𝟬𝟵 : WORLD GONE MAD

☆ ☆ ☆

CAPÍTULO NOVE :
MUNDO ENLOUQUECIDO
worn out places, worn out faces

aviso: descrições sexuais breves,
breve menção a ataque de pânico.


"Este é um velho mundo sem fé."
── Lee Roberson





VERÃO⠀─ ⠀AGOSTO 2013, 19:20
⠀⠀⠀Boston, Massachusetts

DUAS BATIDAS CONTRA a porta, a chaleira começa a chiar e Riley precisa apagar o fogo. Ela desperta de um transe que nem ao menos havia percebido que entrou. Limpa as mãos úmidas nas calças jeans e, um pouco agitada, ela vai até a entrada de seu apartamento.

Ela já tem em mente quem possa ser. Apenas uma pessoa aparecia em sua porta tão tarde da noite e apenas bate duas vezes contra a madeira, deixando aquela antecipação de que vá ocorrer uma terceira batida. Nunca vem. Ben nunca faz.

Riley destranca a fechadura e abre a porta para encontrar exatamente a pessoa que já espera. Não está surpresa, mas disfarça um meio sorriso quando percebe como os olhos dele se iluminam ao ve-la. Ben tem um braço contra o batente, um pouco inclinado contra a entrada.

Ben veste uma blusa azul de manga, que está abotoada até a metade, deixando a mostra uma regata branca que veste por baixo da roupa. Calças jeans escura e botas marrom. O cabelo dele está arrumado, fios escuros puxados para trás. Sua pele marrom também está limpa, sem qualquer sinal de sujeira vindas dos trabalhos incansáveis na ZQ, o que significa que ele tomou banho antes de ir encontra-la. Sua outra mão está para trás e, no início, ela acha que é apenas porque ele quer.

── Ben, o que tá fazendo aqui? ── Riley pergunta, suavemente. Na maioria das vezes ele não tem realmente um motivo para estar na porta dela, sabe que é convidado para aparecer quando quiser e a presença dele nunca é um incomodo.

── Vim ver minha garota favorita. ── Responde, abrindo um sorriso. Riley revira os olhos, mas não consegue conter o seu próprio. ── Posso entrar?

── Sim. ── Ela dá espaço para que ele possa passar. ── Só não faz barulho, Sally já está dormindo.

── E por que você não está? ── Ben pergunta. Riley fecha a porta sem fazer barulho e olha para ele.

── Estou sem sono. Estava fazendo um chá para ver se me ajuda a dormir. ── Riley aponta para a chaleira no fogão.

── Bom, então imagino que você não vá querer o que eu tenho aqui. ── Ele cantalora, segurando algo com as duas mãos.

Riley fica curiosa ao ve-lo girar uma garrafa de vidro, ela se aproxima.

── O que é isso? ── Quando ela pergunta, Ele apresenta o rótulo para ela. ── Não fode! ── Adams exclama, pegando a garrafa de smirnoff nas mãos. ── Você disse que não ia conseguir mais.

── Winston me arranjou essa e algumas garrafas de tequila. ── Responde Ben, se referindo ao seu fornecedor de outra zona de quarentena. ── Também conseguiu os cigarros para Margot.

── Lembre-me de agradecer a ele no nosso próximo trabalho com Albany. ── Ela diz, deixando a garrafa em cima da mesa de madeira na cozinha. ── Mas qual é o motivo da bebida? Você só trás quando acontece algo importante.

── Te ver é sempre algo importante, Riley. ── Disse o homem, levando as mãos aos bolsos da calça. ── É motivo o suficiente.

Ela bufa, divertida. Já está acostumada com os flertes ocasionais dele, nunca levam a nada.

── Não estou dizendo isso, Ben. É só que isso é o tipo de coisa que você faz quando precisa me dar uma notícia ruim ou quando quer comemorar algumas coisa. ── Explica Riley.

── Você me faz parecer interesseiro quando fala dessa forma.

── É você quem está falando, não eu. ── Ela recua, levantando as mãos em falsa rendição. Riley caminha até o armário e pesca dois copos de dentro dele.

── Então da próxima vez eu trago tequila para você. O que acha?

── Você não passaria nem da porta com aquele mijo de cachorro, querido. ── Responde Riley, voltando para o perto dele. Ela coloca os dois copos sobre a mesa.

── Qual é o seu preconceito com tequila? ── Ben pergunta, enquanto ela abre a garrafa.

── É horrível. ── Diz a Adams, despejando o líquido nos dois copos.

── Eu não acho tão ruim.

── Você tem um gosto duvidoso, Benji. ── Fecha o Smirnoff e o deixa sobre a mesa novamente. ── Ninguém realmente gosta de tequila, as pessoas fingem por respeito.

── Respeito a quem exatamente? ── Ele cruza os braços, se divertindo com aquela discussão. Ben é um pouco mais alto que ela, o que a faz ter que olhar para cima ao encara-lo.

── A pessoa que fez a tequila, é claro. O tal "Pai da Tequila".

── Cenobio Sauza.

── Isso. Ele mesmo. ── Ela pega um dos copos na mesa e leva aos lábios. Dá o primeiro gole e saboreia o sabor com pura felicidade. ── Hum. Isso sim é bebida.

Ben a admira, comprimindo os lábios para não sorrir largamente. Riley leva a bebida aos lábios mais uma vez, fechando os olhos e apreciando o gosto suave que ficava em seu paladar.

── Vem. Vamos para a sacada. ── Benji pega a garrafa e seu copo e vai para a o quarto de Riley, aquele o qual ela praticamente não usa.

Eles atravessam o cômodo e vão para a janela, deixando a garrafa sobre a pequena mesa que fica naquela área para adornar o lugar. Os dois se inclinam sobre o parapeito, observando uma Boston que está perto de adormecer. O sinal de recolher está perto de acontecer, as 20hrs os guardas já começam a despachar as pessoas para sua casas, as rondas começam as 21hrs.

Não está chovendo e o tempo está claro, o que é uma surpresa para as noites de verão que eles costuma ter. Algumas pessoas passam pela rua e cumprimentam Ben assim que o vêem, sempre ficam animadas quando o encontram. Ele é simpático, acena para todo mundo. Riley as vezes o chamava de "político" por sempre agir como se conhecesse todo mundo.

Ele tinha o dom natural de atrair as pessoas para perto. Nasceu em Londres, mas vivia em Dallas, no Texas. Seu pai era Sheriff em um departamento e Ben estava se preparando para assumir o lugar dele. Em setembro de 2003 seu pai se aposentou e no dia seguinte de sua promoção, a infecção começou. Ele acabou sozinho, sem sua família, mas não era do tipo que se prendia as suas perdas.

Ben foi parar em Boston alguns anos depois, após acompanhar um grupo com Tess, Joel e o irmão dele, Tommy e algumas outras pessoas. O grupo já não existia mais, acabou se desfazendo e eles já não se falavam tanto como antes. Benji se juntou com Margot e depois Riley, os três formaram uma parceria e começaram a movimentar a zona de quarentena com seus contrabandos. Tinham fornecedores em vários lugares.

Os dois com que mais falavam era Winston Courtney em Albany e Bill e Frank de Lincoln, eram as pessoas com quem mais faziam negócios e os ajudavam a conseguir o que queriam. A única coisa que não parecia alcançável era um carro para deixar a zona de quarentena.

