06. Boram ou Donghae?
Capítulo 6 - Boram ou Donghae?
Jungkook venceu o processo contra seu pai devido a tê-lo mandado embora somente pelo fato de que havia engravidado. Os advogados de seu tio Donghae não era ótimos, eram excepcionais! Acabou ficando mais tranquilo pois com o dinheiro da indenização, poderia ir com calma na procura do novo emprego e não sair aceitando qualquer coisa só para ter uma renda. Não que isso fosse um problema, a questão é que temia parar em algo que detestasse novamente e ficasse se sentindo preso por sabe-se lá quanto tempo.
Queria muito poder escolher com calma, testar, e encontrar um emprego que o fizesse se sentir bem, para que não vivesse mais frustrado e estressado, e sim satisfeito, podendo cuidar do seu bebê com tranquilidade.
Já estava no terceiro mês de gravidez. Sua barriga começava a aparecer e as mamas cresciam, o que estava achando estranho, então passou a vestir blusas escuras e largas para disfarçar. E por mais que tenha tido um ganho de peso, uma necessidade frequente de comer ou de fazer xixi, estava feliz e animado.
Animado não só por ter ganhado o processo mas porque havia ganho uma melhora significativa nos enjoos, sua energia estava a mil, seu estresse estava longe e seu tesão um pouco maior. Tanto é que toda vez que via Jimin se esforçava para não dar tão na cara que ficava mexido só dele lhe olhar - coisa que fazia bastante por gostar de conversar olhando diretamente para a pessoa.
Claro que queria ir além, transar muito com ele, mas os dois se reencontraram a pouco tempo e nunca fizeram isso antes. Fora que o fato de gostar dele mais do que qualquer outro, lhe fazia pensar até demais e inseguranças surgiam… Queria que ele lhe achasse belo, queria que ele lhe desejasse, queria agradá-lo, mas estava atraente o suficiente? Duvidava. Com as mudanças começando em seu corpo, sua autoestima deu uma diminuída. Tinha quase certeza que o dominante perderia a vontade se o visse nu.
Sua empolgação também vinha do fato de Jimin estar se tornando, novamente, uma presença constante em sua vida outra vez. O que era maravilhoso pois amava aquela companhia desde pequenino - algo que era muito recíproco.
E se falava muito com Taehyung nos últimos dias, realmente criando uma amizade com seu talvez futuro cunhado.
Eles conversavam muito sobre profissões e futuro, suas inseguranças do momento. Com isso, acabaram pensando em algo possível de ser eleito para a próxima tentativa.
O ômega se sentiu bem cogitando trocar o curso por medicina veterinária porque ao levar seu novo cachorro para ter seus cuidados, viu como funcionava dentro de uma clínica-pet shop e conseguiu se ver trabalhando naquele lugar.
Já Jungkook estava pensativo desde o dia em que decorou o quarto de sementinha, levando as considerações de Yoongi e Jimin em conta, deixando a ideia de ser um decorador crescer dentro de si.
Todavia, ainda estavam receosos, pesquisando mais, para terem certeza antes de tomar a decisão concreta, já que não queriam mais arrependimentos.
Ah, se arrependimento matasse… Jungkook estaria morto há muito tempo de ter ido parar no escritório de contabilidade de seu pai.
Aliás, Yoongi não suportou ficar lá sem a sua presença. Disse que não aguentava mais Boram passando pano para quem estava errado lá dentro mas enchendo a paciência de quem realmente trabalhava, que cansou-se dele ir a sua sala só para falar mal de Jungkook na sua frente e reclamar da esposa que o "abandonou sendo que prometeu no altar diante de Deus ficar consigo para sempre". Pediu demissão e foi trabalhar na galeria de Hoseok. No início era temporário, só para dar uma mão na parte burocrática, mas as coisas acabaram encaixando tão bem que ficou por lá mesmo.
Eles estavam firmes no namoro. Ainda assim, não deixava de se preocupar com Jungkook, mandava mensagens todos os dias para saber de sua saúde, como foi seu dia e se tinha novidades sobre sementinha.
Jin também vivia a perguntar se estava bem, como ia a gravidez, mas diferente de antes que estava ali o tempo todo, agora eram dias alternados. Afinal, alguém estava colocando juízo na cabeça de seu pai, o incentivando muito bem a seguir a dieta para seu problema não agravar: Yeji. Namjoon o convenceu que Donghae estava melhor que antes com presença e cuidados da ômega então, para a alegria do mesmo, ficavam muito na casa própria agora tendo muita privacidade como desejava a um tempo.
