaz se abaixar para pegar o violino dentro do case, a franja encaracolada lhe cobriu os olhos, trazendo um ar ainda mais misterioso para a situação. Taehyung se manteve em silêncio enquanto se levantava, e evitou contato visual com Yoongi ao posicionar o instrumento no ombro para... ele ia tocar? O músico engoliu em seco, se recordando brevemente de tudo o que sentiu ao vê-lo pela primeira vez, e quis sair correndo por isso.
Taehyung fechou os olhos, soltou um suspiro e começou a deslizar o arco suavemente pelas cordas do instrumento, presenteando o mundo com uma melodia suave e estranhamente familiar para Yoongi. Algumas pessoas paravam suas caminhadas para apreciar o espetáculo gratuito, outras mais ousadas se aproximavam com olhares encantados. O músico as entendia, estava prestes a se ajoelhar aos pés daquele homem.
O cabelo sempre desgrenhado ondulava sob seu rosto sereno, os dedos longos deslizavam sobre o espelho com delicadeza, o violino falava entre notas, e Taehyung parecia sentir cada escala com a alma. Yoongi suspirou deleitoso ao retirar os óculos escuros do rosto, aquela era uma imagem linda demais para não observá-la com todas as suas cores. De onde conhecia aquela música? Aquele som lhe fazia lembrar de um lugar que nunca esteve, mas que sente falta. Era uma música primaveril, os acordes lhe aqueciam o peito, mas de uma maneira melodiosa. Agridoce, uma história sobre um sentimento verdadeiro que foi perdido.
Dia de Primavera.
Yoongi soltou outro suspiro ao reconhecer a canção. Era... sua. Taehyung estava tocando uma música de Yoongi em uma praça pública com tanta emoção, tanta delicadeza, que o músico não sabia o que dizer, como reagir; mas sabia o que sentia. Seu peito explodia em fogos de artifício, flores voavam para todos os lados, e uma chuva de diamantes despencavam dos seus olhos. Yoongi estava emocionado, nunca viu alguém tocar algo seu assim, como se sentisse a música, como se entendesse aquela história, como se também tivesse vivido aquilo.
Um coro de aplausos surgiu ao findar da canção, Yoongi estava tão chocado que não conseguiu esboçar qualquer reação. As pessoas se dissiparam, continuaram suas vidas normalmente, mas ainda havia uma confusão primaveril dentro do peito de Yoongi. E ela só piorou quando Taehyung o encarou sorrindo como um garotinho sendo pego em uma travessura. Yoongi nunca quis tanto beijá-lo quanto naquele momento.
Mais tarde, enquanto caminhavam de volta ao hotel, Taehyung soltou um longo suspiro ao encarar o entardecer refletido nos prédios de Paris. Ele tinha uma rosa branca atrás da orelha, presente de uma senhora que se encantou pelo violinista. Seus olhos eram como chocolate ao leite derretido, caminhava com delicadeza e até o movimento das pálpebras era algo singelo. Enquanto Yoongi era só um cara vestindo um jeans rasgado e com um olhar bobo na direção do rapaz. Se sentia um pouco patético olhando assim.
— Sabe — Tae exclamou, chamando a atenção do músico para a realidade. — Acho que eu deveria ir embora.
N/A: vocês viram o vídeo na mídia? se não viram, por favor, vejam. Daniel Jang foi a minha maior inspiração para escrever esse capítulo e me ajudou muito a conseguir finalizá-lo. fiquei mais de uma semana presa na cena do Tae tocando... é mole, hein? graças a esse moço talentoso eu consegui imaginar e transpassar todos os sentimentos do Yoongi aqui. então dêem amor a ele!
já sabe, certo? não esquece de clicar na estrelinha e nem de deixar seu feedback que me deixa muiiito feliz! nos vemos no próximo sábado, se cuidem e até lá!
~ vick
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