── Eu vou ficar fora por um tempo. ── Fala Ben, depois de um momento silencioso entre eles, onde tudo o que eles fazem é beber o smirnoff. Riley olha para ele, mas Ben permanece focado em algum ponto em sua frente. ── Tenho um trabalho... Com os Vaga-lumes.

A frase faz Riley trincar o maxilar. Ben percebe como ela parece decepcionada, ele já esperava por isso.

── Margot vai com você? ── Ela pergunta e ele assente. ── O que você vai fazer, Ben? ── o questionamento soa frustrado.

── Eles precisam de ajuda para estabelecer mais pessoal aqui. ── Ele explica. ── A Marlene quer garantir que a causa se espalhe. Eu tenho que trazer um pessoal dela para cá e também receber umas mercadorias. Vou servir de guia turístico, conseguir suprimentos e afins.

── E por que você não faz isso aqui? Por que precisa deixar a ZQ por eles, Ben?

── Por que nada é tão simples, Riley. ── Responde o homem. ── Também tem outras coisas que eu preciso resolver, coisas que não posso contar a você. Vou ficar fora por um tempo, mas não vou demorar a voltar. Eu juro.

Ela balança a cabeça de um lado ao outro, desviando o olhar dele. Está claro o quanto Riley não gosta da ideia, mas Ben não está disposto a voltar atrás. Segura o queixo dela e, devagar, a faz olhar para ele. O olhar de Ben é suave, pois ele a entende.

── Confia em mim.

── Não gosto disso. Não acho seguro. ── Ela comenta.

── Eu sei, mas prometo que vou me cuidar. ── Diz Ben. ── Riley, se tudo der certo, podemos finalmente ter a chance de sair desse lugar. Eu vou tirar você e a Sally daqui.

── Ben...

── Sei que isso parece loucura, Riley. ── A mão dele passa a embalar o rosto dela, polegar massageando sua bochecha. ── E que já falamos disso mil vezes antes. Mas eu nunca deixei de acreditar, que podemos sim encontrar um lugar melhor para viver nesse mundo enlouquecido.

── E você vai usar os Vaga-lumes como ponte para isso? ── Ela o questiona. ── Ben, está se arriscando pra caramba. Não vale a pena.

── Você vale a pena. ── Ele a impede de continuar. ── Por você, eu faria isso milhares de vezes. ── A respiração de Riley engata. ── Porque me preocupo e porque gosto de você.

── Por que tá dizendo isso agora?

── Porque não quero ir embora sem que você saiba. ── Um sorriso cresce nos lábios dele, mas é curto. Não dura pois logo Ben a está puxando para perto.

Riley não resiste com os lábios dos dois se tocam. O beijo é suave, cuidadoso. Não há pressa e lá gosta da sensação de formigamento que trás. Ela sente o gosto da vodka que eles compartilham e respira as cinzas que vem dele. Mesmo que a água o lave, o cheiro que vem do trabalho nunca realmente se desfaz. O aroma de cedro e a pitada de tabaco também chegam até os sentidos de Riley.

Ela é envolvida por ele. Tudo a faz pensar unicamente em Ben. Desde o beijo lento que eles compartilham, até a forma que uma mão dele se encaixa perfeitamente na cintura dela e aperta a pele dela por cima da roupa. Riley não sabe o que fazer com as próprias mãos, então as deixa repousar na cintura dele. Perto de se afastarem, uma sobe para o ombro dele.

Eles ainda estão próximos o suficiente, apenas tendo parado o beijo. Os dois se encontram ofegantes agora, Riley ainda não acredita no que aconteceu.

── Eu gosto de você, Riley.

── Você já disse isso. ── Ela disse, sorrindo.

── Estou esperando você dizer que gosta de mim também. ── Responde Ben, fazendo Adams. rir.

── Está tão desesperado assim?

── Não me leve a mau, amor. Mas eu meio que to esperando por isso a uns 6 anos. ── Retruca ele.

Riley sorri, porém cede.

── Também gosto de você, Benji. ── Ela diz o que ele quer ouvir, o que o deixa sorrindo mais amplamente. ── Satisfeito?

── Mais ou menos. Acho que vou ter que te beijar de novo pra ficar completamente satisfeito. ── Ele diz. Quando Ben a puxa para perto, Riley ri enquanto suas bocas se chocam.

O beijo fica mais intenso que o anterior, não é mais um teste como o primeiro. Eles estão confortáveis um com o outro, parece certo q forma como seus lábios se movem. Deixa Riley entorpecida, leve. É bom e é doce. Ela não quer que acabe, quer que dure pelo resto de sua vida.

Riley está perdida nisso, se entrega aquela sensação. Ben sente as mãos dela o puxando para mais perto, as dele apertam a cintura dela. Parece que todo o contato que tem não é o suficiente. Eles precisam de mais, precisam de um contato direto.

Ele precisa lutar contra aquela névoa para se afastar. Precisa usar toda a força que tem para deixar os lábios dela. Adams fica atordoada por um momento, ofegante e sentindo falta dos lábios de Ben sobre os dela.

── Preciso dar uma coisa para você antes. ── Ele diz, tentando estabilizar sua respiração. Ben dá alguns passos para trás, suas mãos deixando o corpo dela e o mesmo acontece com Riley.

Ela o encara pensativa e curiosa, querendo saber o que mais ele tem para entregar. Ben leva a mão até a gola da camisa e retira de debaixo dela um colar. Solta o fecho e o tira do pescoço. Riley sabe o que aquele colar significa.

Hesita no momento em que ele segura o pulso dela e coloca o objeto gelado sobre a palma, porém não recua. Finalmente lembra o que ele está para fazer e isso faz a preocupação pesar em seu estômago, substituindo a ânsia de antes.

── Quero que fique com isso. ── Ele disse. ── Quero que fique com meu colar. ── Ben fecha os dedos dela em volta do objeto. ── É a minha promessa de que vou voltar. Vou voltar para busca-lo. Vou voltar pra você.

Riley engole o seco e assente. Não quer ir contra ele, mesmo desejando muito faze-lo ficar. Entende que esse é o trabalho dele, pelo o que ele luta e também o que acha necessário fazer para ajuda-las.

── Quando você vai? ── Ela pergunta, ainda olhando para o seu punho fechado.

── Saio de madrugada. ── Responde Benji. ── Tenho algumas horas para me preparar ainda.

Segurando o colar, ela o prende no pescoço, sem precisar da ajuda dele. Depois o guarda de debaixo da blusa, assim como Ben sempre fazia. Ele dá um meio sorriso tímido, admirando-a.

── Então, acho que temos que aproveitar, antes que você tenha que ir. ── Riley fala de forma sugestiva.

Dessa vez e ela quem puxa Ben para perto pela gola da camiseta. O beijo avança para algo mais selvagem e em questão de minutos eles estão na cama. As roupas são deixadas pelo quarto, abandonadas a esmo, eles não se importam com onde vão parar, mas ainda tem a decência de serem descretos por Sally que dorme no quarto ao lado.

Eles estão envolvidos um pelo outro. Ben era tudo que Riley sentia. As mãos dele pelo seu corpo, a forma como ele se movia, a forma como se sentia completa. Ele era lento, apaixonado, saboreando o gosto dela, tudo o que ele pensou por anos e poderia finalmente ter para si.