Jungkook estava pensando em como sua mãe também parecia melhor nos últimos dias. Via ela conversando animadamente com Donghae pela casa ou toda satisfeita ajudando o cozinheiro da casa com os pratos, ambos sendo ótimos nisso. Não ter Boram por perto a fazia ser solta, não mais reprimida, e consequentemente parece mais feliz.
Mas como nada era só um mar de rosas…
Estava em seu quarto quando ouviu vozes, estranhou pois pareciam se alterar. Ninguém discutia ali… Curioso e ao mesmo tempo temendo que fosse algo muito sério, foi ver o que acontecia.
Chegando na sala viu o motivo: Jeon Boram.
Até que estava demorando para ele aparecer dando chilique e atrapalhando o andamento dos momentos bons. Ele sempre estragava tudo.
— O que está acontecendo aqui? — questionou, analisando sua mãe que parecia extremamente desconfortável, Donghae ao lado dela com o rosto vermelho se segurando para ficar calmo e Seokjin e Namjoon sérios diante de um Boram claramente fora de si.
— A verdade! Eu vim falar a verdade! — sua voz saiu embriagada. Com certeza, estava bêbado. — Já que essa vagabunda quer divórcio, então vocês merecem saber da cara de pau dela! Yeji sempre foi uma mentirosa!
— Lava essa sua boca antes de falar de mim, seu idiota bebum! — ela ralhou, demonstrando nervoso.
— Não! — bateu a mão na mesinha de canto, os enfeites tremeram. — É a verdade!
— Que verdade? Você está repetindo isso mil vezes. — pronunciou Jin, rolando os olhos.
— Não deem ouvidos para esse bêbado. Vai embora, Boram! Ninguém quer você aqui! — disse a fêmea, parecia insegura ao mesmo tempo que tentava se manter firme.
— Olha, é melhor você ir, senhor. — Namjoon tentou ajudá-lo, mas foi afastado bruscamente.
— Não antes de dizer a verdade! — cambaleou, quase caindo de tão alcoolizado.
— Então fala logo. Temos mais o que fazer que ficar vendo esse show. — disse Jungkook, cursando os braços, o encarando seriamente.
Notou que sua mãe engoliu em seco. Oh, ela estava com medo do que ele diria? Por acaso escondia alguma coisa?
— Ninguém sabe se o Jungkook é realmente meu filho e eu duvido que seja! — gritou, surpreendendo os presentes.
Para Jungkook, não era uma possibilidade tão distante, visto que ele sempre lhe destratou. Mas, se realmente fosse verdade, qual a razão de sua mãe nunca ter mencionado nada disso?
— Boram… — ela tentou dizer.
— Essa vadia mentiu por anos! — apontou o dedo no rosto dela. — Todos a vê como santa mas ela está bem longe de ser! Ficava com esse filho da puta e comigo ao mesmo tempo! Mas eu a perdoei porque seus pais apareceram na minha casa dizendo que estava grávida! Eu tentei fazer dela uma mulher de respeito… e olha o que aconteceu. Me apunhalou! Quando era para escolher a mim, seu marido, não. Quis ir atrás do filhinho que também não passa de uma vadia!
— Não fale assim do meu filho! — exclamou, Yeji, apontando o dedo na cara dele. — Eu era muito jovem, te escolhi por pressões e medos, mas não cometerei o mesmo erro de novo. É claro que eu prefiro estar ao lado de Jungkook que tem por mim o mesmo amor genuíno ao qual tenho por ele do que por um alfa escroto como você que sempre fez de tudo para me manter presa, de asas cortadas, e controlada como meus pais fizeram em prol da porra de uma imagem feliz de comercial de margarina. Mas esse tempo de familiazinha feliz acabou a anos. Desde que você deixou a máscara ir caindo e me mostrando que não era isso tudo que parecia ser como na época que tentava me conquistar. Se eu não escolhi você agora, a culpa é única e inteiramente sua que nunca fez nada para me fazer querer ficar!
Boram foi xingá-la mas antes disso, Donghae soltou:
— Você… É verdade que estava com nós dois?
— É claro que é! Tal mãe, tal filho. É por isso que eu nunca irei apoiar esse cachorro no cio por alfas!
— Vai se fuder. — rosnou Jungkook. — Como se você fosse grande coisa, né? Não serve como chefe, como marido, como pai, só para fingir ser um alfa de sucesso, um religioso respeitoso, mas na real vive infernizando a vida de todos. Cai na real. Você é um merda e ninguém te suporta.
— Seu vagabundo! Não merece meu sobrenome! Ainda bem que nunca gostou da minha empresa, eu nunca passaria o meu maior bem para um alfazinho puto como você que gosta de deitar como se fosse um ômega e ainda enche o bucho sem saber de quem!
— Ele não é um Jeon! E que bom que nunca foi! — gritou Yeji.
Um silêncio tomou conta da sala.
Não queria que as coisas acontecem assim. Planejava contar a verdade… algum dia. Mas não dessa maneira.
— Ele não tem nada, mais nada, haver com você. Nunca teve. Eu me casei com você justamente porque meus pais me proibiram de ficar com o Donghae. Eu me casei com você porque… Ninguém aceitava que ômegas ficassem juntos ainda que fossem dominante com recessivo! Porque me colocaram na cabeça que eu precisava ocultar meu pecado! Como você não era tão ruim, demonstrava gostar de mim, era da igreja dos meus pais, eu pensei que estava tudo bem… Mas você é horrível. Foi um sofrimento estar com você, silenciada, todos esses anos por temer agora que você dissesse a verdade. E certamente foi péssimo para o Jungkook te associar a imagem de um pai. E eu me arrependo amargamente de ter sido uma medrosa e não ter enfrentado meus pais no passado, não ter ficado com o Don… Eu me odeio por ter sido pressionada a "agir como uma ômega correta" e cedido, ocultando essa verdade. Mas eu não vou permitir que você venha até aqui, atrapalhar o que estamos construindo de bom. Pois é isso que estamos fazendo, finalmente sendo felizes sem você nos perturbando.
Parou por um momento, respirando fundo numa tentativa de conter as lágrimas.
— Você… Você não tem o direito de estragar isso. — sua voz estava se tremendo pelo choro que começava. — N-não tem.
— E aí, seu bastardo? O que acha da sua mãezinha perfeitinha agora?
— Eu acho ela foda por ter te suportado tanto tempo. E, porra, eu agradeço aos céus por, mesmo que tenha sido você a me criar, nenhum de nós dois te considerar como meu pai. Você não sabe o quanto eu fico feliz com essa notícia! Eu estou orgulhoso pra caralho de ser um Kim e não carregar comigo o sangue de um lixo como você!
Para ser sincero, era como se um peso tivesse sido tirado de seus ombros. Era um saco conviver com quem te desmerecia sendo que você só queria uma palavra de apoio ou um carinho. Jungkook estava cansado daquele alfa, por anos, e estar livre dele nunca foi tão satisfatório como estava sendo. Agora, sabendo que continuaria em paz porque sequer sangue havia para devê-lo alguma obrigação, era fantástico.
— Seu desgraçado! — avançou para cima dele, porém, Namjoon se meteu na frente e Seokjin puxou Jungkook, o abraçando para protegê-lo e também evitar que o mesmo descontrolasse e entrasse em uma briga física.
— Já que você disse o que queria, é melhor ir embora agora. — ordenou Donghae, sério e frio.
— Seu tempo aqui se esgotou! — Yeji o olhou com ódio em meio as lágrimas que insistiam em cair. — Vá embora!
— Eu vou, mas você vai se ver comigo! — saiu gritando e cambaleando. — Eu vou te processar por ter me iludido em todos esses anos! Por nunca ter me dado um herdeiro de verdade! Eu te odeio! Todos vocês, seus pecadores desviados!
— Ah, vai pra puta que pariu! — disse Donghae, fechando a porta na cara dele.
Todos eles se voltaram para a mesma pessoa. Yeji se sentiu extremamente exposta e envergonhada.
— Me desculpem. — sentiu as mãos tremerem de nervosismo e ansiedade. — Eu estava procurando o momento certo para dizer, principalmente agora que estou me divorciando, mas a vida tem essa de surpreender a gente, não é?
— Por que nunca me contou? — questionou Jungkook, saindo dos braços de Jin. — Sabe que te amo e sempre irei estar com você, mamãe.
— E você sempre teve minha compreensão e meu apoio. — disse Donghae. — Devia ter dito, afinal, me envolve. Envolve demais.