Foi envolvente e apaixonante. Tudo o que ela pensou que seria. Os dois unidos, sentindo um ao outro, se entregando ao prazer que proporcionavam. Poderia durar a eternidade e Riley aceitaria. Ela não se importava mais com nada. Deixou que apenas Ben estivesse em seus pensamentos. Puxando seu cabelo, beijando seu pescoço e lhe marcando como dele.

E mesmo quando a luz da lua refletiu sobre o colar, que ainda adornava seu pescoço, eles ainda estavam juntos. O Vaga-lume desenhado sobre o metal, o símbolo de sua sina, permanecia gelado perto de seu peito exposto, sem deixa-la imaginar o peso que carregaria.


VERÃO⠀─ ⠀AGOSTO 31, 16:00
Estrada em Springfield, Ohio

A BEBIDA QUENTE DESCE rasgando em sua garganta, aquecendo seu paladar e lhe deixando com um gosto meio amargo na boca. Riley não é uma fã de whiskey Jameson mas, além de tequila e vinho, não encontrou mais nada que lhe agradasse na adega de Bill e Frank para poder encher seu cantil.

Seu favorito, por mais que considerado enjoativo, sempre foi o bom e velho whiskey bourbon - abria umas exceções para as garrafas de vodka smirnoff que Ben conseguia contrabandear porque aquelas sim eram boas. Eram raras as vezes, mas ele aparecia com alguma e os dois bebiam na sacada do apartamento dele, observando o toque de recolher começar na zona de quarentena.

Riley sente falta das garrafas de smirnoff, mas fica feliz por não tê-las por perto mais. É o tipo de bebida que a deixa nostálgica e, junto com os efeitos alcoólicos da bebida, não é uma combinação muito apreciável quando se atravessa a linha tênue que as divide. Como uma boa alcoolatra, sabe que existem limites que beber demais pode ultrapassar.

Ela evitou beber durante o inicio do trajeto ── tendo acabado com o que restou do seu whiskey horas antes de chegar em Lincoln ──, evitando com todas as suas forças pegar o cantil que separou e provar pelo menos um pouco daquele líquido. Isso durou até a primeira parada, quando as mãos dela começaram a formigar e o suor a se acumular. Os primeiros sinais da abstinência a devoram viva, mas não são tão intensos quanto aqueles que vem após 8 horas sem consumir alguma bebida alcolica.

Naquele posto de gasolina abandonado, Riley leva o cantil aos lábios mais uma vez, observando Ellie e Joel a distância enquanto está encostada na parede próxima a porta de entrada do banheiro feminino.

── Você ficou calada a viagem inteira. ── Comenta Sally. ── É só porque ainda está brava comigo ou aconteceu alguma coisa além disso?

── Não estou brava com você. ── É tudo que Riley planeja responder a ela. Fecha o cantil e pensa ter encerrado a conversa, porém Sally é insistente.

── Eu sei que ainda está chateada comigo, posso ver isso claramente. ── Disse a Adams mais nova, inclinando-se contra a parede ao lado da irmã. ── Mas quero saber se é só isso que anda perturbando você. Se tiver mais alguma coisa, podemos conversar.

── Eu não quero conversar, eu estou bem. ── Riley a responde, cruzando os braços na frente do peito. Ela a encara e percebe que Sally não acredita.

── Olha, se for por causa do que eu te falei antes... ── Sua irmã começa a dizer. Ela encara as próprias mãos e brinca com seus dedos. ── Eu não estava falando sério quando disse que te abandonaria se você não viesse com a gente. Só queria te convencer a me acompanhar, não faria sentido continuar sem você.

── Pensei que você tivesse encontrado um propósito maior. Sei lá, salvar o mundo e tals.

── Riley, eu acredito que podemos tentar fazer a diferença, mas não é só pelo resto do mundo. Assim como você, também to fazendo isso pela gente. ── Ela responde. ── Ou você se esqueceu que também vivemos nesse mundo de merda?

Ponderando sobre as palavras dela, Riley a encara e permanece mesmo depois que Sally desvia o olhar.

── Por que não falamos sobre o que aconteceu em Boston, ao invés disso? ── Ela muda de assunto. ── O que aconteceu durante o tempo em que estava presa? Eles fizeram alguma coisa com você?

Sally suspira, olhando para os dois perto do carro.

── Não foi tão ruim quanto parece. Robert estava mais se cagando de medo do que decidido a fazer qualquer coisa ruim comigo. ── Responde ela, rindo amargamente.

── E os amigos dele? Encostaram em você?

── Ninguém me machucou, Riley. ── Encarando-a novamente, Sally nota aquele traço superprotetor transbordando em Riley. Ela se acalma ao perceber o que aquilo esconde. ── Eu fiquei sozinha a maior parte do tempo. Robert levou todo mundo que trabalhava com ele para a negociação com Marlene, só ficou uma pessoa de guarda. Acho que ele pensou que eu não era grande coisa.

Dando de ombros, Sally desvia o olhar e um silêncio recaia sobre elas. Riley pensa no que dizer para ela, mas nada parece adequado. Na zona de quarentena algumas pessoas tendiam a subestimar Sally por não usar armas de fogo. Mesmo que Riley a tivesse ensinado como usar o arco, facas de arremesso e todos os tipos de armas brancas, ela nunca havia chegado a matar ou a ferir alguém. Nem mesmo um infectado.

Ela era boa, altruísta e preferia conversar do que começar uma briga. Porém, abaixo da superfície, Riley se lembrava daquela noite de setembro e de como ela desencadeou um dos maiores traumas de Sally. Elas não falavam mais sobre aquele dia, mas era claro que ele ainda estava ali para assombra-las.

── Eles parecem pai e filha. ── Fala a mais nova, quebrando o silêncio entre elas. As duas observavam Joel e Ellie conversando perto do carro. O homem usava um sifão para passar gasolina de um veículo abandonado para dentro de um galão, enquanto a garota estava de pé, segurando um livro.

── Ela me lembra você quando criança. Só que mais boca suja ── Comenta Riley, fazendo Sally rir. Ela se afasta da parede e descruza os braços, se preparando para voltar para o carro.

── Eu até que xingava um pouco quando era mais nova. Fiquei mais boca suja convivendo com você. ── Disse Sally, seguindo a irmã.

── O máximo que você fazia quando era mais nova era inventar palavrões. ── Zomba ela.

── Eu só estava tentando ser criativa. ── A mais nova responde, tentando se justificar. ── Eu tinha 11 anos, Riley. Me dê um desconto.

Contendo o riso, Riley balança a cabeça de um lado ao outro e caminha até o local onde Ellie e Joel estão. O sol está começando a ficar mais fraco, está perto de escurecer, porém Joel quer continuar por mais um tempo.

A garota que aparenta estar alegre, fica mais animada ao notar as duas mulheres se juntando a eles.

── Ei, escutem essa! ── Ellie exclama. Ela lê algo no livro que segura e as encara. ── O que uma alga marinha disse para outra? Vamos fazer algo. ── Ela ri, em seguida mostra o livro para as duas. ── Cem Trocadilhos: Volume dois, de Will Livingston. "Cem" em vez de "sem".

Riley suspira e revira os olhos, enquanto Sally comprime os lábios para não rir.

── "Qual é o nome da sereia triste?" ── Ellie questiona, olhando para eles com expectativa. Joel protesta, enquanto se levanta da posição agachada em que está. ── "Ah, Que Pena Seria." A Pequena Sereia Triste.