— Ah, queridos. — suspirou. — Eu sempre fui medrosa. Quando meus pais souberam que eu estava me envolvendo com alguém da mesma classe, trataram isso como absurdo, como se eu fosse uma aberração que precisava ir logo para o caminho certo e ter a salvação. Por um momento eu acreditei e comecei a sair com Boram, já que ele era um alfa, era religioso e parecia ser tudo o que meus pais se orgulhariam. Quando descobri minha gravidez é claro que eu sabia de quem era, mas… Eu tive tanto medo, principalmente depois que meu pai veio me alertar, dizendo que minha mãe estava em um grupo que caçava quem se relacionava fora do A-O e… Eles faziam coisas horríveis. Eu amava meu pai, ainda que ele tivesse pensamentos antiquados, então eu acatei seu pedido para continuar seguindo o "caminho certo" e não me deixar "desviar" nunca mais.
— Mesmo assim, era melhor que eu soubesse. — o ômega dominante estava um pouco decepcionado. — As coisas teriam sido tão diferentes.
— Eu sei. E eu me culpo por isso. Mas ao mesmo tempo… eu tenho certeza que não conseguiria. — abaixou a cabeça.
— Iria dizer em algum momento?
— Sim, Don. Juro que planejei contar para vocês. Todos os dias. Mas nunca sentia que era o momento certo, algo sempre me prendia. Assim como me prendia ao Boram. Só que quando vi ele dizer aquelas coisas absurdas para o Jungkook, eu não suportei. Estava cansada dele, sempre precisei de coragem pra enfrentar o mundo sendo uma ômega que vive como deseja - o que era totalmente mal visto na nossa época - e vi uma oportunidade. Eu pensei muito nesses dias que estive aqui, porém, ele foi mais rápido. — direcionou o olhar para o anfitrião da casa. — Eu sempre foi apaixonada por você, Don. Você sabe disso. Tanto é que pretendíamos nos casar. Mas então brigamos porque eu não tinha coragem de enfrentar meus pais quando eles descobriram sobre a gente e você partiu por um tempo a mando dos seus.
— Eu pensei que você precisava de tempo, que ia reconsiderar, mas quando voltei meu coração terminou de ser partido. Você estava casada com o meu irmão, a quem sabia me odiar. Eu acabei tendo um caso para te esquecer e tive o Jin. Então seguimos rumos diferentes.
— Uma pena, eu sei. E eu sinto tanto por esconder isso de vocês... — ainda continuava a chorar. — Me desculpe decepcioná-los.
— Mamãe, está tudo bem. — a abraçou. — Falo por mim, mesmo que eu fique chateado por não ter me dito antes, eu entendo que você não tinha forças suficientes para enfrentar seus medos até então. Lá no fundo, eu estou é aliviado. Tio Donghae foi melhor comigo nesses do que Boram em todos esses anos, ele também sempre mostrou afeto pela sementinha e olha que nem sabia de nada. Eu vou ficar bem com essa revelação. Então, relaxe, sim? Não precisa mais chorar.
Yeji temia não ser compreendida e isso a reprimiu em todos anos de sua vida. Era cansativo, porém, quando estava se preparando para esclarecer, o direito lhe foi tirado. Era por isso que se sentia mal naquele momento. Mas agora tentava pensar mais positivamente, ia ficar bem. Aparentemente, Jungkook entendia o fato de cada um ter o próprio tempo para lidar com suas dores ou problemas.
Ele sentia que não podia fazer outra coisa a não ser ficar ao lado de sua mãe e acalmar os receios de quem sempre foi tudo para si, que lhe amava, assim como a amava imensamente.
Para si, a ômega tinha tudo para superar o passado e poderia ser feliz sem nenhuma represália dali para frente.
— Eu também estou bem com isso. — disse Seokjin, sorrindo. — Eu já gostava do Kookie, é bom saber que ele subiu no patamar. Agora é maninho. — o puxou pelos ombros em um abraço torto.
— Você vai me perturbar mais ainda agora, não é? — perguntou risonho.
— Pode ter certeza.
— E vou adorar pegar no pé do meu cunhadinho também. — Namjoon piscou.
— Olha que eu devolvo!
— Nah, eu sou de boa. Não me abalo fácil.
Yeji ficou mais aliviada ao ouvir tais palavras e ver aquela interação. Mas não tirava os olhos de Donghae ao qual se mantinha sério.
— E você? — perguntou baixo, um pouco apreensiva. — Está bem com isso?