── Tá, já chega. ── Ele diz.

──"Passei a noite acordada, me perguntando aonde o sol tinha ido." ── Continua a garota. ── "De manhã, tudo ficou mais claro."

── Cristo, é cada um pior que a outra. ── Murmura a Adams, passando a mão pelo rosto.

── Quer esperar lá no carro? ── Sugere Joel, mantendo a cara fechada.

── A gente pode prender ela com as malas na parte de trás, acho uma ideia melhor. ── Diz Riley.

── Aff, tá bom. ── Responde Ellie, puxando sua mochila e balançando o livro de piadas na mão. ── Mas saibam que nem tem como escapar do Will Livingston. Ele vai voltar. E não tem o que fazer para impedir.

Ellie guarda o livro na mochila e se afasta, indo até a caminhonete.

── Vou queimar esse livro quando ela não estiver olhando. ── Fala Riley, assim que a garota está longe o suficiente para não ouvir.

── Riley! ── Sally a adverte, rindo. ── Não seja má. Ela só tem 14 anos.

── E xinga como um velho bêbado em um bar. ── Cantalora Riley. ── Não vou ficar ouvindo piada ruim durante todo o caminho.

── Você não sabe se divertir, né? ── Sally passa por ela. ── As piadas nem foram tão ruins assim. Eu já escutei piores do papai.

── Nosso pai não sabia contar piadas. ── Responde a mais velha, observando a irmã se afastar.

── Por isso mesmo, gênio. ── Disse ela, virando-se para Riley e fazendo arminhas com a mão. Dá as costas para a irmã novamente e vai até a caminhonete azul.

── Me diz porque mesmo que eu aceitei continuar nessa missão? ── Sentada contra a capor do carro velho, que Joel retirou a gasolina, Riley pergunta.

── Porque você não tinha nada melhor para fazer.

Eles voltam para a estrada quando todos estão prontos para partir. O carro está abastecido e cada um voltou para o seu lugar. Ellie ainda reclama um pouco por estar atrás e não poder sentar ao lado de Joel na frente, porém tudo o que Riley faz é ignora-la e aumentar a música que toca no rádio.

Joel não reclama, Riley percebe que ele gosta da música que está tocando. Seu dedos batucam no volante do carro, enquanto ele mantém sua atenção na estrada.

── Estamos nostálgicos? ── Ela pergunta ele, agora olhando pela janela.

── Não é da minha época, mas é um clássico. ── Responde Miller.

── Que música é essa? ── Sally pergunta, sem ter reconhecido os acordes.

── "Alone and Forsaken" do Hank Williams.

O silêncio calmante continua entre eles por mais um tempo, apenas a música toca e Ellie que se movimenta. Ela começa a procurar algo em sua mochila, depois para quando encontra uma revista caída embaixo do bando de Riley.

── Achei outra coisa. ── Comenta ao começar a folhear as páginas. Ninguém dá muita importância no inicio. ── Eita. O conteúdo é fraco, mas tem umas fotos bem interessantes.

Joel vê pelo retrovisor a revista de conteúdo adulto que ela está segurando e fica agitado, Riley e Sally olham para ela quando a garota fala e abre a revista em uma página que tem um poster.

── Não. Guarda isso, não é para crianças. Ellie! ── Joel exclama, intercalando seu olhar entre a estrada e o retrovisor do carro. ── Sally, tira isso das mãos dela.

── Ellie, pela amor... Solta isso! ── Sally tenta tirar a revista da mão dela, enquanto Joel protesta e também pede para ela largar a revista. Ellie se esquiva, rindo. ── Ei! É serio.

── Como ele anda com essa coisa? ── Chocada, ela questiona.

── Meu deus. ── Riley diz. Leva a mão ao rosto. ── Eu deveria ter ficado bêbada.

── Por favor, guarda isso. ── Ordena Joel.

── Segura a onda ai, deixa eu ver por que eles fazem tanto mistério. ── Responde a garota. Sally tenta retirar a revista das mãos dela mais uma vez, começando uma briga ao tentar puxar o objeto. Ellie dá as costas para ela e a empurra usando a porta do carro, a Adams solta a revista e a garota a ergue para longe. ── Por que as páginas grudam?!

Joel parece em pânico, Riley se afunda mais em seu assento e as duas garotas voltam a brigar pela revista, virando um emaranhado de membros na parte de trás da caminhonete. Quando Ellie consegue escapar e Sally está com só algumas páginas da revista na mão, a menina bate com a revista no banco de Joel e ri.

── Eu to sacaneando vocês! ── Rindo, ela abre a janela do carro e joga a revista fora. Sally faz o mesmo com as partes que sobrou em suas mãos. ── Tchau, gostosão!

── Essa tá sendo a viagem mais caótica que eu já fiz. ── Comenta a Adams mais nova, bufando ao se ajeitar em seu lugar.

A caminhonete permanece na estrada por um longo tempo, passando pelos mais diversos lugares. Riley observa a paisagem mudar, os carros esquecidos na beira da estrada a muito tempo, o campo aberto, as velhas casas e água do rio abaixo da ponte da divisa. Quando a música de Hank Williams termina, ela coloca outra fita para tocar. Dessa vez sendo uma dos The Smiths, uma das suas músicas favoritas. "There Is a Light That Never Goes Out".

── Gosta dessa? ── Joel pergunta.

── Sim. ── Ela afirma. ── Nunca ouviu The Smiths?

── Já, algumas. ── Ele responde. ── Só é meio irônico essa música falar sobre dirigir um carro e não se importar se um ônibus colidir contra eles, ele não se importa porque vai morrer ao lado da pessoa que ama.

── Você tá simplificando demais essa música.

── É basicamente o que ele diz.

── Não é só sobre isso e você tá sendo muito pessimista. Um ônibus não vai colidir contra a gente por causa de uma música. Nem tem mais ônibus pra isso. ── Ela retruca. ── Não estrague minha música, Joel.

Ele resmunga, mas não a contradiz. Joel decide apenas aproveitar o resto da viagem e apenas escutar a música que toca. Sally e Ellie entram em uma conversa entre si durante alguns momentos, mas nunca dura muito. É pacífico e aconchegante a maior parte do tempo Riley não se lembra da última vez que fez uma viagem tão tranquila ── algo que também a deixava um pouco preocupada.

Após mais algumas horas de viagem, o sol já não pode mais ser visto no céu. Ainda não está escuro, porém está começando a escurecer aos poucos. Há pinheiros para todos os lados e a vegetação se estende por mais alguns quilômetros, apresentando ser um lugar vazio.

── Vamos parar por hoje. ── Disse Joel, percebendo como as três pareciam cansadas.

Ele estaciona o carro no meio de uma floresta em Greenwood, Indiana, onde eles estão rodeados por muitas árvores e fora do campo aberto. Não ficam vulneráveis dessa forma.

Riley suspira de contentamento ao finalmente poder esticar as pernas, aproveita o vento frio da tarde que bate em seu rosto e a calmaria que vem conforme ele se instala. Não é ruim, é uma sensação bem-vinda. A lembra da época que saía para caçar com John.