— Tirando o fato de saber, depois de anos, que pai, sim. — foi até ela, suspirando. — Não consigo te odiar. Eu vou demorar um tempo para aceitar as coisas mas também me esforço para entender o seu lado.
— Obrigada.
Ela o abraçou apertado, recebendo um afagar breve no cabelo antes de se soltarem.
— Certo. Meu outro lado diz que é uma notícia boa. É como descobrir ser pai pela primeira vez só que não é um bebê... E sinto como se fosse infartar.
Aproximou-se de Jungkook, que sentiu-se um tantinho nervoso.
— Por que? — perguntou.
Era estranho pensar em seu tio sendo seu pai biológico, mas era um estranho bom. Ele era afetuoso consigo. Lha tratava bem melhor do que quem deveria ter sido considerado seu pai.
— Mal ganhei mais um filho e já tenho um neto! É fascinação em dobro!
Os presentes riram.
Yeji sentiu-se bem os assistindo. As coisas estavam se encaixando. Parecia um sonho se realizando.
— Eu gosto de você Jungkook. Sempre te considerei da família e agora, como disse Jinnie, você só subiu no patamar. Quero que saiba que você é muito bem vindo a esse lugar de meu filho. Você e sementinha. — tocou a barriga dele.
O moreno não aguentou, ficou emocionado e choroso. Era muito bom saber disso. Abraçou Donghae sentindo um calor fraternal que fazia seu peito apertar de tão satisfatório... Ah, nunca teve isso, porém, chegou a hora de ter. Porra, era muito bom!
Por mais que fosse um choque eles saberem disso à essa altura do campeonato, a ideia não desagradou ninguém. Foi sim esquisito de início, todavia, com o passar dos dias eles se aproximaram mais, mostrando que aceitavam e estavam bem sem saber que realmente estavam ali, em família, em completa harmonia.
Ao contrário do que Boram cogitou, sua fofoca não se tornou intriga e sim uma onda de compreensão e amor familiar.
🐺🍼
Descobrir que eram pai e filho foi uma surpresa. Mas não ruim. Jungkook esperava que fosse assim com sementinha. Detestaria se desse ao seu bebê um pai tão escroto como o que teve.
Jungkook sentia que a sua vida estava mudando drasticamente desde que descobriu a gravidez. Estava aceitando isso por estar cansado de ficar conformado. Que tudo mude mesmo. Pois assim da uma chance de mudar para melhor.
Ele e Donghae decidiram sair juntos buscando maior conhecimento e intimidade. Caminhavam pelo lindo parque perto de casa. O alfa recessivo contou tudo sobre Jimin, em como está feliz deles terem se reencontrado, podendo retomar a amizade que tinham, e também da vida incomoda com Boram.
— Ele sempre foi ignorante e difícil de lidar. Eu só o via nos fins de semana que era quando nos encontrávamos na casa do nosso pai. Para ele, Boram era excepcional por ser tão conservador e de bem com Deus como ele. Sua mãe também o tratava como rei. E eu tendo outra criação, eu ficava me sentindo fora da caixinha com eles, todo errado. Passei a não querer ir para lá.
— Sua mãe te criou sozinho? — não havia a conhecido.
— Junto com a minha avó. Ela foi amante sem saber. Estava sem vê-lo quando descobriu, mas com a gravidez trouxe a verdade à tona. A mãe de Boram me queria para ela, achava que tinha propriedade sobre mim devido a traição. Mas sua avó era firme e decidida, não cedeu. E a sua bisa ajudou. Ela era uma velha bem custosa e xingava a todos que tentavam tratar a filha de puta por ter filho fora do casamento. O que era repulsivo na época. Você ia ter gostado delas se tivesse tido a chance de as conhecer, eram maravilhosas, tão bondosas e sábias, mas não abaixavam a cabeça para ninguém. Me passaram praticamente tudo o que eu sei. E por isso eu nunca abaixei a cabeça para o Boram.
Caminhavam e Jungkook observava a beleza do lugar, tinha muitos verdes, flores, e brinquedos com crianças e pais ao redor.
— Eu me apaixonei por Yeji assim que ela se mudou para nosso bairro e começou a frequentar a nossa escola. Sempre acreditei que Boram tivesse inveja porque enquanto se esforçava para ser o senhor certinho conservador que não era desejado por ninguém, eu estava sendo livre, vivendo e amando até "quem não era para mim". Então é claro que ele se aproveitou da situação. Eu devia ter imaginado. Se ele não tivesse buscado a todo custo ficar com a Yeji e ela tivesse vencido seus medos na época, estaríamos juntos, seríamos uma família… — suspirou, um pouco amargurado.
— Infelizmente, o que passou, passou. Ela sempre me diz que as coisas acontecem quando tem que acontecer. Não fica pensando tanto nos "e se", vai por mim, eles só fazem incomodar. O presente que importa. O que estamos fazendo agora vai refletir no futuro. E não tem espaço para o Boram no nosso futuro.
— Tem razão. Nós estamos dispostos a ser uma família. Então seremos uma, ainda que tenha demorado um pouco. — sorriu. — Eu vou reconquistar a sua mãe. Não vou perdê-la dessa vez.
— É assim que se diz. — sorriu de volta, feliz por vê-lo decidido e concordando que serão uma família.
Jungkook sempre desejou ter uma com um pai bom, mas conforme foi crescendo deixou a fantasia de lado. Agora sentia que poderia realizar esse desejo.
🐺🍼
No quarto mês de gravidez, Jungkook se preparava emocionalmente e fisicamente para fazer o teste de DNA. Enquanto não adquiria coragem o suficiente, apenas curtia ao lado de sua paixonite ao qua amou saber que agora o recessivo tinha um pai de verdade - que fazia questão de ser atencioso e presente.
Nesse instante, Park se encontrava sentado na cama do amigo, ao passo que passava pelas as plataformas que tinham na TV. Com tédio daquilo, o recessivo sentou em suas coxas, lhe abraçando pelo pescoço. Deixou o controle de lado, levando as mãos para a cintura dele, segurando de leve mas apenas isso foi o suficiente para fazê-lo arrepiar.
— Eu gosto muito de você. — murmurou, acariciando levemente os fios claros e o dono deles sorriu.
— Eu também gosto muito de você. De como nós temos uma conexão única. Da nossa intimidade. Parece que nada mudou. Eu sou tão eu e fico tão confortável quando estou com você. — o selou o pescoço cheiroso, maxilar, bochecha e ao chegar na boca demorou um pouco mais beijando envolvente com toda sua paixão sendo muito bem correspondido.
Mas então Jungkook interrompeu, afastando.
— O que..?
— Preciso mijar. — resmungou, saindo de cima dele e indo para o banheiro. — Estar grávido às vezes é um saco!
Jimin riu.
— E o que mudou neste mês?
— Estrias, só. Está sendo o mês mais tranquilo.
— Sabia que esse período é chamado de "lua de mel" da gravidez?
— Como assim?
— É quando, geralmente, os gestantes começam a fazer compras, viajar, sabe, fazer coisas que precisam de mais energia. — o moreno apareceu ali, escorando no batente, sorrindo sacana.
— Sexo se enquadra?
O doutor arqueou a sobrancelha, sorrindo ladino, bem safado.
— Isso é um convite?
Entretanto, por mais que quisesse, Jungkook sentia que não estava pronto para exibir seu corpo. Estava inseguro mesmo sabendo que era só seu melhor amigo ali ao qual podia confiar de olhos fechados.
— Eu prometo que vou pensar no seu caso. — piscou.
— Tudo bem. Ah, você sabe que depois da vigésima semana você pode fazer o ultrassom, né? É bom para sua médica dizer se está tudo ok com vocês. — o puxou para perto. — E você pode descobrir o sexo da sementinha. — tocou a barriga dele dando um afago.
— Uhm, eu vou fazer. Mas eu quero deixar surpresa.
— Saber só no final?
— Só no final. — sorriu.
— Ouviu, bebê? Você será chamado de semente até nascer. — debochou mas não de forma ruim, afinal, era fofo.
— Não seja idiota. — deu um tapa na cabeça dele. — Se eu quiser, posso muito bem escolher um nome unissex como o seu.
— É uma boa ideia também.
— Sabe outra coisa que é uma boa ideia? — o loiro lhe encarou curioso. — Você conversar com sua mãe.
— Jungkook...
— É sério. Que implicância é essa? Taehyung falou comigo de novo porque você não a procurou desde que voltou e tem evitado contato. Já fazem o quê? Dois meses?
— Mas, Jungkookie, eu não quero. — falou manhoso.
— Jimin, ela é sua mãe!
— Não faz diferença. Ela ficou bem sem mim por todo esse tempo e, com certeza, deve estar bem agora. — reclamou, chateado.