Antes dele ir embora, os dois costumavam caçar juntos. Seu pai tinha muitos amigos que levavam os filhos para esse tipo de aventura. No inicio, ela ficou com medo. Aqueles homens não tendiam a levar suas filhas meninas, apenas os garotos e ela não conseguia interagir com eles da mesma forma, não se sentia inteirada no grupo.

Porém, conforme o tempo foi passando e John lhe ensinou o essencial, se tornou um dos seus passatempos favoritos. Ela aprendeu a atirar com ele ── algo que escondeu de sua mãe, pois seu pai havia jurado que Riley apenas usaria um arco e não um arma carregada.

Quem imaginaria que aprender a atirar aos 15 anos seria algo tão útil em seu futuro. Foi basicamente por todos esses aprendizados que ela conseguiu sobreviver, cada pequeno avanço a tornou na mulher que era hoje ── e ela ainda não havia se decidido se gostava da pessoa que encarava em seu reflexo.

Eles armam acampamento e aproveitam para comer um pouco. Tem bastante comida enlatada nas malas que trouxeram, melhor do que as rações que recebiam da FEDRA. Era claro que não se comparava a uma boa comida caseira, porém não os deixaria passar fome.

Joel aquece algumas latas de vinte anos de ravióli Chef Boyardee, que deixa todos muito satisfeito. Ellie come o que está no prato com gosto, enquanto Sally se contêm para não parecer desesperada. Riley não está com tanta fome, mas come apenas para não desperdiçar e porque não quer ter que esquentar nada mais tarde.

── Quanto tempo a gente vai ficar aqui? ── Ellie pergunta do seu lugar no chão. Eles estão sentados em circulo a uma boa distância uns dos outros.

── Pensei em dormir hoje e dirigir amanhã de dia e a noite. ── Ele responde. Seu olhar se volta para Riley. ── O que acha? Dá para chegar no Wyoming de manhã.

── Bom. ── Ela assente. ── Acho que tomos devemos descansar bastante.

── Podemos acender uma fogueira? ── Sally pergunta. ── Tá um frio tenebroso aqui.

── É, tá frio pra cacete. ── Concorda Ellie.

── Não. E vocês sabem o porque. ── Ele responde, intercalando o olhar entre as duas.

── Porque os infectados vão ver a fumaça. ── Resmunga Ellie, bufando.

── Não, os fungos não são tão espertos. ── Riley se intromete, levando mais um pedaço de ravióli a boca e mastiga antes de continuar. ── Também é muito isolada para ter infectados por aqui.

── Então... Pessoas? ── Sally questiona, fazendo Joel assentir enquanto corta mais um pedaço de ravióli em seu prato.

── E eles vão fazer o que? Assaltar a gente? ── Ellie pergunta.

── Eles querem bem mais do que isso. ── Ele diz e a encara. O olhar dele é o suficiente para fazer a garota compreender onde Joel quer chegar.

── Entendi. ── Ela assente, retornando a olhar para o próprio prato de comida em suas mãos.

Permanecem por mais tempo conversando até escurecer. Riley acendo um lampião e coloca o objeto no centro par que eles possam deitar em volta. Não os aquece, mas faz o trabalho de iluminar o local enquanto se ajeitam para dormir.

Os quatro estendem sacos de dormir pelo chão, se preparando para passar o restante da noite ali. Joel chega seu rifle antes deitar-se, deixando a arma bem ao seu lado. Riley mantém a pistola abaixo do travesseiro improvisado que fez com sua mochila, mas deixou o arco e as flechas ao alcance de Sally.

A movimentação que vem do canto onde Ellie está para se deitar chama a atenção de Riley. Ela olha para a garota lutando para conseguir entrar no saco de dormir, sem acabar arrastando o mesmo pela grama. Percebe que ela está enrolada por segurar a revista e a lanterna com as mãos enquanto tenta sentar-se adequamente.

Riley bufa e se levanta, indo até ela para ajuda-la. Pega o livro e a lanterna, coloca os dois na grama, deixando a garota estupefata.

── Uma coisa de cada vez. ── Ela diz, assim que Ellie está para protestar. ── Primeiro você deita, depois as piadinhas ruins.

── Ok, ok. ── Resmunga a garota. Senta e desliza para dentro do saco de dormir. Riley a ajuda puxando a parte que vai cobri-la um pouco mais para cima, a deixando confortável.

Quando tudo está feito, ela pega os dois objetos que deixou sobre a grama e o estende na direção de Ellie, porém ainda mantêm um aperto quando ela segura.

── Não fica lendo isso até tarde, entendeu? ── Adverte a Adams, lançando um olhar sério na direção da garota.

── Tá, relaxa. Eu não vou. ── Responde Ellie. Riley demora um pouco, mas solta o livro e a lanterna, deixando que ela fique com os objetos. ── Valeu...

Quando todos estão deitados, a luz é apagada por Ellie. A primeira vigia da noite está por conta de Riley, que permanece sentada em seu saco de dormir, as vezes observando ao redor, as vezes olhando para o céu estrelado. Ela nota Ellie acender a luz da sua lanterna pequena e começar a folhear seu livro de piadas.

Ela fica assim por alguns segundos, até parecer satisfeita com tudo o que leu. Riley imagina que ela encontrou alguma piada para fazer e sua suposição está certo, assim que ela guarda os dois objetos em sua mão e se vira na direção de Joel e Sally.

── "Por que o espantalho ganhou um prêmio?" ── Ellie pergunta, desfazendo o silêncio que veio com aquela noite. Riley decide que vai ignora-la, porém Sally já está contendo o riso antecipadamente.

Ellie e Joel se encaram por um tempo.

── "Porque ele era o melhor no campo dele." ── Joel, um pouco divertido, a responde. Sally leva a mão a boca enquanto ri, abaixando a risada.

── Eu gosto dessa. ── Comenta a Adams mais nova.

── Seu babaca! ── Exclama a garota, quando ele se vira e lhe dá as costas. ── Você leu isso?

── Não. ── Disse ele. ── Vão dormir, as duas.

Sally se aconchega, puxando o coberta do saco de dormir até o seu pescoço, escondendo-se do frio daquela noite gélida.

── Boa noite, Ri. Boa noite, pessoal. ── Ela os cumprimenta, antes de fechar os olhos.

── Boa noite. ── Eles dizem em uníssono.

Riley pensa em deitar um pouco, quando começa a sentir suas costas doendo.

── As pessoas que você falou... ── Ellie começa, depois de um curto período calada e atraindo a atenção dela. ── Não tem como saberem que estamos aqui, né? Ninguém vai achar a gente?

── Ninguém vai achar a gente. ── Joel confirma.

── Ótimo. ── Murmura a jovem, depois de um momento calada. Ela finalmente se vira e fecha os olhos para dormir.

Riley passa os olhos por Ellie e Sally. Sua irmã já parece estar entrando em um sono profundo, sempre fora rápida para dormir. A garota logo a segue e está longe no mundo dos sonhos, segura e confortável. Quase fazia com que Riley as invejasse.

Em seguida ela observa Joel. Não consegue ver o rosto dele, suas costas é tudo que ela encara. Uma vez ou outra Riley o vê se mexer, fazendo-a se perguntar se ele consegue dormir ou não. Se ele, assim como ela, fica perturbado demais quando fecha os olhos pois todos os horrores que viu não a deixam dormir por tempo o suficiente.