— Engano seu. Ela está magoada e eu garanto que sente sua falta. Eu também parecia bem sem você mas minha vida tava uma merda e eu tentava não dar foco para isso mas não tinha um dia que não me lembrava dos nossos momentos juntos e desejava ter tudo de novo. Meu lobo quase infartava de saudade!
— Verdade? — sorriu, gostando de saber disso.
— Sim!
— Eu também. Eu nunca te esqueci, coelhinho. — abriu os braços deixando ele se aconchegar.
— Fala com a tia Soo. — pediu.
— Eu tenho uma dificuldade... Eu ainda não sei lidar com o fato dela ter criado outra família. — admitiu.
— O que você sente?
— Eu perdi uma boa parte da vida dela e sinto que estando longe a fez substituir não só meu pai como eu. É um saco. Eu sinto que ela não precisa mais de mim. — fez biquinho que foi selado.
— É bobeira dessa merda de insegurança, ouviu? Jimin, sua mãe parou a vida dela por mais de cinco anos por estar sem vocês. Mas ela conseguiu se reerguer e tocar a vida. Ela encontrou alguém bom para fazê-la feliz de novo, não para substituir seu pai. Ele é insubstituível e você sabe muito bem disso.
— Insubstituível e inesquecível.
— Sim. Infelizmente, ele não está aqui nesse plano e ela precisa de uma boa companhia, não acha? É egoísmo querer que ela fique de luto eternamente e se dedicando somente a você. E o Taehyung veio de brinde, porém, ele já te disse o que houve. Soomin sentia tanto sua falta que queria te ver nele. E ele é um ômega incrível que deseja ter uma família. Um irmão. Você não pode privá-lo disso também. Não por pensar que ele está te substituindo quando na verdade é só mais uma pessoa especial somando na vida de sua mãe e de todos ao redor. Evitá-los não vai te fazer superar essa insegurança. Imagino que seja estranho ficar longe, voltar e se deparar com a novidade de outra família, mas você tem que se esforçar. Acho que se quer mesmo aprender a lidar com isso, você tem que estar próximo e ver tudo o que te falei com seus próprios olhos.
— Oh… — estava impressionado com aquele conselho. — Você tem razão. Eu também não fui com a cara do Yoongi no primeiro instante por pensar que ele, sabe, podia ser seu atual melhor amigo tomando o meu lugar, mas eu ignorei a insegurança e, depois de falar com ele, vi que era um cara legal.
— Isso é uma prova de que você está com pensamentos bobos. Não dá para substituir alguém que deixou sua vida tão marcada. — declarou.
— Eu deixei marcas em você?
— Ainda deixa. Você sempre foi ótimo para mim, me protegia, cuidava e aconselhava como ninguém. Impossível esquecer. Está gravado no meu coração. E pelo jeito que ainda me trata, sempre vai estar. — ambos tinham o coração acelerado naquele momento e seguravam os sorrisos. Seus lobos estavam satisfeitos.
— Igualmente. — o selou demorado, dando vários outros selinhos, fazendo Jungkook suspirar apaixonado. — Agora deita direito que eu quero tocar sua barriga, anjinho. — o trouxe para o meio de suas pernas. Jungkook deitou as costas no peitoral dele e deixou com que Jimin levantasse sua blusa, deixando sua barriga de fora, a acariciando. — Ainda sente dores?
— É raro.
— Que bom... Oi, sementinha. Como está aí dentro? Deu um pouquinho de paz para seu papai antes de deixá-lo com uma barrigona de melancia de vez? Uhm? — Jungkook riu baixinho e logo em seguida arregalou os olhos. — Ah! Você sentiu isso?
— É claro que eu senti! — também pôs a mão na barriga. — Está mexendo! — virou o rosto, o encarando, sorrindo, se sentindo muito animado. — Jimin, está mexendo!
— Está, sim. — sorriu largo, amando presenciar aquele momento com o amigo. — Sementinha, não chute muito forte no futuro, ok? Seu papai é muito fresco e vai ficar reclamando.
— Não vou não. — fez bico.
— Own, você precisa ver essa carinha e aprender a fazer também. É tão fofo! Seu papai é uma gracinha. E você também vai ser, não vai? Vocês ainda vão matar o Jiminnie de amores!
— Acho que sementinha gostou da sua voz. — estava todo bobo, se sentindo derretido, assim como toda vez que ele próprio falava com a barriga carinhosamente. Agora estava mais trouxa ainda já que o bebê aparentemente respondia.