Aqueles que matou, aqueles que perdeu, todos o que machucou. Eles a assombram quando fecha os olhos. Estão sempre a espreita em sua mente, aguardando o momento em que poderão cobra-la pelo o que causou. Sempre há um preço a se pagar quando se decidi lutar contra o mundo para defender quem se ama.

Riley assumiu cada uma das responsabilidades por Sally, cada um dos fardos que pode carregar. E tudo isso começou naquele fatídico dia de setembro que nunca conseguiria apagar de sua mente.

Percebe que está chegando ao limite e que precisa se movimentar um pouco. Riley sabe que não vai conseguir dormir tão cedo, então decidi andar um pouco. Ela se levanta devagar, não querendo fazer barulho e acabar acordando um deles. Puxa sua pistola e coloca no coldre em sua cintura, antes de pegar seu próprio rifle e se afastar um pouco.

Riley caminha até um tronco de árvore caído e senta-se sobre ele. O rifle repousa em seu colo, suas mãos posicionadas adequadamente sobre a arma enquanto mantêm sua atenção no que acontece ao seu redor. Nada se move, a não ser quando o vento sopra mais forte e as árvores chacoalham. A maior parte do tempo, tudo é calmo e silencioso. Porém não dura muito.

Ao escutar passos pesados que esmagam as folhas, ela olha por cima do ombro. Riley encontra um Joel, ainda um pouco sonolento, caminhando até ela. Ele segura seu próprio rifle em sua mão e não ergue o olhar do chão até que esteja bem ao lado dela.

── Volte a dormir, Joel. ── Ela diz a ele, quando percebe que Joel está disposto a ficar sentado ao seu lado. ── Eu posso ficar aqui por mais um tempo.

── Não precisa, eu fico de vigia agora. ── Responde o homem, irrevogável. ── Vai descansar, Adams.

── Não estou cansada. Também não deu a minha hora ainda. ── Responde Riley. ── Já você... Realmente estava dormindo? ── Ela comprime os olhos. ── Duvido muito que estivesse.

── Dormi o suficiente. Não precisa se preocupar comigo. ── Retruca. Ele cruza os braços na frente do peito e suspira. ── Só acho que-

── Joel, você não vai me convencer a dormir agora. ── Presunçosa, Riley o encara. ── Desisti.

Ele suspira, dando-se por vencido.

── Certo. Então... Vamos ficar os dois aqui. ── Ele comenta. Riley cantalora, afirmativamente. Deixa Joel ciente de que eles devem ficar sentados juntos por um tempo.

Os dois ficam em silêncio, apenas ouvindo o som do vento que se torna forte de vez enquanto. Não há grilos ao redor, tudo aparenta estar completamente quieto. Joel pondera sobre o que vai dizer, Riley pensa em dizer para ele ir para o outro lado, imaginando que aquela não deve ser uma vigia adequada se os dois estão cuidando da mesma área, porém ela não quer quebrar o momento pacífico em que estão.

── Adams, eu... ── Ele suspira, frustrado. ── Me desculpe pelo o que falei antes no Rio. Foi errado te culpar pela Tess. Eu não estava... No meu melhor momento. ── A voz de Joel está grave, baixa e pesada. Ela percebe como ele procura as palavras certas para falar, como aquilo parece difícil para ele. ── E você estava certa sobre tudo que disse sobre mim.

── Joel, se está dizendo isso apenas porque ficou com pena de mim-

── Não, não é isso. ── Ele nega. ── Estou tentando apenas resolver as coisas entre a gente. Já que vamos continuar essa viagem juntos, isso é o certo a se fazer.

── Está com medo de eu te matar de madrugada? ── Ela o questiona, arqueando uma sobrancelha. ── Eu ponderei a possibilidade, mas daria trabalho demais e a Sally gosta de você.

── É impossível ter uma conversa séria com você. ── Joel bufa, passando a mão pelo rosto.

── Estou zoando, você sabe. ── Riley ri, fracamente. ── Entendo o seu lado, sei porque ficou com raiva. Não te julgo por isso, por mais que tenha me irritado. Também já falei besteira quando estava no meu limite. ── Ela observa as próprias mãos em seu colo, tentando se distrair. ── Me arrependo muito até hoje, principalmente porque não tive a chance de pedir desculpa.

Joel murmura de forma audível, deixando a entender que ele compreende.

── E eu não acho ruim você continuar me acompanhando nesse trabalho. ── Ele fala. ── De todos que conhecia em Boston, você era uma das pessoas mais suportáveis.

Riley ri.

── Você realmente não consegue, não é? ── Ela o questiona, ainda rindo. ── É só dizer que confia em mim, Joel.

── Você não chegou nesse nível ainda. ── Responde ele, fazendo ela bufar.

── Salvei sua bunda de infectados, ameacei um maluco por informações, te impedi de matar um guarda da FEDRA no soco e você ainda não confia em mim? ── Cruzando os braços, Riley o questiona. ── O que mais eu tenho que fazer pra ganhar sua confiança? Te doar o meu rim?

── Me ouvir com mais frequência, tipo quando eu te mando ir dormir? ── Retruca Joel.

── Você é o que agora? Meu pai? ── Retorquiu Riley, em indignação fingida. ── Eu não tenho 14 anos, Joel. A criança que você precisa proteger aqui é a Ellie. Eu sei me cuidar, já te disse isso antes.

── Acho que o certo seria protegemos um ao outro. ── Ele responde. ── Somos os únicos aqui para garantir a segurança delas, temos que estar preparados e dispostos. Se não descansar, não vai ter como proteger a sua irmã. Ou a si mesma.

Riley pondera sobre as palavras dele, seus olhos seguindo uma linha direta até Sally. Ela continua dormindo e Riley pode ver seu rosto, mesmo a aquela certa distância. Joel não está errado.

── Tá, você tá certo. ── Diz ela, suspirando. ── Mas isso também serve para você. Não sou a única aqui que precisa de um momento de descanso.

Joel assente, sem insistir em dizer algo. Ela se levanta, imaginando que deve seguir um conselho dele pelo menos uma vez na vida. Também se sente um pouco mais cansada agora, imaginando que, se não for o suficiente para conseguir fechar os olhos, ela sempre pode beber um pouco da bebida que mantém guardada.

Riley estica o corpo um pouco, se alongando. Segura sua arma com as duas mãos e então se vira para Joel, que encontra o olhar dela e a observa de volta, esperando pelo o que Riley tem a dizer.

── Então... ── Ela pigarrei, sem entender o porque se sentiu sendo pega desprevenida. Adams desvia o olhar para o acampamento improvisado deles. ── Boa noite, Joel.

── Boa noite, Adams. ── Murmura o homem, a comprimentando de volta.

Riley se afasta e não olha para trás até estar em seu saco de dormir. Deita-se, deixando sua cabeça repousar sobre a mochila que faz de travesseiro e direciona seu olhar para Joel. Pode ver as costas dele, sua jaqueta e seus jeans. Ele está de pé agora, sondando o lugar.

Lembra-se da conversa entre Ellie e ele que aconteceu antes deles irem dormir, quando ela o pergunta sobre as pessoas que podem lhes fazer algum mau. Riley imagina que isso seja parte do que o motiva a ficar acordado ── a preocupação de um ataque eminente. Isso o perturbar, ela pensa. Mas não acha que seja a única coisa que o domina.

E, antes de fechar os olhos, Riley desejava passar confiança o suficiente a ele para que pudesse lhe trazer algum conforto.


VERÃO⠀─ ⠀SETEMBRO 01, 6:00
⠀⠀⠀Greenwood, Indiana

A manhã chega rápido e, junto dela, vem a necessidade de estar na estrada novamente. Eles acordam cedo, quando os primeiros raios de sol aparecem no céu. Riley acordou algumas vezes durante a noite, mas não se sente tão cansada como no dia anterior. Consegue convencer Joel a deixa-la dirigir, pois percebe que ele passou o restante da madrugada acordado. Riley também não consome nada alcoólico quando assume o volante, o que serve para deixa-la desperta é o café ruim da zona de quarentena que Joel tem e faz assim que acordam.

Eles estão na estrada de Indiana assim que todos arrumam suas coisas e as guardam na caminhonete novamente. As mochilas ── com o que tem de mais necessário ── sempre ficam perto, próximo ao seus pés no chão do carro. Sally está com a dela e a de Riley, mas passa a maior parte da viagem desenhando em seu caderno. Cabeça encostada contra o vidro do carro, o som do lápis que rabisca o papel é tudo que vem dela.

Ellie se distrai com o mapa no banco de trás. Joel era quem estava com ele antes, porém a garota insistiu bastante para usa-lo. Ela estava tentando ser útil e Riley não achava um problema ela querer ajudar. O homem era o único ao seu lado que parecia um pouco incomodado, mas se limitou a beber a bebida amarga em sua garrafa térmica.

"Mad World" do Gary Jules estava tocando no rádio do carro enquanto Riley dirigia pela estrada deserta.

── Vai pela 76 oeste e depois... ── Ellie a guia, observando as estradas pelo mapa. ── 70 oeste, toda a vida. ── Em seguida, ela se inclina entre o espaço dos dois bancos da frente e se vira para Joel. ── Em que lugar no Wyoming seu irmão está mesmo?

── O último contato veio de uma torre perto de Cody. ── Ele responde.

Ellie retorna para o seu lugar e abre o mapa novamente, procurando por Cody.

── Nossa cara, é bem no interior. ── Ela disse, assim que encontrou. Joel confirma. ── E se ele não tiver lá?

── É provável que esteja em algum grupo perto de alguma cidade por lá. Não tem muitas no Wyoming. ── Miller responde.

── Como ele se chama? ── Ellie o questiona. ── O seu irmão.

── Tommy.

── Mais velho ou mais novo?

── Novo. ── Joel responde a pergunta dela, sua voz se assemelhando a um resmungo baixo.

── Por que não está com você?

── História longa.

── Leva mais que 25 horas? ── Ela pergunta. ── Porque é mais ou menos quanto falta.

Ele encara Riley ao seu lado e tudo o que ela faz é dar de ombros, como se dissesse que não iria se meter. Também não acha ruim Ellie querer saber sobre Tommy, ela também está curiosa para saber o que aconteceu entre os dois. Tudo o que sabia era o básico: ele e Joel trabalhavam juntos e um dia ele foi embora. Riley nunca soube o que o motivou a isso.

── O Tommy queria ser parte de algo. ── Joel começou a falar. ── Sonhava em virar herói. Se alistou no Exército logo depois do colégio. Meses depois foi mandado para Tempestade no Deserto.

── Guerra do Golfo? ── Riley pergunta. Seu olhar intercala entre a estrada e Joel.

── Sim. ── Ele assente, o tempo todo olhando para frente. ── Servir no exército não fez ele se sentir um herói. Corta para 12 anos depois, começa a pandemia, ele me convenceu a entrar para um grupo que decidiu subir para Boston. Mais pra ficar de olho nele, manter ele vivo. Foi onde conhecemos a Tess.

Joel pausa para levar a garrafa aos lábios e beber mais café.

── Aquele grupo... Serviu ao propósito dele. ── Continua ele. ── Ai o Tommy conheceu a Marlene e ela convenceu ele a entrar para os Vaga-lumes. Mesmo erro que ele cometeu com 18 anos. ── Joel leva o seu olhar ao retrovisor, olhando para Sally que também o encara pelo vidro. Ela parece desconfortável, entendendo onde ele quer chegar. Depois Joel apenas volta a observar a estrada. ── Queria salvar o mundo. Sonho louco, ele e os Vaga-lumes. Tudo. Uma ilusão.

── Mas até onde eu sei ele saiu dos Vaga-lumes, não é? ── Riley pergunta.

── Sim, isso já faz um tempo. Deixou a zona de quarentena com a ajuda de ex-militar que conheceu. E agora eu tenho que ir atrás dele. ── Joel responde, levando a garrafa com café aos lábios mais uma vez.

── Se você acha que não tem esperança para o mundo, por que continuar? ── Ellie pergunta a ele. ── Tipo, a gente tem que tentar, né?

── Você não viu o mundo, você não sabe. ── Disse ele. ── A gente continua pela família. No fim é sobre isso.

── Eu não sou família.

── Não. Você é uma carga. ── Responde Joel. ── Mas eu prometi para Tess. Ela era quase família.

Riley nota que Ellie concorda com ele, mas parece ter ficado chateada. Entende Joel, ela também se força a pensar que Ellie é só uma carga, um trabalho que eles precisam finalizar. Porém uma parte dela não consegue ser insensível ao ponto de jogar isso na cara da garota.

Percebe como o ar no carro parece estranho agora, todos estão tão calados e focados em seus próprios pensamentos. Aquele clima estranho a incomoda.

── Você acordou bem cedo. ── Riley comenta, olhando para Ellie pelo retrovisor. ── Se quiser dormir mais é só passar o mapa para a Sally ou para o Joel...

── Eu nem to cansada. ── Responde a garota.

Não demora muito para que Ellie acabe caindo no sono ao lado de Sally.

O mapa para nas mãos de Joel, enquanto as duas dormem. Riley contêm um sorriso, observando Ellie com a cabeça no ombro de Sally, que tem a sua própria repousando em cima da cabeça da garota.

── Você não precisava ter sido tão duro com ela, Joel. ── Murmura Riley, falando baixo para não acorda-las. ── Ela é só uma criança.

── Não deixa de ser trabalho, Adams. ── Ele responde. ── Ela não é importante pra gente.

── Bom, levando em conta que ela vai "salvar o mundo"....

── Acredita nisso?

── Ainda não sei. Depois de tudo que eu passei, me tornei meio cética quanto a tudo. ── Fala Riley, focada na estrada. ── Faz tempo que não oro a algum deus, porque não acho que ele me escuta mais. Por que, se ele realmente existir, por que me escutaria? ── Ela olha para ele brevemente, antes de voltar para a estrada. ── Penso mais ou menos assim em relação a cura. Talvez exista uma cura, talvez exista uma solução. Só não tenho certeza se conseguiremos alcança-la. Não sei se merecemos.

O percurso até o Wyoming permanece silencioso por mais tempo. O único som vem da música que toca no rádio do carro. Joel se oferece algumas vezes para dirigir, porém Riley o dispensa, falando para ele ir dormir. Ele demora um pouco, resmunga algumas vezes, mas acaba fazendo o que ela pediu. Joel dorme de braços cruzados, cabeça encostada perto da janela do carro que está com o vidro abaixado.