— Tem que gostar. Gostar de mim por inteiro porque vamos conviver bastante juntos. — ditou confiante.
— Tenho certeza que meu bebê vai gostar de conviver com você. — virou a cabeça, podendo olhá-lo mais.
— E o pai dele gosta de conviver comigo? — mordeu o lábio meio nervoso. Não tinha motivos pois, caramba, era só o Jungkook, seu melhor amigo, que lhe correspondia, não tinha o que temer.
— Sim. Se pudesse convivia todos os dias, por toda a vida. — disse, deixando claro que toparia estar sempre com ele.
Os dois ficaram se encarando por uns segundos com os corações ainda descompassados e também a tendo a esperança de ficarem juntos no futuro.
— Vocês dois, parem de namorar e venham logo almoçar. — Seokjin apareceu na porta, ordenando.
— Estraga prazeres! — berrou o moreno porque ele havia atrapalhado o momento.
— Também te amo!
Já na sala de jantar os dois não demoraram a sentar na mesa e se servir. Como todos estavam em casa naquele dia, a mesa estava cheia de pratos que pareciam deliciosos, dessa vez feitos por Yeji com Donghae. E eles mandaram muito bem, recebendo elogios a cada garfada.
— Kookie, eu vi alguns desenhos seus no notebook. Aquilo são projetos? — perguntou sua mãe.
— Ah, são só uns esboços que estou tentando imitar. — falou, sem dar muita importância.
— E estão ótimos! — disse Jimin. — Acho que ele leva muito jeito pra isso. Deve ser algum dom de família.
— Oh, são projetos de arquitetura e design? — questionou Donghae, o vendo assentir. — Agora estou curioso. Me mostra depois?
— Eu também quero ver. Se você tiver mesmo um talento posso levá-lo para trabalhar comigo. — propôs Seokjin que já havia pensado naquilo ao ver a decoração que ele havia feito para o quartinho do bebê e seu empenho na busca de um emprego.
— Certo. — sorriu. — Eu espero que seja o suficiente pois preciso mesmo trabalhar.
— Estando grávido? Não quero soar babaca, mas pode? Digo, não vai afetar a gravidez? — perguntou Namjoon direto para Jimin.
— Ele só não pode se esforçar, nem se estressar tanto. Se não houver nenhuma complicação, pode trabalhar até quando se sentir disposto.
— Bem, se você for bom, não vejo problema em te contratar. — afirmou o rosado.
— Mas sabe que não precisa disso, né? Se precisar de algo é só dizer. — falou Donghae. — Eu sempre vou ajudar com tudo que tiver ao meu alcance.
— Obrigado. — sorriu. — Você, minha mãe, o Jin e até o Nam já ajudam demais na verdade.
— Ei, faltou eu! Sabe que pode contar comigo para tudinho mesmo, não é? — Park puxou a mão dele que estava em cima da mesa, entrelaçando seus dedos e sorrindo.
O moreno sorriu de volta, envergonhado por estarem na frente dos demais. Obviamente, sabia muito bem daquilo. Até porque era recíproco.
— Uhm, que bonitinho. Ainda vai dar casamento. — falou a ômega, os fazendo ficar tímidos.
— Deixa eles, linda.
— Mas ela tem razão. — foi a vez de Jin dizer, dando um sorriso insinuante.
— E, olha só que fofo, amor, o Jungkook está coradinho.
— Para, Namjoon hyung!
— É, Namjoon-ssi, não envergonhe o meu coelhinho. Só eu posso fazer isso. Não é, meu benzinho? — esfregou o nariz na bochecha dele, o deixando ainda mais vermelho.
Quanto tempo não o via assim. Depois que cresceu, Jeon se tornou mais controlado com as reações e mais confiante.
— Estou vendo. — disse e gargalhou por ver o alfa recessivo separar as mãos deles, focando na comida, constrangido.
Estava assim porque era um bobo apaixonado e era complicado ser assim perante a família. Nunca havia passado por isso antes. Era estranho.
O médico tinha provocado mas foi o primeiro a tirar o foco dele, passando para outro assunto e a conversa entre os presentes fluiu, indo longe.
Naquele dia, Jimin sentiu que estava no lugar certo. E pensou que estar de volta e se aproximar, agora romanticamente, de seu melhor amigo, foram as melhores decisões que havia tomado em sua vida.
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