Riley aproveita para trocar a fita mais uma vez e coloca Johnny Cash. Os primeiros acordes de "Heart of Gold" tocam e ela se lembra de seu pai cantando essa música, enquanto tocava violão. Ela canta a letra da música em um tom que não os incomode, assim como mantém o volume da música baixo. A nostalgia se apossa dela e Riley relaxa, simplesmente se deixando afundar naquela sensação que a trás boas lembranças.

É uma paz que dura bastante tempo. Por um longo momento, todos estão dormindo e ela pode ouvir as melhores de Johnny Cash sem se preocupar com mais nada. Riley percebe que as fitas que estão no porta-luvas são bem diversas, mas a maioria deveria pertencer a Bill. Era ele quem mais usava a caminhonete.

Algumas vezes ela chegou a abaixar o volume do rádio ── que já estava bem baixo ── por notar como Joel se mexia durante o sono. Algumas vezes ele resmungava coisas que ela não conseguia compreender. Pensava que era por culpa dela, porém logo passava. Riley percebia que, enquanto ela cantalorava a música que estava ouvindo, ele permanecia calmo. Depois de um tempo em silêncio, onde só a melodia poderia ser ouvida, algo levava Joel para um canto obscuro em sua mente.

VERÃO⠀─ ⠀SETEMBRO 01, 17:32
⠀⠀⠀Estrada para Kansas City

O veículo para e isso é o suficiente para acordar Joel e as meninas. Ele abre os olhos e se pergunta o que está acontecendo. Seu olhar se direciona a Riley, notando como a testa dela está franzida enquanto a mulher encara algo a sua frente. Joel senta-se corretamente e olha para a mesma direção que ela.

O túnel que leva a Kansas City está completamente bloqueado por vários veículos. Joel se preocupa, é uma visão que o deixa alerta. Seus ombros ficam rígidos e ele analisa o redor para ter certeza que não há nenhum inimigo por perto.

── Vamos ter que dar a volta. ── Riley comenta. Ele abre a porta do carro e desce.

── Fiquem aqui. Vou dar uma olhada em volta. ── Diz ele enquanto fecha a porta. Ele pega a arma que deixou na parte de trás da caminhonete e caminha até a entrada do túnel.

Existe apenas uma pequena abertura, onde ele pode ver que o outro lado está completamente limpo, porém eles não conseguiriam passar com o veículo para chegar até Kansas City por ali. A alternativa que tem é fazer um retorno e pegar outra estrada ou dar a volta no túnel pegando a ladeira e depois retornar para a estrada.

Joel volta para a caminhonete, sentado-se em seu lugar ao lado de Riley, que espera pelo o que ele tem a dizer. O rifle fica ao seu alcance, descansando perto de sua perna.

── Vamos ter que contornar o túnel por cima. ── Ele aponta para a elevação a direita. Adams assente.

── Onde estamos? ── Ellie questiona.

── Kansas City. ── Responde a mulher, fazendo o retorno com o carro para poder subir a elevação.

Riley faz o que Joel sugere e, em pouco tempo, estão dentro da cidade. As ruas de Kansas City estão desertas, não há qualquer movimentação. Por onde a caminhonete passa, levanta as folhas secas que cobrem as ruas e calçadas. Adams permanece com sua atenção por onde dirigi, porém se torna cada vez mais dificil continuar quando não encontra a estrada.

Joel e Ellie estão discutindo, cada um com um mapa, tentando saber como chegar até a estrada. Sally também ajuda olhando em um menor, mas eles não parecem conseguir se encontrar nas várias linhas desenhadas. Riley percebe que está ficando nervosa, aperta o volante do carro e tenta se concentrar.

Por mais que soubesse dirigir, ela não fazia isso a muito tempo e, conforme a tensão aumentava, Riley recordava do porque evitava.

── Merda, cadê a porra da estrada? ── Ela questiona, procurando por qualquer placa que possa ajuda-los.

── Riley, para. ── Sally pede, fazendo estacionar o carro no meio de uma rua. Ela olha para a irmã preocupada. ── Aquela é a zona de quarentena?

Eles olham para o mesmo lugar que Sally, encontrando o que deveria ser a ZQ de Kansas City. As portas abertas, o lugar vazio.

── Cadê a FEDRA? ── Ellie questiona.

── Ai! ── Alguém grita. Eles olham para a frente, onde um homem está a uma boa distância do carro, colocando a mão na barriga e fingindo estar ferido. ── Me ajuda!

── Coloquem o cinto, agora. ── Joel ordena, puxando o seu próprio. Elas fazem o que ele pede apressadamente. ── Acelera, Riley.

── A gente não vai ajudar? ── Pergunta Ellie.

── Não. ── Responde o homem no momento em que Riley pisa no acelerador.

Ela não planeja parar e o homem ferido percebe isso. Ele se logo para fora da direção do carro e grita algo para alguém que está nas escadas de emergência de um prédio. Riley acelera o máximo que pode, apertando o volante.

Joel grita o nome dela quando percebe o outro homem, mas ela não é rápida o suficiente para desviar do tijolo que é jogado no para-brisa do veículo. O carro fica em zigue-zague, enquanto ela tenta se estabilizar, porém não consegue enxergar direito com a marca que havia sido deixada no vidro. Logo acaba passando por uma corrente de pregos que é deixada no chão, elas furam o pneu e deixam a direção pior.

Uma terceira pessoa aparece na frente do carro, atirando contra o vidro. Joel pragueja enquanto tenta pegar sua arma, mas não tem tempo quando Riley desvia do homem e não consegue mais parar o veículo. A caminhonete entra com tudo em uma lavanderia, quebrando os vidros da frente da loja, criando vários estilhaços pelo caminho. O carro apenas para quando bate contra a parede da lavanderia, dando um solavanco e retornando para trás.

Joel pergunta se elas estão bem, ninguém aparenta ter se machucado, porém ele precisa ter certeza. A preocupação dele aumenta quando Sally e Ellie respondem, mas Riley não. Ele olha para ela, percebe que a mulher tem a mão contra o peito, segura firme como se seu sentisse uma dor. No início, Joel pensou que ela pudesse ter se machucado. Então ele notou a forma como as mãos dela tremiam, seus olhos estavam vidrados e o suor escorria pela sua face.

Ele não sabe o que está acontecendo com ela, porém, pela forma como Riley parece em pânico, tem certeza de que não é algo bom. E quando q situação piora, disparos vem na direção do veículo, as garotas se abaixam e gritam, Joel percebe que vai ter que fazer algo pelos dois agora.

AUTHOR'S NOTE. 𓏲࣪ ☄︎˖ ࣪

I. Tenho que dizer que esse se tornou o meu capítulo favorito até agora. Primeiro flashback da Riley e do Ben, Riley se aproximando do Joel, Sally e Ellie muito amiguinhas. Eu fui muito feliz escrevendo esse cap, mesmo ele tendo ficado enorme.

II. Essa foi a primeira vez que eu posto uma cena de "sexo (implícito)" em uma fic. O objetivo era realmente ser algo romântico e pouco aprofundado. Não tenho certeza se alcancei o meu objetivo, mas espero que tenha sido pelo menos satisfatório.

III. Outra coisa, ocorrerá algumas alterações na história do Tommy aqui. Estou para postar uma fic dele x male oc que é interligada com UATW. Por isso, não se espantem com surpresas futuras. Em breve World Gone Mad será publicada e ela explicará melhor cada ponto que faltar aqui e que não for aprofundado sobre eles.

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top